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AULA 7
CONTINUAÇÃO – QUESTIONAMENTO ELABORATIVO

QUESTÕES PARA A TÉCNICA DO QUESTIONAMENTO ELABORATIVO


01 – Quais são as modalidades de lesão corporal leve prevista no Código Penal?
O Código Penal prevê duas modalidades de lesão corporal leve, sendo uma delas pre-
vista no caput do art. 129 e outra no §9º do art. 129. Cabe salientar que a lesão corporal leve
estabelecida no §9º do referido artigo é mais grave, em razão de prever uma pena maior. Neste
dispositivo, são tratadas as hipóteses de violência doméstica, porém não necessariamente con-
tra mulher. Em se tratando de violência doméstica contra mulher, caso o agente pratique contra
vítima lesão corporal leve, continuará sendo utilizado o §9º do art. 129 do CP; no entanto, com
a incidência da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).

02 – É cabível perdão judicial em lesão corporal dolosa?


Em se tratando de lesão corporal dolosa, não é cabível o perdão judicial. Isso se dá
porque, sendo uma causa extintiva da punibilidade, somente é perdão judicial nos casos previs-
tos em lei (art. 107, IX, do CP), a depender do caso concreto a ser analisado pelo juiz. Conforme
já mencionado em aulas anteriores, há previsão legal para o cabimento do perdão judicial nos

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casos de homicídio culposo (art. 121, §5º, do CP, bem como o do art. 302 do CTB) e da lesão
corporal culposa (art. 129, §8º, do CP).

03 – Qual a distinção entre lesão qualificada pelo aborto e aborto majorado pela
lesão?
A distinção entre a lesão qualificada pelo aborto (art. 129, §2º, inciso V, do CP) e o aborto
majorado pela lesão (art.125 ou art. 126 c/c art. 127 do CP) se dá no liame subjetivo. Na lesão
qualificada pelo aborto, o agente, estando ciente que a vítima está grávida, possui dolo em lesi-
onar e culpa no aborto. Salienta-se que se, no momento da lesão, o agente não sabia da gesta-
ção, não há previsibilidade de causar aborto na vítima. Logo, o crime de aborto não poderá ser
imputado a ele.
Em relação ao aborto majorado, o agente possui dolo no aborto e culpa na lesão. No
entanto, havendo dolo nas duas condutas, o agente responderá pelos dois resultados na forma
do art. 70 do CP (concurso formal de crimes).

04 – Quando o crime de lesão corporal culposa e/ou leve será de ação penal pú-
blica incondicionada?
O crime de lesão corporal culposa e/ou leve será de ação penal pública incondicionada
em duas hipóteses:

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a) No caso de violência doméstica contra a mulher: nesta hipótese, incide a Lei Maria
da Penha (Lei 11.340/06), que, em seu art. 41, veda a aplicação da Lei 9099/95. Ou seja, veda
a representação a ação penal.
b) Nos casos previstos no art. 291, §1º, do CTB, o qual dispõe sobre algumas situa-
ções em que, havendo a lesão corporal na direção de veículo automotor (art. 303 do CTB),
será cabível a ação penal incondicionada. Exemplo: O agente que, por estar dirigindo com ve-
locidade superior à máxima permitida para via de 50 km/h, acaba lesionando um pedestre.

05 – Chamar alguém de assassino pode ser tipificado como crime de calúnia


caso a conduta seja praticada na frente de terceiros?
Ainda que na frente de terceiros, xingar alguém de assassino não tipifica a conduta do
agente como sendo crime de calúnia, mas sim como injúria. Deve-se atentar que para que seja
caracterizado o crime de calúnia o agente necessita imputar um fato criminoso ao ofendido. E,
se houver imputação de fato (não criminoso) que ofenda a reputação da vítima, tem-se a difa-
mação.

06 – Qual é a diferença entre injúria preconceituosa e crime de preconceito?


A injúria preconceituosa é uma forma qualificada de injúria e está prevista no art. 140,
§3º, do CP. Neste crime, o agente utiliza algum elemento relacionado à raça, cor, etnia, religião,
origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, e a pena ser imputada a ele
será maior. Já o crime de preconceito é previsto na lei 7.716/89, que tipifica o preconceito de:
procedência nacional, cor, raça, etnia e religião. Lembrando que, no Direito Penal, não é cabível
a analogia in malam partem, e por isso não é possível se utilizar desse dispositivo para incriminar
condutas de preconceito quanto à orientação sexual. Esta lei não prevê crimes de preconceito
quanto à orientação sexual.

07 – Qual é a modalidade de ação penal em crimes contra a honra?


A modalidade de ação penal em crimes contra a honra são, via de regra, a ação penal
privada, devendo o advogado procurado pelo ofendido elaborar a peça processual denominada
queixa-crime. No entanto, o art. 145 do CP estabelece as exceções. Veja:

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Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa,
salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no


caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3 o do art.
140 deste Código.

Cabe ressaltar que, em se tratando de ação penal pública e na inércia do Ministério


público, poderá o ofendido procurar por um advogado e este elaborar uma peça chamada
de queixa substitutiva da denúncia.

CRIMES CONTRA HONRA

Na aula 6, foram estudados os crimes contra a honra: a calúnia (art. 138 do CP), a difa-
mação (art. 139 do CP) e a injúria (art. 140 do CP). Ao estudar sobre essa espécie de crimes,
não se pode haver a confusão do crime de calúnia com o crime de denunciação caluniosa,
o qual está previsto no art. 339 do CP, no Capítulo III – Dos Crimes contra a Administração da
Justiça. Veja:

Denunciação caluniosa

Art. 339, CP: Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou


de nome suposto.

§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

A denunciação caluniosa é uma calúnia, ou seja, ocorre quando é imputado um fato a


alguém que seja capaz de “dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa
contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente”. Desta forma, verifica-se que a
conduta do agente é apta a movimentar a máquina administrativa. Veja um exemplo:

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Exemplo: No intuito de prejudicar seu vizinho Pedro, Mário vai até a delegacia e afirma
que Pedro matou sua esposa Ana a facadas, colocou o corpo em uma mala e saiu de casa.
Mário sabia que tudo isto era mentira, mas ainda assim narrou esses fatos em sede policial.
Perceba que, neste exemplo, houve uma calúnia, porém esta calúnia deu causa a uma investi-
gação policial. Desta forma, pelo princípio da consunção, Mário, ao invés de responder pelo
crime de calúnia, responderá pela denunciação caluniosa.

ATENÇÃO: Pelo princípio da consunção, o crime fim absorve o crime meio para que
seja praticado. Assim, no exemplo anterior, o Mário não teria como ter praticado o crime de
denunciação caluniosa (crime fim) sem praticar o crime de calúnia (crime meio). Salienta-se que
a denunciação caluniosa é mais gravosa que o crime de calúnia, pois põem em risco a
liberdade da vítima.

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Outro ponto a ser destacado é o §2º do art. 339 que prevê a diminuição de pena no
caso da imputação é sobre a prática de contravenção. CUIDADO! Na calúnia, só se pode imputar
um fato definido como crime, não sendo cabíveis os casos de contravenções penais. Desta
forma, imputar um fato definido como contravenção, no caso de crimes contra honra, poderia
caracterizar uma difamação, pois se enquadraria como hipótese de se imputar fato ofensivo à
reputação da vítima.
Exemplo de difamação: Caio, em uma festa, grita em alto e bom som que Manuel
pratica jogo do bicho todas as sextas-feiras depois do trabalho. (Atente-se que jogar no bicho
não é crime, mas sim contravenção penal)
Exemplo de denunciação caluniosa, nos moldes do §2º do art. 339: Caio, querendo
se vingar de Manuel, vai até uma delegacia e, chegando lá, afirma que Manuel pratica jogo do
bicho todas as sextas-feiras depois do trabalho. (Em sede policial, Caio imputou a Manuel a
prática de contravenção penal).

SERÁ QUE É POSSÍVEL, NA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA, HAVER CONCURSO DE


CRIMES COM A FALSA IDENTIDADE?
Exemplo: Desejando se vingar de seu namorado Alan, Carla foi até a uma delegacia, se
apresentou como Juliana, para que não pudesse ser identificada, e afirmou que Alan pra-
ticava crime de estelionato contra pessoas idosas.

Perceba que neste exemplo Carla cometeu dois crimes: o crime de falsa identidade, pois
se apresentou com outro nome em sede policial, e o crime de denunciação caluniosa. No
entanto, ainda que praticado estes crimes, Carla não responderá em concurso de crimes,
pois o art. 339 estabelece em seu §1º uma causa de aumento de pena no caso do agente
se servir de anonimato ou de nome suposto. Desta forma, uma vez denunciada, poderia
a defesa alegar em favor da Carla que a falsa identidade se trata de uma mera causa de
aumento de pena, devendo ser afastado o concurso de crimes no caso concreto.

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Retomando a análise do capítulo sobre os crimes contra a honra, o Código Penal prevê
algumas hipóteses em que é possível ao ofensor provar que aquilo que disse é verdade, de
forma a não responder pelo crime contra a honra. Trata-se da exceção ou prova verdade:

Calúnia

Art. 138, CP:

Exceção da verdade

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi con-
denado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.

Difamação

Art. 139, CP:

Exceção da verdade

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funci-


onário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Percebe-se que na calúnia a exceção a verdade é a regra, já que o art. 138 do CP nos
diz apenas as hipóteses em que ela não poderá ser aplicada. Em relação à difamação, o art. 139
do CP dispõe somente uma única hipótese de exceção da verdade, qual seja, quando o ofendido
é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. CUIDADO! Por ausên-
cia de previsão legal, não é cabível a exceção da verdade no crime de injúria.

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Adiante, nas disposições comuns, verifica-se que o art. 141 prevê causas de aumento de
pena para os crimes contra a honra, a serem consideradas na terceira fase da dosimetria da
pena.

Art. 141, CP: As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se


qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;


II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência,
exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de re-


compensa, aplica-se a pena em dobro.

Em relação ao inciso II do referido artigo, cabe destacar que no caso de crime contra a
honra de funcionário público em razão de sua função, a hipótese é de legitimidade concorrente,
consoante dispõe o enunciado 714 do STF:
SÚMULA 714, STF
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público,
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a
honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.

O art. 142 estabelece a exclusão do crime de injúria e da difamação. Veja:

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Exclusão do crime

Art. 142, CP- Não constituem injúria ou difamação punível:

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procu-
rador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou infor-
mação que preste no cumprimento de dever do ofício.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação
quem lhe dá publicidade.

Já o art. 143 do CP dispõe sobre a retratação, se referindo somente à calúnia e à


difamação. Nestas hipóteses, há a isenção de pena. Ou seja, é uma causa de extinção da puni-
bilidade (art. 107 do CP). Contudo, a retratação não é cabível no crime de injúria, por ausên-
cia de previsão legal. Veja o dispositivo:

Retratação

Art. 143, CP: O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.

Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a


difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

Exemplo: Durante uma entrevista, Benício afirmou que Justino, cantor de hip hop, ha-
via furtado um carro luxuoso durante uma grande festa de fim de ano. Neste exemplo, Benício,

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que cometeu o crime de calúnia contra Justino, poderá se retratar e, se Justino preferir, a retra-
tação poderá ser feita da mesma maneira, ou seja, também em uma entrevista.

Conforme já mencionado no questionamento elaborativo, para os crimes contra honra,


a ação penal será privada, via de regra; o que significa dizer que a vítima precisa contratar um
advogado para que este ofereça a queixa em juízo. No entanto, art. 145 do CP prevê algumas
exceções. Veja:

Art. 145, CP: Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso


do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofen-
dido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140
deste Código.

FGV - XVI EXAME DE ORDEM UNIFICADO - DIREITO PENAL - PROVA PRÁTICO-


PROFISSIONAL

QUESTÃO

Em uma discussão de futebol, Rubens e Enrico, em comunhão de ações e desígnios, cha-


maram Eduardo de “ladrão” e “estelionatário”, razão pela qual Eduardo formulou uma
queixa-crime em face de ambos.
No curso da ação penal, porém, Rubens procurou Eduardo para pedir desculpas pelos
seus atos, razão pela qual Eduardo expressamente concedeu perdão do ofendido em seu
favor, sendo esse prontamente aceito e, consequentemente, extinta a punibilidade de Ru-
bens.
Eduardo, contudo, se recusou a conceder o perdão para Enrico, pois disse que não era a
primeira vez que o querelado tinha esse tipo de atitude.

Considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a seguir.


A) Qual o crime praticado, em tese, por Rubens e Enrico?
B) Que argumento poderá ser formulado pelo advogado de Enrico para evitar sua punição?

PADRÃO RESPOSTA:

A) O crime praticado por Rubens e Enrico foi o de injúria, na forma do Art. 140 do Código
Penal. Apesar das ofensas serem relacionadas à pessoa que pratica crimes, já que Edu-
ardo foi chamado de “ladrão” e “estelionatário”, não há que se falar em crime de calúnia. A

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calúnia exige, para sua configuração, que seja atribuída ao ofendido a prática de determi-
nado fato que configure crime. No caso, porém, não foram atribuídos fatos, mas sim quali-
dades pejorativas. Em razão disso, o crime praticado foi o de injúria.

B) O argumento a ser formulado pela defesa é o de que o perdão do ofendido oferecido a


um dos querelados a todos aproveita (Art. 51 do CPP), gerando a extinção da punibilidade
dos coautores, caso seja aceito (Art. 107, V, do CP). Ao conceder perdão para Rubens,
necessariamente esse perdão deve ser estendido para Enrico, de modo que, com sua
aceitação, haverá extinção da sua punibilidade.

CRIMES PATRIMONIAIS

Dando continuidade ao estudo da Parte Especial do Código Penal, será estudada uma
nova espécie de crimes: os crimes patrimoniais. Veja, inicialmente, o crime de furto, que está
previsto no art. 155 do CP, e o crime de roubo, previsto no art. 157 do CP.

1. A DIFERENÇA ENTRE OS CRIMES DE FURTO E ROUBO


Uma das principais preocupações em termos de crimes patrimoniais deve ser diferen-
ciar furto de roubo. Na prova, é muito comum que essa distinção esteja ligada a algum instituto
da parte geral, como por exemplo, o desvio subjetivo de conduta, previsto no artigo 29, pará-
grafo 2º do CP.

Art. 29, CP:


§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.

Exemplo: Cassiano e Leonardo, no intuito de furtarem para si joias valiosas de uma


mansão de um determinado bairro, combinam de invadi-la quando o casal estivesse viajando.
Em um determinado final de semana, Cassiano combina que ele entraria na casa, enquanto
Leonardo ficaria na portaria viajando. Já com as joias na bolsa, Cassiano escuta um barulho e
percebendo que tinha alguém na residência, pega uma faca na cozinha e se esconde atrás da
porta. Neste momento, aparece o segurança e, logo em seguida, Cassiano dá uma facada no
segurança, cai ferido no chão. Perceba que neste exemplo Cassiano e Leonardo combinaram

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um furto, mas que acabou resultando em um roubo, em razão da violência contra o segurança.
Desta forma, conforme o §2º do art. 29 do CP, Leonardo responderá tão somente pelo crime de
furto, uma vez que sua intenção era praticar crime menos grave; e Cassiano, pelo crime de
roubo.

Também é importante entender que tais crimes são patrimoniais e que exigem uma
especial intenção. No furto, há de se exigir o animus rem sibi habendi. Ou seja, a intenção de
agir como dono da coisa, de dispor dela, de subtrair para si ou para outrem.

FGV - XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO - DIREITO PENAL - PROVA PRÁTICO-


PROFISSIONAL

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Daniel, nascido em 02 de abril de 1990, é filho de Rita, empregada doméstica que trabalha
na residência da família Souza. Ao tomar conhecimento, por meio de sua mãe, que os
donos da residência estariam viajando para comemorar a virada de ano, vai até o local, no
dia 02 de janeiro de 2010, e subtrai o veículo automotor dos patrões de sua genitora, pois
queria fazer um passeio com sua namorada.
Desde o início, contudo, pretende apenas utilizar o carro para fazer um passeio pelo quar-
teirão e, depois, após encher o tanque de gasolina novamente, devolvê-lo no mesmo local
de onde o subtraiu, evitando ser descoberto pelos proprietários. Ocorre que, quando foi
concluir seu plano, já na entrada da garagem para devolver o automóvel no mesmo lugar
em que o havia subtraído, foi surpreendido por policiais militares, que, sem ingressar na
residência, perguntaram sobre a propriedade do bem.
Ao analisarem as câmeras de segurança da residência, fornecidas pelo próprio Daniel,
perceberam os agentes da lei que ele havia retirado o carro sem autorização do verdadeiro
proprietário. Foi, então, Daniel denunciado pela prática do crime de furto simples, desta-
cando o Ministério Público que deixava de oferecer proposta de suspensão condicional do
processo por não estarem preenchidos os requisitos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95, tendo
em vista que Daniel responde a outra ação penal pela prática do crime de porte de arma
de fogo.
Em 18 de março de 2010, a denúncia foi recebida pelo juízo competente, qual seja, da 1ª
Vara Criminal da Comarca de Florianópolis. Os fatos acima descritos são integralmente
confirmados durante a instrução, sendo certo que Daniel respondeu ao processo em liber-
dade. Foram ouvidos os policiais militares como testemunhas de acusação, e o acusado
foi interrogado, confessando que, de fato, utilizou o veículo sem autorização, mas que sua
intenção era devolvê-lo, tanto que foi preso quando ingressava na garagem dos proprietá-
rios do automóvel.

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Após, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Daniel, que ostentava apenas
aquele processo pelo porte de arma de fogo, que não tivera proferida sentença até o mo-
mento, o laudo de avaliação indireta do automóvel e o vídeo da câmera de segurança da
residência. O Ministério Público, em sua manifestação derradeira, requereu a condenação
nos termos da denúncia. A defesa de Daniel é intimada em 17 de julho de 2015, sexta feira.

Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia
do prazo para interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)

ESPELHO DE CORREÇÃO:

O examinando deve elaborar, na condição de advogado de Daniel, Alegações Finais por


Memoriais, com fundamento no Art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, devendo a
petição ser direcionada ao Juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis.
Preliminarmente, deve o examinando requerer a extinção da punibilidade do fato em favor
de Daniel pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal. Daniel foi denunci-
ado como incurso nas sanções penais do Art. 155, caput, do Código Penal; logo, a pena
máxima a ser aplicada para o caso é de 04 anos. Na forma do Art. 109, inciso IV, do Código
Penal, sendo a pena máxima superior a 02 anos e não excedendo 04 anos, o prazo
prescricional será de 08 anos. Ocorre que Daniel era menor de 21 anos na data dos fatos,
pois nascido em 02/04/1990, e os fatos ocorreram em 02/01/2010. Assim, impõe o Art. 115
do Código Penal que o prazo prescricional seja contado pela metade, ou seja, 04 anos no
caso concreto. O último marco interruptivo do prazo prescricional ocorreu em 18 de março
de 2010, data do recebimento da denúncia. Desde então, passaram-se mais de 05 anos
e não foi proferida sentença condenatória. Diante disso, o advogado de Daniel deve plei-
tear, preliminarmente, a extinção da punibilidade com base na prescrição da pretensão
punitiva do Estado. Destaca-se que a modalidade de prescrição que se verifica na hipótese
é pela pena em abstrato e não pela pena em concreto ou intercorrente, tendo em vista que
nem mesmo foi proferida sentença até o momento.
No mérito, a defesa de Daniel deve defender sua absolvição, sob o fundamento de que
não houve prática de crime de furto. Estamos diante do que a doutrina e a jurisprudência
costumam chamar de “furto de uso”, que, na verdade, não configura crime de furto.
Prevê o Art. 155 do Código Penal que é crime subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel. Uma das elementares do crime é a intenção de subtrair a coisa para si, chamado
pela doutrina de animus furandi ou animus rem sibi habendi. No caso, está narrado de
maneira clara que Daniel não tinha o dolo de ter a coisa para si ou para outrem; ele não
tinha a vontade de se assenhorar do bem subtraído. O interesse era, apenas, de usar a
coisa alheia e devolvê-la sem qualquer prejuízo ao proprietário, sendo certo que até mesmo
se preocupou em repor a gasolina utilizada. Ademais, quando foi abordado por policiais, a
coisa estava sendo devolvida exatamente nas mesmas condições e no mesmo lugar em
que fora subtraída, preenchendo, assim, todas os requisitos para que sua conduta possa
ser considerada um indiferente penal.
Subsidiariamente, para a eventualidade de condenação do denunciado, deve o advogado
analisar eventual pena a ser aplicada a Daniel. De início, deverá ser requerida a fixação

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da pena-base no mínimo legal, sendo certo que ações em curso não podem justificar o
reconhecimento de maus antecedentes, nos termos do enunciado 444 da Súmula do STJ,
sob pena de violação do princípio da presunção de inocência.
Na segunda fase, ausente qualquer agravante e presente a atenuante da menoridade re-
lativa, com fulcro no Art. 65, inciso I, do Código Penal, tendo em vista que Daniel era menor
de 21 anos na data dos fatos. Em caso de condenação, deverá ser reconhecida, ainda, a
atenuante da confissão, nos termos do Art. 65, inciso III, alínea d, uma vez que Daniel
confessou os fatos.
Não existem causas de aumento ou de diminuição a serem aplicadas.
O regime adequado para cumprimento de pena é o aberto, na forma do Art. 33, §2º, alínea
c, do Código Penal, pois a pena final não ultrapassará 04 anos, o acusado é primário e não
existem circunstâncias do Art. 59 do Código Penal prejudiciais.
Caberá, ainda, a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, pois
preenchidos os requisitos do Art. 44 do Código Penal.
Em conclusão, deve o examinando formular os seguintes pedidos:
a) preliminarmente, o reconhecimento da extinção de punibilidade com base na prescrição
da pretensão punitiva do Estado, nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP, OU no Art. 109,
inciso IV, c/c o Art. 115, ambos do CP.;
b) no mérito: a absolvição de Daniel pela atipicidade de sua conduta, com fulcro no Art.
386, inciso III, do CPP;
c) subsidiariamente: aplicação da pena-base no mínimo legal, pois ações penais em curso
não podem funcionar como maus antecedentes, na forma do enunciado 444 da Súmula do
STJ;
d) reconhecimento das atenuantes da menoridade relativa e da confissão espontânea;
e) aplicação do regime aberto para início do cumprimento de pena;
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
A data a ser indicada é o dia 24 de julho de 2015, tendo em vista que o prazo para Alega-
ções Finais é de 05 dias, mas este somente se iniciará na segunda-feira, dia 20 de julho
de 2015.

Veja alguns pontos importantes para diferenciar adequadamente o furto do crime


de roubo?

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Compare o quadro acima com o exemplo a seguir:
Duas mulheres vão à casa de um homem, a convite deste. Chegando lá, o homem vai
até o banheiro e, ao fechar a porta, as duas mulheres conseguem trancá-lo. Feito isso, elas
subtraem vários pertences do homem que estão dentro da casa e vão embora. Perceba que este
exemplo se trata de hipótese de roubo e não de furto, como muitos poderiam pensar. Veja sobre
o que dispõe o art. 157 do CP:

Roubo

Art. 157, CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Perceba também que este artigo não dispõe somente sobre subtração de coisa alheia
móvel, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou a violência a pessoa. O art. 157 do
CP dispõe também a seguinte parte “ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impos-
sibilidade de resistência”. Desta maneira, esta é a terceira forma de haver o roubo, que é o que
ocorreu no exemplo anterior, quando foi dito que a duas mulheres trancaram o homem dentro
do banheiro para fazer a subtração dos pertences. Havendo, portanto, a impossibilidade de re-
sistência ao roubo.
Desta maneira, a melhor maneira para encontrar o crime praticado no caso concreto, é
avaliando o meio empregado, pois se o agente, para subtrair a coisa alheia móvel, agiu mediante

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violência ou grave ameaça, ou até mesmo impossibilitou a vítima de resistir, será um caso de
crime de roubo. Não sendo esses meios empregados, será crime de furto.
Veja sobre o que dispõe o art. 155 do CP:

Furto

Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Conforme se observa no esquema anterior, o §2º do art. 155 do CP prevê o furto pri-
vilegiado, que dispõe que:
Furto

Art. 155, CP:

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode


substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.

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Perceba que o §2º do art. 155 do CP exige dois requisitos para que seja configurado o
crime de furto privilegiado, quais sejam, a primariedade do criminoso e o pequeno valor da
coisa furtada. Em relação a primariedade, significa que o criminoso não pode ter reincidência,
porém não há problema ter maus antecedentes.
Cabe salientar que furto privilegiado (§2º do art. 155 do CP) não se confunde com
a aplicação do princípio da insignificância. O princípio da insignificância faz com que o crime
desapareça do caso concreto, pois o fato passa a ser materialmente atípico. Atenta-se que, di-
ferentemente do fato atípico, furto privilegiado é crime, porém com uma pena mais branda.
O que seria o pequeno valor do furto privilegiado?
Veja o entendimento do STJ sobre esta questão:

STJ – HC 401574
Na aplicação do furto privilegiado (art. 155, § 2º, do Código Penal), o salário mínimo
vigente à época dos fatos vem sendo utilizado como parâmetro para se atribuir à
coisa furtada a qualidade de "pequeno valor". Porém, não se trata de um critério
absoluto.
Deve ser considerado juntamente com as demais circunstâncias do delito. In casu,
o valor furtado, equivalente a um salário mínimo vigente à época dos fatos, era
proveniente da aposentadoria da vítima e ainda representada toda a quantia exis-
tente na conta bancária, o que demonstra elevada reprovabilidade da conduta e,
em consequência, a impossibilidade de reconhecimento do furto privilegiado.

O salário mínimo pode até ser utilizado como parâmetro para a configuração do furto
privilegiado. No entanto, a jurisprudência atual não vê isso como suficiente, pois se a situação
demonstrar uma alta reprovabilidade, deverá ser afastada a hipótese de furto privilegiado. Um
exemplo de aplicação do princípio da insignificância é quando o agente subtrai 10 reais da
carteira da vítima, a qual continha o montante de R$ 1.010,00. Desta maneira, pelo princí-
pio da insignificância, esse caso seria uma hipótese de fato atípico.

ATENÇÃO: Desta forma, a primeira verificação é pelo cabimento do princípio da insig-


nificância, com alegação de seus requisitos:
a) Conduta minimamente ofensiva;
b) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
c) Ausência de risco social;
d) Lesão inexpressiva para a vítima.

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Atente-se que para que haja crime de furto, é fundamental a existência do animus rem
sibi habendi, o que significa dizer que o age quer agir como se dono da coisa fosse. Desta ma-
neira, o chamado furto de uso é também um fato atípico. É o caso do agente subtrai a coisa
alheia somente com o intuito de utilizá-la e depois devolver ao dono da coisa, ou seja, sem ter a
intenção de tomar a coisa pra si. No entanto, se o agente tem a intenção de se tornar dono
da coisa (animus rem sibi habendi) e só depois, por uma ressaca moral, decide devolver
o pertence à vítima, haverá crime e será aplicado o art. 16 do CP (arrependimento poste-
rior). Lembrando que arrependimento posterior é causa de diminuição de pena, a qual é consi-
derada na 3º fase da dosimetria da pena.

Em relação ao furto qualificado, veja como está disposto o §4º do CP:

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;


II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

Recentemente, foi incluído no art. 155 do CP a nova forma qualificadora, a qual está
disposta no §4-A. Esta inclusão se deu pela Lei 13.654, que entrou em vigor no dia
24/04/2018. Veja:

Art. 155, CP:

§ 4º-A . A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (In-
cluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

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ATENÇÃO: A lei 13.654/18 se trata de uma novatio legis in pejus, ou seja, nova lei
maléfica. Desta maneira, como lei maléfica não retroage, esta lei só será aplicada para os crimes
praticados a partir do dia 24/04/2018.
Também foi incluído por esta mesma lei o §7º. Veja:

Art. 155, CP:


§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for
de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possi-
bilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)

Assim, atualmente, o art. 155 do CP tem também como qualificadoras o §4º-A e o §7º,
haja vista a alteração legislativa feita pela LEI 13.654/18.

Após a leitura do §4º do art. 155 do CP, é importante atentar-se para alguns pontos de
destaque. Veja:
a) Abuso de confiança requer relação de confiança entre sujeito ativo e passivo e não
deve ser algo presumido. Sendo assim, a questão precisa dizer expressamente que a vítima
depositava confiança no autor do crime. Isso precisa estar claro na questão. Caso não esteja,
não incide a qualificadora.
b) Quanto à fraude, esta é empregada para que o agente consiga distrair a vítima e
subtrair a coisa. Caso a fraude seja utilizada para que a vítima entregue a coisa, via de regra o
crime será de estelionato (art. 171 do CP).
c) Escalada é qualquer meio de ingresso anormal, que exija um esforço fora do comum
do agente. Logo, cavar um túnel pode ser escalada.
e) Chave falsa é qualquer coisa utilizada para abrir, tenha ou não formato de chave. A
cópia de chave verdadeira não configura a qualificadora de emprego de chave falsa, mas
pode caracterizar, a depender dos dados da questão, abuso de confiança.

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FGV – V EXAME DE ORDEM UNIFICADO - DIREITO PENAL - PROVA PRÁTICO-PRO-
FISSIONAL

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do
crime de furto qualificado por abuso de confiança, haja vista ter alegado o Parquet que a
denunciada havia se valido da qualidade de empregada doméstica para subtrair, em 20 de
dezembro de 2006, a quantia de R$ 50,00 de seu patrão Cláudio, presidente da maior
empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo. A denúncia foi recebida
em 12 de janeiro de 2007, e, após a instrução criminal, foi proferida, em 10 de dezembro
de 2009, sentença penal julgando procedente a pretensão acusatória para condenar Eliete
à pena final de dois anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155,
§2º, inciso IV, do Código Penal. Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da
defesa, o Tribunal de Justiça entendeu por bem anular toda a instrução criminal, ante a
ocorrência de cerceamento de defesa em razão do indeferimento injustificado de uma per-
gunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a instrução criminal, ficou com-
provado que, à época dos fatos, Eliete havia sido contratada por Cláudio havia uma se-
mana e só tinha a obrigação de trabalhar às segundas, quartas e sextas-feiras, de modo
que o suposto fato criminoso teria ocorrido no terceiro dia de trabalho da doméstica. Ade-
mais, foi juntada aos autos a comprovação dos rendimentos da vítima, que giravam em
torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais. Após a apresentação de memoriais
pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida nova sentença penal condenando
Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Em suas razões de decidir,
assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavoráveis, uma vez
que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança
depositada no agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada do mínimo. Ao final,
converteu a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, consubstanciada na pres-
tação de 8 (oito) horas semanais de serviços comunitários, durante o período de 2 (dois)
anos e 6 (seis) meses em instituição a ser definida pelo juízo de execuções penais. Nova-
mente não houve recurso do Ministério Público, e a sentença foi publicada no Diário Ele-
trônico em 16 de fevereiro de 2011.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo
caso concreto acima, redija, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o último
dia do prazo legal, o recurso cabível à hipótese, invocando todas as questões de direito
pertinentes, mesmo que em caráter eventual. (Valor: 5,0)

(O espelho de correção será disponibilizado na próxima aula. Bons estudos!)

QUESTÕES PARA A TÉCNICA DO QUESTIONAMENTO ELABORATIVO

01 – Qual é a distinção entre furto e roubo?

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02 – Como diferenciar furto de uso de arrependimento posterior?

03 – Existe possibilidade de furto qualificado e privilegiado?

04 – O reconhecimento do furto privilegiado poderá conduzir à atipicidade do fato?

05 – É possível a retroatividade da Lei 13.654/18?

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ATENÇÃO: Em relação ao exemplo de Mariana

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