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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade Mineira de Direito Unidade São Gabriel

Fabrizia Emanuelle Luz Rodrigues


Tamara Fernanda Gomes Nunes

PRÁTICA SIMULADA ADVOCACIA CRIMINAL


QUEIXA CRIME

Trabalho apresentado a disciplina Estagio


Supervisionado Unidade São Gabriel da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.
Professor: Ricardo Antônio Fonte Boa

Belo Horizonte
Setembro 2023
Caso

“Em 16/09/2023, Rodolfo T., brasileiro, divorciado, com 81 anos de


idade, administrador de empresas, Presidente do clube esportivo LX F.C.,
contratou serviços profissionais de advocacia para as devidas providências
judiciais, em face de conhecido jornalista e comentarista esportivo, Clóvis
V., brasileiro, solteiro, com 58 anos de idade, que, a pretexto de criticar o
fraco desempenho do time de futebol do LX F.C. no campeonato nacional,
em post esportivo pela rede social, praticou conduta com o firme ânimo de
ofender a honra objetiva do dirigente do clube. Foi interpelado judicial e se
recusou a dar explicações acerca da ofensa, mantendo-se inerte.
Afirmou o comentarista Clóvis V., por meio de suas contas no
Instagram e no Facebook, no dia 10/04/2023, sabendo não serem
verdadeiras as afirmações, que o dirigente subtraiu voluntariamente dos
cofres do clube a quantia de R$ 100 mil reais pertencentes ao LX F.C., pois
na condição de seu Presidente gozava de confiança irrestrita dos associados
e dos diretores, motivo pelo qual usou das facilidades do cargo para
inverter clandestinamente a posse da coisa móvel. Conforme o texto de
Clóvis, em busca de lucro para si, o Presidente do clube agiu às 01:00h,
aproveitando que a sede do clube estava vazia.
Entre os documentos coletados pelo cliente e pelo escritório
encontram-se as cópias de páginas e registros extraídos da Internet (redes
sociais), com as ofensas perpetradas. E a ata notarial relativa à documentos
eletrônicos.
Além disso, Oriosvaldo Cunha e Roger Duval, jornalistas que
trabalhavam com Clóvis, testemunharam o planejamento e a prática das
ofensas.
Rodolfo T. tomou conhecimento da autoria e dos fatos no dia
12/04/2023, tendo todos eles ocorrido na cidade de Belo Horizonte/MG,
que é domicílio de todos os envolvidos”.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE - MG

RODOLFO T., brasileiro, divorciado, administrador de empresa,


Presidente do Clube Esportivo LX F.C., portador do RG nº xx xx-xxx.xxx, CPF
xxx.xxx.xxx-xx, com endereço na, Rua xxxxxxxxxxxxxxxx nº xxx – Bairro xxxxxxxx –
MG, CEP xx.xxx.xxx , vem, por sua advogada que esta subscreve, devidamente
qualificada no instrumento procuratório com poderes especiais para transigir, mui
respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar.

QUEIXA-CRIME

em face de CLÓVIS V., brasileiro, solteiro, jornalista e comentarista


esportivo, portador do RG nº xx xx-xxx.xxx, CPF xxx.xxx.xxx-xx, com endereço na,
Rua xxxxxxxxxxxxxxxx nº xxx – Bairro xxxxxxxx – MG, CEP xx.xxx.xxx, pelos
motivos de fato e de direito que passa a expor.

1. DOS FATOS

No dia 10/04/2023, o autor do fato, Clóvis V., valendo-se de suas contas


nas redes sociais Instagram e Facebook, proferiu ofensa pública contra o queixoso,
Rodolfo T., presidente do clube esportivo LX F.C., imputando-lhe a prática de desvio
de R$ 100 mil dos cofres do clube.
Tais afirmações, conforme provas documentais anexas (prints das telas das
redes sociais, comentários, cópia da interpelação judicial) foram feitas com
conhecimento de sua falsidade, visando unicamente à ofensa à honra objetiva do
queixoso e sua reputação, em virtude do desempenho do time de futebol do LX F.C. no
campeonato nacional.
Além das ofensas proferidas nas redes sociais, Clóvis V. recusou-se a
prestar explicações acerca da difamação após interpelação judicial, mantendo-se inerte.
As testemunhas Oriosvaldo Cunha e Roger Duval, que trabalhavam com
Clóvis V., testemunharam o planejamento e a prática das ofensas, corroborando a
conduta difamatória do autor do fato.
O queixoso, Rodolfo T., tomou conhecimento da autoria e dos fatos no dia
12/04/2023, todos ocorridos na cidade de Belo Horizonte/MG, domicílio de todos os
envolvidos.
Portanto, por conta dessas falsas acusações o querelante se sente com a sua
imagem desgastada, além de ter total convicção de sua inocência, vez que o querelado
agiu com intuito de caluniar o querelante.
Por fim, o querelante vem a presença de Vossa Excelência oferecer a
presente queixa crime.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

De acordo com os fatos narrados acima, resta claro que o Senhor CLÓVIS
V., ao imputar falso fato criminoso de apropriação indébita, praticaram o crime de
calúnia, tipificado no artigo 138 do Código Penal Brasileiro, haja vista que o elemento
subjetivo específico do crime, qual seja a vontade de atingir a honra objetiva do
querelante, atribuindo falsamente e publicamente fato definido como crime, senão
vejamos:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato
definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação,
a propala ou divulga.
A calúnia tem a sua efetivação assim que a falsa imputação de crime
alcançar terceiros, sendo considerados dos crimes contra a honra o mais grave, como
abordado no texto legal acima citado o agente propaga informação falsa e que configura
crime, atribuindo a outrem.
Nas palavras de GUILHERME NUCCI, Manual de Direito Penal, caluniar
alguém: “Significa atribuir a uma pessoa o cometimento de fato típico incriminador de
maneira não autêntica. O agente sabe que a vítima não cometeu o ilícito penal, mas
divulga o falso com o fim de manchar a sua reputação.”
Em analise ao caso concreto, vemos nítida a intenção do querelado em
apenas degradar a imagem do querelante, imputando a ele fato criminoso totalmente
sem fundamento e suporte probatório.
Ressalta-se que além de imputarem falsamente prática de crime ao Sr.
RODOLFO T., o querelado proferiu a calúnia em suas redes sociais do Instagram e
Facebook, facilitando assim a divulgação das falsas incriminações. Neste contexto,
discorre o artigo 141, inciso III § 2º a respeitos das causas de aumento das penas dos
crimes contra a honra:
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de
um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer
modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores,
aplica-se em triplo a pena.
Nesse sentido, se vislumbra o cabimento de indenização moral, com o
objetivo de reparar a exposição indevida sofrida pelo querelante em razão das calúnias
proferidas pelo querelado Sr. Clóvis V.
Discorre o artigo 5º da Constituição Federal, além do artigo 63, parágrafo
único c/c art. 387 do Código Processo Penal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória,


poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito
da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou
seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado
nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem
prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente
sofrido.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória.
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido;
Desta forma, desde já requer se a fixação de valor para a reparação dos
danos causados pela infração penal praticada pelos querelados.
Coadunado com esse entendimento o Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás,
em jurisprudência:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. ATO ILÍCITO E DEVER DE INDENIZAR.
CALÚNIA. DANO MORAL CONFIGURADO. IN RE IPSA.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. HONORÁRIOS
RECURSAIS. 1. Embora o direito à liberdade de expressão seja
resguardado pela Constituição Federal, não é absoluto,
encontrando limites nos direitos individuais, os quais,
igualmente, encontram guarida constitucional, sob pena de
ofensa à tutela dos direitos da personalidade que, uma vez
violados, ensejam a reparação civil. 2. São pressupostos da
responsabilidade civil, com o consequente dever de indenizar, a
existência concomitante de ação ou omissão ilícita (ato ilícito),
a culpa e o dano causado à vítima, além do nexo de causalidade
entre a conduta e o dano, nos moldes dos artigos 186 e 927 ,
Código Civil . 3. A liberdade de expressão não é subterfúgio
para que se ofenda a honra e moral de outrem, não podendo ser
confundida com oportunidade para falar-se o que bem entender,
de forma a insultar a respeitabilidade inata a todo ser humano.
4. Caracterizada a ofensa à honra e moral do autor da ação
(crime de calúnia. Art. 138 , CP), deve este ser indenizado por
danos morais. 5. O dano causado pela calúnia é in re ipsa, isto é,
independe da comprovação do abalo moral, por ser presumível.
6. Em observância aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, afigura-se razoável e proporcional a indenização
a título de danos morais em R$ 10.000,00 (dez mil reais), a qual
ameniza o sofrimento do apelante sem transformar-se em fonte
de enriquecimento ilícito, além de desestimular a reiteração de
condutas lesivas por parte do apelado. 8. Apelo provido, com
inversão do ônus da sucumbência e majoração dos honorários
advocatícios, nos termos do art. 85 , § 11 , do CPC/15 . 9.
APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA.

Sendo assim, para que não haja dúvidas a respeito da sua conduta a Sr.
Clóvis V., por conta própria fez uma auditória contábil (segue em anexo), que restou
comprovado que não houve nenhum desvio, ratificando que é falso o fato criminoso
imputado pelo querelante.

3. DO PEDIDO INDENIZATÓRIO
Em razão do disposto nos artigos 63, parágrafo único c/c art. 387, IV, ambos do
Código de Processo Penal, nos termos da Lei nº 11.719, de 20 de junho de 2008, requer
seja fixado o valor para a reparação dos danos causados pela infração penal.

4. DA PROPOSTA DE REPARAÇÃO DOS DANOS


Através do presente, propõe-se a composição dos danos no âmbito do processo
penal, com o objetivo de promover a resolução célere e eficaz do litígio, com base nos
princípios da conciliação e da justiça restaurativa. O presente acordo visa à solução
amigável da controvérsia, respeitando, por sua vez, os Princípios da Oralidade,
Informalidade, Economia Processual e Celeridade, de modo a atender à função social do
processo. Esta proposta de composição dos danos tem fundamento nos Artigos 4º e 5º
da Lei de Introdução ao Código Civil – LICC, os quais estabelecem a busca pela
solução de importação dos conflitos como um dos objetivos do ordenamento jurídico.
Além disso, busca-se observar os princípios gerais do Direito e as demais disposições
usuais aplicáveis a acordos e composições de danos no âmbito do processo penal.

5. DOS PEDIDOS
POR TODO O EXPOSTO, requer:

5.1 O recebimento da presente queixa-crime, vez que presentes os requisitos exigidos


através do art. 395 do Código de Processo Penal e o processamento do rito especial
exigido através dos arts. 520 e 521 “caput” do CPP;

5.2 Seja o querelado citado para responder aos termos da presente ação penal privada,
bem como para realização da instrução processual, abrindo-lhe a oportunidade para a
conciliação;

5.3 A intimação do Ministério Público;


5.4 A juntada dos documentos (ata notarial, o termo de retratação negativa, os prints das
páginas das redes sociais), bem como a intimação das testemunhas ao final arroladas;

5.5 A condenação do querelado às sanções dos artigos 138, “caput”, e 141, inciso III § 2º,
do Código Penal;

5.6 Sejamos fixados o valor de reparação dos danos.

À causa se atribui o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Nesses termos, pede e espera deferimento.

Belo Horizonte, 28 de setembro de 2023.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
OAB/MG

ROL DE TESTEMUNHAS:
1. ORIOSVALDO C., jornalista, Rua xxxxxxxxxxxxxxxx nº xxx – Bairro
xxxxxxxx – MG, CEP xx.xxx.xxx;
2. ROGER D., jornalista, Rua xxxxxxxxxxxxxxxx nº xxx – Bairro xxxxxxxx –
MG, CEP xx.xxx.xxx;Testemunha 2, qualificação 02

DOCUMENTOS EM ANEXO
1. Documentos Pessoais (CPF, RG, Comprovante de residência, extratos
bancários)
2. Prints das páginas das redes sociais Fecebook e Instagram
3. Laudo da Auditoria Contábil
PROCURAÇÃO

RODOLFO T., brasileiro, divorciado, administrador de empresa,


Presidente do Clube Esportivo LX F.C., portador do RG nº xx xx-xxx.xxx, CPF
xxx.xxx.xxx-xx, com endereço na, Rua xxxxxxxxxxxxxxxx nº xxx – Bairro xxxxxxxx –
MG, CEP xx.xxx.xxx, constitui e nomeia seu bastante procurador, o
xxxxxxxxxxxxxxxxx, Advogado, OAB/MG n. _______ , residente e domiciliado nesta
cidade, com escritório na Av. Francisco Sales, nº235, Bairro Gutierrez – MG, CEP
XX.XXX.XXX, a quem confere todos os poderes, inclusive os da cláusula ad juditia,
especialmente para ajuizar a presente peça de queixa crime porque houve a prática de
crime de calúnia praticado pelo querelado Sr. Clóvis V., cometendo, dessa maneira, o
crime previsto no art. 138 do Código Penal.

Belo Horizonte 28 de Setembro de 2023.


________________________________
Rodolfo T.
OUTORGANTE

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