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CAPÍTULO IV

DA RIXA

Rixa

Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena- detenção, de 15 a 2 meses, ou multa.

Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se


pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção de 6 meses a 2 anos.

É importante destacar que ainda que haja um capítulo próprio que o define, ele
abarca a mesma característica dos artigos anteriores, ou seja, um crime de perigo.

Pela natureza do crime, ou seja, apesar da Rixa ameaçar e perturbar a paz e a


ordem pública não é esse o bem jurídico tutelado. Ainda em se tratando de um
crime de perigo o bem jurídico que efetivamente busca proteger é a incolumidade
da pessoa humana.

Com relação aos agentes é importante salientar que sujeito ativo e passivo se
confundem na ação: em outras palavras, a rixa é um crime plurisubjetivo1,
recíproco e que faz-se necessário no mínimo a participação de três pessoas.

Se houver morte, independente de quem tenha lhe dado causa, todos responderão
pelo resultado pelo simples fato de ter participado dela.

A rixa é um crime que não prevê a modalidade culposa, portanto se sobrevenha


uma situação em que haja agressão na modalidade culposa poderemos ter lesão
corporal culposa, ou até mesmo homicídio, dependendo do caso.

Não é admitida a modalidade tentada, ainda que em outros tempos vultos da


doutrina assim entendiam.

No que tange a legítima defesa, Bitencourt entende possível a sua aplicabilidade,


pois aquele que intervém para defender a integridade física de terceiro está agindo
amparado por uma exclusão de antijuridicidade.

A forma agravada é a descrição do parágrafo único que são a lesão corporal de


natureza grave ou morte. Importante que esse resultado se dê da rixa em si, na
realidade aqui estamos punindo a rixa que teve como consequência tais resultados.

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Aquele crime que exige a sua ação em concurso.
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CAPÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia

Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.

Pena- detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.

§1º. Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa imputação, a propala ou divulga.

§2º. É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade

§3º. Admite-se a prova de verdade, salvo:

I- Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o


ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II- Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n.I do
art. 141;
III- Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.

Pelo bem jurídico, se entende por óbvio a honra.

O consentimento do ofendido é causa excludente de tipicidade, pois como se sabe


esses crime em tese são de ação penal privada. Os elementos que constituem são:

Renúncia (art. 104) e o perdão (arts. 105 e 106) que tem como consequência a
extinção da punibilidade (art. 107, V).

No entanto o seu consentimento tem limites, se houver excesso, por exemplo,


numa denunciação caluniosa, onde os interesses do Estado são atingidos, ainda
que haja o perdão daquele que foi caluniado, a ação será pública incondicionada.

No que tange ao sujeito ativo, presume-se apenas os capazes, ou seja, maiores e


capazes.

Já para o sujeito passivo, podemos admitir os inimputáveis, ainda que eles não
tenham a capacidade cognitiva para cometer crimes, a imputação falsa de fato

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definido como crime preenche o requisito do tipo. O que conforma o tipo penal em
análise.

Com relação a honra objetiva e subjetiva, Bitencourt nos ensina que é um critério
meramente acadêmico, não tendo comprovação ontológica.

Entretanto alude que o sujeito passivo de tais crimes podem ser quaisquer pessoas,
inclusive inimputáveis, menores e etc.

Os mortos podem ser caluniados, e nesta seara o sujeito passivo serão os seus
parentes.

Até mesmo os ditos desonrados, infames e depravados podem ser sujeito passivo
dos crimes, pois a honra enquanto bem imaterial é alcançável a todos.

O núcleo do crime segundo Bitencourt consiste em imputar falsamente fato


definido como crime, o que em sua interpretação parece uma “difamação
agravada” por imputar falsamente, ao ofendido não apenas um fato desonroso,
mas um fato definido como crime.

Calúnia reflexa: a possibilidade de caluniar determinada pessoa que agiu em


concurso, logicamente a outra pessoa também será atingida pela calúnia de modo
reflexo.

Se houver erro na descrição do tipo: confusão de roubo e furto não considera-se


calúnia.

Paralelo entre calúnia, difamação e injúria:

Calúnia e difamação admitem em tese retratação e exceção da verdade, já a injúria não.

As semelhanças essenciais entre calúnia e difamação são: ambas lesam a honra


objetiva do sujeito passivo; referem-se a fatos e não qualidades negativas ou
conceitos depreciativos e necessitam chegar ao conhecimento de terceiro, para
consumar-se.

A única semelhança entre calúnia e injúria reside na não exigência do elemento


normativo “falsidade”, que é uma exigência quase que exclusiva da calúnia.

Os crimes contra a honra tem um procedimento próprio, no entanto isso é matéria


de processo penal.

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Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena- detenção, de 3 meses a 1 ano e multa.

Exceção da verdade

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é


funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Considerações:

Qualquer pessoa pode cometer esse crime, com exceção da pessoa jurídica.

Sujeito passivo também podem ser os inimputáveis, desde que tenham capacidade
de entender que estão sendo ofendidos. Havia uma discussão jurisprudencial se a
pessoa jurídica poderia ser polo passivo, hoje é mais cediço o entendimento de que
sim, é possível que possa figurar no polo passivo.

O núcleo do tipo consiste em imputar um fato a alguém ofensivo à sua reputação.

Reputação: é a estima moral, intelectual, profissional, a reputação é um conceito


social.

Difamar: consiste na atribuição de fato ofensivo à reputação do imputado.

A imputação, ainda que verdadeira constitui crime. A exceção é se o fato imputado


é contra funcionário público no exercício de suas funções, neste caso, ainda que
ofensivo mas verdadeiro não constitui crime.

O crime se consuma quando a difamação chega a terceira pessoa, ou seja, quando


se cria condição necessária para lesar a reputação do ofendido.

Ao contrário da injúria, a difamação não se consuma quando apenas a vítima tem


ciência da imputação ofensiva, pois não é o aspecto interno da honra que é lesado,
mas sim o externo, ou seja, a reputação perante a sociedade. Por isso é
indispensável a publicidade, caso contrário não existirá a ofensa à honra objetiva.

Art. 140. Injúria

O bem jurídico é a honra, no entanto o tipo penal limita aos casos de dignidade ou
decoro.

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Injúria real, definida no §2º do art. 140 é dos chamados crimes complexos pois, dois
bens jurídicos são protegidos. Por exemplo vias de fato representam somente os
meios pelos quais se busca atingir o fim de injuriar, de ultrajar o desafeto.

As pessoas jurídicas aqui não podem ser sujeito passivo, pois ainda predomina o
entendimento de que esta não tem honra subjetiva, mas apenas objetiva.

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