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I – INTROITO
Todavia, no início tínhamos cinco incisos ao artigo 121, §2º, do CP, sendo
certo que a partir de 2015 mais quatro circunstâncias qualificadoras foram inseridas ao
parágrafo mencionado acima, sendo acrescidos o inciso VI (feminicídio – incluído pela Lei
13.104/2015), o inciso VII (contra autoridade ou agente descrito no art. 142 ou 144 da CF,
bem como contra seu cônjuge e parentes - incluído pela Lei 13.142/2015), o inciso VIII
(com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido – incluído pela Lei 13.964/2019
(Pacote anticrime)) e o inciso IX (contra menor de 14 anos - incluído pela Lei 14.344/2022
(Lei Henry Borel)).
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Elaborado com base, precipuamente, nas obras: GRECO, Rogério. Código Penal Comentado; CAPEZ, Fernando.
Curso de Direito Penal; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: Parte Especial; SANCHES,
Rogerio. Manual de Direito Penal: volume único.
II. CLASSIFICAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DAS QUALIFICADORAS
A) Subjetivas
B) Objetivas
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O STJ contraria quase toda a doutrina e considera que o feminicídio é qualificadora objetiva.
STJ: Nessa linha, trecho da decisão monocrática proferida pelo Ministro Felix Fischer, REsp n.
1.707.113/MG (DJ 07/12/2017), no qual destacou que considerando as circunstâncias subjetivas e
objetivas, temos a possibilidade de coexistência entre as qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio.
Isso porque a natureza do motivo torpe é subjetiva, porquanto de caráter pessoal, enquanto o
feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu
gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente
dita, assim o animus do agente não é objeto de análise. (AgRg no REsp 1.741.418/SP, Relator Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 07/06/2018, DJe 15/06/2018).
Sobre o tema, leciona Guilherme de Souza Nucci que se trata de uma qualificadora objetiva, de forma
que os jurados podem, inclusive, reconhecer a qualificadora do feminicídio quando da apreciação do
homicídio privilegiado. E acrescenta que a qualificadora do feminicídio se liga ao gênero da vítima: “Não
aquiescemos à ideia de ser uma qualificadora subjetiva (como o motivo torpe ou fútil) somente porque
se inseriu a expressão “por razões de condição do sexo feminino”. Não é essa a motivação do homicídio.
O agente não mata a mulher porque ela é mulher, mas o faz por ódio, raiva, ciúme, disputa familiar,
prazer, sadismo, enfim, motivos variados, que podem ser torpes ou fúteis; podem, inclusive, ser
moralmente relevantes”. Para ele, esse entendimento é o que se coaduna com a real proteção à mulher
em situação de hipossuficiência ou vulnerabilidade, pois, se fosse meramente subjetiva, o homicídio
com duas qualificadoras seria apenas feminicídio, pois os motivos do agente seriam desprezados, tal
como ocorreu no caso ora em análise.
São as qualificadoras concernentes ao meio (veneno, fogo, explosivo, tortura
ou outro meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar perigo comum) e ao modo de
execução (traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido).
B) Torpe: repugnante, desprezível. Ex.: agente mata os pais para ficar com
a herança; o agente é suplente de um senador e mata o titular do cargo, para tomar-lhe o
lugar; agente que mata o cônjuge para ficar com o seguro de vida; integrante de facção
criminosa que mata rival de facção para tomar controle do tráfico na região; homicídio por
preconceito de cor, raça, religião, origem etc.
Duas correntes:
1ª Corrente – Não responde o mandante pela qualificadora, somente o
executor, pois foi este quem matou por dinheiro, como o artigo exige. Além disso, o art. 30
prevê que as circunstâncias do crime não se comunicam. A qualificadora em questão é um
tipo de circunstância e havendo concurso de agentes, não se comunicam. Assim, somente
responderia nessa qualificadora o executor.
E) feminicídio
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Resolução nº 11/2021 do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção
dos Direitos das Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – Ligado ao Ministério dos Direitos
Humanos – estabelece, dentre outros, parâmetros para inclusão de nome social nos boletins de
ocorrência emitidos pelas autoridades policiais.
A Lei trata de forma mais severa aqueles que cometem crimes hediondos,
impedindo a concessão de graça, anistia, indulto e fiança e dificultando a progressão de
regime e livramento condicional.