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AULA 7
CONTINUAÇÃO – QUESTIONAMENTO ELABORATIVO
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casos de homicídio culposo (art. 121, §5º, do CP, bem como o do art. 302 do CTB) e da lesão
corporal culposa (art. 129, §8º, do CP).
03 – Qual a distinção entre lesão qualificada pelo aborto e aborto majorado pela
lesão?
A distinção entre a lesão qualificada pelo aborto (art. 129, §2º, inciso V, do CP) e o aborto
majorado pela lesão (art.125 ou art. 126 c/c art. 127 do CP) se dá no liame subjetivo. Na lesão
qualificada pelo aborto, o agente, estando ciente que a vítima está grávida, possui dolo em lesi-
onar e culpa no aborto. Salienta-se que se, no momento da lesão, o agente não sabia da gesta-
ção, não há previsibilidade de causar aborto na vítima. Logo, o crime de aborto não poderá ser
imputado a ele.
Em relação ao aborto majorado, o agente possui dolo no aborto e culpa na lesão. No
entanto, havendo dolo nas duas condutas, o agente responderá pelos dois resultados na forma
do art. 70 do CP (concurso formal de crimes).
04 – Quando o crime de lesão corporal culposa e/ou leve será de ação penal pú-
blica incondicionada?
O crime de lesão corporal culposa e/ou leve será de ação penal pública incondicionada
em duas hipóteses:
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a) No caso de violência doméstica contra a mulher: nesta hipótese, incide a Lei Maria
da Penha (Lei 11.340/06), que, em seu art. 41, veda a aplicação da Lei 9099/95. Ou seja, veda
a representação a ação penal.
b) Nos casos previstos no art. 291, §1º, do CTB, o qual dispõe sobre algumas situa-
ções em que, havendo a lesão corporal na direção de veículo automotor (art. 303 do CTB),
será cabível a ação penal incondicionada. Exemplo: O agente que, por estar dirigindo com ve-
locidade superior à máxima permitida para via de 50 km/h, acaba lesionando um pedestre.
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Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa,
salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Na aula 6, foram estudados os crimes contra a honra: a calúnia (art. 138 do CP), a difa-
mação (art. 139 do CP) e a injúria (art. 140 do CP). Ao estudar sobre essa espécie de crimes,
não se pode haver a confusão do crime de calúnia com o crime de denunciação caluniosa,
o qual está previsto no art. 339 do CP, no Capítulo III – Dos Crimes contra a Administração da
Justiça. Veja:
Denunciação caluniosa
Art. 339, CP: Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:
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Exemplo: No intuito de prejudicar seu vizinho Pedro, Mário vai até a delegacia e afirma
que Pedro matou sua esposa Ana a facadas, colocou o corpo em uma mala e saiu de casa.
Mário sabia que tudo isto era mentira, mas ainda assim narrou esses fatos em sede policial.
Perceba que, neste exemplo, houve uma calúnia, porém esta calúnia deu causa a uma investi-
gação policial. Desta forma, pelo princípio da consunção, Mário, ao invés de responder pelo
crime de calúnia, responderá pela denunciação caluniosa.
ATENÇÃO: Pelo princípio da consunção, o crime fim absorve o crime meio para que
seja praticado. Assim, no exemplo anterior, o Mário não teria como ter praticado o crime de
denunciação caluniosa (crime fim) sem praticar o crime de calúnia (crime meio). Salienta-se que
a denunciação caluniosa é mais gravosa que o crime de calúnia, pois põem em risco a
liberdade da vítima.
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Outro ponto a ser destacado é o §2º do art. 339 que prevê a diminuição de pena no
caso da imputação é sobre a prática de contravenção. CUIDADO! Na calúnia, só se pode imputar
um fato definido como crime, não sendo cabíveis os casos de contravenções penais. Desta
forma, imputar um fato definido como contravenção, no caso de crimes contra honra, poderia
caracterizar uma difamação, pois se enquadraria como hipótese de se imputar fato ofensivo à
reputação da vítima.
Exemplo de difamação: Caio, em uma festa, grita em alto e bom som que Manuel
pratica jogo do bicho todas as sextas-feiras depois do trabalho. (Atente-se que jogar no bicho
não é crime, mas sim contravenção penal)
Exemplo de denunciação caluniosa, nos moldes do §2º do art. 339: Caio, querendo
se vingar de Manuel, vai até uma delegacia e, chegando lá, afirma que Manuel pratica jogo do
bicho todas as sextas-feiras depois do trabalho. (Em sede policial, Caio imputou a Manuel a
prática de contravenção penal).
Perceba que neste exemplo Carla cometeu dois crimes: o crime de falsa identidade, pois
se apresentou com outro nome em sede policial, e o crime de denunciação caluniosa. No
entanto, ainda que praticado estes crimes, Carla não responderá em concurso de crimes,
pois o art. 339 estabelece em seu §1º uma causa de aumento de pena no caso do agente
se servir de anonimato ou de nome suposto. Desta forma, uma vez denunciada, poderia
a defesa alegar em favor da Carla que a falsa identidade se trata de uma mera causa de
aumento de pena, devendo ser afastado o concurso de crimes no caso concreto.
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Retomando a análise do capítulo sobre os crimes contra a honra, o Código Penal prevê
algumas hipóteses em que é possível ao ofensor provar que aquilo que disse é verdade, de
forma a não responder pelo crime contra a honra. Trata-se da exceção ou prova verdade:
Calúnia
Exceção da verdade
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi con-
denado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação
Exceção da verdade
Percebe-se que na calúnia a exceção a verdade é a regra, já que o art. 138 do CP nos
diz apenas as hipóteses em que ela não poderá ser aplicada. Em relação à difamação, o art. 139
do CP dispõe somente uma única hipótese de exceção da verdade, qual seja, quando o ofendido
é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. CUIDADO! Por ausên-
cia de previsão legal, não é cabível a exceção da verdade no crime de injúria.
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Adiante, nas disposições comuns, verifica-se que o art. 141 prevê causas de aumento de
pena para os crimes contra a honra, a serem consideradas na terceira fase da dosimetria da
pena.
Em relação ao inciso II do referido artigo, cabe destacar que no caso de crime contra a
honra de funcionário público em razão de sua função, a hipótese é de legitimidade concorrente,
consoante dispõe o enunciado 714 do STF:
SÚMULA 714, STF
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público,
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a
honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
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Exclusão do crime
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procu-
rador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou infor-
mação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação
quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143, CP: O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.
Exemplo: Durante uma entrevista, Benício afirmou que Justino, cantor de hip hop, ha-
via furtado um carro luxuoso durante uma grande festa de fim de ano. Neste exemplo, Benício,
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que cometeu o crime de calúnia contra Justino, poderá se retratar e, se Justino preferir, a retra-
tação poderá ser feita da mesma maneira, ou seja, também em uma entrevista.
Art. 145, CP: Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
QUESTÃO
PADRÃO RESPOSTA:
A) O crime praticado por Rubens e Enrico foi o de injúria, na forma do Art. 140 do Código
Penal. Apesar das ofensas serem relacionadas à pessoa que pratica crimes, já que Edu-
ardo foi chamado de “ladrão” e “estelionatário”, não há que se falar em crime de calúnia. A
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calúnia exige, para sua configuração, que seja atribuída ao ofendido a prática de determi-
nado fato que configure crime. No caso, porém, não foram atribuídos fatos, mas sim quali-
dades pejorativas. Em razão disso, o crime praticado foi o de injúria.
CRIMES PATRIMONIAIS
Dando continuidade ao estudo da Parte Especial do Código Penal, será estudada uma
nova espécie de crimes: os crimes patrimoniais. Veja, inicialmente, o crime de furto, que está
previsto no art. 155 do CP, e o crime de roubo, previsto no art. 157 do CP.
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um furto, mas que acabou resultando em um roubo, em razão da violência contra o segurança.
Desta forma, conforme o §2º do art. 29 do CP, Leonardo responderá tão somente pelo crime de
furto, uma vez que sua intenção era praticar crime menos grave; e Cassiano, pelo crime de
roubo.
Também é importante entender que tais crimes são patrimoniais e que exigem uma
especial intenção. No furto, há de se exigir o animus rem sibi habendi. Ou seja, a intenção de
agir como dono da coisa, de dispor dela, de subtrair para si ou para outrem.
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Daniel, nascido em 02 de abril de 1990, é filho de Rita, empregada doméstica que trabalha
na residência da família Souza. Ao tomar conhecimento, por meio de sua mãe, que os
donos da residência estariam viajando para comemorar a virada de ano, vai até o local, no
dia 02 de janeiro de 2010, e subtrai o veículo automotor dos patrões de sua genitora, pois
queria fazer um passeio com sua namorada.
Desde o início, contudo, pretende apenas utilizar o carro para fazer um passeio pelo quar-
teirão e, depois, após encher o tanque de gasolina novamente, devolvê-lo no mesmo local
de onde o subtraiu, evitando ser descoberto pelos proprietários. Ocorre que, quando foi
concluir seu plano, já na entrada da garagem para devolver o automóvel no mesmo lugar
em que o havia subtraído, foi surpreendido por policiais militares, que, sem ingressar na
residência, perguntaram sobre a propriedade do bem.
Ao analisarem as câmeras de segurança da residência, fornecidas pelo próprio Daniel,
perceberam os agentes da lei que ele havia retirado o carro sem autorização do verdadeiro
proprietário. Foi, então, Daniel denunciado pela prática do crime de furto simples, desta-
cando o Ministério Público que deixava de oferecer proposta de suspensão condicional do
processo por não estarem preenchidos os requisitos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95, tendo
em vista que Daniel responde a outra ação penal pela prática do crime de porte de arma
de fogo.
Em 18 de março de 2010, a denúncia foi recebida pelo juízo competente, qual seja, da 1ª
Vara Criminal da Comarca de Florianópolis. Os fatos acima descritos são integralmente
confirmados durante a instrução, sendo certo que Daniel respondeu ao processo em liber-
dade. Foram ouvidos os policiais militares como testemunhas de acusação, e o acusado
foi interrogado, confessando que, de fato, utilizou o veículo sem autorização, mas que sua
intenção era devolvê-lo, tanto que foi preso quando ingressava na garagem dos proprietá-
rios do automóvel.
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Após, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Daniel, que ostentava apenas
aquele processo pelo porte de arma de fogo, que não tivera proferida sentença até o mo-
mento, o laudo de avaliação indireta do automóvel e o vídeo da câmera de segurança da
residência. O Ministério Público, em sua manifestação derradeira, requereu a condenação
nos termos da denúncia. A defesa de Daniel é intimada em 17 de julho de 2015, sexta feira.
Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia
do prazo para interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
ESPELHO DE CORREÇÃO:
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da pena-base no mínimo legal, sendo certo que ações em curso não podem justificar o
reconhecimento de maus antecedentes, nos termos do enunciado 444 da Súmula do STJ,
sob pena de violação do princípio da presunção de inocência.
Na segunda fase, ausente qualquer agravante e presente a atenuante da menoridade re-
lativa, com fulcro no Art. 65, inciso I, do Código Penal, tendo em vista que Daniel era menor
de 21 anos na data dos fatos. Em caso de condenação, deverá ser reconhecida, ainda, a
atenuante da confissão, nos termos do Art. 65, inciso III, alínea d, uma vez que Daniel
confessou os fatos.
Não existem causas de aumento ou de diminuição a serem aplicadas.
O regime adequado para cumprimento de pena é o aberto, na forma do Art. 33, §2º, alínea
c, do Código Penal, pois a pena final não ultrapassará 04 anos, o acusado é primário e não
existem circunstâncias do Art. 59 do Código Penal prejudiciais.
Caberá, ainda, a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, pois
preenchidos os requisitos do Art. 44 do Código Penal.
Em conclusão, deve o examinando formular os seguintes pedidos:
a) preliminarmente, o reconhecimento da extinção de punibilidade com base na prescrição
da pretensão punitiva do Estado, nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP, OU no Art. 109,
inciso IV, c/c o Art. 115, ambos do CP.;
b) no mérito: a absolvição de Daniel pela atipicidade de sua conduta, com fulcro no Art.
386, inciso III, do CPP;
c) subsidiariamente: aplicação da pena-base no mínimo legal, pois ações penais em curso
não podem funcionar como maus antecedentes, na forma do enunciado 444 da Súmula do
STJ;
d) reconhecimento das atenuantes da menoridade relativa e da confissão espontânea;
e) aplicação do regime aberto para início do cumprimento de pena;
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
A data a ser indicada é o dia 24 de julho de 2015, tendo em vista que o prazo para Alega-
ções Finais é de 05 dias, mas este somente se iniciará na segunda-feira, dia 20 de julho
de 2015.
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Compare o quadro acima com o exemplo a seguir:
Duas mulheres vão à casa de um homem, a convite deste. Chegando lá, o homem vai
até o banheiro e, ao fechar a porta, as duas mulheres conseguem trancá-lo. Feito isso, elas
subtraem vários pertences do homem que estão dentro da casa e vão embora. Perceba que este
exemplo se trata de hipótese de roubo e não de furto, como muitos poderiam pensar. Veja sobre
o que dispõe o art. 157 do CP:
Roubo
Art. 157, CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Perceba também que este artigo não dispõe somente sobre subtração de coisa alheia
móvel, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou a violência a pessoa. O art. 157 do
CP dispõe também a seguinte parte “ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impos-
sibilidade de resistência”. Desta maneira, esta é a terceira forma de haver o roubo, que é o que
ocorreu no exemplo anterior, quando foi dito que a duas mulheres trancaram o homem dentro
do banheiro para fazer a subtração dos pertences. Havendo, portanto, a impossibilidade de re-
sistência ao roubo.
Desta maneira, a melhor maneira para encontrar o crime praticado no caso concreto, é
avaliando o meio empregado, pois se o agente, para subtrair a coisa alheia móvel, agiu mediante
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violência ou grave ameaça, ou até mesmo impossibilitou a vítima de resistir, será um caso de
crime de roubo. Não sendo esses meios empregados, será crime de furto.
Veja sobre o que dispõe o art. 155 do CP:
Furto
Conforme se observa no esquema anterior, o §2º do art. 155 do CP prevê o furto pri-
vilegiado, que dispõe que:
Furto
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Perceba que o §2º do art. 155 do CP exige dois requisitos para que seja configurado o
crime de furto privilegiado, quais sejam, a primariedade do criminoso e o pequeno valor da
coisa furtada. Em relação a primariedade, significa que o criminoso não pode ter reincidência,
porém não há problema ter maus antecedentes.
Cabe salientar que furto privilegiado (§2º do art. 155 do CP) não se confunde com
a aplicação do princípio da insignificância. O princípio da insignificância faz com que o crime
desapareça do caso concreto, pois o fato passa a ser materialmente atípico. Atenta-se que, di-
ferentemente do fato atípico, furto privilegiado é crime, porém com uma pena mais branda.
O que seria o pequeno valor do furto privilegiado?
Veja o entendimento do STJ sobre esta questão:
STJ – HC 401574
Na aplicação do furto privilegiado (art. 155, § 2º, do Código Penal), o salário mínimo
vigente à época dos fatos vem sendo utilizado como parâmetro para se atribuir à
coisa furtada a qualidade de "pequeno valor". Porém, não se trata de um critério
absoluto.
Deve ser considerado juntamente com as demais circunstâncias do delito. In casu,
o valor furtado, equivalente a um salário mínimo vigente à época dos fatos, era
proveniente da aposentadoria da vítima e ainda representada toda a quantia exis-
tente na conta bancária, o que demonstra elevada reprovabilidade da conduta e,
em consequência, a impossibilidade de reconhecimento do furto privilegiado.
O salário mínimo pode até ser utilizado como parâmetro para a configuração do furto
privilegiado. No entanto, a jurisprudência atual não vê isso como suficiente, pois se a situação
demonstrar uma alta reprovabilidade, deverá ser afastada a hipótese de furto privilegiado. Um
exemplo de aplicação do princípio da insignificância é quando o agente subtrai 10 reais da
carteira da vítima, a qual continha o montante de R$ 1.010,00. Desta maneira, pelo princí-
pio da insignificância, esse caso seria uma hipótese de fato atípico.
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Atente-se que para que haja crime de furto, é fundamental a existência do animus rem
sibi habendi, o que significa dizer que o age quer agir como se dono da coisa fosse. Desta ma-
neira, o chamado furto de uso é também um fato atípico. É o caso do agente subtrai a coisa
alheia somente com o intuito de utilizá-la e depois devolver ao dono da coisa, ou seja, sem ter a
intenção de tomar a coisa pra si. No entanto, se o agente tem a intenção de se tornar dono
da coisa (animus rem sibi habendi) e só depois, por uma ressaca moral, decide devolver
o pertence à vítima, haverá crime e será aplicado o art. 16 do CP (arrependimento poste-
rior). Lembrando que arrependimento posterior é causa de diminuição de pena, a qual é consi-
derada na 3º fase da dosimetria da pena.
Furto qualificado
Recentemente, foi incluído no art. 155 do CP a nova forma qualificadora, a qual está
disposta no §4-A. Esta inclusão se deu pela Lei 13.654, que entrou em vigor no dia
24/04/2018. Veja:
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ATENÇÃO: A lei 13.654/18 se trata de uma novatio legis in pejus, ou seja, nova lei
maléfica. Desta maneira, como lei maléfica não retroage, esta lei só será aplicada para os crimes
praticados a partir do dia 24/04/2018.
Também foi incluído por esta mesma lei o §7º. Veja:
Assim, atualmente, o art. 155 do CP tem também como qualificadoras o §4º-A e o §7º,
haja vista a alteração legislativa feita pela LEI 13.654/18.
Após a leitura do §4º do art. 155 do CP, é importante atentar-se para alguns pontos de
destaque. Veja:
a) Abuso de confiança requer relação de confiança entre sujeito ativo e passivo e não
deve ser algo presumido. Sendo assim, a questão precisa dizer expressamente que a vítima
depositava confiança no autor do crime. Isso precisa estar claro na questão. Caso não esteja,
não incide a qualificadora.
b) Quanto à fraude, esta é empregada para que o agente consiga distrair a vítima e
subtrair a coisa. Caso a fraude seja utilizada para que a vítima entregue a coisa, via de regra o
crime será de estelionato (art. 171 do CP).
c) Escalada é qualquer meio de ingresso anormal, que exija um esforço fora do comum
do agente. Logo, cavar um túnel pode ser escalada.
e) Chave falsa é qualquer coisa utilizada para abrir, tenha ou não formato de chave. A
cópia de chave verdadeira não configura a qualificadora de emprego de chave falsa, mas
pode caracterizar, a depender dos dados da questão, abuso de confiança.
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FGV – V EXAME DE ORDEM UNIFICADO - DIREITO PENAL - PROVA PRÁTICO-PRO-
FISSIONAL
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Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do
crime de furto qualificado por abuso de confiança, haja vista ter alegado o Parquet que a
denunciada havia se valido da qualidade de empregada doméstica para subtrair, em 20 de
dezembro de 2006, a quantia de R$ 50,00 de seu patrão Cláudio, presidente da maior
empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo. A denúncia foi recebida
em 12 de janeiro de 2007, e, após a instrução criminal, foi proferida, em 10 de dezembro
de 2009, sentença penal julgando procedente a pretensão acusatória para condenar Eliete
à pena final de dois anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155,
§2º, inciso IV, do Código Penal. Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da
defesa, o Tribunal de Justiça entendeu por bem anular toda a instrução criminal, ante a
ocorrência de cerceamento de defesa em razão do indeferimento injustificado de uma per-
gunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a instrução criminal, ficou com-
provado que, à época dos fatos, Eliete havia sido contratada por Cláudio havia uma se-
mana e só tinha a obrigação de trabalhar às segundas, quartas e sextas-feiras, de modo
que o suposto fato criminoso teria ocorrido no terceiro dia de trabalho da doméstica. Ade-
mais, foi juntada aos autos a comprovação dos rendimentos da vítima, que giravam em
torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais. Após a apresentação de memoriais
pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida nova sentença penal condenando
Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Em suas razões de decidir,
assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavoráveis, uma vez
que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança
depositada no agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada do mínimo. Ao final,
converteu a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, consubstanciada na pres-
tação de 8 (oito) horas semanais de serviços comunitários, durante o período de 2 (dois)
anos e 6 (seis) meses em instituição a ser definida pelo juízo de execuções penais. Nova-
mente não houve recurso do Ministério Público, e a sentença foi publicada no Diário Ele-
trônico em 16 de fevereiro de 2011.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo
caso concreto acima, redija, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o último
dia do prazo legal, o recurso cabível à hipótese, invocando todas as questões de direito
pertinentes, mesmo que em caráter eventual. (Valor: 5,0)
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02 – Como diferenciar furto de uso de arrependimento posterior?
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ATENÇÃO: Em relação ao exemplo de Mariana
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