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CRIMES CONTRA A HONRA

Art. 138 a 145, CP


1. INTRODUÇÃO
Conceito (Honra): conjunto de qualidades físicas, morais e intelectuais de um ser humano, que o
fazem merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima, valor social do
indivíduo, patrimônio moral, ligado à aceitação ou aversão dentro do circulo social do sujeito;
Fundamentação constitucional – previsto no art. 5. °, inciso X, da Constituição Federal, trata-se
de objeto de proteção, isto é, direito fundamental do homem;
OBS! Pessoa jurídica pode ser vítima de crime contra honra, apenas em caso de honra objetiva,
isto é, calúnia e difamação, e pode ser sujeito passivo de crime somente para crimes ambientais;
2. ESPÉCIES
Honra objetiva: visão que a sociedade tem acerca das qualidades físicas, morais e intelectuais de
determinada pessoa, reputação de cada indivíduo no seio social em que está imerso, julgamento
que as pessoas fazem de alguém, imagem e conceito que as pessoas tem do sujeito, aquilo que as
pessoas construíram do indivíduo, referente a calunia e difamação;
Honra subjetiva: sentimento que cada pessoa possui acerca das suas próprias qualidades físicas,
morais e intelectuais, juízo que cada um faz de si mesmo (autoestima), imagem que o indivíduo
construiu dele mesmo, relacionado a autoimagem, referente a injúria;
3. CALÚNIA (138)
Conceito: infração penal de menor potencial ofensivo que constitui em imputação de fato falso
definido como crime, nesse sentido, se estabelece como atribuição a alguém atitude criminosa
que na realidade não aconteceu, atribuir falsamente a alguém a prática de um fato definido como
crime;
Pena – detenção de 6 meses a 2 anos e multa;
a) Imputação de fato determinado – afirmação de situação referida ao sujeito;
b) Fato definido como crime – situação tipificada dentro do CP;
c) Falsidade da imputação – pode se dar ou pela irrealidade do fato, ou seja, situação nunca
existiu, ou pelo erro com a autoria do crime, isto é, inexistência de relação do fato com o
sujeito apontado, ocorreu crime, porém individuo não tinha nada a ver com aquilo;
Importante! Se agente faz imputação objetivamente falsa, acreditando categoricamente que é
verdadeira, não responde pelo crime de calúnia, responde pelo crime de ter havido erro de tipo,
caso se demonstre, posteriormente, engano da parte dele;
Elemento subjetivo – vontade de ofender a vítima, intensão de manchar a imagem da pessoa,
chamado animus injuriandi vel diffamandi;
a. Incorre também para aquele que, sabendo da falsidade da imputação ou acusação,
propaga ou divulga informação;
b. É punível calúnia contra os mortos, para promover a ação tem legitimidade o
cônjuge, o irmão e ascendente;
c. Admite-se a prova de verdade, em demonstração de fato atípico, possibilidade
de comprovação de realidade e verdade;
Exceção
i. Em crime de ação privada, indivíduo que não foi condenado por sentença
irrecorrível, só se existir trânsito em julgado;
ii. Fato imputado a pessoas indicadas no Art.141, I, isto é, fato imputado ao
presidente da república;
iii. Quando crime imputado, em ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível;

4. DIFAMAÇÃO (139)
Conceito: imputar a alguém um fato ofensivo à sua reputação, desacreditar publicamente uma
pessoa, maculando os atributos que a tornam merecedora de respeito no convívio social;
Pena – detenção, de 3 meses a 1 anos, e multa.
a) Imputação de fato determinado – o sujeito deve referir-se a um acontecimento que
contenha circunstâncias descritivas, tais como momento, local e pessoas envolvidas, não
se limitando simplesmente a ofender a vítima;

b) Verdadeira ou falsa a imputação – subsiste o crime de difamação ainda que seja


verdadeira a imputação (salvo quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções), desde que dirigida a ofender a honra alheia.
Exceção da verdade (parágrafo único): somente se admite ofensa verdadeira se o ofendido é
funcionário público e a ofensa relativa ao exercício de suas funções, em critério de
contemporaneidade, o ofendido deve estar em atuação no cargo;
c) Ofensivo a reputação – deve ser deliberada de fato ofensivo à reputação da vítima, não
sendo suficiente a descrição de situações meramente inconvenientes ou negativas;
OBS! Não é possível contra os mortos.
5. INJÚRIA (140)
Conceito: ato de estabelecer ofensa da dignidade ou do decoro da vítima, mediante xingamento
ou atribuição de qualidade negativa, abalo a honra subjetiva, conceito que a vítima tem de si
própria, insultar ou falar mal do indivíduo;
Pena – detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.
PERDÃO JUDICIAL (§ 1.°) – causa de extinção da punibilidade, em que o Estado reputa que,
embora presente um fato típico e ilícito cometido por agente culpável, não seja necessário puni-
lo;
I. Provocação do ofendido – há de ser reprovável, em condição dos envolvidos e
circunstâncias de provocação por parte da vítima, e diretamente, isto é, ofensor e ofendido
devem encontrar-se frente a frente;

II. Retorsão imediata em outra injúria – trata-se do revide, tão logo ofendida, a vítima
também ataca a honra do seu agressor, deve ser imediata, ou seja, efetuada tão logo o
injuriado tiver conhecimento da ofensa;
ESPÉCIES

− Injúria real (§ 2.°): consiste em violência (contato físico que decorre em lesão corporal)
ou vias de fato (contravenção penal que consiste na agressão física sem intenção de
produzir lesão corporal), deve ser aviltante ou humilhante, capaz de envergonhar vítima;
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano e multa, em cumulação (soma) de pena correspondente a
violência;

− Injúria preconceituosa (§ 3.°): consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor,


etnia, religião, origem, ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, reclama
seja a ofensa dirigida a pessoa ou pessoas determinadas;
Pena – reclusão de 1 a 3 anos;
OBS! Crime de injúria racial não mais existe;

6. DISPOSIÇÕES GERAIS (141 a 145)

AUMENTO DE PENA (141) – pena aumenta-se 1/3, aplicável a todos os crimes contra a honra,
quando cometida contra sujeitos pacíficos específicos;
I. Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro – em razão da importância
das funções desempenhadas ofende também interesses da nação;

II. Funcionário público – ofende interesse supremo da Administração Pública, em


proteção aos seus agentes, imprescindível a relação de causalidade entre a ofensa e o
exercício da função pública;
OBS! Não se aplica o aumento da pena quando a conduta se refere à vida privada do funcionário
público;
III. Na presença de várias pessoas – meio que facilita divulgação e causa maior prejuízo
a vítima, exige no mínimo ou mais 3 pessoas, sem incluir a vítima e autor do crime,
não é computado coautores ou partícipes ou pessoas que não compreendam a ofensa
(surdos, doentes mentais, crianças de pouca idade, cegos), ou instrumentos e objetos
que facilitem a propagação da ofensa (alto-falante, outdoors, panfletos, pichação de
palavras ofensivas na frente da casa da vítima, imprensa, rádio, televisão, jornais e
revistas, etc.)

IV. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência – em exceção


ao caso de injúria, em decorrência de qualificação do delito;
Crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa (§ 1.°) – pena aplicada em
dobro, por motivo de a cupidez, isto é, pela ambição desmedida, pelo desejo imoderado de
riquezas;
Crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede
mundial de computadores (§ 2.°)– aplica-se em triplo a pena, em virtude de alta possibilidade
de exposição da vítima e divulgação;
EXCLUSÃO DO CRIME (142) – no tocante à injúria e à difamação, não se caracterizam tais
crimes contra a honra por ausência de ilicitude, nada obstante o fato seja típico, em determinadas
circunstâncias;
I. Imunidade judiciária – trata-se da relação processual instaurada, ligada ao exercício
da jurisdição, inerente ao Poder Judiciário, ficam isentas as partes (autor e réu) e os
procuradores (advogados, constituídos ou dativos);
OBS! Magistrado não está incluído (julgador ou desembargador);
II. Crítica literária, artística ou científica – opinião desfavorável, vida defender o
interesse da cultura, análise honesta e moderada, por mais rígida que seja salvo se a
intensão for inequívoca em ofender indivíduo;

III. Conceito desfavorável emitido por funcionário público – modalidade especial de


estrito cumprimento de dever legal, necessário para assegurar a independência e
tranquilidade dos servidores públicos, para o perfeito desempenho das suas funções,
no interesse da coisa pública;

RETRATAÇÃO (143) – retirar o que foi dito, desdizer-se, assumir que errou, trata-se de causa
de extinção da punibilidade, cabível unicamente na calúnia e na difamação, pois nesses delitos
há, pelo ofensor, a imputação de um fato ao ofendido, somente é possível nos crimes de ação
penal privada;
Meios de comunicação (parágrafo único): retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos
mesmos meios em que se praticou a ofensa;
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES (144) – permite, àquele que se sentir prejudicado, pedir
explicações em juízo, previamente ao oferecimento da ação penal, refere-se à inferência, processo
lógico de raciocínio baseado em uma dedução, parte-se de um argumento para se chegar a uma
conclusão, isto é, frase equívoca, pela qual, mediante uma dedução, pode-se concluir que se trata
de uma ofensa a alguém;
Exemplo: No horário de café, um funcionário de uma empresa em recuperação judicial diz: “o
maior ladrão desse estabelecimento tem lugar de destaque na diretoria”;
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA (145) – pode ser privada (regra) ou
pública, incondicionada ou condicionada (exceções);
Regra geral (parágrafo único) – a ação penal é privada, pois somente se procede mediante queixa;
Exceções
I. Ação penal pública incondicionada: na injúria real, se da violência resulta lesão
corporal;

II. Ação pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: crime contra o


Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

III. Ação penal pública condicionada à representação do ofendido: calúnia, difamação ou


injúria contra funcionário público, em razão de suas funções e injúria qualificada;

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