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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

O que são fatos:


Fatos é a narração de uma história. Narrativa de um contexto fático.
Calúnia e difamação contam fatos. A injúria não tem fatos, apenas ofensa!

A calúnia e a difamação tutelam a honra objetiva, ou seja, o juízo de valor que


outras pessoas, que a sociedade faz de você! Para consumação, necessário
que o fato chegue a conhecimento de outras pessoas.

A injúria tutela a honra subjetiva, ou seja, o juízo de valor que a pessoa faz de
si mesma! Para consumação, necessário que a ofensa chegue ao
conhecimento da vítima!

A calúnia ocorre somente com fatos definidos como crime! As contravenções


penais não geram o crime de calúnia, podendo ocorrer a difamação! Infração
penal é gênero, na qual comportam as espécies “crime/delito” e
“contravenção”!

A calúnia é diferente do crime de denunciação caluniosa! Este último, previsto


no art. 339 do CP, existe a movimentação da autoridade policial por meio da
instauração de inquérito policial, meio investigativo e afins! Também é diferente
com relação ao crime do art. 340, crime de comunicação falsa de crime ou
contravenção, ou seja, o famoso trote!

É possível a tentativa somente quando se tratar de escrita!

ART. 138, DO CP – CALÚNIA

- Imputar/falsamente/fato/crime;

- Na calúnia, o fato deve, necessariamente, ser falso, e o agente deve ter


conhecimento dessa falsidade. Caso acredite que seja verdadeiro, cabe
exceção da verdade.

A calúnia é crime de menor potencial ofensivo, portanto, a competência é da


Lei 9.099/95. Contudo, se houver causa de aumento de pena ou concurso com
outro crime, a competência não será mais do Jecrim!

Art. 138, §1°, do CP – Na mesma pena incorre quem a propala ou divulga.


Nessa figura cabe apenas o dolo direto.
§2º - É punível a calúnia contra os mortos. Busca-se preservar a memória da
pessoa que faleceu. Ex: calúnia no funeral.

Art. 138, §3°, do CP - EXCEÇÃO DA VERDADE

Por meio da exceção da verdade, é derrubada o elemento constitutivo do


tipo penal. Erro de tipo.

Casos em que não são possíveis a exceção da verdade:


1 - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
2 - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141-
Presidente da República (procedimento mais complexo, falta de legitimidade),
ou contra chefe de governo estrangeiro (respeito a norma estrangeira);
3 - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido
por sentença irrecorrível.

ART. 139, DO CP – DIFAMAÇÃO


- Crime de menor potencial ofensivo;
- Imputação de fato ofensivo à reputação. Aqui está englobada a
contravenção;
- Na difamação, é irrelevante que o fato seja falso ou verdadeiro;
- Em regra, não se admite a exceção da verdade, exceto quando se tratar de
funcionário público. Isso porque, tal circunstância é de interesse público.

ART. 140, DO CP – INJÚRIA


- Não é necessário que seja presencial, mas apenas que a ofensa chegue ao
conhecimento da vítima. Diferente do desacato, que a ofensa precisa ser feita
na presença do funcionário público;
- Existe a possibilidade de injúria reflexa/injúria indireta;
- Em situações de ofensas por brincadeira, não há caracterização do crime
de injúria;
- §2º - Injúria Real – Situação de concurso material obrigatório, quando
gerar pelo menos lesão simples.
- Injúria qualificada no §3° - injúria racial! Pessoa determinada. Diferente do
crime de racismo.
- Após decisão do STF, tal crime passou a ser considerado imprescritível.
Contudo, se mantém como crime condicionada a representação.
- Caso do homossexual. Foi oferecido o mandado de injunção 4733 e a ADO
26 (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão). O STF entendeu que,
enquanto não for legislado a respeito do tema, será aplicado a lei de racismo
no caso da homofobia. Contudo, para o caso de injúria, não há essa
ampliação, por se tratar de analogia in malam partem.

OBS: Lei 12.984/14 – divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de


aids, com intuito de ofender-lhe a dignidade; O sujeito passivo deve,
necessariamente, estar com hiv ou doente de aids, caso contrário, não irá
tipificar o crime da lei específica, mas tão somente crime contra a honra
(difamação ou injúria).

ART. 141 – DAS DISPOSIÇÕES COMUNS

- As majorantes podem afastar a competência do Jecrim;


- Majorantes de pena nos seguintes casos:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os
Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo
Tribunal Federal;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria (o pacote anticrime introduziu o §2º, mais
específico e mais gravoso).
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
pessoa com deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste
Código.
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa,
aplica-se a pena em dobro. (quem é punido de forma mais gravosa é quem
recebe, e não paga. Qualificadora de natureza subjetiva, em regra não se
comunica).
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes
sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena.

ART. 142 – EXCLUSÃO DO CRIME

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu


procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo
quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.

ART. 143 – RETRATAÇÃO

Somente é possível se retratar de fatos, ou seja, somente na calúnia e


difamação.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da
calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a
difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se
assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

- A retratação é ato unilateral, ou seja, não depende de aceitação da outra


parte.

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou


injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que
se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
ofensa.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no
caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação
do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §
3o do art. 140 deste Código.

No caso do funcionário público, é concorrente a legitimidade para a queixa-


crime ou a representação (súmula 714, STF).

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