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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 3

2 LABORATÓRIO DE PESQUISA EM LINGUAGEM ............................. 4

3 FUNDAMENTOS DO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO ................ 15

4 ASPECTOS BIOPSÍQUICOS DA LINGUAGEM ................................ 31

5 BIBLIOGRAFIA .................................................................................. 43

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1 INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor
e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema
tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem
e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em
perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que
serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 LABORATÓRIO DE PESQUISA EM LINGUAGEM

A linguagem humana é extremamente complexa e abstrata. Estudos nas


mais diversas línguas apontam para esse fato e nos fazem questionar como as
crianças são capazes de, aos 3 anos de idade, entenderem e produzirem um grande
número de sentenças da língua que estão adquirindo.

Fonte:avalanchedenoticias.com.br

Aos 5 anos, quase toda a estrutura de uma língua é absorvida. Essa façanha
é realizada por todas as crianças típicas em crescimento ao redor do mundo, sem
esforço e sem orientação explícita. Em uma idade semelhante, quando as crianças
fazem frases complexas, muitas vezes nem sabem amarrar os cadarços ou andar
de bicicleta.
No Laboratório de Estudos em Aquisição de Linguagem, são conduzidas
pesquisas sobre diferentes fenômenos linguísticos, procurando por padrões e
comportamentos que tragam mais indícios sobre como é o amadurecimento
linguístico das crianças.
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A forma – fundamentos, é visto como um resultado da escolha humana, a
partir de um conjunto de relações e ordenações físicas disponíveis para a definição
de tudo o que é constituído de matéria, a forma é o foco de estudo desta pesquisa.
O “universo da arte”, com suas bases de linguagem, pode ser considerado a
origem das áreas que têm em comum a concepção da forma. Para além dos efeitos
sinestésico e estético, a forma é aquela que carrega fatos, sensações, experiências,
trocas, enfim, toda uma bagagem pessoal e cultural que infere direta e
profundamente na sua concepção.

Fonte: Fonte: ufmg.br

Para evitar rotulagem simplista e discriminatória, Dockrell e McShane (1997


apud PACHECO; 2020) defenderam a visão de que a avaliação deve ser
processual, diagnóstica e indicativa. Pelo menos dois dos três componentes do
processo (tópico, tarefa e contexto) devem ser levados em consideração. De
acordo com esse entendimento, o problema é formado como resultado da interação
dinâmica desses fatores.

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Como recurso de linguagem não verbal, a concepção da forma é um meio de
comunicação, expressão e representação que supre a necessidade do homem de
dar sentido às coisas.
O universo “forma” é uma das primeiras tentativas de se organizar o conjunto
de assuntos, que poderiam compor o significativo de universo da concepção da
forma nas artes, que levou a uma visualização espacial da estrutura da formação
de conhecimento sobre este tema. Tem-se então um eixo central regente, porém
completamente flexível.
Dependendo da maneira com a qual os componentes ao seu redor (unidos
por uma espécie de força gravitacional ao eixo) são utilizados, os resultados –
experiências, registros, estudos – serão diferentes entre si e por isso
complementares na unidade do laboratório.

Fonte: Fonte: lh3.ggpht.com

As atividades exercidas no laboratório devem dispor de três blocos básicos


de informações, representados no diagrama a seguir, cujas características são:

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➢ Formais – espaço/tempo, elementos e recursos;
➢ Contextuais – contextos e valores, técnicas e tecnologias;
➢ Processológicos – percepção, cognição e criação.

Segundo García-Sánchez (1998 apud PACHECO,2020), a história do


movimento em torno das dificuldades de aprendizagem começa principalmente nos
Estados Unidos e no Canadá. O início remoto do campo é no início do século 19.
Em 1800, o fisiologista alemão Franz Josef Gower tornou-se um dos principais
pioneiros desse movimento.
Como elementos conceituais ou expressivos e recursos de composição,
ponto, linha, plano e volume são a base da composição de qualquer forma.
Movido pela praticidade ou pela expressividade, quem concebe a forma deve
ter um conhecimento mais aprofundado e, consequentemente, o domínio da
linguagem visual com a qual cria.
O caminho para a conscientização da concepção da forma deve conjugar os
aspectos objetivos das técnicas e da tecnologia disponíveis e as dimensões
subjetivas da expressividade passada pela linguagem visual.

Fonte: ensinarhistoriajoelza.com

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Os recursos de composição são igualmente formais, expressivos e usados
ora intuitivamente, ora por meio do conhecimento técnico e perceptivo. A
classificação destes recursos considerada nesta pesquisa foi: luz, equilíbrio, ritmo,
contraste, simetria, modulação e textura.
Segundo García-Sánchez (1998 apud PACHECO;2020), alguns fatores,
como a expansão industrial do pós-guerra, que exigiu maiores níveis de leitura; a
ausência de serviços educativos especiais nas escolas financiadas pelo governo; o
desespero dos pais ante seus filhos, que, apesar de não terem nenhuma deficiência,
não aprendiam a ler, entre outros, fizeram com que os pais de crianças com
problemas de aprendizagem organizassem em Chicago, uma reunião histórica, no
dia 6 de abril de 1963.

Fonte:jornal.uso.br

A conjugação desses elementos e recursos leva à concepção da forma bi e


tridimensional, de maneira mais ou menos controlada, dependendo do grau de
consciência dos processos pelos quais o autor e o observador passam em relação
à obra ou ao objeto, mesmo os intuitivos. Seja qual for a classificação dada aos
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elementos que dão origem a qualquer forma, todos eles estão presentes - de um
modo ou de outro, ora um, ora outro - na sua concepção, com suas funções
específicas e respondendo a cada significado requerido por quem a concebe.
As bases da formação do conhecimento ocidental estão no racionalismo, que
tem como sistematização a divisão do saber humano em áreas independentes entre
si. Este caráter pragmático tem a sua justificativa na necessidade de uma
sistemática de procedimentos que a pesquisa tem também por definição,
principalmente no campo da arte. Contudo, os aspectos intuitivos e sensíveis têm
igual peso no processo da pesquisa.
Entende-se por conscientização a conjugação destes aspectos – racional,
lógico e inteligível e intuitivo e sensível - num equilíbrio caracterizado pela
interdependência entre eles para que a pesquisa seja de fato profunda e ampla.
Não podemos deixar de considerar um ponto comum entre arte, ciência e os
aspectos específicos. Na contramão da via das especializações, ou mesmo, a favor
delas, pretende-se abarcar da maneira mais ampla, profunda e por meio de
flexibilidade e abertura, as informações e experiências concernentes à concepção
da forma.

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Fonte:neurolondrina.com.br

A ideia de experimentação existe ao longo da história humana. Do primeiro


homem ao nosso tempo, tudo começa com uma ideia, uma necessidade. Depois,
há tentativa, erro e sucesso até que fatos concretos aconteçam. Dada a
participação efetiva da comunidade científica em quase todas as áreas da atividade
humana, a ciência cresceu a ponto de trazer inúmeras facilidades para o cotidiano.
Quando voltamos aos nossos ancestrais pré-históricos, descobrimos que os
humanos viviam em cavernas para fugir do frio, da chuva ou do sol forte, e comiam
carne crua enquanto caçavam. O Paleolítico, ou idade do cascalho, foi marcado
pela descoberta do fogo. O período Neolítico ou pedra polida caracterizou-se pela
produção de instrumentos musicais mais refinados. Começaram a cultivar alimentos
e a fazer roupas. Na era do metal, os vasos de pedra polida foram substituídos por
instrumentos de metal, o que tornou as armas mais eficientes.
Passando por esses períodos, percebemos que o homem fez grandes
descobertas que facilitam seu dia a dia. A necessidade de alimentação, o acesso
mais prático às presas e a adição ao cardápio diário parecem ser o “combustível”
para a busca constante por inovação.
Quando o homem abandonou a vida nas cavernas e passou a buscar novas
terras e saberes em prol da formação de outros grupos, experimentou um caminho
de transformação. Assim, a primeira regra social foi criada. No entanto, o problema
de liquidez é enorme. Para se adaptar às novas situações e atender às
necessidades do momento, ele criou a roda - uma invenção revolucionária que é
amplamente utilizada hoje. Os humanos são cada vez mais diferentes dos outros
animais (Brasil, 2009).
A descoberta do fogo não só mudou a forma como os nossos antepassados
viviam, mas também a forma como eles pensavam. Ele precisa criar, imaginar,
encontrar soluções para as tarefas cotidianas; precisa e ainda precisa de
oportunidade e tempo para se desenvolver plenamente. Assim, percebe-se que o

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que foi conquistado contribuiu para a evolução do conhecimento humano e sua
extensão até o presente, ampliando as possibilidades de conquistas futuras (Brasil,
2009).
Vivemos em um mundo globalizado e, com o avanço da tecnologia, fica fácil
conhecer e se interessar por outras culturas sem sair de casa. A expansão da
internet nos permitiu conectar com pessoas em qualquer lugar do planeta, fazer
amigos e conversar com eles em tempo real. Isso está se tornando cada vez mais
comum, e os jovens já estão imersos nessa realidade cada vez mais cedo (Brasil,
2009).

Fonte: labedu.org.br

Um dos rudimentos importantes a ser considerado, antes de ver patologismo


no indivíduo, é sugerido por Ajuriaguerra (1984). Ele se refere à variação que
houve na doutrina francesa, a partir do período da Segunda Guerra Mundial,
quando se expandiram os ideais democráticos e tornou-se um objetivo a
universalização do ensino a todas as crianças, independentes de sua naturalidade
socioeconômica. A diversidade da freguesia que passou a frequentar a escola
encontrou-a despreparada. Desde então, novos problemas pedagógicos surgiram
e estão mesmo hoje em dia afastado de serem resolvidos:

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Pouco a pouco foi ficando evidente a defasagem entre as exigências da
escola e os resultados médios das crianças; cada dia, de modo mais
evidente, se manifesta a enorme frequência dos fracassos na
aprendizagem da escrita. Isto criou uma certa confusão: tornou-se muito
difícil distinguir crianças que têm realmente dificuldade da ordem da
patologia individual. (AJURIAGUERRA, 1984, p. 10 apud
PACHECO;2020).

Na LDB, a aprendizagem de línguas estrangeiras ocupa um lugar muito


importante no currículo. Esta pesquisa torna-se parte integrante do corpo de
conhecimento necessário para formar um indivíduo.
Os PCNs, por sua vez, defendem que a aprendizagem de línguas
estrangeiras não deve ser vista como uma disciplina isolada dentro do currículo.
Lembre-se de que a comunicação não se realiza apenas por meio do conhecimento
da língua, mas de um conjunto de tradições, culturas e costumes que nos orientam
a compreender outros povos. Nessa linha de pensamento, o ensino de línguas que
visa apenas o conhecimento metalinguístico e a compreensão consciente das
regras gramaticais não faz sentido. Com isso, faz todo o sentido estabelecer um
laboratório de pesquisa linguística, pois o ambiente é propício ao desenvolvimento
cultural e ao aprofundamento da linguagem.
O laboratório é um poderoso recurso de ensino. Bem usado, permite um
aprendizado personalizado como se tivesse um professor dedicado. Como todo
laboratório, o laboratório de línguas pretende ser um experimento dedicado ao
ensino de conteúdos que aproxime o país da língua estudada dos alunos, bem como
seus costumes, cultura e cotidiano.

Mesmo reconhecendo a existência de aspectos patológicos no que tange


ao indivíduo, a abordagem sociológica da educação destaca o peso das
condições mais amplas da sociedade na determinação dos problemas de
aprendizagem. Infelizmente, chega a posturas radicais, como se o social
fosse o fator determinante. Todavia tais estudos trazem importantes
contribuições sobre as características da organização social e como ela
interfere no processo de desenvolvimento e aprendizagem dos indivíduos
(PATTO, 1991; MELLO, 1982; LANE, 1983 apud PACHECO; 2020).

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Para proporcionar essa interatividade, o laboratório teve que incluir uma
cabine com fontes de áudio e vídeo e um computador conectado a uma mesa de
comando, o computador central armazenando informações e permitindo fácil
acesso ao material arquivado.
As mesas devem ter equipamentos de amplificação, identificação e
distribuição de informações de áudio, leitores de vídeo a laser, CD-ROMs, DVDs e
até VHS. Monitores de TV são distribuídos pela sala para facilitar a transmissão
dessas imagens. Continuamos enfatizando que a criatividade é extremamente
valiosa ao encontrar ou adaptar novos recursos instrucionais e que um laboratório
de informática pode atender às necessidades de um laboratório de idiomas. Dessa
forma, podemos aliar a diversidade cultural aos recursos de tecnologia da
informação (Brasil, 2007).

Fonte:institutoneurosaber.com.br

Laboratório é um meio de interação e de desenvolver diversas e imensas


pesquisas voltado busca pelo bem-estar da população. Mas, mesmo que tal
constitua um só ponto num horizonte longínquo, o contato com estes dados e algum

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investimento interdisciplinar e multidisciplinar poderá progressivamente criar, pelo
menos para alguns investigadores em Linguística e em Psicolinguística, as bases
de uma ponte entre o estudo da linguagem humana e o estudo do processamento
humano da linguagem.
Os linguistas têm tido dificuldade em fazer passar as suas mensagens aos
políticos, que, sustentando, embora, a importância da entrada de novas tecnologias
de informação nas escolas, não ousam sequer questionar-se acerca de como a
informação oral e escrita é processada, acostumados que estão a considerar a
língua mais como património cultural do que como um objeto biologicamente
programado, e para quem a gramática se resume ao conjunto de regras normativas
que, mesmo descontextualizadas e incorporadas a custo, deverão deixar o falante
escolarizado a “falar tão bem como se escrevesse”.

Fonte: image.slidesharecdn.com

Penso que, nesta situação, cabe aos linguistas e aos psicolinguistas dar um
passo decisivo na articulação entre linguagem e processos cognitivos,
rentabilizando o trabalho desenvolvido na Teoria da Gramática, perspectivando-o

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de uma forma menos interdisciplinar no âmbito do conhecimento. Na relação
possível da linguagem om outros sistemas cognitivos envolvidos na atenção, na
memória e, até, na emoção, é possível desenvolver trabalho susceptível de ser
aplicado ao desenvolvimento explícito da compreensão e da produção, oral e
escrita, e da interpretação da leitura.
Na etapa atual da história deste campo de estudo (de 1975 aos nossos dias),
a importância e magnitude do problema tem crescido. O aumento nas estatísticas
de DA, nos Estados Unidos, foi observado por Biklen e Zollers (1986).

3 FUNDAMENTOS DO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO

O psicopedagogo vê o aluno com dificuldade de aprendizagem com um olhar


diferenciado e cada caso é um caso, procurara conhecer a natureza das
dificuldades, tem respeito com a criança considerando as fases do seu
desenvolvimento com a finalidade de que a criança encontre seu espaço na família,
na escola e na sociedade. O psicopedagogo investiga as dificuldades de
aprendizagem, sabe que cada caso tem um instrumento apropriado com sua
singularidade, ou seja, o psicopedagogo tem consciência que cada diagnóstico é
único.
O diagnóstico é o processo de investigação da causa da queixa, mas ela
não determina a intervenção. O psicopedagogo no processo investigatório
diagnóstico parte da queixa, mas a queixa não é o diagnostico nem causa da
dificuldade, no entanto o psicopedagogo parte da queixa, em um primeiro momento
ouve em entrevista o cliente, os pais ou responsáveis e a escola, nesse processo o
psicopedagogo em sua escuta ouve com o coração e enxerga com seus olhos e
não com os olhos do seu cliente.

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Fonte: slideplayer.com

Para não apressar uma avaliação diagnóstica, o psicopedagogo utiliza uma


ferramenta que desperta a mente do cliente, bem como uma avaliação do ensino
da escola e, se necessário, encaminha o cliente para outros profissionais de uma
determinada área.

Fonte:jaru.ro.gov.br

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O termo psicopedagogia assume atualmente um caráter especial. À primeira
vista, o termo implica o uso da psicologia na pedagogia, mas essa definição não
reflete seu verdadeiro significado. Segundo Miller (apud GARCÍA-SÁNCHEZ, 1998
apud PACHECO; 2020), esse avanço se deve à maior inteligência e adequação
social do fenômeno, à tendência de superar equívocos e aplicar técnicas de
diagnóstico e avaliação.
O Psicopedagogo Clínico diagnostica, orienta, auxilia no tratamento e
investiga problemas no processo de aprendizagem. Esclarece as barreiras para
uma boa aprendizagem. Facilita o desenvolvimento de atitudes e processos de
aprendizagem adequados. Realiza diagnóstico psicopedagógico, com particular
ênfase nas possibilidades e barreiras de aprendizagem, esclarecimento e
orientação para conselheiros, orientação para pais e professores, orientação
vocacional operacional em todos os níveis de ensino.
Segundo Reynolds (1985 apud PACHECO; 2020), antes mesmo da
promulgação do PL 94-142, a avaliação e o diagnóstico da DA eram difíceis, e a
questão central era a falta de consenso sobre o que exatamente constitui
dificuldades de aprendizagem.
A psicopedagogia no campo clínico tem como principal recurso a entrevista
operacional, dedicada a expressar e abordar progressivamente os problemas
individuais e/ou grupais do conselheiro. Os psicopedagogos também são
profissionais de alta demanda que atuam em hospitais, o que chamamos de
psicopedagogia hospitalar.
O campo de atuação do psicopedagogo refere-se não apenas ao espaço
físico em que esse trabalho acontece, mas principalmente ao espaço
epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar desse campo de atuação e a forma
de abordar seu objeto de estudo.
O trabalho clínico permanece preventivo, pois ao tratar algumas dificuldades
de aprendizagem, impede que outras apareçam. Em abordagens
psicopedagógicas, o trabalho preventivo é sempre clínico e, por sua vez, não leva

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ao fracasso do trabalho teórico. Na prevenção e na prática clínica, os profissionais
sempre procedem de acordo com o referencial teórico adotado.
Neste trabalho clínico, o psicopedagogo procura compreender não só porque
o sujeito não aprende algo, mas também o que pode aprender e como. A busca por
esse conhecimento inicia-se com o processo diagnóstico, onde o foco é a leitura da
realidade do sujeito, seguida de intervenção, seja tratamento propriamente dito ou
encaminhamento.
Os psicopedagogos usam diagnósticos psicopedagógicos para detectar
problemas de aprendizagem. Rubinstein (1992) compara o diagnóstico da
psicopedagogia a um processo investigativo em que o psicopedagogo atua como
um detetive, buscando pistas, selecionando-as e focando na investigação de todo
o processo de aprendizagem, levando em consideração todos os fatores
envolvidos.

Fonte:blog.psiqueasy.com.br

Portanto, esta é a base para o apoio do psicopedagogo para que ele possa
fazer os encaminhamentos necessários. É um processo que permite aos
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profissionais utilizar conhecimentos práticos e teóricos para investigar, formular
hipóteses ad hoc que serão ou não comprovadas ao longo do processo. Através da
intervenção e da escuta psicopedagógica, esta investigação percorre o trabalho de
diagnóstico para que o processo de atribuir sentido às observações e orientar a
intervenção possa ser decifrado. Afirma que um diagnóstico psicopedagógico é uma
intervenção em si, pois o psicopedagogo deve interagir com clientes, famílias e
escolas, e todas as partes envolvidas na dinâmica do problema.
A análise de DA apresenta diversas controvérsias, pois contempla um grupo
heterogêneo de sintomas. Em relação da diversidade de aspectos considerados no
conceito de DA, Merrell (1990, p.296 apud PACHECO; 2020) faz sua crítica:

Algumas das mais difundidas concepções de DA caracteriza essa


desordem como envolvendo problemas de processamento perceptual de
base neurológica (Cruickshank, 1984 apud PACHECO; 2020),
desempenho discrepante entre habilidade intelectual e rendimento
acadêmico (Wilson, 1985 apud PACHECO; 2020), baixo nível de
rendimento acadêmico (Algozzine, 1985; Ysseldyke, Algozzine, Shinn e
McGue, 1982 apud PACHECO; 2020) e déficits em habilidades sociais
(Bryan, Pearl, Donahue, Bryan e Pflaum, 1983 apud PACHECO; 2020).
Entretanto, consideráveis controvérsias ainda existem com relação à
definição e concepção apropriada de DA (Algozzine e Ysseldyke, 1983;
Epps, Ysseldyke e McGue, 1984 apud PACHECO; 2020).

O conhecimento e a compreensão do processo de aprendizagem serão


construídos durante e após o processo de diagnóstico. Isso permite que os
psicopedagogos tenham uma visão mais clara do que deve ser alcançado no
atendimento psicopedagógico.

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Fonte:blog.psiqueasy.com.br

Quanto aos procedimentos, entende-se que a atuação do psicopedagogo,


tanto nas clínicas quanto nas instituições, é de natureza multidisciplinar, e ainda que
a psicopedagogia se estruture dessa forma, a utilização de procedimentos
diagnósticos e interventivos vem de diversas fontes. vêm de vários campos -
embora a psicopedagogia já tenha seus próprios recursos.

A propósito dessas alterações comportamentais, problemas de


comportamento são os mais frequentemente apontados pelos professores,
quando encaminham seus alunos com suspeita de DA. Arbol e López-
Arangurem (1995, p.171 apud PACHECO; 2020) observam que: "Fracasso
escolar e condutas antissociais são os dois principais problemas da escola
atual, sobretudo, nas grandes cidades".

Entrevistas com familiares podem ser utilizadas como recurso pelo


psicopedagogo, que também pode investigar os motivos do aconselhamento,
buscar compreender a história de vida da criança, realizar análises, entrevistar
clientes, entrar em contato com a escola e outros profissionais participantes do

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aconselhamento. crianças, manter os pais informados sobre seu desenvolvimento
e intervenções em andamento e encaminhar casos para outros profissionais, se
necessário.

Fonte:br.mundopsicologos.com

Assim, um diagnóstico clínico psicopedagógico deve se concentrar em


formular hipóteses, validar o potencial de aprendizagem, envolver os alunos e seu
entorno (casa e escola) e estabelecer uma percepção de não aprender. Esses
recursos são ferramentas para intervenções diagnósticas e psicopedagógicas. Por
meio da brincadeira, o sujeito pode expressar os desejos contidos em seu
subconsciente sem um mecanismo de defesa.

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Considerando que o sujeito não dispõe de muitos recursos (como
vocabulário) para comunicar e expressar seus sentimentos e o que deseja, ele pode
utilizar jogos, desenhos e brincadeiras para expressar suas emoções. Portanto,
cabe ao psicopedagogo ouvir e analisar as informações; por fim, ouvir o tema.

Fonte:pt.slideshare.net

Ainda que os aparelhos de diagnóstico mensurem aspectos ou habilidades


solitariamente, o sujeito responde, em sua totalidade, à experiência de viver. As
trocas entre o sujeito e o meio social provocam alterações na organização cognitiva
e afetiva do sujeito por meio do processo de equilibração (PIAGET, 1976; 1981 apud
PACHECO; 2020).
Uma visão geral das ferramentas de diagnóstico com base nos pressupostos
propostos. Usando o roteiro descrito, um psicopedagogo pode fazer perguntas, mas
os pais conversam longamente, interrompendo-os caso a fala não se enquadre no
objetivo da pergunta.

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No que diz respeito à avaliação da personalidade, também podem ser
encontradas referências ao Rochasch (YAZIGI, 1972; ASSIS, 1985 apud
PACHECO; 2020) e às Fábulas de Düss (GUELII et al., 1993; RODRIGUES et al.,
1993 apud PACHECO; 2020). Isto indica que a conduta do aluno tem sido
interpretada como um sintoma de suas questões internas e estabelecido na
dinâmica familiar. Os dados obtidos, com foco na internalização dos modelos de
aprendizagem, devem ser interpretados para subsidiar a formulação de hipóteses e
o desenho da pesquisa, ou seja, ferramentas aplicadas a pesquisas temáticas ou
outras, como entrevistas com professores, etc. Profissionais que atualmente ajudam
crianças.

Fonte:enciclopedia-crianca.com

A implementação da EOCA (Entrevista Operativa Centrada na


Aprendizagem) visa investigar os padrões de aprendizagem dos sujeitos, cuja
prática se baseia na psicologia social de Pichón Rivière, nos pressupostos da
psicanálise e nos métodos clínicos da Academia de Genebra. Além disso, visa:
identificar sintomas e formular hipóteses sobre as possíveis causas das dificuldades
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de aprendizagem; sugerir possíveis prejuízos na relação do sujeito com o
conhecimento e obter dados sobre os aspectos afetivos e cognitivos do paciente
para formular hipóteses Sistema e roteiros de levantamento geral.
Para o Visca, o EOCA deve ser uma ferramenta simples, mas seus
resultados são ricos. Trata-se de pedir ao sujeito que mostre ao entrevistador o que
sabe fazer, o que lhe foi ensinado a fazer e o que aprendeu a fazer, utilizando
material colocado sobre a mesa, após o entrevistador observar:
"Este material é para você se você precisa Mostre-me o que eu digo que
quero ouvir de você". O entrevistador poderá fornecer diversos materiais como:
papel craft tamanho A4, borrachas, canetas, tesouras, réguas, livros ou revistas,
barbante, cola, lápis, plasticina, lápis de cor, giz de cera, quebra-cabeças ou o que
julgar necessário.

Fonte: slideplayer.com

Os entrevistados tendiam a se comportar de maneira diferente depois de


ouvir o slogan. Algumas pessoas imediatamente pegam o material e começam a

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desenhar ou escrever etc. Outros começam a falar, outros exigem que lhe digam o
que fazer e outros simplesmente congelam.
No período em que se está propondo avaliar e diagnosticar os alunos a partir
da sua performance na escrita, é necessário lembrar o perigo de se atribuir condutas
desviantes a patologias e a importância de se considerar outros indicadores.
Segundo Chiland (1984, p.6 apud PACHECO; 2020):

Os termos dislexia e disortografia não deveriam utilizar-se em outro sentido


senão aquele puramente descritivo, sem pressupor uma “enfermidade” de
dislexia ou um distúrbio conceitual hereditário. Recordemos que aqueles
que foram defensores de uma concepção de dislexia como distúrbio
específico hereditário, como Hallgren, reconheceram que não é “possível”
diferenciar a cegueira verbal congênita e as incapacidades de leitura não
específicas mediante a única análise dos erros na leitura (Chiland (1984,
p.6 apud PACHECO; 2020).

Neste último caso, Visca sugere que empreguemos o que ele chama de
modelo de múltipla escolha, cujo objetivo é desencadear a resposta de um sujeito.
Visca nos deu um exemplo de como devemos lidar com essa situação: "Você pode
desenhar, escrever, fazer algumas contas ou o que vier à sua mente...".
Durante a EOCA, é importante observar três aspectos: temas, dinâmicas e
produtos. O primeiro aspecto concentra-se em tudo o que o sujeito diz. Se possível,
verifique aspectos explícitos e latentes da relação do sujeito com a aprendizagem.
O segundo aspecto é analisar tudo o que o sujeito faz: gestos, poses corporais,
expressões faciais, etc. O terceiro aspecto, o produto, trata do que o sujeito faz e o
imprime no papel ou em sua estrutura.
Com esses três aspectos, teremos nosso primeiro sistema hipotético sobre o
tema. Estes devem ser verificados com mais rigor nas etapas de diagnóstico a
seguir. O Teste Psicopedagógico de Percepção Infantil tem origem no CAT, que é
utilizado por psicoterapeutas e psicanalistas para compreender diversos aspectos
da personalidade.

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O Teste Psicopedagógico de Percepção Infantil tem origem no CAT, que é
utilizado por psicoterapeutas e psicanalistas para compreender diversos aspectos
da personalidade.
Os psicopedagogos clínicos usam três pranchas contendo desenhos de
animais no contexto humano para obter uma compreensão básica de três áreas que
são úteis para identificar estilos de aprendizagem:
➢ O que significa a relação ensino/aprendizagem?
➢ Como o conhecimento é transmitido dentro da família;
➢ Como aprender convenções e normas.

Fonte: image.slidesharecdn.com

Portanto, destaca-se aqui a interferência de variáveis extrínsecas individuais,


como o nível socioeconômico, na avaliação do ensino por TMP. de acordo com Gatti
et al. (1981, p.3 apud PACHECO; 2020):

[...] pelas análises do instituído escolar face às variáveis das famílias e dos
alunos parece ser claro que a escola pública que tem recebido
contingentes cada vez maiores de alunos desfavorecidos socialmente não

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está preparada e nem parece ter a intenção de se preparar para trabalhar
com a pobreza. O que a 25 escola tem feito é equiparar-se para escolarizar
uma criança ideal, que dificilmente, ou nunca, se encontram em suas salas
de aula (Gatti et al. 1981, p.3 apud PACHECO; 2020).

Os objetivos da psicologia analítica:


➢ Aplicar os conceitos da psicologia analítica aos fenômenos culturais;
➢ Analisar, psicologicamente, os fatos históricos e eventos culturais
através da perspectiva simbólica-arquetípica;
➢ Levar o aluno a rever, aprofundar e ampliar as diretrizes teóricas
propostas por Jung que permitem compreender o processo de
desenvolvimento e transformação da consciência tanto individual
quanto coletiva/cultural;
➢ Ajudar o aluno a perceber como essas diretrizes atuam no seu próprio
processo e no processo de seu paciente;
➢ Ajudar o aluno a compreender o processo de desenvolvimento da
personalidade a partir dos padrões arquetípicos que norteiam e
dirigem esse processo;
➢ Levar o aluno a compreender como esses padrões arquetípicos se
manifestam e se concretizam na realidade externa, particular de cada
indivíduo;
➢ Ajudar o aluno a compreender a atuação dos principais arquétipos em
cada fase da vida.

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Fonte:olagoa.com.br

Fini et al. (1996 apud PACHECO; 2020) consideram conteúdos relacionados


à leitura. A análise de 30 crianças mostrou que os resultados dos testes escritos de
matemática foram afetados pelas dificuldades de leitura, sugerindo uma certa
dependência entre as ferramentas básicas de aprendizagem
(leitura/escrita/cálculo).
A aquisição e o desenvolvimento da linguagem são marcos importantes no
desenvolvimento de uma criança. O “começar a falar” é um momento muito especial
para os pais. Os atrasos de linguagem não têm, todos, a mesma origem, a mesma
evolução. Sob o rótulo “problemas de linguagem” ou “atraso de linguagem”
misturam-se problemas diversos em sua expressão, origem e gravidade. Crianças
com atraso de linguagem, não apresentam necessariamente o mesmo problema ou
as mesmas dificuldades.
Algumas não irão precisar de atendimento terapêutico específico e apenas
com orientações aos pais, poderão superar o atraso. Outras necessitarão de
atendimento terapêutico para superarem suas dificuldades e por outro lado, outras,

28
mesmo com atendimento, não conseguirão superar totalmente as dificuldades que
poderão persistir até a idade adulta.
Diagnosticar e, consequentemente, reabilitar essas crianças com programas
de intervenção adequados e efetivos às suas dificuldades, não é uma tarefa fácil.
Como a criança está em fase de desenvolvimento, é comum, pensar que com o
tempo, a criança irá falar. Trabalhando diariamente nesta área, é comum, ouvir dos
pais os seguintes comentários: “achei que com o tempo ele começaria a falar”; “fui
orientado a colocá-lo na escola para este problema passar”; “o pai dele também
demorou para falar”; “ele não fala porque é acomodado e preguiçoso”; “ele ainda é
muito novinho, por isso não fala”; “me disseram que com 5 anos ele iria começar a
falar”; “me disseram que meninos demoram mesmo para falar”, dentre outros.
Pires (1988 apud PACHECO; 2020) analisa o desempenho de 20 sujeitos
que cursavam a alfabetização, elaborando uma avaliação de leitura/escrita. O êxito
na aprendizagem da leitura/escrita pareceu estar mais diretamente associado ao
processo de desenvolvimento das operações de classificação do que
especificamente ao desempenho acadêmico inicial.
O diagnóstico de atrasos/alterações/distúrbios de linguagem é de
responsabilidade de um fonoaudiólogo especialista em linguagem infantil. O
desenvolvimento inadequado da linguagem em crianças pode ser identificado ou
suspeitado por pais, professores e outros profissionais de saúde, mas cabe ao
fonoaudiólogo diferenciar, diagnosticar e, portanto, desenvolver um plano de
intervenção específico e eficaz para cada caso.

29
Fonte:extra.globo.com

30
4 ASPECTOS BIOPSÍQUICOS DA LINGUAGEM

Durante os primeiros três anos de vida, os domínios motor, cognitivo e social


da criança, bem como a aquisição e o controle da linguagem, são a base de seu
desenvolvimento global. Esse desenvolvimento está intrinsecamente relacionado às
condições nutricionais e ambientais, aos estímulos mantidos pelas relações
familiares, aos padrões culturais e ao nível educacional e socioeconômico da
família.

Fonte:escolaeducacao.com.br

[...] devem-se propor procedimentos, no sentido de melhorar a eficiência


do ensino desenvolvido em todo o 1o grau, garantindo a continuidade do
processo curricular. [...] a) é necessário que o trabalho seja planejado e
desenvolvido em torno de diretrizes pedagógicas comuns a todo o corpo
docente; b) e, para tanto, é necessário que se criem novas formas de
organização docente, de modo a resgatar o caráter coletivo da ação
educativa na escola. (LEITE, 1993, p.33 apud PACHECO; 2020)

Quando qualquer um desses aspectos impacta negativamente no


desenvolvimento global da criança, existe a possibilidade de atrasos e prejuízos no

31
desenvolvimento infantil que podem comprometer a saúde geral do sujeito e causar
prejuízos futuros, inclusive em relação ao desenvolvimento adquirido e de
linguagem da criança.

Fonte: photos1.blogger.com

Na maioria dos casos, distúrbios como atraso na fala, TDAH e transtornos de


humor não são diagnosticados até os 3 ou 4 anos. Por isso é importante identificar
e monitorar precocemente alguns dos grupos mais vulneráveis, pois as crianças
com alguns atrasos ou deficiências se saem melhor quando recebem algum tipo de
intervenção precoce. Além disso, é possível prevenir o desenvolvimento de
patologia. Portanto, essas crianças ainda precisam ser identificadas e
encaminhadas para serviços especializados. Esse será o papel dos profissionais da
atenção primária no acompanhamento do desenvolvimento infantil.
Nessa perspectiva, no novo conceito do Sistema Único de Saúde (SUS), o
objetivo da promoção da saúde é melhorar a qualidade de vida, priorizando a saúde
sobre a doença.

32
Fonte: i0.wp.com

A pesquisa de Rebello de Souza (1999 apud PACHECO; 2020) destaca a


importância de se considerar as habilidades acadêmicas e também as variáveis
psicológicas no processo diagnóstico. Essa informação foi somada à de 31 pessoas
por Gualberto (1984 apud PACHECO; 2020) e Ajuriaguerra et al. (1984 apud
PACHECO; 2020), constataram que a escrita é uma das variáveis decisivas para os
professores avaliarem o desempenho dos alunos na escola.
Este novo conceito vai ao encontro da ideia de que a prevenção de
problemas na infância tem efeitos benéficos no ser humano ao longo da vida, uma
vez que existem maiores dificuldades de intervenção bem sucedida em função da
idade de diagnóstico de determinadas psicopatologias. O estudo atual aponta para
a possibilidade de detectar índices entre 1 e 18 meses, que podem ser patológicos
no futuro. Nesta fase da vida, a criança está construindo plenamente seu psiquismo
e sua subjetividade.

33
A psicanálise tem reconhecido consistentemente a importância dos primeiros
relacionamentos do bebê como base para seu desenvolvimento. Sabe-se que
nessas relações iniciais, o bebê desenvolve um forte vínculo com a mãe ou com a
pessoa que desempenha o papel de mãe, o que pode ser observado nas interações
mãe-filho.
Rebello de Souza (1999 apud PACHECO; 2020) observou que, além dos
problemas de aprendizagem, as queixas dos professores de baixo desempenho
acadêmico incluíam uma alta incidência de problemas comportamentais dos alunos.
Nesse ponto, já é possível detectar sinais de que algo não está indo bem e
intervir se necessário. O funcionamento materno consiste nos cuidados básicos
que permitem que o bebê sobreviva, mas, para que ele sobreviva espiritualmente,
esse cuidado deve ir além do atendimento de suas necessidades físicas.
São os “plus points” dados pela mãe: a conexão emocional, o diálogo, os
olhos, o toque, que permitem ao bebê construir sua própria vida mental. Para isso,
é necessário que a mãe não exista apenas em seu corpo nessa relação, deve haver
desejo (presença espiritual), o que significa que em sua vida e em sua história, ela
dá ao filho uma posição, como bem, isso pode transmitir a ele valores culturais,
valores simbólicos, não apenas seus desejos pessoais.

Lane (1983, p.8 apud PACHECO; 2003) exibe uma definição


para a psicologia social, a psicologia se preocupa fundamentalmente com
os comportamentos que individualizam o ser humano, porém, ao mesmo
tempo, procura leis gerais que, a partir das características da espécie,
dentro de determinadas condições ambientais, preveem os
comportamentos decorrentes (Lane 1983, p.8 apud PACHECO; 2003).

Então não se trata apenas da prática da mãe definida apenas por um


determinado ato de cuidado, mas da existência de um item simbólico para o bebê.
Portanto, as equipes profissionais que atuam na assistência à criança desde o
nascimento devem atentar para as formas de interação desenvolvidas no ambiente

34
domiciliar, observar o comportamento e seu impacto no desenvolvimento infantil e,
se necessário, considerar a possibilidade de intervenção precoce.
Nesse caso, insere-se uma observação dos fatores de risco do
desenvolvimento infantil, que se configura como um protocolo de aplicação clínica
como instrumento de avaliação e decisão sobre a estimulação precoce, que inclui a
presença de um único terapeuta que apóie o exercício das funções parentais, que
pode ser alcançado por / na linguagem fornece estrutura para o bebê. Segundo
Glidewell (1977 apud PACHECO; 2003), as crianças variam em sua sensibilidade
às influências sociais, ou seja, grupos de pares influenciam algumas crianças mais
do que outras. Pessoas solitárias que passam a maior parte do tempo lendo ou
fazendo algo, ou morando em lugares remotos.

Fonte: image.slidesharecdn.com

De acordo com um estudo de revisão do conceito, um fator de risco é definido


como um elemento que, quando presente, aumenta a probabilidade de um
problema, ou seja, aumenta a vulnerabilidade de um indivíduo ou grupo ao
desenvolvimento de uma doença ou condição. Além disso, a definição de fatores
35
de risco para o desenvolvimento também inclui a dinâmica da interação de
condições biológicas e ambientais que dificultam o desenvolvimento global da
criança.
Com base nesses pressupostos, o objetivo desta revisão foi analisar a
produção científica dos últimos 12 anos sobre fatores psicológicos de risco para o
desenvolvimento infantil, destacar os riscos da aquisição da linguagem e discutir as
implicações para a terapia fonoaudiológica precoce.
No entanto, sabe-se que esses bebês correm maior risco de defeitos de
desenvolvimento do que bebês a termo, porque bebês prematuros podem
reconhecer sinais de vulnerabilidade. O aumento da sobrevida de recém nascidos
prematuros nas últimas décadas despertou o interesse em prever o
desenvolvimento global a longo prazo dessas crianças.
Rogers (1977) descreveu três estágios de desenvolvimento social pelos
quais os indivíduos passam nos primeiros anos de vida. Começa em uma fase não
social, quando as respostas aos outros são vagas e pouco claras. Com base nesse
interesse, vários autores identificaram sinais neurológicos anormais nesses recém
nascidos durante o primeiro ano de vida, embora seja difícil prever se esses sinais
são temporários ou definitivos.
Ressaltamos, portanto, a importância de estudar o desenvolvimento infantil
ao nascimento pautado pela associação de diversos fatores de risco envolvendo
variáveis como desfechos da saúde clínica infantil durante o parto e hospitalização.
Em relação ao compometimento do desenvolvimento, estudos apontam a
prematuridade como preditor de atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo.

36
Fonte:olharmaisclinicadeolhos.com.br

Os atrasos no desenvolvimento permanecem elevados em escala


socioeconômica, possivelmente porque algumas crianças que sobrevivem ao risco
biológico acabam vivenciando situações estressantes relacionadas às
desvantagens de suas vidas, principalmente devido ao aumento da urbanização,
violência, mudanças na estrutura familiar e, em certas áreas, redução na
disponibilidade de alimentos, ou seja, a falta de oportunidades antecipadas para o
desenvolvimento saudável.
No entanto, o estágio social passará por turno após turno. Até os dois anos
de idade, mais ou menos, apesar de algumas tentativas de interação social, a
maioria das crianças permanece em grande parte egocêntrica. (FLAVELL, 1975;
PIAGET; INHELDER, 1994 apud PACHECO; 2003). A importância do
condicionamento social para a saúde mental também é destacada. O estresse
materno foi associado aos sintomas emocionais das crianças, incluindo a
ansiedade.

37
Fonte: pt.slideshare.net

Esses pais devem estabelecer limites apropriados à idade na exploração, ao


mesmo tempo em que incentivam o desenvolvimento cognitivo, social e de
linguagem. Para realizar esta tarefa com sucesso, a mãe como cuidadora principal
deve estar emocionalmente estável. No entanto, um grande número de mães
apresenta sintomas depressivos que afetam sua capacidade de desempenhar suas
funções, dificultando o estabelecimento da relação mãe-filho.
Por volta dos três anos, você pode ver uma criança dando um brinquedo para
outra criança chorando, mas até então, brincar é solitário. Gradualmente, os grupos
de jogos paralelos tornaram-se mais coesos e foram então designados como grupos
de pares (BURKA; GLENWICK, 1978 apud PACHECO; 2003). A falta de conexões
adequadas pode levar a dificuldades na aquisição de habilidades futuras, pois o
desenvolvimento e o crescimento das crianças são mais vulneráveis às influências
ambientais durante os primeiros meses e anos de vida.
Nas interações, adultos e crianças são parceiros, e os laços familiares
desempenham um papel importante na aquisição da linguagem da criança, pois o
cuidador, ao observar e ouvir a criança, a chama para um lugar de articulação,

38
fazendo dela um endereço, um endereço onde ela pode ouvir. Ao interpretar suas
manifestações, sejam verbais ou não verbais, reconhece a autoria das obras infantis
e cria um lugar para as próprias crianças.

Fonte:123rf.com

O amor materno cria uma atmosfera emocional que proporciona aos bebês
uma variedade de experiências muito importantes porque são caracterizadas pelo
amor materno.

Outras influências familiares são mais sutis, entretanto não menos


importantes. Por exemplo, quando os pais mantêm relações de amizade
entre os pares, as crianças provavelmente também se voltarão para seus
pares, em busca de amizade e companheirismo. Por outro lado, pode
acontecer que a combinação de orientação para os pares dos pais e da
criança, juntas, possa vir a constituir uma forte tendência em direção aos
pares e, nessas circunstâncias, as crianças tornam-se ansiosas para
agradar, para serem aceitas e podem ser rejeitadas por isso. É o que
alertam Hollander e Marcia (1970 apud PACHECO; 2003).

Tais experiências são essenciais na infância, quando as emoções têm uma


correlação muito alta, maior do que em qualquer outro período da vida, porque do

39
ponto de vista psicológico, a maioria das sensações, percepções e dispositivos de
discriminação sensorial são imaturos, então a atitude emocional da mãe ajuda a
orientar os sentimentos do bebê e lhe dá qualidade de vida.
Nesse sentido, estudos têm relatado que crianças que passam menos tempo
com a mãe apresentam maior frequência de déficits de equilíbrio estático do que
aquelas que passam mais tempo com a mãe, sugerindo que a presença da mãe
pode desempenhar um papel no ganho de fatores de proteção para esta habilidade
motora.
A influência dos relacionamentos entre irmãos em outros relacionamentos
com colegas é complexa e importante, mas muitas vezes negligenciada.
Especialmente em famílias extensas, as crianças se voltam umas para as outras
em busca de atenção que seus pais não conseguem (GALLAGHER; COWEN, 1977;
OWEN, 1981 apud PACHECO; 2003).

Fonte:123rf.com

Um aspecto importante apontado neste estudo é a escolaridade da mãe, que


está associada à melhor organização do ambiente físico e temporal, maiores
40
oportunidades de variação de estímulos diários, disponibilização de materiais e
jogos adequados para as crianças e maior engajamento emocional e verbal das
crianças Mães e filhos, fatores que favorecem o desenvolvimento cognitivo das
crianças.No entanto, a saúde física e mental das crianças correm alto risco quando
expostas a ambientes psicologicamente adversos, pois as características familiares
estão intimamente relacionadas à saúde mental das crianças. Sabe-se que os
problemas de saúde mental na infância prejudicam o desenvolvimento infantil e
estão associados ao risco de transtornos psicossociais na idade adulta, havendo
uma associação significativa entre estresse materno e problemas de saúde mental
em crianças.
Nas crianças prematuras, os fatores de risco biológicos, juntamente com os
fatores de risco psicossociais, constituem uma variedade de situações de risco, em
que um exacerba o outro, aumentando a ameaça à criança com o desenvolvimento
saudável e adaptativo da criança, OLIVEIRA; et al., (2011 apud PACHECO; 2005).

Tanto características de personalidade, como o autoconceito, quanto


aspectos cognitivos, como a inteligência, podem estar relacionados ao
ajustamento social. Por exemplo, as crianças lentas e com algum
comprometimento intelectual são menos aceitas socialmente. Contudo
crianças talentosas podem ter, também, algumas dificuldades no
relacionamento com as outras pessoas (LA GREGA, 1981; TYNE; FLYNN,
1981; TAYLOR; TRICKELL, 1989; HATZICHRISTOU; HOPF, 1996 apud
PACHECO; 2005).

Da mesma forma, baixos níveis de responsabilidade materna estão


associados a déficits nas habilidades de iniciativa social em bebês prematuros e a
termo e, além disso, a responsabilidade materna pode dominar a linguagem
receptiva e expressiva dessas crianças.
Portanto, observou-se que o comportamento das mães interagindo com seus
filhos como moderadores do risco biológico ao nascer pode mitigar e exacerbar os
efeitos adversos dos fatores de risco, pois afetam diferencialmente grupos
vulneráveis de crianças.

41
De acordo com Tellford e Sawrey (1973 apud PACHECO; 2003), A criança
média rapidamente percebe que pensar, falar, acreditar e agir de acordo com os
outros conduz à aceitação social e a um relacionamento contínuo de pertencimento.
Ser diferente, por outro lado, carrega o perigo do isolamento social.
A partir dessas falas, fica evidente a importância da primeira relação no
contexto do desenvolvimento infantil, pois a leitura dialética da construção humana
e da linguagem se dá pelas experiências entre mãe e bebê. Deste ponto de vista, o
desenvolvimento é o resultado de um processo de engajamento entre crianças e
adultos, portanto foque o máximo de diversão possível no adulto, mais
especificamente na mãe, pois ela irá se relacionar com seu filho (apud OLIVEIRA
et al.; 2012).

42
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