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Homicídio Qualificado
(art. 121, §2º, V, VI E VII)
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
O crime previsto neste inciso é um crime qualificado por conexão. Isso porque,
ideou o legislador, com essa previsão legal, punir mais rigorosamente quem pratica
o homicídio para assegurar a prática de outro crime.
Deve se atentar, aqui, ao fato de haver uma finalidade especial do agente: é uma
qualificadora que se caracteriza pela evidência do ânimo especial de agir do agente
(elemento subjetivo específico ou dolo específico), traduzido pelo fato de querer o
agente, ao matar a vítima, garantir a execução, ocultação, impunidade ou vantagem
de outro crime.
Para assegurar a
I. EXECUÇÃO DE OUTRO CRIME: o agente mata alguém com a finalidade de
assegurar a execução de outro crime.
Exemplos: o estuprador mata o pai, viúvo, para poder conseguir estuprar a filha; o
agente mata o chefe de segurança de uma empresa para que possa invadi-la.
Neste caso, a conexão é teleológica, o que se caracteriza justamente pela utilização
de um crime como meio para assegurar a execução de outro (que é futuro e não
necessariamente virá a acontecer).
É importante mencionar que na conexão teleológica não é necessário que o outro
crime ocorra, nem sequer que seja tentado; basta ficar provado o motivo do crime ou
seja, a intenção específica do agente que o cometeu.
OCULTAÇÃO IMPUNIDADE
Há a impunidade porque o crime Há a impunidade porque, apesar do
sequer é conhecido. crime ser conhecido, não o é seu
agente.
CONEXÃO OCASIONAL
É a prática de um crime no mesmo cenário em que se comete outro. Trata-se de
simples concurso material, não envolvendo essa qualificadora. É o que ocorre se
alguém, após matar o desafeto, resolve levar-lhe os bens (é mero concurso material
porque não houve o animus específico do agente).
Nas duas hipóteses, o crime de homicídio não deve ser qualificado com base
neste artigo.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência;
FEMINICÍDIO X FEMICÍDIO
É diferente de femicídio (expressão que não existe na lei), que significa a pura e
simples morte de uma mulher. Essa terminologia existe porque nem toda mulher é
morta em razão de seu gênero.
Exemplo: mulher discute no trânsito e é morta única e exclusivamente por isso.
Houve um femicídio, e não um feminicídio.
FEMINICÍDIO FEMICÍDIO
- Morte da mulher em razão do seu - Morte pura e simples da mulher,
gênero feminino; por razões alheias à seu gênero;
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
O legislador está dizendo, neste inciso, que se a morte de uma mulher se der nesse
contexto (doméstico ou familiar), caracterizar-se-á o feminicídio.
MAS O QUE É VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR? Isso nos remete à Lei Maria da
Penha, a qual a caracteriza como aquela violência que acontece no ambiente familiar
OU doméstico.
A relação familiar, aqui, é num sentido mais amplo (convivência, namoro, ex-
marido...)
“Violência” envolve agressão física, moral, violação sexual etc.
A Lei Maria da Penha tem normas explicativas, que não preveem pena nenhuma,
mas auxiliam para o enquadramento do crime nos delitos do Código Penal (lesão
corporal, homicídio simples, qualificado no feminicídio etc.). Portanto, é preciso se
analisar o caso a caso.
Exemplo: contexto de violência doméstica e familiar seria o pai que mata a filha. É
um feminicídio, embora não esteja nítido que isso se deu porque ela era mulher, é
pelo contexto em si (ser a menina do gênero feminino, ter o homicídio ocorrido no
ambiente doméstico, fora os aspectos sociais, como sociedade machista, sexista,
império do poder patriarcal etc).
Não é só o homem que pode ser o sujeito ativo do crime, pois a mulher também
pode cometer um feminicídio se incorrer nas hipóteses dos incisos I e II do art. 121,
VI, § 2-A.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: +
iincisos
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA
Um homem possui a intenção de matar a mulher grávida e o feto, deferindo-lhe um
tiro em sua barriga. O que ocorre é um homicídio doloso ou um feminicídio (a
depender do caso), em concurso formal com um aborto, pois, nos termos do art. 70,
houve uma única ação por parte do agente.
Nesse caso, para fins de aplicação da pena, se for homicídio, incidirá a causa de
aumento genérica da alínea “h” do art. 61 e, se for feminicídio, a causa de aumento
do §7º, I. Não poderá incidir, no caso do feminicídio, a agravante genérica, pois
configuraria bis in idem.
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Quando um tipo penal faz alusão a um outro artigo, o crime possui uma
classificação doutrinária, denominada “crime remetido”, ou, ainda, “norma penal
em branco”.
Nas quatro primeiras situações, a qualificadora pressupõe que o crime tenha sido
cometido contra o agente no exercício da função ou em decorrência dela. Ex.: um
policial, no seu dia de folga, está num bar assistindo uma partida de futebol disputada pelo
seu time e, ao vibrar com a vitória, é morto por tiros disparados por um torcedor fanático do
time derrotado, que sabia se tratar de um policial. O homicida, no caso, matou um
policial, condição essa conhecida do executor. Contudo, nesse exemplo, o crime não
foi cometido estando a vítima em serviço, nem sequer tem nexo com a sua função.
Incidirão, no caso, outras qualificadoras (motivo fútil e recurso que dificultou a
defesa do ofendido), mas não a do inciso VII.
Cabe mencionar que o homicídio tem que ser em razão da condição da função. Se o
crime não for motivado pela função que opera a vítima, não incidirá a qualificadora.
Exemplo: Bruno é policial e morre quando bandidos invadem sua casa e contra ele
atiram (não incidirá a qualificadora porque, nesse caso, não atiraram nele em razão
de sua função de policial).
Homicídio Culposo
(art. 121, §3º)
Imperícia: falta de capacidade técnica por parte do profissional que deveria tê-la
(indivíduo que não sabe fazer o que deveria fazer). Os maiores exemplos são com
relação ao erro de médico ou de engenharia.
CONSCIENTE INCONSCIENTE
O agente prevê o resultado, mas O agente não prevê o resultado, que,
espera que ele não ocorra, supondo entretanto, era objetivo e
poder evitá-lo com a sua habilidade. subjetivamente previsível.
Entendendo...
“Profissão, arte ou ofício”: profissão é predominantemente intelectual, arte é o
proveniente, predominantemente, do dom artístico e ofício é predominantemente
braçal.
Este parágrafo diz respeito à atuação de trabalho, ou seja, exige uma capacitação
técnica. Assim, não haverá aumento de pena se na situação prática não houver essa
capacitação técnica.
Há duas posições: primeira, minoritária, diz que essa causa de aumento somente
pode incidir na negligência e imprudência, pois na imperícia configuraria “bis in
idem”. A segunda, majoritária, diz que vale para qualquer das modalidades.
“Ou se deixa de prestar imediato socorro à vítima”: atualmente, como há tal previsão no
CTB para acidentes de trânsito, essa previsão fica destinada a acidentes náuticos,
por exemplo.
Pena — reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
CONCEITO DE SUICÍDIO
É a morte voluntária. No Brasil, não se pune o autor da tentativa de suicídio, por
questões humanitárias (muito menos se o suicídio se consumou, pois estaria extinta
a punibilidade do agente em razão de sua morte).
O suicídio, apesar de ser ato ilícito, não é penalmente punível.
Contudo, pune-se aquele que levou outra pessoa ao suicídio, ainda que nada tenha
feito para que o resultado se desse. Isso ocorre porque a vida é um bem
indisponível, devendo o Estado garantir sua tutela, ainda que contra a vontade do
titular.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo, não se admitindo a forma culposa. Por tal razão, o agente que sugere,
brincando, para que a vítima se mate, não pode ser punido, pois não houve dolo na
sua conduta.
Portanto, não é possível a figura do induzimento culposo.
ELEMENTOS DO TIPO
Neste tipo penal há três núcleos do tipo: instigar, induzir ou auxiliar.
Crimes que contêm mais de um elemento do tipo são chamados de crime de ação
múltipla ou de conteúdo variado.
Como a própria redação do dispositivo sugere, basta a prática de um dos núcleos
para que seja consumado o crime.
II. INSTIGAÇÃO: instigar é fomentar uma ideia já existente. Portanto, nesse caso, o
agente estimula a ideia suicida que alguém já andava manifestando.
Exemplo: “A”diz: acho que vou me matar! “B” responde: é, realmente acho que
você deveria.
III.AUXÍLIO: é a forma mais concreta e ativa de agir, uma vez que significa apoio
material ao suicida.
Exemplo: o agente fornece a arma utilizada pela pessoa que se mata. Nesse caso,
deve dizer respeito a um apoio meramente secundário, não podendo, jamais, o
autor, a fim de “auxiliar” o suicida, tomar parte ativa na ação de tirar a vida, tal
como aconteceria se alguém apertasse o gatilho da arma já apontada para a cabeça
pelo próprio suicida. Respondendo, nesse caso, por homicídio.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA
Agente tira a cadeira para outra pessoa que está pendurada com corda no pescoço.
Essa pessoa praticou o crime de auxílio ao suicídio? Não. Praticou o crime de
homicídio, porque seu auxílio se deu de forma direta, e no caso desse tipo penal, o
auxílio deve ser meramente indireto.
AUXÍLIO
- Se dá de forma indireta, secundário, pois se se der de forma direta, não mais será
auxílio, e sim homicídio.
- Deve o agente ter ciência de que o suicida pretende ceifar sua vida, uma vez que
o elemento subjetivo do tipo é o dolo.
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
I. DELITO COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa que detenha
discernimento mínimo.
II. MATERIAL: exige resultado naturalístico.
III. INSTANTÂNEO: consumação não se arrasta no tempo.
IV. COMISSIVO: havendo discussão doutrinária quanto ao auxílio por omissão.
V. DE DANO: se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
VI. DE FORMA LIVRE: lei não exige forma especial para sua consumação.
VII. CRIME CONDICIONADO: não admite tentativa.
MOTIVO EGOÍSTICO
Trata-se de excessivo apego a si mesmo, evidenciando o desprezo pela vida alheia,
desde que algum benefício advenha ao agente. Por tal morbidez, merece maior
punição.
Exemplos: induzir alguém a se matar para ficar com a herança ou para receber o
valor do seguro.
II— se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
E se a pessoa que induziu a outra a se matar também está sob efeito de drogas?
Não responderá pelo induzimento ao suicídio se comprovada a sua resistência
diminuída por uma única razão: não estava presente o elemento subjetivo do tipo,
qual seja, o dolo, e como esse tipo penal não prevê a punibilidade da culpa, não
responderá a pessoa.
Pena — reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Analisando...
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA
Uma pessoa escreve um blog dizendo qual a melhor maneira de se matar e descreve
passo a passo como fazê-lo. Uma outra pessoa lê o blog e se mata, deixando uma
carta indicando que se matou em razão do que estava disposto no blog.
O autor do blog pode ser responsabilizado pelo crime? Não. Pois se entende que
deve haver o dolo direcionado às pessoas específicas. Nesse caso o blog descreve
um comportamento genérico.
Portanto, por opção legislativa, se da tentativa de suicídio não resultar lesão grave,
não há de se falar em responsabilidade penal nesse crime.
Exemplo: a pessoa induz a outra a se matar, a outra tenta se enforcar, mas uma
pessoa suspende a vítima e ela não morre, fica apenas com lesões leves. Nesse caso,
a pessoa que a induziu não praticou nenhuma conduta criminosa pois a lesão é leve.
PACTO DE MORTE
É possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte, pretendendo
morrer no mesmo tempo. Várias hipóteses podem se dar:
A. Se cada uma delas ingerir veneno, de per si, aquela que sobreviver
responderá pela participação no suicídio da outra.
B. Se uma ministrar o veneno para as demais, sobrevivendo, responderá elo
homicídio daquelas que se suicidaram e pela tentativa de homicídio das que
sobreviveram.
C. Se cada pessoa administrar veneno uma para a outra, todas sobrevivendo,
responderão pela tentativa de homicídio da pessoa que deram o veneno.
Morrendo algum, e sobrevivendo aquele que lhe ministrou, responderá por
homicídio consumado.
D. Se cada pessoa ingerir sozinha o veneno, todas sobrevivendo, com lesões
leves ou sem lesão, é o fato atípico.
E. Na hipótese de quatro pessoas contratarem um médico para lhes ministrar o
veneno, morrendo duas pessoas e sobrevivendo as demais, responderão as
sobreviventes por participação no suicídio e, o médico, por dois homicídios e
duas tentativas de homicídio.
Aborto
(Arts. 124 a 128)
CONCEITO
Caracteriza-se pela interrupção da gravidez de maneira provocada pelo ser
humano, cuja consequência é a destruição do produto da concepção.
“Produto da concepção”: é acertado o uso dessa expressão técnica. Isso porque nem
todo produto da concepção é feto, a depender do mês gestacional em que o aborto é
praticado. Mostram a medicina e a biologia:
Até 2 meses ovo ou zigoto;
De 2 a 4 meses embrião;
De 4 meses até o parto feto;
O aborto é um crime que pressupõe resultado duplo:
I. INTERRUPÇÃO FORÇADA DA GRAVIDEZ
II. DESTRUIÇÃO DO PRODUTO DA CONCEPÇÃO, IMPEDINDO-O DE SE TORNAR UMA
VIDA VIÁVEL.
ART. 124
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque;
AUTOABORTO
A gestante pode realizar o aborto em si, valendo-se de manobras abortivas. Nessas
situações, a própria mulher grávida ingere medicamentos abortivos ou insere
dentro de si algum objeto.
ABORTO CONSENTIDO
A gestante autoriza que realizem nela os procedimentos abortivos. Nessas situações,
o simples ato de consentir com as manobras abortivas já tipifica o crime de aborto.
DEMAIS CLASSIFICAÇÕES
I. COMISSIVO OU OMISSIVO: provar ou consentir.
II. MATERIAL: exige resultado naturalístico para se caracterizar.
III. DE DANO: deve haver efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
IV. DE FORMA LIVRE: a lei não exige nenhuma forma específica para sua
prática.
V. ADMITE A TENTATIVA.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência.
CONDUTA DE TERCEIROS
É uma exceção da teoria monista, que prevê que os coautores e partícipes respondem
pelo mesmo crime quando contribuírem para o mesmo resultado típico. Nesse caso,
quis o legislador punir mais severamente o terceiro que provoca o aborto, aplicando
a teoria pluralista do concurso de pessoas.
Logo,
GESTANTE TERCEIROS
- Sempre responderá pelo art. 124 - Responderá pelo art. 125 ou art. 126
CLASSIFICAÇÕES
I. CRIME COMUM
II. CRIME INSTANTÂNEO: não se protrai no tempo.
III. COMISSIVO OU OMISSIVO: será omissivo quando houver o dever jurídico de
impedir o resultado, como o médico que, contratado para acompanhar uma gravidez
problemática, não o faz adequadamente.
IV. MATERIAL E DE DANO
V. DE FORMA LIVRE
VI. ADMITE A TENTATIVA
VII. DOLOSO
Qual crime é cometido quando a gestante realiza o aborto numma clínica clandestina?
Dois são os crimes. A mulher grávida comete o crime previsto no art. 124 (em razão
de seu consentimento), e o médico comete o crime previsto no art. 126 (provocação
do aborto com o consentimento da gestante). Importante mencionar que eventuais
auxiliares do médico nas mesmas penas incorrerão, em razão de figurarem como
partícipes.
PARÁGRAFO ÚNICO
Caracteriza o aborto provocado com o consentimento inválido. O terceiro responde
como se incorresse no art. 125, isso porque o consentimento inválido significa, em
termos práticos, o não consentimento.
São os casos de não maior de 14 anos (ou seja, até 14 anos); alienada ou débil
mental; consentimento obtido mediante grave ameaça, violência ou fraude.
Se a mulher está grávida e é menor de 14 anos ou débil mental, ela não é vitima de outro
crime?
Sim, é vítima do crime de estupro de vulnerável. No entanto, a gravidez resultante
de estupro é uma das hipóteses de aborto legal. Logo, deve-se entender que o
consentimento exigido tem que partir dos pais ou representantes legais, e não da
gestante em si. De modo que a vontade da gestante menor ou débil é absolutamente
irrelevante à luz da estrita legalidade penal, sendo que, querendo os pais ou
representantes legais, será feito, ainda que tenha que sedar a gestante para tanto.
Forma qualificada
Art. 127
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
O legislador, por vacilo formal, colocou tal hipótese como uma qualificadora, no
entanto, como opera por meio de frações em cima do preceito normativo secundário
original, trata-se, em realidade, de causas de aumento de pena. São duas as hipóteses
que causam o aumento da pena:
I. LESÃO GRAVE
II. MORTE
Também por opção legislativa, não englobou em tais causas de aumento os
partícipes do crime previsto no art. 124. Por tal razão, para que não fiquem sempre
impunes no caso de tais consequências – lesão grave ou morte à gestante –
responderão por homicídio culposo ou lesão corporal culposa.
PROVA DO ABORTO
Quando um crime deixa vestígios, deve ser realizado o exame de corpo de delito (no
caso, no produto da concepção), mas é mais raro “deixar vestígios”.
No entanto, o Código de Processo Penal diz que se não houver como realizar o
exame de corpo de delito, a prova testemunhal pode suprir, caso seja robusta.
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Caso hipotético do cara atirar na cabeça ou coração de uma mulher grávida.
Para solucioná-lo, deve sempre se pensar na intenção do agente. Ele responderá
pelo homicídio e pelo dolo eventual (se a gravidez for perceptível), no aborto não
consentido. Se não for perceptível ou se ele não sabia, não pode responder
penalmente por isso.
Art. 128
Hipóteses de aborto legal
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Infanticídio
(Art. 123)
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:
CONCEITO
É um homicídio cometido pela mãe contra seu filho, nascente ou recém-nascido, sob
a influência do estado puerperal. É uma hipótese de homicídio privilegiado em que,
por circunstâncias particulares e especiais, houve por bem o legislador conferir
tratamento mais brando à autora do delito, diminuindo a pena cominada.
ABORTO X INFANTICÍDIO
O infanticídio pode acontecer durante o parto ou logo após dele.
A polêmica está em se averiguar quanto a criança deixa de ser considerada feto e
passa a ser tratada como nascente. Entende-se que, iniciado o parto, torna-se o ser
vivo sujeito ao crime de infanticídio. Antes disso, é aborto.
Lesões Corporais
(Art. 129)
CONCEITO
É uma ofensa física voltada à integridade ou à saúde do corpo humano. Para a
configuração do tipo, é necessário que a vítima sofra algum dano a seu corpo,
alterando-o interna ou externamente, abrangendo modificações prejudiciais à saúde,
transfigurando qualquer função orgânica ou provocando séria perturbação mental.
Quanto à saúde, não configura lesão corporal apenas quem torna enfermo aquele
que não está, mas também aquele que agrava a enfermidade preexistente da vítima.
Esses bens jurídicos são disponíveis, isso é, pode a vítima abrir mão dessa proteção?
Sim, desde que ela seja capaz (tatuagens, piercings, praticantes de alguns esportes).
Exemplo: médico que faz uma cirurgia de emergência num paciente que chega
acidentado. Ele pratica os elementos do tipo penal, mas não incorre no crime, pois
age munido pela excludente de ilicitude em razão do estado de necessidade de
terceiro.
E num caso de lesão corporal em razão de uma cirurgia plástica?
É necessário que o paciente assine que está ciente dos riscos. Isso é possível porque
está amparado pelo exercício regular do direito (da medicina), que é uma excludente
de ilicitude.
Entendendo...
I. NEM TODA AGRESSÃO FÍSICA É LESÃO CORPORAL
Exemplo: um indivíduo deu uma facada no outro.
Que crime é esse? Depende. A primeira coisa a ser analisada é a intenção do agente
(o “animus”, sua motivação).
Se a intenção é matar, receberá o nome de animus necandi (lembrar de necrotério para
associar que tem a ver com morte); se é de ferir, receberá o nome de animus laedendi.
Se a intenção da facada for de matar, será um crime de tentativa de homicídio, se de
ferir, lesão corporal.
Lesão corporal
B. GRAVE (§1º)
§ 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
Exige da lesão, para aqui se enquadrar, concreta possibilidade da vítima vir a morrer
em razão das lesões sofridas.
Considera-se que nesse caso somente pode haver dolo na conduta antecedente, e
culpa na conduta consequente, pois o agente não agiu ideando causar perigo de vida
à vítima, caso contrário, ter-se-ia uma tentativa de homicídio. É, portanto, um crime
preterdoloso.
IV - aceleração de parto:
C. GRAVÍSSIMA (§2º)
§ 2° Se resulta:
II - enfermidade incurável;
É uma doença irremediável. É necessário que haja uma séria alteração na saúde da
pessoa.
Parecida com a situação grave, mas lá era debilidade, e aqui está-se falando de perda
ou inutilização. Nos casos de substituição por prótese ou órtese, isso não
desqualifica a lesão.
Exemplo: corte de um braço (membro); aniquilamento dos olhos (sentido); ablação
da bolsa escrotal, impedindo a função reprodutora (função).
A inutilização significa a falta de utilidade, ainda que fisicamente esteja presente o
membro ou órgão humano. É, por exemplo, a perda do movimento da mão ou a
impotência para o coito, embora sem remoção do órgão sexual.
IV - deformidade permanente;
V – aborto;
ANÁLISE DO §9
Esse parágrafo guarda muitas complicações quanto aos termos empregados, e não
há consenso na doutrina sobre o que exatamente significa cada terminologia.
Sobre as questões de parentescos: protege relações consanguíneas ou por adoção;
cônjuge (pessoa casada dentro das normas previstas no Código Civil); companheiro
(aquele que detém um companheiro afetivo estável e duradouro. Não
necessariamente implica na coabitação); ou quem conviva ou tenha convivido
(necessário que se tenha uma relação de afetividade); relações domésticas (há quem
defenda necessitar também de laços consanguíneos, mas não é unânime. Ainda, o
professor acha que uma agressão contra “empregada/babá” também se encontra
aqui); coabitação (condomínio não se entende por coabitação, mas também há
divergências e é extremamente vago e abrangente. É de se entender, de acordo com o
professor, que são relações de proximidade); hospitalidade (a condição abusiva
violenta é por parte de quem está hospedando ou sendo hospedado? Por não estar
dito, se entende por essa duplicidade. É, por exemplo, o primo distante que vem
ficar em casa. É necessário que o hóspede pernoite? Também não está dito, causando
divergência);
Crítica: não há qualquer segurança jurídica, pois, o magistrado, movido pela
independência funcional e livre convencimento motivado, pode decidir de modo
abrangente ou restritivo, e uma mesma situação, cometida por duas pessoas, pode
ter resultados absolutamente diferentes. Esse é um defeito do direito brasileiro.
Atenção: o §9º é uma espécie de lesão leve, uma vez que não pode ser grave nem
gravíssima porque a pena máxima desse parágrafo é de 3 anos, ao passo que a
grave ou gravíssima já possui uma pena maior que essa, de modo que não há
compatibilidade para se encaixar dentro de “grave ou gravíssima”.
ANÁLISE DO §10
Ademais, prevê o §10 que se a lesão for grave, gravíssima ou seguida de morte,
dentro das circunstâncias do §9º, há causa de aumento específico.
E qual pena aumenta, a do §9º?
Não. A pena grave ou gravíssima.
Exemplo: irmão que provoca lesão grave, gravíssima ou seguida de morte a seu
irmão. Será aumentada a pena, nos termos do §10, em cima da pena da lesão grave
ou gravíssima ou da seguida de morte.
ANÁLISE DO §11
“Pessoa portadora de deficiência”: é aquela prevista como conceito no Estatuto da
Pessoa com Deficiência.
Esse parágrafo identifica uma hipótese dolosa, e não culposa (culposa necessita de
previsão), de modo que, para que incida nessa causa de aumento, é necessário que o
agressor saiba da deficiência.
Exemplo: se um primo distante me agride sem saber que tenho uma deficiência
(porque não aparente), não incorrerá nessa causa de aumento.
II. PRETERDOLOSA
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o
risco de produzí-lo:
ANÁLISE DO §4º
O “relevante valor social” é entendido como relevante para toda a sociedade.
Exemplo: aquele que mata o ditador do país (“inimigo da pátria, que no caso a caso
será analisado pelos julgadores).
O “relevante valor moral” é entendido como relevante para o agressor.
Exemplo: aquele que mata o estuprador da filha.
Ação Penal
(Art. 100 do CP)
Para saber de qual se trata, é necessário procurar no Código. No silêncio, será
pública incondicionada, uma vez que as outras modalidades precisam estar
expressamente previstas.
Indicativo de que é de iniciativa privada: promovida “mediante queixa”.
Indicativo de que é pública condicionada: promovida “mediante
representação/mediante requisição da vítima”.
O art. 88 da Lei nº 9099/95 previu que se a lesão corporal for leve ou culposa a ação
será pública condicionada.
Por que houve essa alteração legal?
Antes da lei, era um crime de ação pública incondicionada (independente da
vontade da vítima).
Exemplo: dois amigos numa moto que cai. Um dos amigos acaba se ralando. Se um
agente público presenciasse, era obrigado a prosseguir com o tramite penal em razão
da lesão corporal culposa, o que não se demonstra razoável sempre. Por isso, o
legislador criou a hipótese da ação pública condicionada (oferecimento de
representação).
A mesma coisa foi feita para a lesão leve, pensando num ambiente entre pessoas
conhecidas, que não se importaram tanto assim com o fato de terem sido agredidas
levemente e, em 1995, em casos de briga entre “marido e mulher” (comportamento
que antes se adotava, mas que hoje em dia é repudiado pela sociedade). Porém, o
“problema” de ser condicionado também nesses casos subsistiu, porque por vezes
pode a mulher agredida não querer oferecer a representação ou, oferecendo, se
retratar até o oferecimento da denúncia.
I. Determina o art. 88 da Lei 9099/95 que a lesão corporal leve – do “caput”
– é de ação penal pública condicionada.
II. Analisada em integração com o §9º do art. 129, é de se concluir também
que é a violência doméstica de ação penal pública condicionada.
Porém, vem o art. 41 da Lei Maria da Penha e afasta a aplicação da lei 9099/95.
Assim, nas hipóteses de lesão corporal doméstica ou familiar contra a mulher
(exclusivamente), a ação penal é publica incondicionada.
Cap. III
Da Periclitação da Vida e da Saúde
O crime de dano (figura típica prevista no art. 163) é um crime classificado doutrinariamente
como um crime de dano?
Sim, uma vez que há lesão ao bem jurídico.
B. ABSTRATO
É a conduta que independe da demonstração do perigo. O perigo é presumido pela
lei. Não vai se verificar, no caso concreto, se a vida de alguém estava de fato em
perigo, uma vez que é abstrato, ou seja, presume-se que as vidas estão em perigo.
No entanto, isso não significa que o crime de perigo não precisa de prova! Não é
necessário que se prove o perigo, mas o resto, sim (que o indivíduo indiciado de fato
era ele, que o porte de arma de fato era proibido porque não havia autorização, que a
arma de fato era de fogo etc).
Exemplo: crime de porte de entorpecentes, por representar um perigo abstrato à
saúde pública.
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
NÚCLEO DO TIPO
“Expor”, indicando claramente que se trata de um crime de perigo. Logo, não é
necessário que alguém tenha sido de fato contaminado, basta a “exposição”.
Ainda, é um crime de perigo concreto (é necessário provar) e próprio (só pode ser
cometido pelo agente portador de doença venérea).
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato
capaz de produzir o contágio.
Via de regra, não venéreas, mas em alguns casos, pode ser também.
É um crime de dano, pois já está praticando com o fim de transmitir.
Exemplo: A está infectado com uma doença grave e tosse num lenço. B pega esse
lenço e passa no garfo no C.
É o crime do art. 131? Não, pois se trata de um crime próprio (...“de que está
contaminado”...) e, no caso, não é B que está contaminado, mas o A.
ART. 132 – PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
“Se o fato não constitui crime mais grave”: no âmbito do conflito aparente de normas,
se encaixa no princípio da subsidiariedade. Logo, se não se encaixar num crime mais
grave, subsidiariamente, para que se evite a impunibilidade, se encaixará aqui.
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
O crime é próprio, pois o sujeito ativo é necessariamente alguém que tem o poder de
cuidar de outra pessoa. No entanto, é necessário que esse abandono caracteriza o
perigo. O perigo é concreto.
Esse crime é um crime preterdoloso (dolo de perigo para abandonar e culpa no
resultado causado).
CAUSA DE AUMENTO RELATIVA À PESSOA IDOSA
Introduzida pelo Estatuto do Idoso, buscando dar maior proteção ao idoso, punindo
mais severamente aqueles que praticam o crime contra maiores de 60 anos.
Omissão de Socorro
(Art. 135)
Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão
corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
A.1. ABANDONADA
É aquela largada à sorte pelos responsáveis.
A.2. EXTRAVIADA
É aquela que se perdeu do seu protetor ao acaso.
B. PESSOA
A ideia, aqui, é que o perigo seja, ao menos, concreto, por uma questão até mesmo
social. O Brasil todo, por exemplo, está ao desamparo, de modo que se se
considerasse o perigo abstrato, todos praticariam o crime de omissão de socorro. Por
tal razão, deixa-se de ser penalmente relevante.
B.1. INVÁLIDA
É a pessoa deficiente, física ou mentalmente, em decorrência de idade avançada ou
doença, não mais possuidora da capacidade de se defender.
B.2. FERIDA
É aquela que efetivamente tem um ferimento apto a colocá-la pessoa em risco.
B.3. AO DESAMPARO
Doutrina indica uma ideia de abandono, de ausência de assistência.
B.4. EM GRAVE E IMINENTE PERIGO
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima,
ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos
leves.
Nos termos do art. 304 do CTB, como se está diante de conflito aparente de normas,
pelo princípio da especialidade, aplicar-se-á o CTB.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA
A B C
D
E
C – VÍTIMA
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina:
§
3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(catorze) anos.
Pai que deixa o filho rebelde sem jantar por não querer faze-lo com a família configura maus
tratos?
Depende. O crime somente será caracterizado se houver risco à saúde da criança.
Caso haja o efetivo dano à saúde, ultrapassar-se-á a previsão do 136, pulan para o
crime de lesão corporal, um crime de dano.
CONCEITO
A honra é o conjunto de atributos morais, intelectuais, físicos, que fazem com que
nós tenhamos determinada fama e avaliação sobre nós mesmos e dentro de uma
sociedade. A honra é um direito assegurado no art. 5º, X da CF, de modo que é um
direito fundamental. No entanto, há uma tendência de pretender descriminalizar os
crimes contra a honra.
“Fama”: é o conceito que a pessoa goza na sociedade.
A honra se subdivide em honra objetiva (calunia e difamação) e honra subjetiva
(injúria).
HONRA
OBJETIVA SUBJETIVA
(calúnia e difamação) (injúria)
Difamação
(Art. 139)
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
CONCEITO
Atentar contra a fama de alguém, atribuindo-lhe fato (pressupõe localização no
tempo e no espaço) ofensivo à sua reputação.
Difamar uma pessoa significa divulgar fatos infamantes à sua honra objetiva, sejam
eles verdadeiros ou falsos.
Exemplo: Alberto, quando foi prefeito de Jundiaí, era muito corrupto (localização de
tempo e espaço, daí a ideia de fato).
Calúnia
(Art. 138)
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
CONCEITO
É uma específica forma de difamação que o legislador entendeu ser mais grave,
dando o nome de “calúnia”. Ocorre quando um indivíduo falsamente atribui a
outro, um fato – ofensivo por essência –, que se caracteriza por um fato definido
como crime.
O fato deve ser falso, e o caluniador deve saber que ela é falsa para que reste o
tipo penal caracterizado.
Obs. Atenção quanto ao fato “definido” como crime: pensando, na teoria tripartite,
sobre o crime ser fato típico, ilícito e culpável.
Exemplo: falo que uma menina de 16 anos traficava drogas. Pensando na teoria
tripartite, seria o fato atípico, porque é a menina inimputável em razão da idade.
Nesse caso, portanto, não se puniria a calúnia porque não se lhe atribuiu um crime,
mas a punição é possível porque houve a atribuição de um fato definido como crime
(não importando aspectos subjetivos dos indivíduos).
A imputação de fato tido como delito caracteriza a calúnia, porque delito é sinônimo
de crime.
No entanto, a imputação de contravenção penal não caracteriza a calúnia, mas sim
crime de difamação (levando sempre em consideração a intenção de ofender).
Se o legislador tivesse falado sobre a imputação de um ilícito penal (que abrange
tanto o crime como a contravenção penal, aí sim também poderia ser a conduta da
contravenção caracterizada como calúnia).
HONRA SUBJETIVA
Julgamento que o indivíduo faz sobre si mesmo, ou seja, é o sentimento de
autoestima, autoimagem.
Injúria
(Art. 140)
CONSIDERAÇÕES GERAISJH
A doutrina fala sobre a injúria por omissão: se “deixa a pessoa no vácuo” com
intenção de ofender.
E sobre a injúria real (com agressão física): não houve a intenção de agredir, mas sim
de ofender.
Exemplo: ver o ex-namorado com outra e dar um tapa na cara dele; jogar copo de
bebida na cara do outro.