Você está na página 1de 2

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 40ºVARA

CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL - RJ


Processo nº 026606-70.2018.8.19.0001

JOHNNNY JESUS DE CARVALHO, brasileiro, RG nº 27.320.224-2,


SSP/DETRAN, residente e domiciliado na Rua Laureano, Lote 25, Quadra 2,
Duque de Caxias/RJ, por intermédio de seu advogado, conforme procuração anexa
vem, perante Vossa Excelência, pedir a:

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

com fundamento no que preconiza o art. 5º. LXV, da Constituição Federal, e


art. 310, Parágrafo único, c/c art. 316, ambos do Código de Processo Penal pelos
fatos e fundamentos que passa a expor:
• DOS FATOS:
O acusado foi preso em flagrante no dia 14 de novembro de 2019 sob acusações de
roubo qualificado, artigo 157/CP, indicado pela polícia, e corrupção de menor,
artigo 244-B / Lei 8.069/1990. No entanto, o Acusado reconhece que a decisão
sobre a prisão preventiva não foi baseada adequadamente. Portanto, a prisão
preventiva deve ser revogada de acordo com o artigo 316 do CPP, pois não há
motivos para a prisão cautelar de urgência.
• DOS FUNDAMENTOS:
Entende-se que a prisão preventiva só pode ser decretada para garantir a ordem
pública ou para garantir a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria, artigo 312 CPP. Além disso, é
importante observar que o juízo não deve se basear apenas na gravidade do delito
supostamente cometido, mas sim nos requisitos expressamente listados no artigo
acima. No entanto, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva pela
autoridade judicial, sem qualquer base razoável.
Vejamos as decisões da jurisprudência:
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.
PRESSUPOSTOS. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. A prisão preventiva,
medida extrema que implica sacrifício à liberdade individual, concebida com
cautela à luz do princípio constitucional da inocência presumida, deve fundar-se
em razões objetivas, demonstrativas da existência de motivos concretos,
suscetíveis de autorizar sua imposição. Meras considerações sobre a periculosidade
da conduta e a gravidade do delito, bem como à necessidade de combate à
criminalidade não justificam a custódia preventiva, por não atender aos
pressupostos inscritos no art. 312, do CPP. Recurso ordinário provido. Habeas
Corpus concedido.” (RHC nº 5747-RS, Relator Ministro Vicente Leal, in DJ de
02.12.96, p. 47.723)
Conforme já citado, não se vislumbra neste caso concreto, de antemão, quaisquer
motivos autorizadores da custódia preventiva.
Inclusive, o entendimento do STJ é no sentido de que “a prisão para garantir a
ordem pública tem por escopo impedir a prática de novos crimes (…) Clamor
popular, isoladamente, e gravidade do crime, com proposições abstratas, de cunho
subjetivo, não justificam o ferrete da prisão, antes do trânsito em julgado de
eventual sentença condenatória”.
Assim, pode-se concluir que no caso em análise não há que se falar em
manutenção da prisão pelo argumento da ordem pública. Reitero para Vossa
Excelência, que o judiciário não pode manter detido ao nosso lamentável sistema
prisional – reconhecido pela contínua violação de direito humanos – indivíduo sem
qualquer histórico de violação da paz social e de prática de outros crimes.
Caso contrário, todo cidadão que, por algum motivo, vier a cometer algum delito
teria que ficar detido preventivamente, uma vez que recairia sobre ele a dúvida
quanto à obstrução da instrução criminal, o que não se mostra razoável em nosso
Estado Democrático de Direito que tem como princípio fundamental o da
Presunção de Inocência.
• DOS PEDIDOS:
Em todo o contexto:
I) Após avaliação do representante do Ministério Público sobre os fatos e
evidências demonstradas, é imperativo que a decisão que determinou a prisão
preventiva seja prontamente revogada e ao requerente seja concedida a liberdade
provisória para defender-se e se livrar do delito que lhe é imputado;
II) Que o Alvará de soltura seja expedido com a maior celeridade possível.

Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 11 de julho de 2023.

ADVOGADO
OAB/RJ

Você também pode gostar