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Introdução
A honra é um atributo muito importante para uma pessoa, à qual a
sociedade confere grande valor. Uma pessoa honrada é uma pessoa
que goza de prestígio perante os demais, uma pessoa digna de respeito
e, até mesmo, de admiração. Com base nisso, o Código Penal objetivou
conferir proteção a tal objeto jurídico, criando figuras típicas capazes de
punir ofensas à honra das pessoas. São os delitos dispostos a partir do
art. 138 do Código Penal, chamados de crimes contra a honra.
Neste capítulo, você vai ler sobre os crimes que atentam contra a
honra de um indivíduo, dispostos no Título I do Código Penal — Dos
Crimes Contra a Pessoa, Capítulo V — Dos Crimes Contra a Honra. Em um
primeiro momento, serão diferenciados os crimes de calúnia, difamação
e injúria, bem como verificado em que consiste a exceção da verdade
e em quais casos aplica-se tal instituto. Por fim, você verá as formas de
exclusão dos crimes e conhecerá o instituto da retratação.
seria aquela que não tem o respeito e a consideração dos demais. A honra
é, portanto, um atributo ao qual se dá extremo valor. Muitos são capazes de
defendê-la com a própria vida.
Justamente por representar algo tão significativo, o Código Penal tratou
de defender a honra das pessoas no Capítulo V — Dos Crimes Contra a
Honra, localizado no Título I — Dos Crimes Contra a Pessoa. Os dispositivos
referentes aos crimes contra a honra estão localizados do art. 138 ao 145 do
Código Penal brasileiro e serão estudados a partir de agora.
Segundo Cunha (2016), a honra divide-se em objetiva e subjetiva. A honra
objetiva está relacionada à reputação e à boa fama que a pessoa possui perante
a sociedade na qual está inserida. Por sua vez, a honra subjetiva se refere à
dignidade e ao decoro pessoal do sujeito passivo; ou seja, trata-se da imagem
que a própria pessoa tem de si, a sua autoestima. O autor ensina que, nos cri-
mes de calúnia e difamação, o que se ofende é a honra objetiva do indivíduo,
enquanto, no crime de injúria, a ofensa é a sua honra subjetiva.
Art. 138 Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena — detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Dos crimes contra a honra 3
puxão de orelha;
puxão de cabelo;
cuspir em direção a uma pessoa.
Exceção da verdade
A exceção da verdade pode ser compreendida como uma possibilidade de o
sujeito ativo do crime de calúnia provar que o fato por ele alegado é verdadeiro.
Trata da possibilidade de o agente provar que o fato é verdadeiro, caso em que
não haverá o delito de calúnia por ausência da elementar “falsamente”. Será
uma hipótese de atipicidade. A exceptio veritatis é (SALIM; AZEVEDO, 2017):
Se o sujeito ativo chama a vítima de feia, isso, por si só, provavelmente, já foi suficiente
para abalar a sua autoestima. Não se pode admitir que ele prove que a pessoa é
realmente feia (SALIM; AZEVEDO, 2017).
De acordo com Salim e Azevedo (2017, p. 203), o art. 142 do Código Penal
não se aplica ao crime de calúnia, pelas seguintes razões: “[...] uma, porque
não há previsão legal; duas, porque há interesse público — do Estado e da
sociedade em geral — em ver apurado esse delito, com a consequente punição
dos responsáveis”.
O inciso I trata-se da imunidade judiciária e possui três requisitos:
O art. 145 diz respeito à ação penal (BRASIL, 1940, documento on-line):
Art. 145 Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no
caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação
do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §
3º do art. 140 deste Código.
BRASIL. Decreto-Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 14 jun. 2019.
BRASIL. Lei nº. 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de preconceito
de raça ou de cor. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jan. 1989. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm. Acesso em: 14 jun. 2019.
CUNHA, R. S. Manual de Direito Penal: parte especial (arts. 121 ao 361). 8. ed. Salvador:
JusPodivm, 2016.
HONRA. Michaelis, [s. l.], [2019]. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0
&f=0&t=0&palavra=honra. Acesso em: 14 jun. 2019.
SALIM, A.; AZEVEDO, M. A. Direito Penal parte especial: dos crimes contra a pessoa aos
crimes contra a família. 6. ed. Salvador: JusPodivm, 2017.
Leitura recomendada
CUNHA, R. S. Código Penal para concursos: doutrina, jurisprudência e questões de
concursos. 9. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.