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14/08/2023

AVALIAÇÃO E TERAPIA DA
FALA

Amanda Almeida Macado


Fonoaudióloga – CRFa 1-15048

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FALA
• É o ato motor que expressa a linguagem, ou seja, é o modo verbal
oral de transmitir mensagens e envolve uma coordenação neuro-
muscular precisa, que permite a realização de movimentos orais para
produzir sons e unidades linguísticas.

• Começa a ser preparada desde o nascimento através do balbucio, que


consiste em uma preparação necessária ao amadurecimento dos
órgão fonatórios.

PERCEPÇÃO HABILIDADE
MODELO
AUDITIVA MOTORA

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A produção dos sons da fala envolve aspectos linguísticos, motores,


cognitivos, orgânicos e ambientais.

A percepção audiovisual da fala ativa uma rede de áreas motoras no


sistema nervoso, incluindo o cerebelo e áreas motoras corticais
envolvidas no planejamento e na execução da produção da fala, além
de áreas que auxiliam na propriocepção.

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MECANISMO DE PRODUÇÃO DA FALA


• A fala trata-se de um processo de voz, com implicação no sistema
nervoso central, envolvendo a articulação, fonação e respiração.

• Para que ocorra articulação dos sons, é necessário que exista um


equilíbrio na coordenação dos movimentos neuromusculares orais,
mais especificamente nos órgãos da respiração (pulmões, traqueia,
faringe, boca e nariz) e da articulação (lábios, língua, palato duro,
palato mole, alvéolos, dentes e fossas nasais).

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MECANISMO DE PRODUÇÃO DA FALA


• O sistema respiratório, composto pelo trato respiratório superior
(cavidade nasal, faringe, laringe, traquéia) e inferior (tórax, pulmões,
brônquios e alvéolos, diafragma e caixa torácica) que permite a
inalação e exalação de ar necessário para a fala. Qualquer
comprometimento da função aérea pode provocar um efeito direto
sobre a fala e a voz (intensidade, altura, qualidade).

• O sistema fonatório, que consiste na laringe, onde o ar passa


provocando vibração nas pregas vocais (produzindo o vozeamento)
que é constituída pela traquéia, osso hióide e músculos e cartilagens.

MECANISMO DE PRODUÇÃO DA FALA


• O sistema articulatório e ressonântico, constituído pelos lábios,
arcadas dentárias (inferior e superior), palato duro e mole, língua e
mandíbula, formam os sons modelando-os de várias maneiras.

• O sistema nervoso, que lidera o trabalho dos sistemas respiratório,


fonatório, ressonância, articulatório, direcionando o plano motor
usado pelos vários músculos em cada sistema e em conjunto com o
sistema auditivo, que monitoriza a produção da fala fazendo os
ajustes quando necessário.

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• A fala caracteriza-se habitualmente quanto à articulação,


ressonância, voz, fluência/ritmo e prosódia.

• O volume do fluxo, a pressão do ar e a ressonância são fundamentais


para a correta produção da fala.

• Para o desenvolvimento da fala é fundamental o aprendizado dos


sons e o modo como são organizados.

FONÉTICA E FONOLOGIA
• FONÉTICA: Conversão dos sistemas fonológicos em sequencias de
movimentos. Realização concreta sonora da fala. NÍVEL ORGANIZACIONAL.

• FONOLOGIA: É o sistema de sons da linguagem. Diz respeito as regras que


organizam os sons da fala, sua distribuição e sequencia, bem como a
estrutura e a forma da sílaba. Seleção de palavras que serão usadas. NÍVEL
COGNITIVO.

• ARTICULAÇÃO: Movimentos necessários para a produção dos sons da fala.


NÍVEL PERIFÉRICO.

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• A fonética fornece métodos para descrição, classificação e transcrição


dos sons usados na fala.

• O desenvolvimento fonológico relaciona-se aos demais aspectos da


linguagem e com a cognição.

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CONTROLE MOTOR DA FALA


• A entrada para o sistema de controle motor da fala é uma
representação fonológica da linguagem, uma sequencia de unidades
abstratas, como os fonemas.

• A saída do controle motor da fala é uma série de movimentos


articulados que transporta por meio da mensagem linguística um
sinal que pode ser interpretado pelo ouvinte.

• Ocorrem pela formulação da linguagem e dos sinais acústicos por


meio dos quais a mensagem é usualmente recebida.

DISTÚRBIOS DA FALA
• Correspondem as alterações que afetam os padrões de pronúncia ou de produção dos
sons da língua.

• As produções incorretas da fala são designadas erros de articulação e são comuns


durante o desenvolvimento da linguagem.

• A fase da maior expansão do sistema fonológico ocorre entre 1 ano e 6 meses e os 4


anos de idade. Nesse período, existem alterações/erros que são aceitos para esta faixa
etária.

• Por volta dos 5 anos de idade, a maioria das crianças, com um desenvolvimento normal
da fala, já apresentam no seu inventário fonético todos os sons da língua materna A
aquisição da língua geralmente está completa no final do ensino pré-escolar.

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ATRASO DE LINGUAGEM DISTÚRBIOS DA FALA

Compreensão e expressão podem Alterações apenas em nível fonético


estar prejudicados. e fonológico.

ATRASO DE LINGUAGEM
• As principais características identificadas em uma criança com atraso
de linguagem são:
- Comunicação verbal ausente ou pouco evoluída em relação ao que é
esperado para a faixa etária da criança;
- Falha ou pobreza de vocabulário;
- A capacidade expressiva é o problema mais notório.

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DISTÚRBIOS FONÉTICOS
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DISTÚRBIOS FONOLÓGICOS

• DISTÚRBIOS FONÉTICOS = desempenho.


• DISTÚRBIOS FONOLÓGICOS = competência.

• A competência influência o desempenho, uma vez que mesmo que a


criança domine a produção do som de forma mecânica, pode não o usar
corretamente na palavra.

• É fundamental que a criança aprenda tanto os movimentos físicos ao nível


da produção e da percepção, independentemente do seu significado
(fonética), bem como os aspetos organizacionais ou estruturais do sistema
de sons da língua (fonologia) (Marchesan, 2004).

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DESVIOS FONÉTICOS
• Desvio fonético trata-se de uma alteração na mecânica da produção articulatória.
• Comprometimento motor com CAUSA ORGÂNICA.

• Pode ocorrer:
- distorções: como ceceio;
- interdentalizações;
- imprecisões fônicas.

 Têm como principais causas as alterações de estruturas ósseas e/ou


musculares, envolvidas na articulação. – COMPROMETIMENTO
ANATOMOFISIOLOÓGICO DE OFA’S.

DESVIOS FONÉTICOS

• Estas distorções podem ocorrer de modelos sonoros inadequados ou


devido à dificuldade na habilidade motora envolvida na produção sonora.

• As dificuldades decorrem de alterações estruturais no próprio sistema


estomatognático.

• Como a articulação dos sons da fala depende da integridade dos órgãos


fonoarticulatórios, as alterações no sistema estomatognático podem ser a
causa de desvios na fala ou dificultar a sua correta produção.

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ETIOLOGIA DOS DESVIOS FONÉTICOS


• Alterações de Origem Músculo-esqueletais ou Anomalias Orofaciais:
Distúrbios causados por problemas nas estruturas ósseas e musculares
envolvidas na produção da fala.
- Fissuras.
- Lesões ou remoções de partes ósseas ou musculares.
- Alterações de forma e tamanho de OFA’S.

GENÉTICA, TRAUMAS OU SEQUELAS CIRURGIAS.

ETIOLOGIA DOS DESVIOS FONÉTICOS


• Alterações neurológicas:
 Decorrentes de alterações no sistema nervoso central ou periférico.
 Resultam de problemas neurológicos que afetam a programação ou a
execução neuromuscular.
- Afasias.
- Dispraxias.
- Disartrias.

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ETIOLOGIA DOS DESVIOS FONÉTICOS


• Deficiência auditiva:
Decorrente de prejuízos auditivos.
- Perdas auditivas.

ERROS COMUNS DE FALA NO DESVIO


FONÉTICO
• Distorção de fricativas e líquidas:
Ocorrem devido a imaturidade do sistema neuromotor, e a medida em
que as crianças ficam mais velhas estas distorções diminuem.

( lábiodentais (|f|, |v|), alveolares (|s|, |z|), e palatais |ʃ|, | ʒ|)

• CECEIO ANTERIOR OU LATERAL: O som da fricativa sendo pronunciado


como interdental, ocorrendo escape de ar anterior ou lateral.

• As distorções ocorrem na maioria das vezes por modificações das


estruturas e/ou espaço intraoral.

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FATORES QUE PODEM CONTRIBUIR PARA A


AQUISIÇÃO DOS DESVIOS FONÉTICOS

• Déficit na discriminação auditiva;


• Déficit na orientação do ato motor da língua;
• Alterações oromiofuncionais: respiração, mastigação e deglutição;
• Hábitos orais inadequados.

ALTERAÇÕES COMUNS DO SISTEMA


ESTOMATOGNÁTICO QUE PODEM LEVAR A UM
DESVIO FONÉTICO
• Mordida aberta anterior: distorção dos fonemas |S| e |Z|, alteração
nos fonemas |ɾ|, |t|, |d|, |p|, |b|, |m| e nos fricativos.

• Classe II de Angle: Alterações nos fonemas |p|, |b|, |m|.

• Mordida aberta posterior: Ceceio lateral.

• Classe III de Angle: Alterações nos sons bilabiais e fricativos. O


prognatismo pode interferir na produção dos fonemas |f|, |v|, |p|,
|b| e |m|.

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ALTERAÇÕES COMUNS DO SISTEMA


ESTOMATOGNÁTICO QUE PODEM LEVAR A UM
DESVIO FONÉTICO
• Palato ogival: Imprecisão na articulação dos fonemas |k| e |g|.

• Disfunções temporomandibulares: Prejuízo na inteligibilidade da fala


e ressonância.

• Prótese dentária mal adaptada: Alterações principalmente no


fonemas |S| e | ɾ|. A falta de estabilidade pode levar a movimentos
limitados de língua e mandíbula, comprometendo os fonemas |p|,
|b| , |f|, |v|, |t|, |d|.

DESVIOS FONOLÓGICOS

• Desvios fonológicos são alterações linguísticas que se manifestam


pelo uso de padrões anormais na produção da fala.

• Os desvios fonológicos (antiga dislalia) não são considerados uma


incapacidade articulatória propriamente dita, mas uma organização
falha do sistema (dificuldade em se perceber os contrastes) dos sons
da língua que compromete a sua emissão.

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DESVIOS FONOLÓGICOS
• O desvio fonológicocaracterizado por substituições e/ou apagamentos
de sons, que acarretam a redução da inteligibilidade de fala, em
crianças durante o processo de aquisição da linguagem.

• Essas crianças não apresentam nenhum comprometimento orgânico


que impeça a produção correta dos sons da fala. Logo, o desvio
ocorre no nível fonológico e não no nível de produção mecânica dos
sons.

CARACTERÍSTICAS DOS DESVIOS


FONOLÓGICOS
• A criança com desvio fonológico apresenta algumas características clássicas, tais
como:
- Idade superior a quatro anos;
- Fala espontânea desviando da pronúncia adulta alvo;
- Audição normal.
- Ausência de anormalidade anatômica ou fisiológica nos mecanismos de
produção da fala;
- Ausência de disfunção neurológica.
- Capacidades intelectuais adequadas para o desenvolvimento da
linguagem;
- Compreensão da linguagem e linguagem expressiva adequadas.

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CARACTERÍSTICAS DE FALA NOS DESVIOS


FONOLÓGICOS

• Sistema de fala restrito, e com perda de contrastes por substiruição.


 Perda única: “TACO” e “ “SACO” são produzidos como “|TAKO|.

Perda múltipla: “PATO”, “BATO”, “TATO”, “GATO” são produzidos como


“|TATO|”.

PROCESSOS FONOLÓGICOS

• Simplificações sistemáticas das regras fonológicas, que afetam uma


classe ou sequências de sons.
• São esperados dentro do desenvolvimento típico.
• A medida que a criança cresce e se desenvolve, deixa de usa-los.

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Os erros fonéticos e fonológicos envolvem níveis de processamento


diferentes, levando também à diferença no tratamento. Para o
tratamento da eliminação dos erros fonológicos exige um
planejamento focalizado na linguagem. Enquanto que para os erros
fonéticos o planejamento envolve aspectos relacionados à fala.

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