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Principais crimes de ação penal privada:

Crimes contra a honra: 138 a 145, CP.


Introdução
Título I da Parte Especial: Crimes contra a pessoa.
Capítulo 5: Artigos 138 a 145.
138 Calúnia
139 Difamação
140 Disposições comuns
141 a 145: Disposições comuns
141: Aumento de pena
142: Exclusao do crime (imunidades)
143: Retratação
144: Pedido de explicações
145: Ação penal

Introdução:
Conceito de honra:
Honra é o conjunto de predicados ou condições da pessoa que lhe diferem consideração social e estima
própria.
Honra objetiva: Consideração social
Honra subjetiva: Estima própria (imagem que o indivíduo tem dele mesmo).

Proteção constitucional:
Art. 5º, inciso X, CF/88: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas.
O legislador visa concretizar o artigo 5º, X, da CF.

Divisão:
Honra objetiva: Conceito que a sociedade tem daquele indivíduo. O sujeito pensa o que as pessoas vão
pensar de mim.
Honra subjetiva: Imagem que a pessoa tem de si própria.
Honra dignidade: O que a pessoa pensa dela mesma.
Honra decoro: Atribitos intelectuais e físicos.

Dos crimes contra a honra:


Na calúnia (art. 138, CP) e na difamação (art. 139): Ferem a honra objetiva. Imputação de fatos concretos
ofensivos à honra daquela pessoa. Ex.: Fato criminoso e falso, calunia, fato ofensivo à reputação,
difamação.
Conta uma historinha. Se imputa um crime específico, um fato criminoso e mentiroso de que o Nidal
subtraiu o telefone celular dele, há calúnia.
Se imputa um fato ofensivo concreto, mas que não é criminoso, mas sim ofensivo à reputação, há
difamação, como se disser que o Nidal está dando aula bêbado.

Na injúria o legislador protege a honra subjetiva daquela pessoa. A imagem que ela tem de si mesma. Não
imputa um fato, mas sim uma qualidade negativa. Um conceito depreciativo. Bandido, safado, sem
vergonha, corrupto, canalha.
Chamar alguém de ladrão ou de homicida ou de corrupto, não é calúnia, pois não atribui um fato, mas sim
uma qualidade negativa, então é injúria.

Forma de execução dos crimes: Dos três crimes:


Os crimes contra a honra são delitos de livre execução. O legislador não especifica um meio executório
específico. Pode praticar por palavras, gestos, escritos, em redes sociais, etc.
Meios executórios:
a) Diretos: Atingem diretamente a vítima.
b) Indiretos: Atingem pessoas diversas. Chamar alguém de corno. Está indiretamente ofendendo a esposa
dele.

Os crimes contra a honra diferem do desacato, pois nestes a conduta do agente não precisa ser praticada
na presença da vítima. O desacato precisa ser praticado na presença do funcionário público ofendido. Já
os crimes contra a honra contra os funcionários públicos podem ser praticados sem a presença do
funcionário público. Podem, por exemplo, ser praticados na internet.

4) Tipo subjetivo: Elemento subjetivo nos crimes contra a honra


Exige a finalidade específica de ofender (animus injuriandi vel diffamandi).
Se quis ofender, tem crime.
Se acabou falando, mas não tinha a intenção inequívoca de ofender. Ausente essa finalidade específica
de ofender, não haverá crime. Dá para defender a atipicidade da conduta pela falta do elemento subjetivo
específico.
a)Calúnia: Animus caluniandi
b)Difamação: Animus difamandi
c)Injúria: Animus injuriandi
São crimes exclusivamente dolosos. Não admitem modalidade culposa.
Ausente o especial fim de agir não haverá crime:
a)Intenção de informar (animus narrandi)
b)Fazer uma brincadeira (animus jocandi)
c)Debater ou criticar (animus criticandi)
d)Aconselhar ou divertir (animus consulendi).
Se não tem a finalidade específica e inequívoca de ofender/lesar a honra da pessoa, não temos crime. Há
atipicidade da conduta.
Ex.: Homens que xingam os amigos de safado, desgraçado, vagabundo. Se não tem a intenção de
ofender (elemento subjetivo), o fato é atípico.
Além do dolo, tem que ter esse elemento subjetivo específico de ofender a honra da pessoa.

5)Aspectos importantes:
Imputação de fato:
a)Fato criminoso e falso (138, CP): Nidal subtraiu meu telefone celular. Fato definido como crime, e falso.
b)Fato não criminoso, verdadeiro ou falso, ofensivo à reputação da vítima (139, CP): Nidal tem o conceito
de dar aula bêbado no ceisc. / A mulher do vizinho, toda vez que ele sai, trai ele.

Imputação de uma qualidade negativa/conceito depreciativo:


c)Injúria (140, CP): Não imputa fato, mas sim qualidade negativa.

Consumação:
Calúnia: Quando chegar ao conhecimento de terceiros aquela imputação falsa de fato criminoso.
Difamação: Quando chegar ao conhecimento de terceiros aquele fato não criminoso ofensivo à reputação
da vítima.
Injúria: Quando a vítima toma conhecimento da qualidade negativa.

Resumo:
Calunia e difamação: Imputação de fato. Na calunia é um fato falso e definido como crime pela lei. Na
difamação há a imputação de um fato falso ou verdadeiro, não definido como crime, ofensivo à reputação.
Cosumam-se quando terceiros tomarem conhecimento do fato.
Injúria: Não imputa um fato, mas sim uma qualidade negativa. Pode ser falso ou verdadeiro. Consuma
quando a vítima toma conhecimento.

6) Calúnia – 138: Caluniar alguém (vítima determinada), imputando-lhe falsamente (o fato imputado tem
que ser falso. Nem sequer existiu, ou se existiu, não foi aquela pessoa que o praticou. Falo que o Nidal
furtou meu celular. Se meu celular não foi furtado, é calúnia. Se foi furtado, mas não foi o Nidal, também é
calúnia).
Pena: Detenção de 6 meses a 2 anos e multa. (se não ultrapassar 2 anos de pena, é crime de menor
potencial ofensivo. Competencia do JECRIM).
§1º Na mesma pena incorre quem, sabendo que falsa a imputação, a propala ou divulga. (eu imputo
falsamente a conduta criminosa, e o Fulano, sabendo que a imputação do fato criminoso é falsa, propalou
ou divulgou a informação, também responde por calunia).
§2º É punível a calúnia contra os mortos (a pessoa morre, mas continua tendo honra objetiva. Os parentes
tem interesse na responsabilização penal de quem está caluniando o morto).
Exceção de verdade:
§3º: Na calúnia, via de regra, admite-se a exceção da verdade, como incidente processual, no qual o sujeit
oque está sendo acusado da calúnia pode tentar provar que aquilo que está imputando é verdade.
Salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido, não foi condenado por sentença
irrecorrível.
II – Se o fato é imputado a qualquer das pessoas do I do 141
III - ...

Questões especiais:
Os crimes contra a honra admitem consentimento do ofendido, excluindo-se a ilicitude, por se
tratar de bem jurídico disponível.
O sujeito ativo: A calúnia é crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa.
O sujeito passivo: qualquer pessoa pode ser vítima de calúnia.

-Pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia? Se imputar falsamente um fato criminoso a uma pessoa
jurídica, a pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia? Pessoa jurídica pode cometer e ser
responsabilizado por crime no Brasil? Só crimes ambientais (art. 3º da Lei 9.605/98). Então pessoa jurídica
pode ser vítima de calúnia, desde que a falsa acusação recaia sobre a prática de crime ambiental. Se
fulano acusou uma empresa de despejar dejeto num determinado rio, cometendo um crime ambiental, e
sabendo que isso é falso, fulano pode ser responsabilizado por calúnia. Apenas se tratando de crime
ambiental, porque pessoa jurídica no Brasil só pode praticar crime ambiental.

-Se imputar a alguém falsamente fato definido como contravenção penal, há calúnia? Ex.: Sai falando que
o Nidal explora jogo do bicho no Ceisc. Imputou um fato definido como contravenção penal. Isso é crime
de calúnia? Não, porque se trata de analogia em malam partem, que viola o princípio da legalidade. O 138
fala de fato definido como crime, não como contravenção penal. Entretanto, em que pese não ser calúnia,
pode ser enquadrada como difamação, por imputar um fato ofensivo à reputação. Se saiu falando que o
Nidal explora jogo do bicho, tem difamação, não calunia.

-Calunia contra os mortos: É punível.

b)Tentativa e consumação da calúnia:


A calunia protege a honra objetiva. Se consuma quando terceiros tomam conhecimento da calúnia.
Espalhou que o Nidal praticou um furto cntra mim, sabendo que isso é falso. Há calúnia, que vai se
consumar no momento que alguém tomar conhecimento odessa ofensa. Algum terceiro.
É um crime formal( De consumação antecipada). Não se exige resultado naturalístico. Não há a
necessidade de que a honra objetiva seja maculada. No momento que alguém (terceiro) tomar
conhecimento da calunia, o crime já está consumado, independente de ter ou não lesionado a honra
subjetiva da vítima.
Cabe tentativa? Os crimes podem ser divididos entre crimes unissusbistentes (praticados mediante um
único ato executório. Não há como fracionar a execução. Não cabe tentativa. Se praticar, consumou) e
crimes plurissubsistentes (praticados mediante mais de um ato executório. A execução pode ser
fracionada em mais de um ato executório. Cabe tentativa). Então posso ter crime de calúnia tentado? Se
pode fracionar a execução em mais de um ato, pode. Se fulano escreveu uma carta imputando falsamente
crime a outrem em uma carta, e a carta não chegou, cabe tentativa, pois pode fracionar a execução.

Tipo penal equiparado: 138, parágrafo primeiro: Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga.
Quem imputou incorre em calúnia.
Quem a propala ou divulga (ajudou a espalhar, sabendo que é mentira), também incorre na calúnia.
No 138 a doutrina costuma aceitar tanto o dolo direto quanto dolo eventual. Se tem certeza que isso é
falso, é dolo direto.
No parágrafo primeiro só admite dolos direto.

-Exceção da verdade- art. 138, §3º: Se eu estou sendo processado pelo crime de calúnia, posso me valer
da exceção da verdade na minha defesa, como incidente processual, para provar que aquele fato é
verdadeiro. Via de regra cabe exceção da verdade na calúnia. Se o sujeito consegue comprovar que o que
está falando é verdade, o fato é atípico. Gera a absolvição por atipicidade.
Há situações que não cabe exceção da verdade:
Art. 138, §3º:
I – ...
II - ...
III - ... Acusou que o NIdal cometeu um furto, e foi processado por calúnia. O Nidal respondeu em
processo e foi absolvido pelo furto. Entao não dá para tentar a exceção da verdade.

e)Concurso de crimes:
Várias ofensas contra a mesma vítima. Ex.: Publicação na rede social falando que o Nidal é ladrão. Na
mesma publicação falou que o Nidal inclusive subtraiu o celular, e que o Nidal é um péssimo professor e
costuma dar aula embriagado. Cometeu injuria, difamação e calúnia. Qual o entendimento? O STJ já
julgou. Informativo 557: É possível que se impute de forma concomitante a prática dos crime de calunia,
difamação e injúria ao agente que divulga em carta única dizeres aptos a configurar os referidos delitos...
Pode ser concurso formal perfeito (art. 70, CP, conduta dolosa e atuou com desígnios autônomos, de ferir
a honr subjetiva e objetiva). Pode-se ter em determinada situação mais de um crime contra a honra. Um
não absorve o outro.

7)Difamação: Art. 139, CP:


Fere a honra objetiva. A imagem do individuo perante a sociedade.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa
é relativa ao exercício de suas funções.
Imputar fato ofensivo à reputação da vítima. Pode ser verdadeiro ou pode ser falso. Falou que fulano foi
trabalhar bêbado. Mesmo que ele tenha ido, é difamação.
É crime de menor potencial ofensivo, até 2 anos.

Exceção da verdade: Não é a regra geral, como na calúnia. Somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é inerente ao exercício das funções deste.
Nidal sai dizendo que o Fulano defensor público já fez júri bêbado. Cabe ao Nidal a exceção da verdade.

Imputação de um fato verdadeiro ou falso. Não existe a palavra “falsamente”, diferente da calúnia.
Imputa um fato não criminoso. Fala que fulano foi trabalhar bêbado, ou que trai a mulher, ou contravenção
penal.

Admite consentimento do ofendido, como a calunia, pois o bem jurídico é disponível.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa


Sujeito passivo: Qualqure pessoa

Pessoa jurídica pode ser vítima? Pode, pois não imputa crime, mas fere a reputação da pessoa jurídica.
Ex.: Alguem saiu espalhando fato ofensivo à pessoa jurídica com aintenção de macular, cabe difamação?
Cabe.

Exceção da verdade: Na difamação é aceita excepcionalmente. Via de regra não cabe exceção da
verdade na difamação. Só cabe exceção da verade quando o ofendido for funcionário público, e deve
haver nexo funcional. A ofensa tem que ser direcionada com o exercício das funções daquele funcionário
público. Apenas nesses casos o agente pode se valer da exceção da verdade. Se não tiver a ver com o
exercício da função do funcionário público não cabe exceção da verdade.

Na calúnia a exceção da verdade, como incidente processual, leva à atipicidade da conduta. Se provar
que o fato ocorreu, o fato não é falso.
Na difamação também cabe exceção da verdade, apenas naquele único caso, mas na difamação o fato
pode ser tanto verdadeiro quanto falso. Não há a necessidade de o fato ser falso. Então qual a
consequência da exceção da verdade? Não geraria a atipicidade da conduta, mas à exclusão da ilicitude.
O fato continua sendo típico, mas não haveria ilicitude, porque provou a veracidade daquilo que falou.
Exclusão de ilicitude é dizer que o fato apesar de ser típico, é lícito. As excludentes de ilicitude mais
famosas são legítima defesa, estado de necessidade, ... . Mas não são só essas. Exclusão de ilicitude
pode tratar de causas supralegais de exclusão de ilicitude (consentimento do ofendido, por exemplo), ou
causas legais espalhadas na parte geral ou na parte especial, como no crime de aborto (128). Ver o tipo
penal da difamação: Imputar fato ofensivo à reputação. Sendo verdadeiro ou falso, pode ter o crime de
difamação.
Ex.: Nidal acusou o professor de ter participado de um júri bêbado como defensor público. Sendo verdade
ou mentira, tem difamação se tiver a intenção de difamar. A exceção da verdade é completamente
excepcional na difamação, porque a prova da verdade geralmente não interessa, mesmo que prove ser
verdade. Excepcionalmente, nessa situação em que o ofendido é funcionário público e a ofensa é
destinada às suas funções, pelo interesse público presente, o legislador permite excepcionalmente a
exceção da verdade. Se o Nidal pode provar que aquilo que ele está falando é verdade, por estar sendo
processado pelo crime de difamação, pode lançar mão da exceção da verdade. Se o Nidal comprovar que
isso é verdade, o fato continua sendo típico. Não há exclusão de tipicidade, porque na difamação o fato
pode ser verdadeiro ou falso. O fato continua sendo típico, mas a doutrina entende que nesse caso
haveria a exclusão de ilicitude, porque o legislador permite.

c)Tentativa e consumação da difamação: Igual ao da calúnia. Tudo aquilo que falou lá se aplica aqui.
Fere a honra objetiva.
Se consuma quando terceiro toma conhecimento.
Crime formal: Não precisa necessariamente ferir a hona objetiva. Basta que tercerios tomem
conhecimento.
Cabe tentativa na conduta por escrito por exemplo, se enviou a carta e a carta não chegou.

8)Injúria:
Não tem a imputação de fato, mas sim de uma qualidade negativa, um conceito depreciativo, que pode ser
verdadeiro ou ser falso.
Tem que ter a intenção de ofender a honra daquela pessoa.
Se não tem a intenção de ofender, não tem crime. Isso nos três crimes.
Não fere a honra objetiva, mas sim a subjetiva.
A imagem que individuo tem dele mesmo.
Imputa uma qualidade negativa.
Geralmente um xingamento, uma ofensa: Vagabundo, estelionatário, ladrão. Pode inclusive ser verdade,
ainda é injúria.
Cabe consentimento odo ofendido como causa supralegal de exclusão de ilicitude.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa física. Pessoa jurídica não pode.

Não admite exceção da verdade de maneira nenhuma. Nem de forma excepcional.

Momento consumativo: Para se consumar basta que a vítima tome conhecimento da injúria.
Essa qualidade negativa pode ser verdade ou não. Se chamar de ladrão, sendo ladrão, pode configurar
injúria.

Pode injuriar por qualquer meio. Palavras, escrito, ...

Espécies de injúria:
140 caput trata da injuria comum ou simples: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
Pena de 1 a 6 meses. Chega na injúria comum por exclusão. É aquela que não se enquadra no 140, §2º,
nem no 140, §3º.
No parágrafo segundo tem a injúria real, que é uma injúria qualificada: Crime de execução condicionada:
O sujeito se vale especificamente de violência ou vias de fato para atingir a honra subjetiva do ofendido.
Pena de detenção 3 meses a 1 ano e multa, além da pena da violência (pode haver concurso de crimes,
se houve lesão corporal leve, ou outro tipo de lesão corporal. Responderia pelo 140, §2º, em concurso
material com a lesão corporal prevista no artigo 129, caput).
Ex.: Eu, com o intuito de ofender a honra do Mauro, dou um tapa na cara dele. Não quero causar lesão
corporal, mas sim humilhar. Não é um tapa que dói. Ou dou um empurrão no intuito do Mauro passar
vergonha, para se sentir humilhado. Ou cuspo na cara dele. Puxo o cabelo. Puxo para tirar a peruca. Quer
impor uma humilhação, um constrangimento, utilizando de vias de fato ou violência. Quer deixar a pessoa
mal perante ela mesma.

No parágrafo primeiro há o perdão judicial: O juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido de
forma reprovável provocou diretamente a injúria. Ou no caso de retorsão imediata que consista em outra
injúria. (esse perdão judicial só vale para a injúria comum. Não se aplica à injúria real ou à injúria
preconceituosa, discriminatória ou racial.
Ex.: Se o Mauro tava me provocando demais, e eu começo a injuriá-lo. O juiz pode aplicar o perdão
judicial.
Ex.: O sujeito é xingado e xinga de volta.

No parágrafo terceiro tem a injúria racial, preconceituosa, discriminatória, também qualificiada. Não
prescreve: §3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena de reclusão de 1 a 3 anos. Não é
infração de menor potencial ofensivo. Não é de competência do jecrim.
Ex.: O Arnaldo ofende o Nidal por ser árabe. Ou chama uma pessoa de macumbeira no intuito de ferir a
honra subjetiva utilizando elementos da religião.
Não é crime de menor potencial ofensivo. Passa de 2 anos. Não é jecrim.
Não confundir esse crime com o de racismo do art. 20 da Lei 7716/89.
Na injúria tem uma vítima determinada. O dolo é ofender a pessoa, emitindo conceitos desfavoráveis ou
qualidades negativas nessas hipóteses do §3º. Ele usa tudo isso para ofender.
O racismo é a situação em que pratica induz ou incita a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, ...
O sujeito passivo é indeterminado. Ofende toda uma coletividade. Aqui o dolo não é ofender, é discriminar.
O racismo é crime imprescritível segundo a CF. A injúria racial prescreve? A jurisprudência do STF e STJ
consideram pelo HC 154.248 que a injúria racial é uma espécie do gênero racismo, e também não
prescreve. O rol do racismo não é taxativo.

Se eu me chamo de corno, atinjo terceiro indiretamente. Atinjo a minha mulher.

*O desacato dever ter um vínculo com a função. Art. 331, CP. Mesmo que não esteja no exercício da
função naquele momento.

Pessoa jurídica não tem honra subjetiva, mas tem honra subjetiva (reputação social).
Disposições comuns: 141 a 145, CP:
Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço (causas de aumento de pena,
aplica-se na terceira fase da dosimetria), se qualquer dos crimes (calúnia, difamação ou injúria) é
cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Lei nº 14.197, de 2021)
(Vigência)
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
injúria. Ex.: Sujeito vai dar uma palestra num auditório lotado, e começa a caluniar, difamar ou injuriar
algúem.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
(Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Por que exceto no fato de injúria? Porque no caso de injúria maior
de 60 anos ou portadora de deficiência já há a injúria do §3º do 140. Então não abrange injúria para evitar
bis in idem.
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). Ex.: Alguém recebeu dinheiro ou promessa de recompensa
para praticar o crime contra a honra contra outrem. Receberá a pena em dobro. Novatio legis in pejus do
pacote anticrime, portanto não pode retroagir.
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de
computadores, aplica-se em triplo a pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Pode
ultrapassar 2 anos, não sendo mais de competência do jecrim. É novatio legis in pejus. Não pode retroagir
para prejudicar o acusado da prática de crime anterior.

Exclusão do crime (só vale para injúria ou difamação. Não abrange a calúnia. São as chamadas
imunidades).
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; (imunidade
judicial, que abrange injúria e difamação provocadas em juízo, na discussão da causa, atingindo a parte ou
seu procurador)
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
injuriar ou difamar; (imunidade literária, artística ou científica. Lancei um livro de suspense policial. Aí a
crítica detona o meu livro, falando que sou um escritor horrível)
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício. (imunidade funcional. Assistente social que trabalha no fórum e tem que
analisar os pais que estão brigando, quem deve ficar com a guarda, ou se devem perder a guarda. Se faz
um relatório acabando com o pai ou com a mãe, não vai responder por injúria ou por difamação)
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá
publicidade. (a pessoa que der publicidade responde)

Retratação (abrange calúnia e difamação, injúria não. Não dá para se retratar da injúria)
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
isento de pena. (se retrata completamente. Se arrependeu e repara esse dano, justamente para
resguardar a honra objetiva daquela pessoa. Extingue a punibilidade)
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se
de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em
que se praticou a ofensa. (a retratação tem que ser proporcional à ofensa) (Incluído pela Lei nº 13.188,
de 2015)

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatórias, responde pela ofensa. (interpelação judicial [não interrompe ou suspende a prescrição ou
decadência, mas torna o juízo prevento]. O famoso pedido de explicações. Se lançou uma frase e deixou
no ar, não dizendo expressamente a calúnia, difamação ou injúria. Quem se sentiu ou se julga ofendido
pode pedir explicações em juízo. “Sabe como ele é, né?”. A pessoa ofendida entra com o pedido, e o
judiciário notifica o sujeito para dar explicações. Pode não fazer nada, ou dar explicações. O cara que se
sentiu ofendido pode vir a processar. O judiciário não vai analisar o mérito, mas sim notificar aquela
pessoa para, se ela quiser, dar explicações. O sujeito que se sentiu ofendido pode se dar por satisfeito e
não processar, ou não se dar por satisfeito e processar. Bolsonaro vive soltando coisas no ar, dando a
entender umas coisas, e as pessoas fazem o pedido de explicações, para depois arquivar. Quem se julga
ofendido depois pode entrar com a ação judicial.

Ação penal:
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
Regra geral:
Crime contra a honra é de ação penal privada. O ofendido contrata um advogado para
ajuizar a queixa-crime. O ofendido tem o prazo decadencial de 6 meses do conhecimento da
autoria.
Exceções:
1ª-Caput: Quando no caso do 140, §2º (injúria real, com violência ou vias de fato), da
violência resulta lesão corporal (qualquer que seja). Nesse caso, pela letra da lei, a ação
penal nesse caso seria pública incondicionada, pois o legislador não falou nada se era
pública condicionada.
-Parágrafo Único:
2ª-Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça no caso de crime contra a
honra praticado contra o presidente da república ou chefe de governo estrangeiro.
Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
3ª-Procede-se mediante representação do ofendido no caso de crime contra a honra
contra servidor público no exercício das funções. Pela letra da lei é ação penal
pública condicionada à representação do ofendido. Súmula 714 do STF:
SÚMULA 714-
É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO,
PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR
PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
Seguir a súmula. A legitimidade é concorrente. Pode ser ação penal privada ou ser
ação penal pública condicionada à representação. O ofendido tem duas opções. Ele
que escolhe.
4ª-Em caso de injúria racial, preconceituosa ou discriminatória: Ação penal pública
condicionada à representação do ofendido. A injúria racial é imprescritível, mas está
sujeita à decadência. Se não ofereceu representação no prazo decadencial, ocorre a
decadência.

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