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CURSO DE PERÍCIA CRIMINAL – 24/05 – AULA 1

FUNDAMENTOS EM PERÍCIA CRIMINAL

Perícia Criminal: atividade técnico-cientifica prevista no Código de Processo Penal,


indispensável para elucidação de crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada
por meio da ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na
interpretação correta de vestígios.

FORENSE: palavra que se origina de um adjetivo em latim que significa “respeitante


ao fórum judicial”, ou seja, aquele que ajuda os tribunais a cumprir sua difícil missão de
fazer justiça. A popularidade do cientista forense surgiu com as séries de TV, como a
popular CSI, mas essa ciência é bem antiga.
O primeiro livro sobre ciência forense foi escrito no século XIII, por um chinês chamado
Song Ci. O “Collected Cases of Injustice Rectified”, que em português seria algo como
“Coletânea de Casos de Injustiças Retificados”, trata de uma série de regras para que os
médicos legistas não cometam erros ou sejam corrompidos.

CRIMINALÍSTICA X MEDICINA LEGAL


Criminalística: Estudo dos vestígios extrínsecos do corpo, da vítima ou do criminoso.
Tudo que está fora do corpo, ou seja, balística, manchas de sangue, digitais, fio de cabelos
e DNA em objetos e/ou superfícies (copos, talheres, mesas, chão).
O termo foi criado por Hans Gross, um Juiz e professor de Direito Austríaco. No Brasil
(SP, 1947) ocorreu o primeiro congresso da polícia técnica cientifica (origem da
Associação Brasileira de Criminalística- ABC)
Medicina Legal: Estudo dos vestígios intrínsecos do corpo, da vítima ou do criminoso.
O que se encontra dentro ou sobre o corpo, como: dentes, manchas e lesões,
autópsia/necrópsia.

ATUAÇÃO DO PERITO CRIMINAL


Perito in loco – profissional que atua na cena do crime, coletando amostras, reproduzindo
o ato ilícito (vestígios extrínsecos);
Perito laboratorial – profissional que atua na análise das amostras (vestígios
extrínsecos);
Médico Legista – profissional que atua na avaliação e coleta de elementos dentro do
corpo da vítima/criminoso (vestígios intrínsecos).
Os denominados peritos oficiais, são os profissionais que foram aprovados mediante a
concurso público, são eles:
Médicos Legistas: Trabalham no Instituto Médico Legal (IML);
Médicos peritos do INSS: realizam suas perícias no próprio Instituto.
Peritos Criminais: Trabalham no Instituto de criminalística (IC);
Geralmente os editais procuram profissionais formados nos seguintes cursos:
Química, Física, Biologia, Medicina, Farmácia, Enfermagem, Biomedicina e
Engenharias, sempre de acordo com a demanda dos órgãos públicos.
Já o perito louvado (não oficial), são os profissionais requisitados pela autoridade
jurídica, quando se necessita de um determinado exame o qual não está disponível via
Poder Público.

ELEMENTOS DA CENO DO CRIME


CONCEITOS IMPORTANTES
Agente Ativo: Autor do ato ilícito (ato que viole o ordenamento jurídico ou direito e cause
danos); O criminoso
Agente Passivo: Sujeito que sofreu danos físicos ou consequências com o ato ilícito; A
vítima
Agente Lesivo: Instrumento ou meio utilizado para promover lesão;
Elemento Subjetivo: Determina dolo ou culpa (classifica o crime em culposo ou doloso).
Causa: acidente que acontece diretamente. Exemplo: Empurrei sem querer meu amigo e
ele caiu no chão.
Concausa: algo acontece em virtude de outra coisa, indiretamente. Exemplo: empurrei
sem querer meu amigo, ele caiu no chão e como resultado/consequência ele quebrou o
braço.
Vestígios: (dado bruto) qualquer elemento encontrado na cena do crime, tendo ele relação
ou não com o ato ilícito;
Indício: (dado analisado) elemento da ceno do crime, tendo relação com o ato ilícito
comprovadamente;
Obs.: Se for comprovada a relação do vestígio com a crime, esse vestígio torna-se um
indício.
Evidência: Qualquer material, objeto ou informação que esteja relacionado coma
ocorrência do fato (vestígio que após analisado pelo perito se mostra diretamente
relacionado com o caso).
“Os vestígios são origem às evidências” “O vestígio encaminha, o indício aponta”
No contexto geral, podemos dizer que cabe aos peritos a capacidade de transformar
vestígios em evidências, enquanto aos policiais reserva-se a tarefa de, agregando-se as
evidências e informações subjetivas. Apresentar o indiciado a justiça. Portanto, conclui-
se que toda evidência é um indício, porém, nem todo indício é uma evidência.
Prova: (dado formalizado) demonstração da verdade no processo investigativo.
É usado para indicar tudo aquilo que pode nos convencer de um fato. Logo, a prova seria
um instrumento utilizado para a demonstração da existência dos fatos pertinentes e/ou
essenciais ao processo. Pode ser uma ação ou meio que confirmem a existência de um
fato, seja essa confirmação positiva ou negativa, os meios utilizados devem ser idôneos e
o destinatário da prova deve ser sempre o juiz.
A perícia é responsável por detectar e analisar os elementos da prova, sendo
posteriormente levados ao processo. E a perícia criminal é materializada através do exame
pericial, que é um ato de instrução que poderá ocorrer na persecução criminal, tanto na
fase do inquérito policial, quanto na fase processual penal.
O Processo Penal Brasileiro admite todas as provas obtidas através de meio lícito, e, não
somente àquelas arroladas no Código de Processo Penal Brasileiro, se destacando como
exemplos, as filmagens, as interceptações telefônicas, dentre outras.
TIPOS DE PROVA CRIMINAL
As provas de um crime podem ser classificadas de três formas, são elas:
Testemunhal – Relatos, acareações (forma de apurar a verdade de declarações ou
depoimentos, confrontando duas pessoas frente a frente), etc.
Documental – Escrituras públicas, cartas, etc.
Material – Exames laboratoriais, análise da arma do crime, exame de corpo de delito,
etc.
TIPOS DE CRIME

CRIME: O código penal prevê em seu artigo 1º que não há crime sem lei anterior que
o defina e que não há pena sem prévia cominação legal. Ou seja, somente são
considerados crimes os fatos que já estejam previamente previstos em lei.
Etimologicamente a palavra provém do latim “crimen” e significa acusação.
Crime por Ação: Exemplo: a lesão corporal, prevista no art. 129 do código penal, que
ocorre quando o agressor ofende a integridade corporal ou a saúde de alguém.
Crime por Omissão: Exemplo: a omissão de socorro, prevista no art. 135 do código penal,
ocorre quando a pessoa deixa de prestar assistência, quando é possível fazê-lo sem risco
pessoal.
Crime Simples: Básico, fundamental, que contém os elementos mínimos e determina seu
conteúdo subjetivo sem qualquer circunstância que aumenta ou diminua sua gravidade.
Há homicídio simples (art. 121), furto simples (art. 155), etc. Uma única infração penal.
Crime Qualificado: É aquele em que ao tipo simples, a lei acrescenta circunstância que
agrava a sua natureza, elevando os limites da pena. Não surge a formação de um novo
tipo penal. Art. 121, 2° seção. Se o homicídio é cometido: I- mediante paga ou promessa
de recompensa, ou por outro motivo torpe; II- por motivo fútil.
Crimes contra o Patrimônio: Exemplo: furto, crime menos grave, pois não há violência;
roubo, ocorre com ameaça e violência.
Crime por apropriação de coisa achada tem previsão de pena de até 1 ano de detenção e
multa.
Crime de Mera Conduta: São crimes simplórios, como no caso de contravenções penais,
como: porte de arma branca, omissão de socorro ou até abandono intelectual.
Crime Vago: São aqueles em que o sujeito passivo é uma coletividade destituída de
personalidade jurídica, como a família, amigos. Exemplos são encontrados no
impedimento ou pertubação de cerimônia funerária (art. 209), violação de sepultura (art.
210),
Crime Hediondo: Tais crimes que, pela sua natureza ou pela forma de execução, se
mostram repugnantes, causando clamor público e repulsa. Latrocínio (art. 157), extrosão
qualificada pela morte (art. 158).
Crime Preterdoloso: Tais crimes caracterizam-se quando o agente pratica uma conduta
dolosa, menos grave, porém obtém um resultado danoso mais grave do que o pretendido,
na forma culposa. Exemplo: Incendios criminosos, fulano coloca fogo numa casa, nessa
casa tinham 5 pessoas que morreram em virtude do incendio.

ESTUDO DIRIGIDO
Sobre as duas grandes áreas da perícia criminal, sucintamente aponte a diferença entre
elas quanto a responsabilidade nos casos.
Diferencie Vestígios de Indício
Em um caso criminal, o que podemos chamar de evidência? Exemplifique
Vestígios, indícios e evidências podem servir como provas? Explique.
Conceitue de forma bem direta cada um dos elementos da cena do crime
Diferencie os 3 tipos de prova pericial.
Com suas palavras, o que é exatamente uma prova pericial?

BRINCANDO DE PERITO
Relembre o Caso do massacre em Realengo/ RJ e determine:
- Agente ativo: Wellington Menezes de Oliveira (ex-aluno)
- Agente passivo: as 12 crianças
- Agente lesivo: arma de fogo
- Elemento subjetivo: crime doloso
- Dê exemplos de vestígios, indícios e evidências: mochila, revolveres, cópia do histórico
escolar, capsulas das balas, roupas, carta escrita pelo autor do crime (vestígios);
revolveres, capsulas das balas, roupas, carta escrita pelo autor do crime (indício);
revolveres e carta (evidências).
CURSO DE PERÍCIA CRIMINAL – 25/05 – AULA 2
EXAME DE CORPO DE DELITO E HEMATOLOGIA FORENSE

LOCAL DO CRIME
Local do Crime: é a região do espaço em que ocorreu um evento delituoso. Sendo a porção
do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o
fato, se estenda de modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessária ou
presumivelmente, hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos
materiais, peliminares ou posteriores, à consumação do delito, e com este diretamente
relacionados.
Podemos segmentar um local do crime, para fins didáticos, em duas partes: corpo de
delito e os vestígios.
Local do crime imediato – é aquele abrangido pelo corpo de delito e seu entorno, local
em que estão a maioria dos vestígios materiais. Em geral, todos os vestígios que servirão
de base para os peritos esclarecerem os fatos concentram-se no local imediato.
Local do crime medianto – é toda região espacialmente próxima ao local imediato e a
ele geograficamente ligada, passível de conter vestígios relacionados com a perícia em
excecução.
Local do crime relacionado – é todo e qualquer lugar sem ligação geográfica direta com
o local do crime e que possa conter algum vestígio ou informação que propicie ser
relacionado ou venha a auxiliar no contexto do exame pericial. Nem sempre o local
relacionado vai estar entorno da cena do crime, Exemplo: criminoso largou a arma do
crime a 3 quarteiróes de distância.

Peritos in loco: os peritos que atuam no local do crime deverão ter porte de arma; possuem
autoridade para isolar a área, se o agente policial não fizer, tendo autorização para
adentrar na área isolada e deverão atuar pelo menos 2 agentes (vide mudança na
legislação).
A área do local do crime: deve ser isolada por uma autoridade policial (faixa amarela),
esse isolamento tem como objetido a preservação da cena. Os vestígios encontrados,
tendo a ver ou não com o delito, deverão ser enumerados e fotografados pela perícia
(fotografia forense).
Deve-se tentar isolar a maior área possível em torno do evento, por exemplo: em um local
de homicídio, com a vítima caída no chão do quarto, não basta isolar apenas o quarto (a
casa inteira pode ter vestígios).

EXAME DE CORPO DE DELITO


Exame de corpo de delito: é constituido por todos os elementos materiais do ato ilícito,
inclusive os meios ou instrumentos utilizados pelo criminoso.
Originalmente, como aparece no Código de Processo Penal, um decreto lei publicado em
3 de outubro de 1941, a expressão referia-se apenas ao ser humano. Todavia, do ponto de
vista técnico-pericial atual, entende-se corpo de delito como qualquer elemento
relacionado ao crime e no qual é possível efetuar um exame pericial.
“É o delito em sua corporação física”
Exame de corpo de delito Direto – são todos os vestígios na ceno do crime, a
materalidade.
Contudo, (Art. 564) se existir vestígios e não for feito o exame de corpo de delito, o
processo pode ser nulo por falta de exame.
Exame de corpo de delito Indireto – pode ser explicado pelos seguinte artigo do código
penal: Art. 167. Quando não há vestígios, a prova testemunhal pode suprir o mesmo.
Exemplo em caso de estupro: quando a vítima comunica o crime assim que aconteceu, se
faz o exame de corpo de delito direto, irão coletar semen, olhar hematomas, procurar
DNA do criminoso na vítima. Porém, se o crime ocorreu a muito tempo, a única forma
de acusar o criminoso é pelo testemunho, o exame de corpo de delito Indireto.

ENTRADA NO LOCAL DO CRIME: o primeiro oficial a chegar ao local, deve


averiguar se de fato existe a ocorrência que lhe foi comunicada. Para tanto, deve o policial
penetrar no local do crime e dirigir-se até o corpo de delito. A entrada ao local
imediato/mediato ao corpo de delito deve ser feita pelo ponto acessível mais próximo a
este, de tal forma que a trajetória até o mesmo seja uma reta. Constatado o delito, o policial
deverá retornar para a periferia do local do crime, percorrendo a mesma trajetória que o
levou até o corpo de delito no sentido inverso.
Existem algumas exceções, como: prestar socorro a vítima; para conhecimento do fato
(forçamento de janelas e portas); para evitar mal maior (ocorrência de trânsito – Lei
5970/73); o trabalho dos bombeiros no salvamento e na extinção do fogo (prioridades
inadiáveis nos casos de incêndio).
Papel do primeiro policial: após constatar a existencia da ocorrencia, o policial deve
comunicar à autoridade competente para o devido encaminhamento, sua função,
entretando, não termina aí. Ele deverá tomar as primeiras providências para o isolamento
do local do crime com a finalidade de preservar os vestígios lá existentes.
Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I- dirigir-se ao local, providenciando para que não se alteram o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais; II- apreender os objetos que tiverem relação
com o fato, após liberados pelos peritos criminais.
Antes de iniciar as análises o perito criminal deve realizar:
Levantamento fotográfico: Iniciado assim que o perito chega ao local, o mais rápido
possível. Tirar fotos globais da cena logo ao chegar é recomendação baseada em
fundamentos que podem esclarecer qual o estado da cena quando da chegada da perícia.
A etapa fotográfica permeia todo o trabalho de análise da cena. Não é uma etapa estanque.
Inicia-se com a chegada e continua até a liberação do local. É uma importante forma de
registro.
Croqui: Consiste em realizar um desenho da cena de crime e registrar a posição dos
vestígios no local de crime, de modo a contextualizá-los para futuras referências.

O procedimento padrão pode ser assim resumindo:


Primeiro policial: Verificar a existência da ocorrência e isolar o local do crime
Demais policiais: Isolar e preservar o local do crime;
Autoridade policial: Comparecer ao local; solicitar a perícia a ser realizada; garantir a
segurança dos peritos e sua equipe; apreender os objetos relacionados com o fato;
Peritos: Atender à solicitação da autoridade policial, realizar a perícia e consignar em
documento todas as informações relativas ao trabalho desenvolvido.

PROCEDIMENTOS NO LOCAL DO CRIME


PROCEDIMENTOS DO PERITA IN LOCO
Avaliar se o local de crime está devidamente isolado e preservado;
Observar minuciosamente o local de crime antes de entrar no espaço;
Reunir com a equipe de peritos para analisarem e definirem a melhor forma de
iniciar o processamento do local. No local de crime deve haver no mínimo dois
peritos para executar o trabalho;
Escolher o método de busca de vestígios: linha, linha cruzada, espiral ou
quadrante;
Marcar (enumerar) os vestígios encontrados;
Anotar, registrar e documentar todos os vestígios encontrados por meio de:
fotografia, descrição narrativa (escrita, áudio ou vídeo) e croqui da cena;
Coletar os vestígios de acordo com as técnicas adequadas para preservar as
características de cada item, seja ele biológico, físico ou químico;
Após a coleta, reunir com a equipe para checar se o trabalho realizado até então
foi suficiente;
Encaminhar o material coletado para análise pericial em laboratório de
criminalística;
Cumprir a cadeia de custódia;
Liberar o local.
Cadeia de custódia: conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crime,
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
Quando existe uma discordância entre os dois peritos, deve haver o parecer de um terceiro
perito.

Impedimento e suspeição do perito:


Se for amigo íntimo ou inimigo capital de uma das partes;
Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente estiver respondendo a processo
por fato análogo, ou se eles (parentes até 3° grau) respondem a processo que tenha
que ser julgado por qualquer uma das partes;
Se tiver aconselhado qualquer uma das partes;
Se for credor, devedor ou tutor de qualquer uma das partes;
Se for sócio, acionista, ou administrados de sociedade interessada no processo.

HEMATOLOGIA FORENSE
As manchas de sangue: geralmente, são vermelhas e úmidas, passando de vermelho-
castanho a castanho-escuro. Manchas secas apresentam um aspecto fendilhado, com
escamas brilhantes e aspecto esverdeado. A idade da mancha depende de dois fatores,
quais sejam a cor e o grau de solubilidade. Quanto mais recente, maior a solubilidade.
Para se ter certeza se uma mancha presente na cena de crime é realmente sangue, ocorre
3 etapas para a identificação:
Teste de orientação – descobre se determinada mancha é de fato sangue. Podendo ser de
4 tipos:
Teste de Adler: a reação é feita com base em água oxigenada e benzidina. Se for sangue,
a mancha ficará azul.
Teste de Amado Ferreira: é feito com benzidina e ácido acético. Se for sangue, a mancha
ficará azul intenso.
Teste de Kastle-Meyer: é feito com fenolftaleína. Se for sangue, a mancha ficará
rosa/vermelha.
Teste de Van-Deen: é feito com água oxigenada e guaiaco. Se for positiva, pode ser
sangue e ficará azul-claro.
Se algum desses testes for negativo, com certeza aquela mancha não é sangue!!
Teste de certeza – confirma a presença de componentes do sangue (em especial a
hemoglobina) em determinada mancha. Também pode ser de 4 tipos:
Espectroscopia: coloca-se uma amostra da mancha no aparelho de espectroscopia. Para
positivo, o padrão da hemoglobina deve ser: 540 nm (520 – 550 nm).
Cristais de Teichmann: cristais de cloridrato de hemina que se formam quando se trata a
hemoglobina com ácido acético. Sangue = cristais marrons.
Cristais de Hemocromogênio: teste de sensibilidade e especificidade do método de
Takayama confirma a presença de sangue, cristais formados derivados do grupo heme.
Luminol: reação com peróxido de hidrogênio em água necessita de catalisador redox. No
caso do teste para a presença de sangue, este catalisador é o íon de elemento ferro que
está presente nos grupos “heme” da hemoglobina. Ocorre a fluorescência.
A eficácia desse teste é tão grande que é possível a detectação de sangue mesmo que já
tenham se passado seis anos da ocorrência do crime. A reação química produzida não
afeta a cadeia de DNA, permitindo o reconhecimento dos criminosos ou vítimas.
Identificação de sangue humano – como o nome já diz, é para confirmar se aquele
sangue encontrado é de humano ou não. Esse pode ser feito por 2 testes:
Teste de Uhlenhuth: também conhecida como prova de precipitina antígeno-anticorpo
para espécies. É uma prova que pode determinar se uma mostra de sangue é de humano
ou animal. Primeiro teste desenvolvido para ajudar os cientistas forenses a detectar a
existência de uma substância sanguínea estranha.
Teste de Coombs: detecta os anticorpos que estão no soro. Estes anticorpos podem atacar
os eritrócitos, mas não estão ligados a eles. Também é realizado para revelar a presença
de anticorpos no sangue de um receptor ou doador antes de uma transfusão
TIPOS DE MANCHAS DE SANGUE
A forma da mancha: é de extrema importância, pois a partir da forma é possível
determinar a altura, o ângulo e violência que o atingiu. Definir data e hora do crime, tipo
e velocidade da arma, movimentos e posições dos envolvidos, se o criminoso era destro
ou canhoto, tipo das lesões causadas e se a morte ocorreu imediatamente ou não
A força da gravidade e resistência do ar: quanto maior é a altura da queda, maior é a gota
de sangue e com mais salpico. Dá para saber a altura identificando o tamanho da gota.
Transferência: transferiu a mancha de uma para outra superfície. Exemplo: da faca para
o papel.
Lançamento: determinar os movimentos que ocorreram com a arma do crime.
Posição do agressor: as vezes as gotas entregam a posição do agressor. Exemplo: espaço
de um sapato no meio do sangue.
Rastro: comum com armas de fogo, quando uma pessoa é baleada, na entrada da bala no
corpo o sangre vai contra o orifício de entrada e quando a bala atravessa o corpo o sague
vai a favor do orifício de saída.

ORIGEM DA MANCHA: pode ser proveniente de diversas localizações: Epistaxe


(mucosa nasal), menstruação, corrimento vaginal, cavidade bucal, árvore respiratória,
vias digestivas, etc.. O ideal é que o perito consiga identificar o local proveniente da
mancha, assim achando diretrizes para a resolução do caso criminal.
Para essa identificação, os peritos podem olhar no microscópio os tipos de células ali
presente (mucosa vaginal ou bocal, epitelial), mas eles também contam com diversos
testes que apresentam essa função.

ESTUDO DIRIGIDO
Por que é importante realizar o isolamento da área do crime?
O que é o exame de corpo e delito? Por quem é realizado?
Diferencie exame de corpo de delito direto e indireto?
Quando é realizado o impedimento ou suspeição do perito?
Sobre os testes de orientação, discorra sobre a reação e resultados dos testes: Adler e
Kastle Meyer.
Apresente alguns motivos pelos quais o luminol é considerado o reagente de maior
eficácia para a identificação de manchas de sangue.
Áreas de muito sangue, porém coma ausência do mesmo em determinado local é
importante para a perícia. Justifique.
Explique sobre a formação das gotas e qual a relação com a ação da gravidade, apontando
suas características de maior para menor altura.

CURSO DE PERÍCIA CRIMINAL – 26/05 – AULA 3


TRAUMATOLOGIA E TANATOLOGIA FORENSE

Lesão corporal: possui seu próprio artigo no código penal (Art. 129) com a seguinte
sentença: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem...”. Ou seja, é
qualquer simples alteração causada à integridade corporal, seja de maneira culposa ou
dolosa, na estrutura anatômica ou histológica de uma pessoa. Ausência de animus necandi
(sem a intenção de matar).
Forma dolosa: animus laedendi.
Forma culposa: negligência, imperícia e imprudência.

TIPOS DE LESÃO CORPORAL


Lesão Corporal Leve: aquela que ofende a integridade corporal ou a saúde, nada mais.
Lesão Corporal Grave: aquela que além de ofender a integridade corporal ou a saúde,
incapacita para as atividades habituais por mais de 30 dias ou debilita seus membros,
sentidos ou funções, acelera o parto ou traz perigo de vida.
Lesão Corporal Gravíssima: aquela que além de ofender a integridade corporal ou a
saúde, incapacita permanentemente para o trabalho, causa enfermidade incurável, perda
ou inutilização de membro, sentido ou função, deformidade permanente, provoca aborto.
Lesão Corporal seguida de Morte: aquela que além de ofender a integridade corporal ou
a saúde, resulta em morte, sem querer este resultado, nem assumir o risco de produzi-lo.
Qualificadora (agravante): lesão corporal produzida por meio de veneno, fogo, explosivo,
asfixia ou tortura por meio insidioso ou cruel.
VIAS DE FATO X LESÃO CORPORAL LEVE
Vias de Fato: é a contravenção penal, as penas mais brandas, prisão simples de 15 dias a
3 meses. Exemplo: atos agressivos que não impliquem em lesão corporal, como um
empurrão.
Lesão Corporal Leve: é o crime, com pena de detenção de 3 meses a 1 ano, considerado
crime de baixo potencial agressivo. Exemplo: agressões que resultam em lesões físicas.

TRAUMATOLOGIA FORENSE
Traumatologia forense: é uma ciencia da pericia criminal especifica para o estudo dos
efeitos na pessoa das agressões físicas e morais, e a determinação de seus agentes
causadores. Também estuda os aspectos médico-jurídicos das lesões causadas pelos
agentes lesivos. O trauma é o resultado da ação vulnerante que produz energia capaz de
produxir a lesão.

AGENTES LESIVOS:
Agente lesivo mecânico simples: agem por contato e diretamente sobre a superfície,
atuando por: somente pressão; pressão e deslizamento; choque acompanhado ou não de
deslizamento. São três tipos de lesão simples, são elas:
Punctória: ocorre pela pressão em um ponto e ocasionado por instrumentos perfurantes,
como: prego, alfinete, agulha, furador de gelo, estilete, punhal...
Incisa: ocorre através de um deslizante maior que a pressão e ocasionado por intrumentos
cortante, como: navalha, bisturi, lâminas, cacos de vidro, folha de papel, linha de cerol...
Em insidas também encontramos as denominadas feridas especiais, que são:
esgorjamento, delogamento, evisceração e decapitação.
Contusa: ocorre por choque (pode ou não haver deslizamento) e ocasinado por
instrumentos contundentes, como: martelo, marreta, caibro, cassetete, bastão, chão, pé,
mão, fraturas (quando ocorre o rompimento ou trincamento de um osso)...
O choque pode ser ativo (quanto o instrumento é projetado contra a vítima) e passiva
(quando a vítima vai ao encontro do objeto). Devido a elasticidade da pele, esta se
conserva íntegra e a lesão se produz em nível profundo, são várias:
Escoriação: quando o atrito do deslizamento lesa a superfície da pele;, os
arranhões;
Equimose: quando há rompimento de vasos e derrame sanguíneo infiltrando os
tecidos;
COR EVOLUÇÃO EM DIAS
Vermelho-violáceo 1-2
Azulado/Roxo 3-6
Esverdeado 7-12
Amarelado 12-20
Normal Após 20 dias
Hematomas: parecido com a equimose, porém trata-se de um rompimento de um
vaso maior, o sangramento é mais violento a ponto de descolar a pele, formando
uma verdadeira bolsa de sangue e ocorre em locais de tecidoss frouxos, mole.
Com o passar do tempo, o organismo absorve o sangue, havendo ali, as mesmas
variações de cores da equimose (quadro acima), só que o processo será mais
demorado.
Bossas (galo): quando o derrame sanguíneo não encontra condições de se difundir
e forma coleções localizadas, próximo a osso por exemplo.
Agente lesivo mecânico associado/mista: quando os associação de duas formas de
lesões mecânicas simples. Podendo ser:
Pérfuro-incisa: ocorre por meio da pressão e deslizamento, ocasionado por instrumentos
pérfuros-cortantes, como: faca, canivete, espada, punhal, estilete, peixeira...
Corto-contusa: quando o deslizante é maior do que a pressão choque, ocasionado por
instrumentos cortocontundente, como: machado, guilhotina, enxada, facão, foice,
dentes...
Pérfuro-contusa: ocorre através de um choque (pode ou não haver deslizamento), causado
por instrumentos pérfuro-contundente, como: projétil de arma de fogo, ponta de grade de
ferro... Alguns tópicos que estão dentro desse agente levivo são:
 O projétil é o mais típico agente pérfuro-contundente;
 É composto de chumbo e revestido ou não por outros materiais;
 Possuem formas variáveis: cilíndricas ou ogivas;
 As munições podem ter carga simples/única (revólver) ou múltiplas
(cartucheiras).

BALÍSTICA FORENSE: estuda o percurso do projétil da “boca de fogo” até o alvo,


sendo uma ciência voltada para os agentes lesivos pérfuro-contundentes. Na análise do
disparo da arma de forgo (DAF) alguns critérios de estudo da lesão causada por DAF são
consideradas, como:

 A distância de disparo do alvo;


 Pelas características de seus orifícios, tanto os orifícios de entrada quanto os
orifícios de saída.
 Pela sua trajetória (ou trajetos).
Dentro da traumatologia são analisadas as lesões causadas por arma de fogo que são
conhecidas pela perfuração e/ou ruptura dos tecidos e os ferimentos são bem
característicos, apresentando:

 Bordas irregulares;
 Predomínio da profundidade;
 Caráter prenetrante ou transfixante;
 Zona de esfumaçamento.
Lácero-contusa: junção do choque, esmagamento e arrancamento tecidual, causado por
instrumentos lácero-contundente, como: acidentes com trem ou automóvel.
Os agentes lesivos físicos, químicos e bioquímicos, são conhecidos também
como agentes lesivos por meios:

Agente lesivo meio físico: são lesões produzidas po uma modalidade de ação capaz de
modificar o estado físico dos corpos e de cujo resultado podem surgir ofensa corporal,
dano à saúde ou morte. Causado, por exemplo, por energia térmica (frio, calor),
eletricidade (cósmica, artificial), pressão atmosférica, som, luz (radioatividade).
Temperatura por Calor: quando causado pelo calor ainda pode ser dividida em difusa ou
local, onde:
 ação difusa encontra-se a insolação, ocorre o excesso de calor em locais abertos,
como queimadura de sol na praia; e a intermação, ocorre o excesso de calor em
locais fechados, isto é: mal-arrejados, confinamentos;
 ação local encontra-se as queimaduras, que estão entre as principais causas de
morbimortalidade em nossa sociedade, e apresentam diferentes graus:
1º GRAU – Eritema: onde a derme é afetada, apresenta: vermelhidão, edema e dor.
Não evidenciados no cadáver;
2º GRAU- Flictena: ocorre bolhas, com a presença de líquidos ricos em albuminas na
coloração amrelo-claro;
3º GRAU – Escarificação: formam manchas de cor castanha, ou ciinza-amarelada,
indicativas da morte da derme;
4º GRAU – Carbonização: quando ocorre a carbonização do plano ósseo.
Temperatura por Frio: pode ser ocasionado pelo ambiente ou por um contato direto, onde:
 Na lesão ambiental encontra-se a hipotermia, ocorre quando a temperatura
corporal fica abaixo de 35°C, a vasoconstrição periférica e a palidez;
 Na lesão por contato direto encontra-se a geladura, ocorre lesões de pele e planos
profundos em áreas expostas ao frio, deralmente em extremidades (queimaduras
por gelo de escaladores, ou nitrogênio líquido).
Pressão atmosférica: lesões ocasionadas pelo aumento da pressão atmosférica como o
hiperbarismo-barotrauma, normalmente ocorrem em mergulhadores, escanfandristas. É
uma lesão conhecida como MAL DOS CAIXÕES.
Essas lesões podem ocorrer durante a compressão causando perfuração timpânica,
hemorragias ou durante a descompressão causando a embolia.
Eletricidade: ainda é dividido em natural ou artificial, onde:

 Na eletricidade natural ocasinada por raios, nesse tipo encontra-se a fulminação,


quando age letalmente sobre o homem; fulguração, quando apenas provoca lesões
corporais; e ainda ocorre as lesões com aspectos arboriforme, como o sinal de
Lichtemberg.
 Na eletricidade artificial ocorre a marca elétrica de Jellineck, bordas altas, leito
deprimido, branco-amarelado.
Agente lesivo meio químico: é a lesão promovida por substâncias químicas que em
contato com o organismo possuem ação desidratante, oxidante, fluidificante e coagulante.
Pode ocorrer por uma ação externa ou interna:

 A ação externa ocorre por substâncias cáusticas, que são mais frequentes nos
estados: sólido (nitrato de prata), líquiso (ácido) e gasoso (cloro, amoníaco e
vapores nitrosos); e também pela vitriolagem, lesão que é perpetrado mediante
arremeso de ácido sulfúrico contra a vítima, com o objetivo de lhe causar lesões
corporais deformantes da pele.
 A ação interna ocorre por envenenamento ou intoxicação.
Agente lesivo meio bioquímico: causado, por exemplo, por inanição (falta de
alimentação). Nesse caso, a inanição pode ocorrer po:

 Intoxicações alimentares ocasionadas por salmonelas ou botulismo.


 Infecções que podem ser acidentais, culposas (negligência oi imperícia), dolosas
(intencionais – Ex.: ISTs)
Agente lesivo meio físico-químico (Misto): causado, por exemplo, pela asfixia.

TANATOLOGIA FORENSE
Tanatologia: é o ramo da perícia criminal que estuda a morte e os fenômenos a ela
relacionados, isto é, estuda desde o momento antecipando a morte (dia 0 dia em que a
pessoa morreu) conhecido como fresco, inchado (dia 1), decomposição ativa (dia 3),
putrefação (dia 7) e a esqueletização (dia 15).
Na tanatologia é realizado o exame de autópsia/necrópsia, passando por um exame
externo e interno de um corpo cadavérico cuja finalidade é:

 Identificar o corpo;
 Determinar a causa da morte – Causa Mortis;
 Determinar a causa jurídica da morte – a diagnóstico diferencial médico-legal
(acidente, suicídio, homicídio ou morte de causa natural).
OS FENÔMENOS CADAVÉRICOS SÃO DIVIDIDOS EM:
Abiótico: que são divididos em imediatos ou consecutivos:
Imediato: antecedem a morte, são aqueles que estão presentes o processo de morte e que
se seguem a ela. São eles:

 Perda de consciência;
 Insensibilidade geral e dos sentidos;
 Imobilidade e abolição total do tônus muscular, como o relaxamento muscular e
a midríase (dilatação pupilar);
 Cessação da respiração (apneia);
 Cessação da circulação, como acontece na parada cardíaca (requer exames
confirmatórios) e globo ocular (esvaziamento da artéria central da retina);
 Perda de consciência e de sensibilidade (tátil, térmica e dolorosa);
 Abertura das pálpebras e da boca.
Consecutivos: refere-se aos fenômenos corporais que ocorrem logo após a morte, como:

 Resfriamento – Algo Mortis; esse processo pode ser: mais lento, como em obesos,
quando o ambiente não tem circulação de ar, em vítimas de insolação,
envenenadas ou com doenças infecciosas agudas; e mais rápido, como ocorre em
crianças e idosos, pessoas que apresentam doenças crônicas ou grandes
hemorragias.
Para que se obtenha o resultado, ocorre o uso de um termômetro retal introduzido
10cm (1,5*/h).
 Rigidez muscular – Rigor Mortis;
Os espasmos cadavéricos são uma forma rara de enrijecimento muscular que ocorre
no momento da morte.

 Livores hipostáticos;
 Manchas hipóstase Cutânea - Livor Mortis; quando ocorre a parada da circulação
(acúmulo do sangue em partes baixas); manchas que normalmente apresentam
uma coloração violácea, porém quando ocorre a asfixia por “CO” (fumaça de
carro) se torna vermelho/róseo e quando ocorre envenenamento a mancha assume
um tom marrom-escuro; cronologia (2-3h após a morte) fixação (8-12h, identifica
posição do cadáver).
 Desidratação;
 Evaporação tegumentar (dessecamento) – ocorre a perda de peso (10 a 18g/kg por
dia), apergaminhamento cutâneo, turvação da córnea transparente, perda da tensão
do globo ocular, mancha azul da esclerótica.
Transformativos: que posem ser destrutivos ou conservadores:
Destrutivos: decomposição natural, é um processo que ocorre em 2 fases: a autólise e em
seguida a putrefação:

 Autólise: destruição enzimática das células seguida de acidificação e


decomposição;
 Putrefação: ação de micróbios aeróbios, anaeróbios e facultativo iniciando pelo
intestino. Pode ocorrer em 4 fases:
Fases de Coloração: tonalidade verde-enegrecida surge entre 18-24h após a morte,
durando em média 7 dias.
Gasosa: início em torno de 24h e atingem o máximo em torno de 96 horas.
Coliquativa: início no fim da 1° semana e se prolonga por tempo indefinido na
dependência do local onde o corpo se encontra.
Esqueletização: início quando os ossos vão ficando expostos 2°-4° semana de acordo
com a exposição, e atinge o máximo com exposição completa em torno de 3 anos.
Conservadores/Conservativos: mecanismos de conservação. Ocorre por falta se atuação
bacteriana, a autólise não avança no sentido da putrefação, e os tecidos ficam conservados
devidos a processos físicos ou químicos, como a mumificação, maceração e
saponificação. Existem outros métodos artificiais de conservação como o congelamento,
calcificação, embalsamento entre outros.
 Embalsamento: método de preservação de corpos, é feita retirando sangue e outros
fluídos e injetando uma solução de água e formaldeído para interromper o
processo de decomposição. Técnicas de embalsamento são conhecidas há mais de
4 mil anos.
 Mumificação: o corpo passa por uma desidratação intensa.
 Saponificação: o corpo transforma-se em uma massa mole ou quebradiça, de
coloração amarelada. Trata-se de um fenômeno de esterificação ou transformação
a gordura e cera. Depende de condições especiais do corpo, umidade, e algumas
enzimas microbianas que facilitam a reação química.

ESTUDO DIRIGIDO
S.F.A., 40 anos, foi vítima de lesão corporal. No exame de lesão corporal foram
identificadas as seguintes lesões:
1ª – Escoriação na mão direita
2ª – Equimose esverdeada no braço direito
3ª – Lesão perfuro-contusa apresentando zona de esfumaçamento no antebraço
esquerdo
O primeiro tiro foi no ombro, S.F.A. caiu em cima do ferimento, fazendo pressão local e
agravando a hemorragia e a lesão. Devido a gravidade da lesão, a vítima ficou com
debilidade permanente do membro superior esquerdo. Diante do caso exposto:
Classificar cada uma das lesões e seus agentes lesivos.
Apontar se a equimose é recente ou não, justificando.
Houve concausa nesse caso? Se sim, de qual tipo?
Aponte qual seria o tipo de lesão corporal (leve, grave ou gravíssima).

CURSO DE PERÍCIA CRIMINAL – 27/05 – AULA 4


ENTOMOLOGIA, ANTROPOLOGIA E GENÉTICA FORENSE

ENTOMOLOGIA FORENSE
Entomologia forense: é a ciência que trata da aplicação do estudo do comportamento de
insetos e outros artrópodes associados a um cadáver humano. Através da entomologia é
possível determinar: a data da morte (tempo entre a morte e a data em que o cadáver foi
encontrado, o denominado intervalo pós morte (IPM)), se o corpo foi movido para um
segundo local e se também foi manipulado, e possivelmente deduzir as circunstâncias que
cercaram o fato antes ou depois do ocorrido.
OS INSETOS: a capacidade de sentir odores que os humanos não sentem, faz com que
esses animais são os primeiros a chegarem no local de um crime ou no local onde tenha
um organismo morto, mesmo que a decomposição seja feita principalmente por
microrganismos como as bactérias.
Os odores exalados pelo cadáver vão sendo modificados no decorrer da decomposição, é
essa a mudança responsável por tornar o cadáver mais ou menos atrativos para as
diferentes espécies. A presença dos insetos necrófagos pode dar pistas importantes sobre
o ocorrido no local da morte, como a cronologia.
A entomofauna encontrada num cadáver, se analisada pode dar algumas
importantes informações como:
Identidade do cadáver: pode ser feita com a obtenção do sangue e dos tecidos do cadáver
no interior dos insetos e posterior análises de DNA para identificação.
Causa da morte: como a velocidade da decomposição é influenciado por alguns fatores
como o local em que a pessoa morreu, pode-se descobrir se ela foi morta por afogamento,
carbonização, envenenamento, entre outras coisas.
Movimentação do corpo: como a diversidade de insetos necrófagos é grande até mesmo
dentro de uma região, pode-se deduzir se o corpo foi movimentado. Isso é possível a partir
da coleta e identificação dos insetos adultos, comparando-os com os que ainda estão
imaturos.
Uso de toxinas ou drogas: As toxinas ou drogas que estiverem presentes no corpo em
decomposição causam mudanças no desenvolvimento dos estágios da vida dos insetos
que se alimentam da matéria orgânica. Essas substâncias também podem ser identificados
no organismo do inseto.
A decomposição ocasionada pelos insetos é uma importante ferramenta para
investigações criminais. Estes insetos são atraídos pelo cadaver logo após a morte e desde
então começam o processo de decomposição, desntre estes primeiros insetos encontram-
se as moscas varejeiras, que são atraídas pelos odores exalados de um corpo em
decomposição, sendo então um dos insetos de maior importância nos estudos de
entomologia forense. Assim como a mosca da carne (e suas larvas). No decorrer do
processo, insetos sucedem-se uns aos outros cada um com preferência por determinada
condição do corpo.
Cadamosca deposita cerca de 250 ovos que eclodem dentro de 24 horas.

TIPOS DE INSETOS
Necrófagos: são determinados insetos imaturos e/ou adultos na sua grande maioria
moscas e besouros que se alimentam de tecidos em decomposição.
Onívoros: insetos com uma dieta alimentar ampla, tanto dos corpos quanto da faunna
associada.
Parasitas e Predadores: os parasitas neste contexto utilizam a entomofauna cadavérica a
qual retira os meios para seu próprio desenvolvimento e os predadores são os individuos
que se alimentam das formas adultas ou imaturas dos insetos cadavéricos.
Acidentais: são insetos que se encontram ao acaso no cadaver. Explicado muitas vezes
pela frequencia como ocorrem naturalmente em determinadas áreas ecológicas.

FAUNA Inicial Putrefação Putrefação Negra Fermentação Butírica Seca


Larvas de moscas - Clliphoridae
Staphylinidae - besouro
Histeridae - besouro
Gamasidae - ácaros imaturos
Ptomaphila - Silphidae
Trichopterygidae - Ptillidae
Larvas de moscas - Piophilidae
Vespas parasitas
Larvas de Staphylinidae
Larvas de Trichopterydidae
Larvas de Histeridae
Dermestidae - besouro
Tyroglyphidae - Acaridae

Larvas de Tineidae - Lepdópteros


Larvas de Dermestidae

A identificação de espécie auxilia a perícia não apenas na determinação da hora da morte,


mas também em outras investigações, exemplos:
Maus tratos: investigação de um caso de negligência e maus tratos a uma criança, com
base no desenvolvimento das larvas do dípteros encontradas nas fraldas para verificação
do período em que foi privada de cuidados de higiene.
Entorpecentes: casos que envolvem o consumo de drogas lícitas ou ilícitas por parte da
vítima podem indicar a causa da morte, overdose de cocaína certamente será encontrada
a substância nos organismos dos artrópodes tomados para análise.
Local do crime: conhecendo a fauna dos insetos, pode-se determinar o local onde
ocorreu a morte. Ex.: algumas espécies de moscas são encontradas em centros urbanos e,
a associação das espécies em corpos encontrados nas áreas rurais sugere que a execução
do crime não tenha ocorrido no local onde o corpo foi achado.

ANTROPOLOGIA FORENSE
Antropologia: é a ciência que estuda o ser humano a sua origem e evolução não somente
em seu aspecto físico, mas também no social e cultural. Pode ser: Antropologia cultural,
Arqueologia e Antropologia física.

A Antropologia forense é a parte da antropologia geral que interessa a medicina


legal, especificamente em duas modalidades: a identificação policial ou judiciária e a
identificação médico legal.
Quando uma ossada entra no IML ela passa por um processo de limpeza, sendo colocada,
em seguida, numa estufa para secar, só então os ossos são remontados para o início do
trabalho de pesquisa. É feita a análise da arcaria dentaria, além da avaliação de todo o
corpo da vítima. Na antropologia detecta-se características da vítima, tais como: sexo,
idade, altura, cor da pele...
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Antropométrica: consiste na medição dos ossos, tamanhos, raça, idade do indivíduo.
Identificação por ossadas.
Empírica: se resume a simplesmente descrever as características mais evidentes de uma
pessoa. Ex: homem, mulher, obeso, magro, alto, baixo...
Fotográfica: quando do seu surgimento no séc. XIX, achou-se promissor todavia logo se
percebeu seu pouco valor. Documentos.
Datiloscopia: o de maior credibilidade dentre os métodos usuais, consiste no estudo de
impressões digitais dos indivíduos. Vantagens: unicidade (ser único), Imutabilidade (não
mudar), praticidade (qualidade de ser prático, fácil), classificabilidade (ser possível
classificar), perenidade (desde a vida embrionária à putrefação)
Genética: testes genéticos, teste de DNA. Este tipo de identificação é a mais recente
dentre os métodos aqui citados.
Tatuagens, Sinais Individuais e Mutilações: exemplos: flor de lis na fronte dos ladrões na
França, estrela de David nos judeus pelos nazistas, marcas a ferro quente em escravos
fujões.

Identificação da espécie: Humana ou Animal?


Quando encontra um esqueleto completo, não existem maiores dificuldades para a
determinação da espécie, o problema ocorre quando encontramos apenas fragmentos
ósseos ou sangue.
Distinção entre os ossos de animais e ossos humanos pelo estudo dos Canais de Havers:
largos e com um diâmetro de cerca de 30 a 150 por mm no homem e estreitos e em número
de 20 a 25 por mm nos animais.
Exame de craniometria: faz a medição craniométrica tradicional, onde ocorre a análise
dos eixos e ângulos do crânio. Quando analisado o índice cefálico horizontal, pode-se
descobrir a etnia do indivíduo.
A partir de todos esses dados e análises obtidas é possível a reconstituição da imagem
através dos pontos craniométricos, ou seja, ocorre uma sobreposição de imagem em
modelo 3d, resultado no mais próximo possível do rosto verdadeiro da vítima.
Ossos longos: ossos como a tíbio, fíbula, fêmur, ulna, rádio e falanges, são usados para
definir a estatura daquele indivíduo.
Arcaria dentária: os dentes e as mandíbulas são essenciais para determinar a idade do
indivíduo, também é possível realizar um teste de DNA para a identificação do indivíduo.

Identificação do sexo...
No vivo ou no morto recente é uma determinação fácil. Porém algumas características
com um estado avançado de putrefação, esqueleto, pessoas intersexuais/pseudo-
hermafrodita a determinação é mais difícil.
Cadáver deteriorado ou em fase de putrefação avançada: deve-se “abrir a cavidade
abdominal a procura de útero e ovários ou de próstata”.
No esqueleto: “a separação sexual faz-se pela discriminação dos ossos (crânio, tórax e
pelve)”.

GENÉTICA FORENSE
Genética forense: também conhecido como DNA forense é a área do conhecimento que
trata da utilização dos conhecimentos e das técnicas de genética e de biologia molecular
no auxílio da justiça.
O 1º caso de identificação criminal ocorreu em 1985 em um pequeno condado na
Inglaterra. O geneticista Alec Jeffreys comparou as amostras as vítimas com a do
suspeito, comprovando de quem foi a autoria do crime. Atualmente, a identificação
humana através do DNA forense é aceita em processos judiciais em todo o mundo. Sendo
o método SRT (Short Tandem Repeats) o mais usada para a comparação.
As amostras biológicas de interesse forense são: sangue, esfregaço bocal, urina, fezes,
cabelo, saliva, unha, ossos, sêmen, suor, dentes, entre outros. Pois, no interior das células
dessas amostras são encontrados os cromossomos que contém nosso DNA.
Esses testes e exames de DNA podem ser usados para:

 Teste de paternidade (caracterização de vínculo genéticos);


 Desastres em massa (identificação de fragmentos humanos);
 Investigação histórica;
 Identificação de pessoas desaparecidas;
 Banco de DNA de criminosos;
 Comparação de perfis genéticos de suspeitos;
 Banco de evidências biológicas.
O DNA como evidência vai depender, e muito, do estado em que se encontra a evidência.
Pois dependendo do estado físico e/ou químico da evidência, as análises de DNA se
limitam. Essencialmente no exame de DNA analisam-se o DNA mitocondrial ou o DNA
nuclear.
Etapas para a Análise Forense:
 Coleta da amostra;
 Isolamento do DNA;
 Corte do DNA;
 Separação dos fragmentos;
 Transferência do DNA;
 Hibridização de Sondas;
 Perfil do DNA.
A análise forense é realizada pelo método STR, que estuda regiões repetitivas do DNA
chamadas de minissatélites (VNTRs) e microssatélites (STRs). O estudo desses
marcadores é feito utilizando a técnica de reação da polimerase (PCR). Existem algumas
variações entre os indivíduos, STRs varia de 1 a 4 bases e VNTRs varia de 10 a 100 bases.

BANCO DE DADOS CRIMINAIS


Utilizado pelos FBI em todo o país nos Estados Unidos da América, foi denominado
como CODIS (combined DNA index system).
O governo brasileiro, em maio de 2010, estabeleceu um acordo com o Federal Bureau of
Investigation (FBI) para a utilização do software Codis, já usado em mais de 30 países.
Com isso, o banco brasileiro, a princípio, teria os mesmos padrões do banco norte-
americano.
Em março de 2013, publicou-se o decreto de nº 7.950 para regulamentar a Lei nº
12.654/2012 e institui o banco nacional de perfis genéticos e a rede integrada de bancos
de perfis genéticos. A partir dele fica estabelecido que a unidade de perícia oficial do
ministério da justiça é o âmbito de gestão do banco.

ESTUDO DIRIGIDO
Diferencie a bacia e o crânio feminino e masculino. (imagens)

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