Você está na página 1de 5

Faculdade Fasipe Rondonópolis

Discente: Lukas Matias


Docente: Luísa Vacaro
Disciplina: Direito Penal III
Semestre: 4º semestre

TRABALHO DE DIREITO PENAL III - N3

Rondonópolis - MT
2023
1.
A calúnia, a injúria e a difamação são crimes contra a honra previstos no Código
Penal brasileiro. Cada um desses crimes possui uma estrutura própria, com
elementos específicos e possíveis qualificadoras, causas de aumento ou diminuição
de pena. A calúnia está tipificada no artigo 138 do Código Penal. Para que o crime
seja configurado, é necessário que alguém imputa falsamente a outra pessoa a
prática de um crime determinado, sabendo que essa imputação é falsa. A calúnia é
um crime que se configura na forma simples, ou seja, não possui qualificadoras
específicas. No entanto, é importante ressaltar que a pena pode ser aumentada se o
crime for cometido contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra
testemunha, em razão de seu depoimento, conforme previsto no parágrafo único do
artigo 141 do Código Penal.

A injúria está prevista no artigo 140 do Código Penal. Para que o crime seja
configurado, é necessário que alguém ofenda a dignidade ou o decoro de outra
pessoa, por meio de palavras, gestos ou atitudes. A injúria também é um crime que
se configura na forma simples, sem qualificadoras específicas. No entanto, a pena
pode ser aumentada se o crime for cometido contra funcionário público, em razão
de suas funções, conforme previsto no parágrafo único do artigo 141 do Código
Penal.

A difamação está tipificada no artigo 139 do Código Penal. Para que o crime seja
configurado, é necessário que alguém atribua a outra pessoa um fato determinado,
ofensivo à sua reputação, sabendo que essa atribuição é falsa. Assim como os
outros crimes contra a honra, a difamação também é um crime que se configura na
forma simples, sem qualificadoras específicas. No entanto, a pena pode ser
aumentada se o crime for cometido contra funcionário público, em razão de suas
funções, conforme previsto no parágrafo único do artigo 141 do Código Penal.

Em relação às causas de aumento ou diminuição de pena, é importante destacar


que o Art. 141 do Código Penal prevê aumento de um terço da pena se o delito for
cometido contra o presidente da república, o Presidente da Câmara dos Deputados,
o Presidente do Senado, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, chefe de
Estado estrangeiro, contra funcionário público em razão de suas funções, contra
pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência. Vale destacar que se o crime
é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é dobrada, já se o
crime é cometido ou divulgado nas redes sociais, a pena é triplicada. Ademais, o
juiz pode levar em consideração circunstâncias atenuantes ou agravantes previstas
no Código Penal para fixar a pena, como por exemplo, a reincidência, a gravidade
do dano causado, a conduta da vítima, etc.

2.
Calúnia:
- Objeto jurídico: Honra subjetiva
- Objeto material: Palavras, gestos, escritos, etc.
- Núcleo do tipo: Atribuir falsamente a alguém a prática de um crime
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: A pessoa caluniada
- Elemento subjetivo: Dolo específico de imputar falsamente um crime
- Consumação: Quando a imputação falsa chega ao conhecimento de terceiros,
ainda que a vítima não tenha conhecimento
- Tentativa: Admitida a tentativa
- Natureza da ação penal: Pública incondicionada
- Competência: Justiça comum estadual

Injúria:
- Objeto jurídico: Honra objetiva
- Objeto material: Palavras, gestos, escritos, etc.
- Núcleo do tipo: Ofender a dignidade ou decoro de alguém
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: A pessoa injuriada
- Elemento subjetivo: Dolo de ofender a honra da vítima
- Consumação: Com a prática do ato ofensivo, independentemente de terceiros
terem conhecimento
- Tentativa: Admitida a tentativa
- Natureza da ação penal: Pública incondicionada
- Competência: Justiça comum estadual
Difamação:
- Objeto jurídico: Honra objetiva
- Objeto material: Palavras, gestos, escritos, etc.
- Núcleo do tipo: Imputar fato ofensivo à reputação de alguém
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: A pessoa difamada
- Elemento subjetivo: Dolo de imputar o fato ofensivo à reputação da vítima
- Consumação: Com a divulgação da imputação a terceiros, ainda que a vítima não
tenha conhecimento
- Tentativa: Admitida a tentativa
- Natureza da ação penal: Pública incondicionada
- Competência: Justiça comum estadual

3.
Os institutos da exceção da verdade e da retratação são mecanismos previstos no
ordenamento jurídico brasileiro que visam garantir a proteção da honra e da imagem
das pessoas envolvidas em crimes de calúnia, injúria e difamação. Embora sejam
institutos distintos, ambos têm como objetivo principal a reparação do dano causado
pela divulgação de informações falsas ou ofensivas.
A exceção da verdade consiste na possibilidade de o acusado comprovar a
veracidade da informação que deu origem à acusação. Nesse caso, a pessoa
acusada pode ser absolvida ou ter sua pena reduzida, uma vez que a veracidade da
informação pode ser considerada como uma justificativa para a conduta.
No entanto, é importante ressaltar que a exceção da verdade não é aplicável a
todos os casos. Existem algumas restrições legais, como por exemplo, quando a
informação se refere à vida íntima da pessoa ou quando a divulgação da verdade
não é de interesse público. Além disso, é necessário que a prova da veracidade seja
produzida de forma lícita, ou seja, sem violar direitos fundamentais de terceiros.

Já a retratação é um instituto que permite ao autor da ofensa se retratar


publicamente, reconhecendo o erro e pedindo desculpas à pessoa ofendida. A
retratação pode ocorrer tanto antes quanto depois do ajuizamento da ação penal.
Caso a retratação seja aceita pela pessoa ofendida, o processo pode ser extinto ou
a pena pode ser reduzida.
A aplicação dos institutos da exceção da verdade e da retratação nos crimes de
calúnia, injúria e difamação busca equilibrar o direito à liberdade de expressão com
o direito à honra e à imagem das pessoas. Por um lado, a exceção da verdade
permite que a pessoa acusada de um crime contra a honra possa provar a
veracidade da informação, evitando condenações injustas. Por outro lado, a
retratação possibilita que o autor da ofensa repare o dano causado, demonstrando
arrependimento e buscando a reconciliação com a pessoa ofendida. É importante
ressaltar que a aplicação desses institutos deve ser feita de forma criteriosa,
levando em consideração os princípios constitucionais e os direitos fundamentais
envolvidos. É necessário que haja um equilíbrio entre a proteção da honra e da
imagem das pessoas e a garantia da liberdade de expressão, evitando abusos e
excessos por parte de quem acusa ou ofende.

4.
O Supremo Tribunal Federal (STF) possui entendimento consolidado de que o crime
de injúria racial é imprescritível. Isso significa que não há prazo para que a vítima
possa buscar a punição do agressor, mesmo que tenha se passado muito tempo
desde a ocorrência do crime. O fundamento principal para essa posição do STF é a
proteção dos direitos fundamentais e a luta contra o racismo. O tribunal entende que
a injúria racial é uma forma de discriminação e violência que atinge a dignidade da
pessoa humana, além de ferir a igualdade e a não discriminação previstas na
Constituição Federal.
O STF também considera que o racismo é um crime de lesa-humanidade, ou seja,
um crime que atinge a humanidade como um todo, e não apenas a vítima
individualmente. Nesse sentido, a imprescritibilidade é uma forma de garantir a
efetividade da punição e a proteção dos direitos humanos. Vale ressaltar que o
entendimento do STF sobre a imprescritibilidade do crime de injúria racial foi firmado
no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 1.014.286, em 2019. Nesse caso, o
tribunal decidiu que o racismo e a injúria racial são crimes imprescritíveis, seguindo
a jurisprudência internacional e os tratados internacionais dos quais o Brasil é
signatário.

Você também pode gostar