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SIMULADO TEMÁTICO COMENTADO

DIREITO PENAL
CRIMES CONTRA A PESSOA

CRIMES CONTRA A PESSOA

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CRIMES CONTRA A PESSOA

Crimes Contra a Pessoa – Questões Comentadas

1. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

O crime de perseguição, também conhecido como stalking, é um crime contra a liberdade pessoal,
tem como elemento subjetivo o dolo (não existe na forma culposa) e é possível a substituição de
penas privativas de liberdade por restritivas de direitos.

COMENTÁRIO
Informações importantes sobre o crime de perseguição ("stalking"):

- também chamado de "assédio por intrusão"


- ofende a liberdade pessoal
- crime habitual (não cabe tentativa)
- elemento subjetivo: dolo (não existe na forma culposa)
- revogou o art. 65 da Lei de Contravenções (molestamento)
- de ação penal pública condicionada à representação
- de menor potencial ofensivo
Obs.: tecnicamente, cabe transação penal, suspensão condicional do processo, além de ser
cabível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade
física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma,
invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de
2021)

Pena: reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021).

GABARITO: Certo

2. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

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Para fins de tipificação penal, admite-se a possibilidade de incidência da qualificadora do meio cruel
em caso de crime de feminicídio, visto que este possui natureza objetiva na qualificadora do crime
de homicídio e aquele natureza subjetiva, não havendo, com as incidências, bis in idem.

COMENTÁRIO
Meio Cruel é uma qualificadora de natureza OBJETIVA.

Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de


feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e
familiar.

Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que
o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a
torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um
indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC 433898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 24/04/2018
(Info 625).

Objetiva x Subjetiva:
Homicídio privilegiado - Subjetiva
Feminicídio - Objetiva
Motivo torpe - Subjetiva
Motivo fútil - Subjetiva
Meio insidioso ou cruel - Objetiva
Dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido - Objetiva
Assegurar execução de outro crime – Subjetiva

Info 625 STJ: Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e
de feminicídio no crime de homicídio, praticado contra mulher em situação de violência
doméstica e familiar.

Exemplo: Suponha que Maria foi morta por Daniel por motivação torpe, caso haja vínculo familiar
entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não
caracterizará bis in idem, ou seja, não há dupla punição pelo mesmo fato.

Qualificadora do Feminicídio: natureza OBJETIVA.


Qualificadora do Motivo Torpe: natureza SUBJETIVA.

GABARITO: Errado
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3. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

De acordo com o STJ, a retratação da calúnia, feita antes da sentença, acarreta a extinção da
punibilidade do agente independente de aceitação do ofendido.

COMENTÁRIO
O art. 143 do CP autoriza que a pessoa acusada do crime de calúnia ou de difamação apresente
retratação e, com isso, tenha extinta a punibilidade:

Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,
fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos
mesmos meios em que se praticou a ofensa.

A retratação não é ato bilateral, ou seja, não pressupõe aceitação da parte ofendida para surtir
seus efeitos na seara penal, porque a lei não exige isso.
O Código, quando quis condicionar o ato extintivo da punibilidade à aceitação da outra parte, o
fez de forma expressa, como no caso do perdão ofertado pelo querelante depois de instaurada a
ação privada.
O art. 143 do CP exige apenas que a retratação seja cabal, ou seja, deve ser clara, completa,
definitiva e irrestrita, sem remanescer nenhuma dúvida ou ambiguidade quanto ao seu alcance,
que é justamente o de desdizer as palavras ofensivas à honra, retratando-se o ofensor do
malfeito.
STJ. Corte Especial. APn 912/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 03/03/2021 (Info 687).

GABARITO: Certo

4. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

É inconstitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor


ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.

COMENTÁRIO

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O crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, tipificado no art. 302 do CTB,
prevê, como uma das penas aplicadas, a “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.” Se o réu que praticou este crime é motorista
profissional, ele pode, mesmo assim, receber essa sanção ou isso violaria o direito constitucional
ao trabalho? Não viola. O condenado pode sim receber essa sanção, ainda que se trate de
motorista profissional. É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para
dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no
trânsito. O direito ao exercício de atividades profissionais (art. 5º, XIII) não é absoluto e a
restrição imposta pelo legislador se mostra razoável. STF. Plenário. RE 607107/MG, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 12/2/2020 (repercussão geral – Tema 486) (Info 966).

GABARITO: Errado

5. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

No homicídio qualificado, o dolo eventual é compatível com o meio cruel.

COMENTÁRIO
Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel, na medida
em que o dolo do agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva
envolver o emprego de meio mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º, III, do CP).

Caso concreto: réu atropelou o pedestre e não parou o veículo, arrastando a vítima por 500
metros, assumindo, portanto, o risco de produzir o resultado morte; mesmo tendo havido dolo
eventual, deve-se reconhecer também a qualificadora do meio cruel prevista no art. 121, § 2º, III,
do CP.

STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
09/04/2019.

STJ. 6ª Turma. REsp 1.829.601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020 (Info 665).

GABARITO: Certo

6. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

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O delito de infanticídio é um crime próprio em que se admite a participação de terceiros, entretanto
é impossível a coautoria, pois se o agente praticasse ato executório do crime responderia por
homicídio.

COMENTÁRIO
O crime de INFANTICIDIO é crime próprio, admitindo coautoria e participação. Nesse sentido a
doutrina entende que as condições tipificadas no art 123 do CP SÃO ELEMENTARES e por isso
podem se comunicar aos demais que participam do crime, praticando conjuntamente a conduta
principal (coautoria) ou auxiliando com condutas acessórias (partícipe).

Caberá coautoria ou participação no crime de infanticídio.

Depende da situação fática.

Ex 1: A parturiente, auxiliada pelo médico, sozinha, executa o verbo matar. Nesse caso, ambos
responderão por infanticídio, porém o médico na qualidade de partícipe.

Ex 2: A parturiente e o médico executam o núcleo matar o neonato. Nessa situação, os dois


executores serão considerados coautores.

Há três correntes acerca do concurso de pessoas no crime de infanticídio:

1ª – Corrente: considera que a qualidade de mãe e o estado puerperal em que ela se encontra no
momento do crime são condições pessoais e, portanto, elementares do tipo, por isso se
comunicam a outras pessoas por força do art. 30 do Código Penal que estabelece que: não se
comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime.

2ª – Corrente: considera que a qualidade de mãe e o estado puerperal em que ela se encontra no
momento do crime é uma condição personalíssima e não pessoal, não sendo elementar do tipo.
Neste caso, os demais participantes responderiam pelo crime de homicídio (exceção à teoria
unitária).

3ª – Corrente: para esta corrente só seria possível a participação sendo impossível coautoria, pois
se o agente praticasse ato executório do crime responderia por homicídio. Só haveria participação
se praticasse ato acessório.

A primeira corrente é majoritária.


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Portanto, admite-se coautoria e participação no crime de infanticídio.

GABARITO: Errado

7. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

Crimes contra a honra praticados pela internet são formais, consumando-se no momento da
disponibilização do conteúdo ofensivo no espaço virtual, por força da imediata potencialidade de
visualização por terceiros.

COMENTÁRIO
Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: “Crimes contra a honra praticados pela
internet são formais, consumando-se no momento da disponibilização do conteúdo ofensivo no
espaço virtual, por força da imediata potencialidade de visualização por terceiros” (CC
173.458/SC, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Terceira Seção, DJe 27/11/2020).

GABARITO: Certo

8. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

A premeditação não é modalidade de qualificadora do crime de Homicídio, mas é elemento que


justifica a exasperação da pena-base, por demonstrar maior culpabilidade do agente.

COMENTÁRIO
A premeditação não é uma modalidade expressa de qualificadora do crime de Homicídio, mas é
fundamento negativo da culpabilidade, para fins de fixação da pena-base, a qual deve ser
exasperada, segundo a jurisprudência do STJ:

Superior Tribunal de Justiça: “Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser
compreendida como juízo de reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censura do
comportamento do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da
culpabilidade para que se possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos, a
premeditação do crime permite, a toda evidência, a majoração da pena-base a título de

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culpabilidade, pois demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta penal
superior.” (AgRg no REsp 1753304/PA, DJe 13/11/2018).

GABARITO: Certo

9. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

A tenra idade da vítima é fundamento idôneo para a majoração da pena-base do crime de homicídio
pela valoração negativa das consequências do crime.

COMENTÁRIO
O homicídio perpetrado conta a vítima jovem ceifa uma vida repleta de possibilidades e
perspectivas, que não guardam identidade ou semelhança com aquelas verificadas na vida adulta.
Há que se sopesar, ainda, as consequências do homicídio contra vítima de tenra idade no núcleo
familiar respectivo: pais e demais familiares enlutados por um crime que subverte a ordem
natural da vida. Não se pode olvidar, ademais, o aumento crescente do número de homicídios
perpetrados contra adolescentes no Brasil, o que reclama uma resposta estatal. Assim, deve
prevalecer a orientação no sentido de que a tenra idade da vítima (menor de 18 anos de idade) é
elemento concreto e transborda aqueles inerentes ao crime de homicídio, sendo apto, pois, a
justificar o agravamento da pena-base, mediante valoração negativa das consequências do crime,
ressalvada, para evitar bis in idem, a hipótese em que aplicada a causa de aumento prevista no
art. 121, § 4º (parte final), do Código Penal. STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 1851435-PA, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/08/2020 (Info 679).

GABARITO: Certo

10. EXCLUSIVO @DEDICACAODELTA

O consentimento do ofendido pode excluir a ilicitude da conduta, caso a lesão seja de natureza leve
e não viole a moral e os bons costumes.

COMENTÁRIO
A Autolesão é impunível, segundo o Princípio da Alteridade, mas pode ser meio para outros
delitos.

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Da mesma forma, segundo a doutrina, o Consentimento do Ofendido pode excluir a ilicitude da
conduta, caso a lesão seja de natureza leve e não viole a moral e os bons costumes.

Já as lesões decorrentes de algumas práticas esportivas e a cura médica também excluem a


conduta, pois representam, em tese, Exercício Regular de Direito (ou condutas sob o Risco
Permitido – atípicas, segundo a Teoria da Imputação Objetiva ou da Tipicidade Conglobante).

GABARITO: Certo

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