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Olá!
Nesta rodada, continuamos a análise do Título I da Parte Especial, que trata dos
crimes contra a pessoa. Continuem firmes nos estudos!
3. HOMICÍDIO QUALIFICADO
Motivo torpe é aquele desprezível, que gera repulsa, aversão ou repugnância geral (Item
38 da Exposição de Motivos da Parte Especial do CP – motivo torpe, isto é, o motivo que
suscita a aversão ou repugnância geral, v.g.: a cupidez, a luxúria, o despeito da
imoralidade contrariada, o prazer do mal etc.).
Trata-se de qualificadora de ordem subjetiva.
Observe que o legislador forneceu um exemplo de motivo torpe (“mediante paga ou
promessa de recompensa”) seguido de uma expressão genérica (“ou por outro motivo
torpe”), permitindo a interpretação analógica. Outros exemplos de motivação torpe são:
inadimplemento de dívida de drogas; eliminar o candidato rival para ficar com a vaga em
concurso público etc.
Mediante paga ou promessa de recompensa
É o chamado homicídio mercenário. Na paga de recompensa, o prêmio já foi recebido
pelo agente, enquanto na promessa há a expectativa de recebimento futuro.
Trata-se de crime de concurso necessário (também chamado crime de concurso não
eventual ou crime bilateral), sendo necessária a presença de pelo menos duas pessoas:
quem paga ou promete a recompensa e quem a recebe ou espera recebê-la. Para a
configuração da qualificadora, não é necessário o efetivo recebimento.
b) a impunidade de outro crime – o agente busca que a autoria do crime passado não
seja descoberta.
Há posição no sentido de que, para incidir a qualificadora, não basta o crime ser
praticado no ambiente doméstico e familiar (que na verdade deve ser lido como
ambiente doméstico ou familiar) é preciso que o fator determinante seja o gênero
feminino. Nessa ótica, se o marido mata a mulher para receber o seguro de vida, não há
feminicídio. Mas se ele a mata porque não aceita que ela trabalhe fora, há feminicídio.
ATENÇÃO! Por se tratar de norma inovadora com previsão de pena mais severa, a nova
figura só terá incidência em relação a fatos ocorridos depois de sua vigência, nos termos
do art. 5º, inc. XL, da CF, e do art. 2º do CP.
Com a finalidade de punir mais severamente os crimes praticados contra pessoas que
atuam na área de segurança pública, a Lei 13.142, 06 de julho de 2015, acrescentou nova
qualificadora no crime de homicídio (art. 121, § 2º, inciso VII), além de outra causa de
aumento de pena no crime de lesão corporal (art. 129, § 12). A Lei 8.072/1990 também foi
modificada, de modo que o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de morte,
quando praticados nas circunstâncias descritas na Lei 13.142, são considerados
hediondos (art. 1º, I, 2ª parte e art. 1º, I-A).
Sujeito passivo - Para incidência da qualificadora, o crime deve ser cometido contra
integrante de alguma das instituições nela descritas.
São elas:
a) Forças Armadas
b) Segurança Pública
c) Sistema prisional
Foi criada em 2004, para atender necessidades emergenciais dos Estados em atividades
destinadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio. Sua organização e o funcionamento encontram-se disciplinados no Decreto
n. 5.289/2004.
Trata-se de inovação trazida pelo Projeto do Pacote Anticrime, que torna qualificado o
homicídio cometido com o emprego de arma de uso restrito ou proibido.
Por se tratar de uma maneira de praticar o delito, a qualificadora tem natureza objetiva,
sendo, portanto, compatível com o privilégio do art. 121, §1º, do CP.
Por fim, temos que, como regra, o uso (posse ou porte) de arma de fogo no homicídio é
por este absolvido quando considerado como crime meio para granjear a morte como
crime fim pretendido. Entretanto, sendo o uso (posse ou porte) desassociado do
homicídio, ou seja, utilizado em contexto fático distinto, é possível a ocorrência de
concurso de crimes.
Trata-se de inovação trazida pela Lei 14.344/22 (Lei Henry Borel) que torna qualificado o
homicídio cometido contra menor de 14 (quatorze) anos, cominando para o delito pena
de reclusão de doze a trinta anos.
O homicídio qualificado pode receber cominação de pena ainda mais gravosa nos casos
em que o delito seja praticado na concorrência de qualquer das hipóteses de aumento
de pena previstas no art. 121, §2º-B, I e II do CP.
O incremento de pena prevista no art. 121, §2º-B, I, do CP, se justifica pela maior
vulnerabilidade da vítima que demanda maior proteção penal, seja esta pessoa com
deficiência (art. 2º, da Lei 13.146/15) ou seja esta portadora de doença que enseje maior
indefensabilidade.
A maior repressão prevista com a pena do art. 121, §2º, II, do CP, se fundamenta pela
especial relação de parentesco, responsabilidade e/ou autoridade entre a vítima e o
autor do crime.
Aumento de pena
Como o dispositivo fala em pessoa menor de 14 anos, não há o aumento se o crime for
praticado no dia em que a vítima completa tal idade. Quanto ao idoso, exigindo-se que
o ofendido seja maior de 60 anos, somente haverá o aumento se a vítima tiver
ultrapassado essa idade.
Grupo de extermínio – Reunião de pessoas, civis ou não, que tem por finalidade eliminar
a vida de outros indivíduos, por qualquer razão, mas geralmente atuam na ausência do
Poder Público e objetivam a chacina de pessoas supostamente etiquetadas como à
margem da sociedade ou tidas como perigosas. São matadores ou justiceiros. O
homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio é crime hediondo (art.
1º, I, 1ª parte, da Lei 8.072/1990).
O homicídio simples (art. 121) somente é hediondo quando praticado em atividade típica
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente.
Prevalece que não. O rol da Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) é taxativo
e nele está previsto o homicídio qualificado (art. 1º, I, 2ª parte), mas não o privilegiado-
qualificado.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3, se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. (...)
Risco pessoal ao agente - Não incide a causa de aumento se o agente deixar de prestar
socorro em razão de risco à sua integridade física (ex.: fuga para evitar linchamento).
Se o agente não procura diminuir as consequências do seu ato - Incluem-se aqui outras
hipóteses nas quais o autor deixa de ajudar o ofendido, recusando-se, por exemplo, a
custear o tratamento médico e medicamentos.
Fuga para evitar prisão em flagrante - Boa parte da doutrina afirma que esta causa de
aumento é inconstitucional, por vulnerar o princípio da não autoincriminação. Também
há precedentes jurisprudenciais nesse sentido.
ATIVIDADE DE FIXAÇÃO