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1. DIFAMAÇÃO (art.

139, CP)
Conceito: Difamar é imputar falsamente ou não, fato ofensivo à reputação alheia.
Objetividade jurídica: A objetividade jurídica imediata é a tutela da honra, e a mediata é o respeito
à personalidade.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum e unissubjetivo. A pluralidade de agentes
implica em concurso eventual.
Sujeito passivo: A pessoa humana no gozo de suas faculdades mentais pode ser vítima de
difamação.
Pessoa jurídica: A pessoa jurídica possui reputação, de modo que os fatos desabonadores podem
estremecer o bom conceito que goza junto à sociedade, macular a honra objetiva, objetividade
jurídica da difamação.
Pessoas desonradas: Não existe pessoa absolutamente desonrada.
Tipo objetivo: Difamar, que significa tirar a boa fama, infamar.
Classificação doutrinária: Crime comum, unissubjetivo, de atividade formal, de dano, de forma
livre, instantâneo, em regra comissivo e excepcionalmente omissivo impróprio, plurissubsistente ou
unissubsistente simples.
Tipo subjetivo: É admitido o dolo direto ou indireto eventual, revelado pela vontade livre e
consciente de difamar, imputar fato ofensivo à reputação alheia, ou de assumir o risco de fazê-lo.
Não se admite a forma culposa.
Consumação e tentativa: Consuma-se quando a imputação ofensiva torna-se conhecida de outrem,
que não o sujeito passivo (quando chega a conhecimento de terceiros).
Exceção da verdade: É uma forma de defesa indireta, apresentada preferencialmente no momento
processual da resposta.
Exceção de notoriedade: Diferentemente da exceção da verdade, que tem por escopo demonstrar a
veracidade do alegado, a notoriedade, sempre permitida, visa demonstrar o desconhecimento da
falsidade da imputação.

2. INJÚRIA (art. 140, CP)


Bem protegido é a honra subjetiva, que é o sentimento próprio de cada pessoa acerca de seus
atributos morais, intelectuais e físicos.
Sujeito ativo – qualquer pessoa
Sujeito passivo – qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de discernimento do conteúdo da
expressão. Obs: no caso dos inimputáveis, a existência do crime deve ser condicionada à capacidade
de o sujeito ativo perceber a injuria. No entanto, o pai de uma criança ofendida pode ingressar com
uma ação de danos morais na esfera cível. Na penal, não lhe resta nenhuma alternativa, pois ele não
é o ofendido.
Deve haver o dolo de dano, ou seja, uma vontade livre e consciente de injuriar alguém. É
necessário além do dolo, um fim especial de agir, consistente na vontade de ofender, denegrir a
honra do ofendido.
A injuria não precisa ser proferida diretamente ao ofendido. Basta que esse tenha conhecimento.
A tentativa é possível no caso de meio escrito, no entanto, não há como ingressar com ação penal,
pois na tentativa, o fato não chegou a conhecimento da vítima.
Perdão judicial – quando o ofendido provocou diretamente a injuria; ou no caso de retorsão
imediata, ou seja, uma injuria rebatida com outra injuria imediatamente.
Se a difamação não chega a conhecimento de terceiros, mas chega a vítima, encaixa-se em injuria.
Se a injuria é direcionada a uma autoridade, enquadra crime de desacato.
A exceção da verdade é inadmissível no crime de injuria. Isso porque não importa verificar se
realmente fulano é “bêbado”, “corno”, “trapaceiro”.

3. APONTAMENTOS COMUNS AOS CRIMES CONTRA A HONRA (arts. 141 a 145, CP)
a) sujeito ativo – Qualquer pessoa
a.1) parlamentares
a) Imunidades parlamentares
Nos termos do art. 53, caput, da Constituição Federal, com a redação determinada pela Emenda
Constitucional 35/2001: \u201cOs Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer
de suas opiniões, palavras e votos\u201d. É a chamada imunidade material.

a.2) advogados
b) Advogados
De acordo com o art. 7.º, § 2.º, da Lei 8.906/1994 \u2013 Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, \
u201co advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis
qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das
sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que
cometer\u201d.

b) sujeito passivo: características?


Do mesmo modo que o sujeito ativo, pode ser qualquer pessoa, porém em relação aos inimputáveis,
discute-se tal possibilidade pelo fato da calúnia se caracterizar pela falsa imputação de fato
criminoso, e como sabemos, os inimputáveis não praticam crimes, pela ausência de uma das
características essenciais da infração penal: a culpabilidade.
b.1) pessoa jurídica: pode ser?
Em sendo a difamação um tipo penal que pretende proteger justamente a honra objetiva da vítima,
sua reputação, deve ser reconhecida a legitimidade de pessoa jurídica para ser sujeito passivo desse
crime.
b.2) morto: pode ser?
O morto, por não ser titular de direito, não pode ser sujeito passivo de um crime. O morto não
possui personalidade jurídica. No entanto, certos delitos contra o respeito aos mortos são punidos,
sendo vítimas, no caso, a família ou a coletividade.
c) meios de execução
A acusação caluniosa pode ser feita na ausência do ofendido e admite vários meios de execução:
escrito, palavra, desenho, gestos, meios simbólicos ou figurativos.
d) elemento subjetivo
Consiste no dolo, seja direto ou eventual, com a finalidade específica de denegrir a honra subjetiva
de outrem (animus injuriandi).
d.1) exige fim especial de agir?
Exigem, para a tipificação da conduta, um especial fim de agir consistente na vontade de ofender a
honra do ofendido.
4. Causas de aumento de pena (art. 141)
Na hipótese de o crime ser praticado na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
5. Causas de exclusão de ilicitude (art. 142)
Causas de exclusão - Gerais: art. 23, CP

6. Retratação (art. 143)


O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos
mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)

7. Pedido de explicações (art. 144)


Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatórias, responde pela ofensa.
8. Ação Penal (art. 145)
Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do
art. 140, §2º, da violência resulta lesão corporal.

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