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Queixa-crime

PROF. ALEXANDRE MARQUES SILVEIRA


Queixa-crime

Provavelmente a única peça que você fará


como advogado de acusação.

É a petição inicial de uma ação penal privada


Queixa-crime

Ação Penal Privada

É de competência do “querelante”

É do tipo acusatório

Diz respeito aquelas ações que o Estado não


tem o interesse de estar envolvido.
Queixa-crime

OBS: no furto e no roubo, por exemplo, o Estado


tem o interesse de punir por se tratar de segurança
pública.

OBS: na ação penal privada por mais que o Estado


não tenha o interesse de provocar a ação, cabe a ele o
dever de punir.
Queixa-crime

Artigos importantes!

 -Art. 100, CP
 -Art. 30, CPP.

 -Art. 41, CPP.

 -Art. 44, CPP.

 -Art. 32, CPP.


Artigos importantes

 Ação pública e de iniciativa privada

 Art. 100 CP - A ação penal é pública, salvo quando a lei


expressamente a declara privativa do ofendido.

 § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando


a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da
Justiça.
 § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou
de quem tenha qualidade para representá-lo.
 § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública,
se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Art. 46, CPP)
 § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Artigos importantes

Art. 30, CPP. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para


representá-lo caberá intentar a ação privada.

Art. 31,CPP. No caso de morte do ofendido ou quando


declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão

 Art. 41, CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato


criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
Artigos importantes

Art. 44, CPP. A queixa poderá ser dada por


procurador com poderes especiais, devendo constar
do instrumento do mandato o nome do querelante e a
menção do fato criminoso, salvo quando tais
esclarecimentos dependerem de diligências que
devem ser previamente requeridas no juízo criminal.

Súmula 594 STF


Os direitos de queixa e de representação podem ser
exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por
seu representante legal.
Expressões importantes

Querelante – Autor da ação penal privada. Pode ser a


vítima ou seu representante.

Querelado – É o autor dos fatos, ou seja, o réu na


ação penal.

CADI – Cônjuge, Ascendente, Descendente e Irmão.


Representam a vítima, em caso de morte ou ausência.
(Artigo 31, CPP).

Querela – É o litígio, a demanda judicial


Expressões importantes

OBS: Só existe “réu” depois que a ação


penal foi instaurada. Na queixa-crime
não há que se falar em réu.

A expressão réu só deve ser utilizado


depois que o juiz receber a queixa.
Do Prazo Decadencial

É, sem dúvidas, um dos pontos mais importantes no


estudo da ação penal privada. É que você deve ficar
atento ao prazo decadencial.

Isso porque o Estado limita o tempo para que você


possa exercer seu direito de queixa.

Esse prazo está previsto no artigo 38 do Código de


Processo Penal e também no artigo 103 do Código
Penal.
Do Prazo Decadencial

O prazo decadência deve ser contado do dia em


que a vítima souber quem é o autor dos fatos.

 Cuidado com isso! – não é do dia dos fatos,


conta-se 06 meses para que a queixa-crime
possa ser oferecida.
Do Prazo Decadencial

 O prazo decadencial é direito material e não formal.


Ou seja, a forma de se contar prazo no direito penal é
diferente de se contar prazo no direito processual.

É importante saber que o prazo decadencial é prazo


penal material e não processual e, por isso, a sua
forma de contar é diferente.
Exemplo

Filisbina, no dia 10.03.2019, encontrou sobre sua


mesa, na sala de aula, uma carta em que estava
escrito que toda turma sabia que ela era uma
vagabunda e burra. Muito ofendida com as
expressões, Filisbina faz uma notícia crime na
delegacia e, o delegado, depois de investigar,
informou a Filisbina, no dia 20.03.2019, que quem
tinha escrito a carta era Filisbino – um desafeto que
ela tinha na turma. Em posse dessas informações,
qual seria o último dia para Filisbina oferecer uma
queixa-crime contra Filisbino?
Resposta

 O primeiro detalhe que você deve observar é que a


data dos fatos é diferente da data em que ela tomou
conhecimento da autoria. Para fins de prazo
decadencial vale o dia do conhecimento da autoria.
Desta feita, façamos de forma bem prática. Contamos
seis meses a partir de 20 de março e, depois,
retiramos 01 dia do final (lembra-se do dia do início?
Pois é, se contamos ele, no final, temos que retirar 01
dia). Assim o último dia para oferecer a queixa-crime
será 19 de setembro de 2019. Ou seja, seis meses após
março e menos 01 dia. (06 meses menos 01 dia).
DICA

OBS: sempre que uma questão lhe apresentar datas,


não perca tempo. Faça uma linha do tempo e vá
pontuando todas as informações. Isso será
imprescindível para você não errar prazos.
Endereçamento

Observe que o artigo 394 do Código de Processo Penal


determinou que os crimes cuja pena máxima em abstrato
não ultrapasse 02 anos, serão julgado no rito
sumaríssimo.

O rito sumaríssimo é previsto na Lei 9.099/95 (Juizados


Especiais Criminais). Todos os crimes de ação penal
privada tem pena máxima em abstrato menor ou igual a
02 anos.
Ocorre que, em havendo concurso de crimes, pode ser
que a soma das penas máximas em abstrato ultrapasse 02
anos.
Endereçamento

O autor praticou calúnia (artigo 138, CP) e difamação


(artigo 139, CP) em concurso material (artigo 69, CP –
soma as penas), já teremos a pena máxima em
abstrato superior a dois anos.
 Isso significa que, a competência não será mais do
Juizado Especial. Nesse caso o endereçamento de sua
peça ao invés de colocar “EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL DA COMARCA....”, você irá colocar:
“EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE
DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA...”.
Da Queixa-Crime

I- Da Qualificação das Partes

Já no início da petição você deverá apresentar


de forma minuciosa a qualificação do
querelante (vítima) e do querelado (autor dos
fatos).

Mas cuidado! Use apenas as informações


dadas no caso – nunca invente informações.
EXEMPLO

ENRICO, brasileiro, estado civil, profissão, RG, CPF,


endereço, vem, por intermédio de seu advogado
constituído com poderes especiais, que a esta
subscreve, vem, respeitosamente, oferecer QUEIXA-
CRIME, com fundamento no artigo 30 do Código de
Processo Penal e do artigo 100, § 2º, do Código
Penal, em razão da prática das infrações penais
praticadas por HELENA, brasileira, estado civil,
profissão, RG, CPF, endereço, pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas.
Da Queixa-Crime

Observação: Ao fazer a qualificação, você mencionará que


“fulano, devidamente representado por seu procuração deve
ter poderes especiais conforme estabelece o artigo 41, CPP.
 A prova não irá te cobrar para fazer procuração, mas na
qualificação você deve mencionar expressamente que
“Fulano, devidamente representado por seu
procurador, COM PODERES ESPECIAIS, vem
diante de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-
CRIME....”.
Usar essa expressão irá demonstrar ao examinador que
você tem conhecimento da necessidade de poderes especiais
para ajuizar um ação penal privada.
Da Queixa-Crime

II – Da Descrição dos Fatos

A queixa-crime é a única peça em que os fatos são


avaliados e, devem ser minuciosos. Veja que é o
contrário do que tenho dito a você nas outras peças.
Aqui você deve organizar os fatos de forma lógica e
cronológica.
Descreva em parágrafos. Explique o fato em si. Cite a
data, o local, as pessoas, as palavras ou gestos
proferidos.
Da Queixa-Crime

III – Do Direito – Qualificação Jurídica dos


Fatos

Ao explicar o direito, seja minucioso. Aponte em


qual dispositivo de lei se enquadra cada ato
praticado pelo autor, ora querelado. Se forma vários
crimes em um mesmo contexto, separe-os.
Da Queixa-Crime

Explique cada fato isoladamente dando a ele a tipificação correta.


Vamos trabalhar com um exemplo:

Observe a frase: “Você, Filisbino, é um vagabundo, ladrão.


Furtou o celular do professor. E além de tudo é burro, idiota, não
sabe nem conversar direito”. Se ela foi proferida contra Filisbino
na frente de várias pessoas, teremos a seguinte tipificação:
- “é vagabundo” – Incorreu em Difamação (artigo 139,
CP).
- “Furtou o celular do professor” – Incorreu em Calúnia
(artigo 138, CP).
- “é burro, idiota” – incorreu em Injúria (artigo 140, CP).
Da Queixa-Crime

IV – Das Provas a Produzir

No processo penal, o ônus da prova incumbe a quem alega


(artigo 156, CPP). Nesse caso, como estamos falando da
queixa-crime, o ônus da prova quanto aos fatos alegados
nessa petição inicial é do querelante. Portanto, crie em sua
peça, uma espaço para indicar as provas que deseja produzir
para provas suas alegações. Nesse espaço, informe que irá
produzir prova testemunha, cujo rol deve ser indicado ao
final da peça, como veremos ao construir a peça processual.
Informa se deseja outros tipos de prova, como, por exemplo,
quebra de sigilo, perícias em documentos, etc...
Da Queixa-Crime

V - Dos Pedidos

1. Designar audiência conciliação, art.20,CPP ( justiça


comum)
1. Designar audiência preliminar (Juizado especial –Lei
9.099/95).
2. Receber a queixa-crime
3. Determine a citação do querelado.
4. Condene o querelado pela pratica dos crimes...
5. Fixe indenização nos termos do artigo 387,IV, CPP.
6. Autorize a produção de provas....
Da Queixa-Crime

Nestes termos, pede deferimento.

Local , data.

ADVOGADO

OAB....

Rol de testemunhas:.... João, Maria, Beto

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