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Rondonópolis - MT
2023
1.
A calúnia, a injúria e a difamação são crimes contra a honra previstos no Código
Penal brasileiro. Cada um desses crimes possui uma estrutura própria, com
elementos específicos e possíveis qualificadoras, causas de aumento ou diminuição
de pena. A calúnia está tipificada no artigo 138 do Código Penal. Para que o crime
seja configurado, é necessário que alguém imputa falsamente a outra pessoa a
prática de um crime determinado, sabendo que essa imputação é falsa. A calúnia é
um crime que se configura na forma simples, ou seja, não possui qualificadoras
específicas. No entanto, é importante ressaltar que a pena pode ser aumentada se o
crime for cometido contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra
testemunha, em razão de seu depoimento, conforme previsto no parágrafo único do
artigo 141 do Código Penal.
A injúria está prevista no artigo 140 do Código Penal. Para que o crime seja
configurado, é necessário que alguém ofenda a dignidade ou o decoro de outra
pessoa, por meio de palavras, gestos ou atitudes. A injúria também é um crime que
se configura na forma simples, sem qualificadoras específicas. No entanto, a pena
pode ser aumentada se o crime for cometido contra funcionário público, em razão
de suas funções, conforme previsto no parágrafo único do artigo 141 do Código
Penal.
A difamação está tipificada no artigo 139 do Código Penal. Para que o crime seja
configurado, é necessário que alguém atribua a outra pessoa um fato determinado,
ofensivo à sua reputação, sabendo que essa atribuição é falsa. Assim como os
outros crimes contra a honra, a difamação também é um crime que se configura na
forma simples, sem qualificadoras específicas. No entanto, a pena pode ser
aumentada se o crime for cometido contra funcionário público, em razão de suas
funções, conforme previsto no parágrafo único do artigo 141 do Código Penal.
2.
Calúnia:
- Objeto jurídico: Honra subjetiva
- Objeto material: Palavras, gestos, escritos, etc.
- Núcleo do tipo: Atribuir falsamente a alguém a prática de um crime
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: A pessoa caluniada
- Elemento subjetivo: Dolo específico de imputar falsamente um crime
- Consumação: Quando a imputação falsa chega ao conhecimento de terceiros,
ainda que a vítima não tenha conhecimento
- Tentativa: Admitida a tentativa
- Natureza da ação penal: Pública incondicionada
- Competência: Justiça comum estadual
Injúria:
- Objeto jurídico: Honra objetiva
- Objeto material: Palavras, gestos, escritos, etc.
- Núcleo do tipo: Ofender a dignidade ou decoro de alguém
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: A pessoa injuriada
- Elemento subjetivo: Dolo de ofender a honra da vítima
- Consumação: Com a prática do ato ofensivo, independentemente de terceiros
terem conhecimento
- Tentativa: Admitida a tentativa
- Natureza da ação penal: Pública incondicionada
- Competência: Justiça comum estadual
Difamação:
- Objeto jurídico: Honra objetiva
- Objeto material: Palavras, gestos, escritos, etc.
- Núcleo do tipo: Imputar fato ofensivo à reputação de alguém
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: A pessoa difamada
- Elemento subjetivo: Dolo de imputar o fato ofensivo à reputação da vítima
- Consumação: Com a divulgação da imputação a terceiros, ainda que a vítima não
tenha conhecimento
- Tentativa: Admitida a tentativa
- Natureza da ação penal: Pública incondicionada
- Competência: Justiça comum estadual
3.
Os institutos da exceção da verdade e da retratação são mecanismos previstos no
ordenamento jurídico brasileiro que visam garantir a proteção da honra e da imagem
das pessoas envolvidas em crimes de calúnia, injúria e difamação. Embora sejam
institutos distintos, ambos têm como objetivo principal a reparação do dano causado
pela divulgação de informações falsas ou ofensivas.
A exceção da verdade consiste na possibilidade de o acusado comprovar a
veracidade da informação que deu origem à acusação. Nesse caso, a pessoa
acusada pode ser absolvida ou ter sua pena reduzida, uma vez que a veracidade da
informação pode ser considerada como uma justificativa para a conduta.
No entanto, é importante ressaltar que a exceção da verdade não é aplicável a
todos os casos. Existem algumas restrições legais, como por exemplo, quando a
informação se refere à vida íntima da pessoa ou quando a divulgação da verdade
não é de interesse público. Além disso, é necessário que a prova da veracidade seja
produzida de forma lícita, ou seja, sem violar direitos fundamentais de terceiros.
4.
O Supremo Tribunal Federal (STF) possui entendimento consolidado de que o crime
de injúria racial é imprescritível. Isso significa que não há prazo para que a vítima
possa buscar a punição do agressor, mesmo que tenha se passado muito tempo
desde a ocorrência do crime. O fundamento principal para essa posição do STF é a
proteção dos direitos fundamentais e a luta contra o racismo. O tribunal entende que
a injúria racial é uma forma de discriminação e violência que atinge a dignidade da
pessoa humana, além de ferir a igualdade e a não discriminação previstas na
Constituição Federal.
O STF também considera que o racismo é um crime de lesa-humanidade, ou seja,
um crime que atinge a humanidade como um todo, e não apenas a vítima
individualmente. Nesse sentido, a imprescritibilidade é uma forma de garantir a
efetividade da punição e a proteção dos direitos humanos. Vale ressaltar que o
entendimento do STF sobre a imprescritibilidade do crime de injúria racial foi firmado
no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 1.014.286, em 2019. Nesse caso, o
tribunal decidiu que o racismo e a injúria racial são crimes imprescritíveis, seguindo
a jurisprudência internacional e os tratados internacionais dos quais o Brasil é
signatário.