Alfabetização na

Apraxia de Fala na Infância

Fga. Monique Teixeira Ferro

ALFABETIZAÇÃO

Consiste no aprendizado do alfabeto e de

sua utilização como código de comunicação

MAS...

Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas

habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato
de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender,
criticar e produzir conhecimento.

Wikipédia, 2017
 LITERACIA & ALFABETIZAÇÃO
• ALFABETIZAÇÃO: aprendizado SISTEMÁTICO das regras
de uso e funcionamento do código alfabético.
(Kleiman A.B., 2005)
A CIÊNCIA COGNITIVA DA LEITURA
• Estuda os processos linguísticos, cognitivos e cerebrais
envolvidos na aprendizagem e no ensino das habilidades de
leitura e de escrita
• procura responder a perguntas fundamentais: “Como
funciona o cérebro de quem está aprendendo a ler? Algo
nele muda? Como aprendemos a ler?” (DEHAENE, 2011;
SARGIANI; MALUF, 2018).
• A ciência cognitiva da leitura afirma que, ao contrário do que
supõem certas teorias, a aprendizagem da leitura e da escrita
não é natural nem espontânea. Não se aprende a ler como se
aprende a falar. A leitura e a escrita precisam ser ensinadas
de modo explícito e sistemático, evidência que afeta
diretamente a pessoa que ensina (DEHAENE, 2011).
 LITERACIA & ALFABETIZAÇÃO
• LITERACIA: A capacidade de leitura e de
escrita não se adquire em bloco e de uma só
vez, mas depende de habilidades adquiridas
antes da alfabetização e desenvolvidas e
consolidadas depois dela.
 Conteúdos específicos:
geografia, ciências,
história...

Fluência, significado das

palavras e conhecimento
ortográfico.

Consciência Fonológica,
vocabulário, decodificação
e codificação

(SHANAHAN, T.; SHANAHAN, C., 2008).

 NOVOS
CONHECIMENTOS
COMPREENSÃO

ALFABETIZAÇÃO:
SISTEMA SISTEMÁTICO
AUTONOMIA
DECODIFICAÇÃO
E PRECISÃO
CODIFICAÇÃO

FLUÊNCIA TRANSMITIR
CONHECIMENTO
 Métodos de Alfabetização

Analíticos: são usados procedimentos que partem de unidades

maiores (palavras/frases/textos), sem um foco primário sobre as
unidades menores.
Global, Palavração e Sentenciação

Sintéticos: são usados procedimentos que partem de unidades

menores (letras/sílabas) para chegar a unidades maiores.
Alfabético, Silábico e Fônico
 LÍNGUA PORTUGUESA:
UM SISTEMA ALFABÉTICO
Sistemas Alfabéticos de escrita: é caracterizado por um
pequeno inventário de letras onde cada letra representa
um fonema da língua falada.
(finlandês, inglês, espanhol, português)

Sistemas Silábicos de escrita: conjunto de símbolos

escritos que representam sílabas. (japonês - hiragana)

Sistemas Logográfico de escrita : Um símbolo simples

representa uma palavras . (chinês/ kanji japonês)
Sistema Alfabético de Escrita: Quais as habilidades
que as crianças precisam ter para aprender?
1- Capacidade de segmentar palavras em sílabas e em fonemas,
identificando-os e gerando um conjunto.
2 - Compreender que as palavras são diferentes e constituem a partir da
combinação dos fonemas que compõe o conjunto.
3 - Para cada fonema existe, no mínimo, uma letra para representá-lo.
4 -Para escrever é necessário analisar a palavra, identificar cada um dos
fonemas e atribuir letras correspondentes.
5 - Para ler deve-se atribuir às letras os sons, unir os fonemas em sílabas
e as sílabas em palavras.
6 – Necessário conhecer as letras, nomeá-las, traçá-las, diferenciar o
nome do som e estabelecer uma relação entre fonemas e grafemas.
Como as crianças apendem a ler e a escrever?

• “ o cérebro humano não foi biologicamente

programado para aprender a ler e a escrever – a
linguagem escrita é uma invenção recente na
história humana.” (SCLIAR-CABRAL, 2013)
• “Aprender a ler e a escrever faz criar no cérebro
um caminho que liga as áreas de processamento
fonológico com as de processamento visual, de
modo que uma palavra, quando é vista, ativa no
cérebro as mesmas áreas que uma palavra
quando é ouvida.” (DEHAENE,2012)
Imagem: http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/cerebro_e_a_linguagem.htm
 Área da Forma Visual das
Palavras (AFVP)

Região
occipitotemporal
esquerda - onde se
conectam as regiões
de processamento
visual com as
regiões de
processamento
fonológico.
(DEHAENE,2012)
 HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA APRENDER A LER

OUVIR/PA VER/ PV LINGUAGEM MOTIVAÇÃO

LINGUAGEM
 Capacidade de receber
e compreender a linguagem.

 Produzir palavras,
frases para transmitir a mensagem.

 Conhecimento de mundo (vocabulário, relações,

categorização).

 Compreensão e uso das normas linguísticas.

 Processamento Visual
DTVP-2 - Developmental Test of Visual Perception

Coordenação Posição no
Cópia
viso-motora Espaço

Relação Closura
Figura-Fundo
Espacial Visual

Velocidade Constância
viso-motora de Forma
 Processamento Auditivo
• Habilidades Auditivas • Funções Auditivas
• Localização Sonora • Decodificação
• Atenção Auditiva
• Discriminação
• Integração
Auditiva • Prosódia
• Figura Fundo • Associação
• Fechamento
• Memória Auditiva • Organização
 CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA

LINGUAGE
M

PROCESSAMENT
O AUDITIVO
 • Alteração na linguagem escrita era devido ao
Déficit Visual. (Ajuriaguerra, 1953; De Hirsh & Jansky, 1968)
1920-
1970

• Evidências de distúrbio do processamento

Década fonológico (Capovilla & Capovilla, 2000)
de 70

• Treino das habilidades fonológicas e

metafonológicas  ganhos significativos em
Década leitura e escrita. ( Bradley & Bryant
70-80 1983; Cunningham,1990; Torgesen & Davis, 1996, Schneider, Küspert,
Spelling, 1996)
 Pesquisa em Oxford, Inglaterra
Bradley e Bryant 1983,1985

403 crianças Teste de

Consciência
4/5 anos, sem Fonológica
habilidades de (Ex: hot, cot, lot,
leitura e escrita hat, pot)
 Pesquisa em Oxford, Inglaterra
Bradley e Bryant 1983,1985

Sucesso no
processo de
alfabetização
403 crianças –
2 anos depois

6/7 anos Dificuldade no

processo de
alfabetização
 Logográfico
Pré-leitura.
Leitura visual direta (global).
A palavra é um desenho e não um código alfabético.
LEITURA
Alfabético
Criança compreende que a escrita mapeia a fala.
Pode ocorrer erro da regulação grafofonêmicas.

Ortográfico
Leitura ocorre por reconhecimento visual direto das
formas ortográficas de morfema ou de palavras.
Pré-armazenadas no léxico.
Tornando-se capaz de ler...
ROTA FONOLÓGICA ROTA LEXICAL

Desenvolvida no Desenvolvida no
estágio alfabético estágio ortográfico

A leitura competente
acontece num
Associação modelo de Leitura de palavras
grafema-fonema duplo-processo. armazenadas na
memória
 Aquele rapaz da Islândia respirou as cinzas
de um vulcão e se tornou
um pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico.
 LER/ESCREVER através
LER/ESCREVER através da relação LETRA/SOM
das PALAVRAS

ATIVAÇÃO
HEMISFÉRIO
ATIVAÇÃO HEMISFÉRIO ESQUERDO
DIREITO (LINGUAGEM) E
(MEMÓRIA) REGIÕES VISUAIS.

Universidade de Stanford. McCandliss, B.,

2015- Publicação Revista Brain and Language
 Alfabetização e a
Linguagem Oral

 Crianças com alterações de linguagem oral estão em

maior risco de apresentarem problemas relacionados
a linguagem escrita.

(Kamhi e Catts, 2005)

  As dificuldades de leitura e escrita
podem ser causadas pelo déficit no
Processamento Fonológico.

• Crianças com alterações de

linguagem podem ter
dificuldade em desenvolver as
Habilidades de Consciência Fonológica

Catts, Hu, Larrivee e Swank, 1994; Stackhouse, 1997; Kamhi &Catts, 2005 ; Gretz,S., 2011
 Apraxia de Fala e
Consciência Fonológica

Crianças entre 4-6 anos com diagnóstico de Apraxia de Fala.

• 65% atraso nas tarefas de Consciência Fonológica.
• 46% nível abaixo do esperado na identificação das
letras.
• 73% atraso na habilidade motora (tesoura e
manuseio do lápis)
• 09% dificuldade em perceber que a impressão vai
da esquerda para direita e entender os símbolos
de impressão (pontuação).
Robin Gaines, PhD, 2014, Pesquisa da Universidade de Ottawa
 Regras da
Consciência linguagem = Consciência
Metalinguística.
oral/escrita

Sílaba,
Consciência
Palavra e = Fonológica
Fonema

Zorzi, 2016
Consciência Fonológica
A consciência fonológica pode ser
entendida como um conjunto de
habilidades que vão desde a simples
percepção global do tamanho da
palavra e de semelhanças fonológicas
entre as palavras até a segmentação e
manipulação de sílabas e fonemas.

Bryant &Bradley, 1985

 Habilidades da CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA
CONSCIÊNCIA DE
CONSCIÊNCIA
PALAVRA ALITERAÇÃO DE SÍLABA

RIMA CONSCIÊNCIA
DE FONEMA
RELAÇÃO
FONEMA-GRAFEMA
RELAÇÃO
GRAFEMA -FONEMA
FASES DA ESCRITA
Ferreiro e Teberosky

Pré-silábicos

Silábicos

Silábico-alfabético

Alfabéticos
 Pré-silábicos
 A criança ainda não considera quais fonemas devem ser
representados;
 Não sabe que letras está usando;
 Não relacionam ao som;
 Não tem noção de quantidade de fonemas.

Ausência da Consciência Fonológica

 Silábicos
 A criança descobre a possibilidade de segmentar as
palavras em sílabas e a identificar o número de sílabas
que a palavra tem.
 A criança começa a perceber a extensão da palavra e
começa a usar uma letra para cada sílaba.
• Sem valor sonoro: a criança usa qualquer letra para
representar a sílaba.
• Com valor sonoro: a letra representa o som.

Construção elementar da Consciência Fonológica

 Silábico-Alfabético
 A criança começa a refinar a atenção para os
componentes que estão no interior das sílabas.
Aprimoramento da Consciência Fonológica

ao nível do fonema

Consciência Fonológica – Nível do Fonema

 Alfabética
 A criança começa a detectar todos os fonemas das
palavras e a sistematizar as relações entre os sons e
as letras correspondentes.

Consciência Fonológica Completa

 É necessário,
manipular,
segmentar,
planejar, organizar
e sequenciar os
sons!
COMO ENSINAR?

IDENTIFICAÇÃO E
RECONHECIMENTO DAS VOGAIS

EVOCAÇÃO

ÃO / RIMA
COMO ENSINAR?

SEPARAÇÃO DE SÍLABA

VALOR SONORO

MEMÓRIA
COMO ENSINAR?

ENTRADA
CONSOANTE

FORMAÇÃO DA
SÍLABA

EVOCAÇÃO
COMO ENSINAR?

PRIMEIRAS PALAVRAS

LEITURA

ESCRITA
Papel do Terapeuta...

Ser Ensinar a
Facilitador pensar som
Dificuldades de Leitura e Escrita que aparecem
na criança com Apraxia de Fala

 Não progride da leitura logográfica para a representação

grafema-fonema.
 Dificuldade para segmentar a palavra em sílabas e em sons.
 As trocas ortográficas podem ser incomuns (b/m, k/R, l/n/t, e/i).
 Dificuldade em detectar e produzir rimas.
 Muita dificuldade na “mistura dos sons”.
Como ensinar uma criança
com apraxia de fala a ler?
Princípios da Aprendizagem Motora

• Entrada multi-sensorial (auditivos, visuais, táteis e

cognitivos);
• Feedback multi-sensorial;
• Progressão sistemática através de hierarquias - Dividir nosso
idioma em unidades menores (vogais, consoantes, sílabas,
palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas, pequenas
frases...);
• Abordagem “de baixo para cima”: construir a escrita a partir
de unidades de sons de fala (fonemas) e silaba simples;
• Os exercícios de sequenciamento precisam ser individuais,
frequentes e repetitivos;
• Prosódia.
 Trabalhar a consciência fonológica desde cedo,
tanto na escola quanto na intervenção
terapêutica.

Não esquecer: o treinamento da consciência

fonológica por si só não garante o desenvolvimento da
alfabetização. É necessário “saber ensinar” a criança
como concentrar sua atenção nos sons dentro das
palavras.
(McCandliss, B. 2015)

OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

monique_ferro@hotmail.com