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CODIGO PENAL

CP Brasileiro é de 1940, tempos em que muitas questões não foram tratadas e daí a necessidade da legislação
esparsa.

PARTE GERAL
A parte geral do CP trata lei penal no tempo, prescrição, reabilitação, aplicação e cominação das penas, etc.

PARTE ESPECIAL
Parte especial - 6º semestre
A partir do Art. 121
Aqui estão os artigos penais propriamente ditos.
Todo tipo penal carrega um núcleo. Este núcleo é basicamente um verbo. Um fazer ou um deixar de fazer voltada
para algum objeto. Núcleo do tipo é o verbo. Este verbo é o comando comportamental. Todo tipo penal tem um
núcleo e um objeto jurídico.
Sujeito ativo > Conduta > Objeto jurídico > Vítima
Nosso CP é finalista, pois toda conduta tem uma finalidade.

Dolo direto
Vontade livre e consciente voltada para determinado fim

Dolo indireto
É aquele que advém e uma conduta de um ato que adoto, assumindo o risco. Adotando a postura assume-se o
risco de produzir um resultado.

Dolo eventual
Não basta que se assuma o risco, também assinta com a conduta

LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
A legislação extravagante (esparsa) é tão importante quanto ao Código Penal.
A legislação esparsa visa principalmente questões não ligadas à vida. Ex. Legislação tributária, crime cibernético.
Há questões tratadas no CP e poderão ser alteradas e até suprimidas.
Nota: Legislação extravagante - 10º semestre
PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO

DOS CRIMES CONTRA A VIDA

a) homicídio (doloso e culposo)


b) auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio ou à automutilação
c) infanticídio
d) aborto

Os crimes dolosos deste capítulo, tem em comum a Consequência jurídica do delito que não tenha
característica do julgamento pelo Tribunal do Júri. previsão de culpa
Já o culposo e, o crime de participação em Em caso de delito culposo, o indivíduo não será
automutilação não são julgados pelo Júri, estes, são punido.
julgados pelo juiz singular. O latrocínio também é Os §§ vão trazer as circunstâncias ou causas. A
uma exceção, visto que seu alvo principal é o primeira diz como, por qual meio o fato é praticado,
patrimônio e não a vida. o segundo – causa - dará uma especificidade.
Crime material
Nota: Se o tipo penal não falar nada, é punido a título Exige um resultado, modificação sensível no mundo
de dolo. Se trouxer expressamente a culpa, poderá exterior. Ex. Homicídio.
ser punido a título de dolo ou culpa. O elemento Crime formal
subjetivo do tipo poderá ser culposo. Não exige um resultado final. Ex. Crime de
administração fraudulenta

HOMICÍDIO
Art. 121 do Código Penal
No homicídio só se consuma com o resultado naturalístico, que é ‘uma pessoa a menos’.
Quem pode matar alguém? Qualquer pessoa. Se qualquer pessoa pode matar alguém, estou falando de um crime
comum com relação ao sujeito ativo. Não exijo nenhuma característica do sujeito ativo. Todos podem estar
habilitados a praticar o delito.
Disposição legal Bem jurídico tutelado
Art. 121, ‘caput’ Vida humana
Art. 121. Matar alguém: Sujeito ativo
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Autor – Qualquer pessoa
Tipo de crime Sujeito passivo
Doloso contra a vida A pessoa que morre
Núcleo do tipo
Alguém – pessoa (ser humano)

Momento consumativo
Quando uma pessoa vem a óbito com a comprovação na certidão de óbito. Se não há o atestado da morte ou
evidência clara da morte não se pode falar em morte.
Admite-se em caráter excepcional a morte que seguramente seja comprovada por outros meios de prova que não
o cadáver da pessoa.

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
O homicídio privilegiado não é incompatível ao homicídio qualificado.
Diferentemente do homicídio qualificado, cuja nomenclatura está contida no Código Penal, o nome ‘homicídio
privilegiado’ é doutrinário porque a lei não o menciona, já que a rubrica contida no dispositivo é de ‘caso de
diminuição de pena’, referindo-se, em verdade, à natureza jurídica do instituto: causa especial de diminuição da
pena.
O homicídio privilegiado não é incompatível com o homicídio qualificado. A compatibilidade da incidência do
privilégio e qualificadora simultaneamente, decorre de que a incidência de causas são independentes; ou seja, eu
posso ter uma circunstância que qualifica sem que deixe de existir uma causa que diminua (Art. 121, §1º e 2º)

Diminuição da penal
Caso de diminuição de pena
O juízo somente conferiria o privilégio se entender perfeitamente preenchidos as elementares previstas no §1º do
Art. 121.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.

Situações que possibilitam ou facultam ao juiz diminuir ou não a pena
O autor foi provocado fortemente no seu valor social, moral ou emocional - Exemplo: bullying’
a) Motivação de relevante valor social ou moral;
b) Sob o domínio de violenta emoção.

HOMICÍDIO QUALIFICADO
Homicídio qualificado
Art. 121
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa
do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Qualificadoras - Espécies
As qualificadoras são as situações em que os crimes passam a ser hediondos.
Inciso I alternatividade final da abrangência há diversas
Recompensa: poderá ser material ou outro motivo formas que colocam a vítima em situação indefesa.
torpe é uma abrangência pois os atos praticados, Traição (não necessariamente estar em um lugar e é
seria uma repulsa social. preciso haver uma relação de confiança prévia) =
Inciso II ocorre quando a vítima por determinado motivo
Motivo fútil: é aquele desproporcional, não há confia em seu algoz e imagina estar em situação
correlação entre a gravidade de eventual conduta segura com ele; não obstante, o algoz trai esta
pejorativa por parte da vítima e a resposta com o confiança para matar a vítima. Emboscada (está
sendo um homicídio. ligado a um lugar, tocaia) = leva a pessoa para um
Inciso III lugar no qual ela não consiga sair, e neste lugar se
Veneno: substância tóxica para o corpo humano. mata a vítima. Dissimulação = Fazer com que a vítima
Fogo = substância que incendeia. Explosivo = tenha acredite estar em situação diversa da que é colocada.
dinamite ou nitroglicerina. Asfixia = é a conduta de Inciso V
tirar o ar. Tortura = meio de crueldade extrema Contempla formas que qualificam em decorrência do
contra a vítima. Meio insidioso ou cruel = coloca a cometimento de outro crime. Desse modo, impinge-
vítima em situação degradante. Perigo comum = se(impõe-se) a qualificadora quando se assegura a
Outras pessoas possam ser atingidas. execução(prática) de outro crime; a Ocultação - que
Inciso IV é esconder a prática de outro crime; a Impunidade,
Cobre as motivações que dificultam ou torna ou seja, fazer com que não se responda pelo outro
impossível a defesa do ofendido. Inclusive, a crime; Obter vantagem, que é o ganho obtido com a
prática de outro crime.

FEMINICÍDIO
Art. 121, §2º, VI, VII

Disposição legal
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal , integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
§2º -A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Inciso VI
Este inciso qualifica o delito de homicídio em razão do gênero feminino. Esse movimento de criminalização
impulsiona a retirada das cifras negras, ou seja, casos sem registros de inexistência de tipo penal específico. A
condição de mulher é definida no §2º, que elenca como condições do sexo feminino.

Inciso VII
Protege agentes das forças armadas e segurança pública no exercício da função ou em decorrência dela. Esta
qualificadora também visa a proteção do núcleo familiar desses agentes até o terceiro grau consanguíneo em razão
da situação de notório risco, uma vez que as atividades desenvolvidas por seus parentes os colocam em situação
de maior vulnerabilidade.

§2º, I
Esta definição encontra lugar na lei Maria da Penha, que prevê as formas de violência contra a mulher.

§2º, II
O menosprezo é tido como qualquer conduta aviltante à vítima pelo simples fato dela ser mulher. A discriminação
por sua vez, decorre da seletividade, escolha, da vítima em razão da mesma ser do sexo feminino.
HOMICÍDIO CULPOSO
Art. 121, §3º
Disposição legal
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.

Conceito de Homicídio Culposo
A modalidade culposa existirá quando, embora o resultado morte seja previsível, o agente se julga capaz de evitá-
lo. No entanto o resultado morte acontece em razão da quebra do dever de um cuidado objetivo que se materializa
em imprudência, negligência ou imperícia.

Homicídio culposo e Homicídio com dolo eventual
Cumpre salientar a grande discussão existente entre homicídio culposo e homicídio com dolo eventual.
O homicídio praticado com dolo eventual é doloso, portanto, com o consentimento do agente no resultado. No
homicídio culposo, não há consentimento no resultado.

Aumento de pena
§4º
§ 4 o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir
as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.

O parágrafo 4º impõe causa de aumento de pena para:


a) Homicídio culposo em razão da forma de imperícia, ou em caso de o agente deixar de prestar imediato socorro
à vítima, não procurar diminuir as consequências dos seus atos ou fugir para evitar prisão em flagrante. Essas
formas se traduzem nas condutas mais graves, ainda que desprovidas de dolo. Por isso, o agente tem a sua pena
aumentada.

b) No homicídio doloso praticado contra o menor de 14 anos ou o maior de 60 anos. Isto decorre em razão da
opção penal de vulnerabilidade com relação ao menor e do alinhamento à Proteção do Idoso.

Perdão Judicial
§5º
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
O art. 5º prevê uma forma de perdão judicial.
Por ser uma faculdade(prerrogativa) do juiz, a aplicação do perdão judicial deverá ser feita no momento da
sentença de forma fundamentada.
Dois requisitos são necessários para a imposição deste benefício:
a) A afetação do próprio sujeito ativo, de forma grave, pelas consequências da infração penal;
b) Desnecessidade da sanção penal
Diante da locução poderá, entende-se que se trata de uma faculdade do juiz, ou seja, há uma margem de
discricionariedade e esta deve estar devidamente fundamentada com base nos dois requisitos já apresentados.
Nesta causa de perdão, não há uma resposta direta à vítima, mas sim uma leitura de desnecessidade de resposta
penal diante das consequências da infração.

Aumento de pena
Milícia privada – Grupo de extermínio
§6º
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Trata-se de causa de aumento de pena para coibir a atuação de milícia privada ou grupo de extermínio.
Nesta causa de aumento, o crime praticado por milícia privada deve ter o pretexto de “prestação de serviço” de
segurança. Já o praticado por grupo de extermínio, não, pois este tem a motivação de ódio ou seletividade.
A característica miliciana decorre se atrelada como uma forma de segurança privada. Já o grupo de extermínio
encontra uma atuação mais ampla e sem esse tipo de atrelamento. São essas as decorrentes do texto legal.

Aumento de pena
Feminicídio de gestante – Menor de 14 anos – Deficiência física ou mental – Feminicídio na presença de... –
Desobediência a medida protetiva
§7º
§ 7 o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I , II e III do caput do art. 22 da
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 .
Inciso I – Proteção à gestante
Na primeira causa, busca oferecer uma proteção à gestante e parturiente.

Inciso II – Menor de 14 - Maior de 60 - Deficiência


Com a menoridade dos 14 anos a maioridade dos 60 e situação específica de deficiência física ou mental.
Inciso III – Feminicídio na presença de pais e filhos
Busca-se coibir uma crueldade excessiva na prática do feminicídio na presença de descendente ou ascendente da
vítima, contemplando nesta causa a presença física ou virtual;
Inciso IV – Desobediência a medida protetiva de urgência
Por fim, a quarta causa decorre da desobediência da medida protetiva de urgência. Considerando aqui, que, esta
forma de desobediência também constitui crime autônomo a ser punido independentemente da imposição da
causa de aumento de pena

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO
Art. 122 do Código Penal
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para
que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos

AUTOMUTILAÇÃO
Art. 122 §1º
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos
termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

O §1º traz a primeira forma qualificada pelo resultado, que ocorre quando da automutilação ou da tentativa de
suicídio resultar a vítima lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos parágrafos 1º e 2º do Art.
129 do CP. A pena, neste caso é de reclusão de 1 a 3 anos.

Contempla toda e qualquer forma de se auto lesionar, afetando a sua própria integridade física.

Como no nosso ordenamento jurídico existe a disponibilidade da nossa própria vida e integridade física, suicidar-
se ou automutilar-se não constitui crime. Não obstante, a fim de não estender esta disponibilidade à terceiros, o
código penal pune as seguintes formas de ingerência na vida e integridade de outrem:


SUICÍDIO
Art. 122 §2º
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

No §2º qualifica-se o delito quando o suicídio realmente ocorre ou quando da automutilação há o resultado morte
da vítima. Neste caso, a pena será de reclusão de 2 a 6 anos.

É a prática de eliminar a sua própria vida.

Induzir
Significa criar a ideia e torná-la factível;
Instigar
Significa provocar e alavancar uma ideia já existente
Prestar auxílio material
Significa contribuir e dar subsídios para prática de algo.

CONCEITO
Nestas três condutas – induzir, instigar e prestar auxílio material - resta criminalizada ingerência de qualquer
pessoa na vida de outra.

Este crime é formal, não se exige que o suicídio ou a automutilação seja levado a cabo para sua configuração.
Desse modo, o crime se consuma no momento da indução, instigação ou auxílio material.

Os resultados advindos da tentativa ou consumação do próprio suicídio ou automutilação serão contemplados nos
parágrafos, dando penalidade maior.

A punição na forma simples, que é a exposta no caput é de reclusão de 6(seis) meses a 2(dois) anos.

Embora formal, dada as formas livres de indução, instigação ou auxílio material, que podem se prolongar no
tempo, a tentativa deste crime é admissível.

DUPLICAÇÃO DE PENA POR MOTIVO EGOÍSTICO, TORPE, FÚTIL E SE A VÍTIMA É MENOR
Art. 122 §3º
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

No parágrafo 3º há a duplicação da pena em duas circunstâncias:


Inciso I – Motivo egoístico, torpe ou fútil
Se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil. O motivo é egoístico é caracterizado quando o sujeito
ativo tem um interesse próprio que somente lhe beneficia. A motivação torpe ou fútil se iguala a já descrita na
qualificação do homicídio;
Inciso II – Vítima menor e ECA
Se a vítima é menor ou tem diminuída por qualquer causa a capacidade de resistência. Nesta circunstância, atende-
se a menoridade estipulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A causa de redução dos meios de
resistência é diversas e livres, bastando que existam e interfiram na autodeterminação da vítima.


AUMENTO DE PENA SE A CONDUTA É POR MEIO VIRTUAL – INTERNET
Art. 122 §4º
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social
ou transmitida em tempo real.
No parágrafo 4º a pena é aumentada até o dobro, se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de
rede social ou transmitida em tempo real.

AUMENTO DE PENA SE A CONDUTA É POR COORDENADOR DE GRUPO DE REDE SOCIAL – MEIO VIRTUAL –
INTERNET
Art. 122 §5º
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.

No §5º aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.

As causas de aumento dos parágrafos quarto e quinto decorrem da alta incidência da utilização de meios virtuais
para a prática deste crime e do considerável potencial lesivo que o ambiente virtual proporciona neste crime.
Afinal, já se trata de vítimas com grau de vulnerabilidade considerável ao ponto de atentar contra a sua própria
vida ou se automutilar.

AUMENTO DE PENA SE COMETIDO CONTRA MENOR DE 14 ANOS OU VULNERÁVEL RESULTADO LESÃO
CORPORAL
Art. 122 §6º
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.

No §6º, se o crime de que trata o parágrafo 1º deste artigo for cometido contra menor de 14 anos ou contra quem
em razão de vulnerabilidade não possa oferecer resistência, responde pelo delito de lesão corporal na forma do
parágrafo 2º do Art. 129.

AUMENTO DE PENA SE COMETIDO CONTRA MENOR DE 14 ANOS OU VULNERÁVEL
RESULTADO MORTE
Art. 122 §7º
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.

No §7º, a determinação de responsabilidade pelo crime de homicídio nos termos do artigo 121, se o crime é
praticado contra o menor de 14 anos ou contra quem pela vulnerabilidade não pode oferecer resistência.

COMENTÁRIOS AOS §§6º E 7º
Os §§ 6º e 7º, expressamente deslocam a tipicidade para a lesão corporal e homicídio em hipóteses declara falta
de discernimento da vítima em se automutilar ou atentar contra a sua própria vida. A questão da eleição dos 14
anos decorre de uma presunção penal de vulnerabilidade

INFANTICÍDIO
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

1 - No Brasil, existe um perdão judicial para uma mãe que, devido ao estado hormonal pós-parto, acabe por
matar o próprio filho? justifique.
Não há perdão judicial por infanticídio no Brasil, por absoluta ausência de previsão legal neste sentido.

2 - O que se entende por estado puerperal.


O estado puerperal consiste em uma das elementares típicas mais difíceis de pacificação. Isso porque trata-
se de algum critério trabalhado na medicina e psicologia que comporta bastante elasticidade com relação ao
tempo.
Desta forma, a maioria dos estudos e da doutrina apontam como critérios seguros:
a) a consideração da maioria dos estudos que atestam para um estado puerperal com potencial lesivo para
o infanticídio em até uma semana pós parto;
b) a necessidade de constatação pericial à luz de todas as características do puerpério;
c) a dissociação do estado puerperal com outras formas de psicose e doenças mentais que possam ter lugar
de discussão no campo da culpabilidade.

3 - O que se entende por parto?


É o momento em que o feto se separa do corpo da mãe. É o momento em que a vida humana até então
intrauterina passa a viver fora do útero desconectada fisiologicamente da mãe; Sendo este marco a ruptura do
cordão umbilical, momento em que se pode atestar uma pessoa nasceu com vida. Para efeitos da tipicidade do
artigo 123 é essencial a verificação do nascimento com vida. A partir de então havendo a possibilidade da prática
da conduta de matar alguém, no caso em espécie o próprio filho. A preocupação do tipo penal do artigo 123 é a
vida humana extrauterina perfeitamente ocorrida.

4 - Qual seria um lapso temporal razoável para afirmar que um evento ocorreu logo após o parto?
O elemento típico logo após o parto, colocado no delito de infanticídio como marco temporal propício a
prática dele se relaciona obrigatoriamente a circunstância fática em que o parto ocorre, não se permitindo que se
prolongue no tempo, sob pena de não caracterizar o delito. Muito se discute sobre a conexão deste elemento com
o puerpério, uma vez que este também é elemento típico a ser considerado. Dessa forma, se demonstra
indissociável a consideração do estado puerperal para deixar a atmosfera pós parto, ressaltando que a locução
logo não permite a excessiva prolongação deste estado.

5 - O que é crime próprio com relação aos sujeitos?


No delito de infanticídio, pela tipicidade penal, temos que se trata de crime próprio. Isso significa que o
legislador exige uma qualidade específica dos sujeitos; no caso, o artigo 123, remonta a necessidade do sujeito
ativo ser a mãe, bem como o sujeito passivo ser o próprio filho.
Nesse caso, se faz de rigor, pela imposição da teoria monista no concurso de agentes a possibilidade de
coautoria e participação quando terceiros que não a mãe de forma consciente se ligarem as elementares típicas.
Quer dizer que haverá possibilidade de coautoria e participação a medida que o terceiro conscientemente realizar
a conduta típica ou para ela colaborar oferecendo meios idôneos para a sua prática.
Tendo em vista que uma das elementares típicas é o próprio filho, o entendimento mais alinhado a
interpretação restritiva admite-se a coautoria do pai e a participação dos demais terceiros cientes da realização da
conduta típica.
Nota: São crimes próprios aqueles que só podem ser cometidos por sujeitos pré determinados pelo
legislador no tipo penal ou na hipótese de concurso de agentes. Ex. a mãe no estado puerperal no infanticídio ou
sua partícipe, peculato por um servidor público ou seu partícipe.

6 - Para interpretação da lei penal que criminaliza uma conduta, um filho adotivo pode ser interpretado como o
próprio filho?
Com relação ao objeto material, o artigo 123 traz o próprio filho. Pela interpretação restritiva penal, somente será
considerado o próprio filho, o biológico. Isso porque, pela tipificação do delito de infanticídio com todas as suas
elementares, ele se presta a uma modalidade específica de homicídio praticado pela mãe sob a influência do
estado puerperal o que somente acontece com a gestação biológica. Em que pese os argumentos psicossociais e
de imperativo de igualdade entre filhos biológicos e adotivos, aqui no infanticídio a incidência é limitada pelas
regras de interpretação penal e pelas justificativas do movimento de criminalização.
Por fim, tem-se que o núcleo do tipo do delito de infanticídio é matar, que significa, eliminar uma vida.
Como objeto material, tem-se o filho próprio com as considerações já acima aduzidas.
Como sujeito ativo, tem-se a mãe por se tratar de crime próprio.
Como visto, a coautoria e a participação são possíveis desde que o agente tenha conhecimento das
elementares típicas.
O delito se consuma com a morte do filho próprio. Por se tratar de delito material e pelo fato da forma livre
poder se prolongar no tempo a tentativa é admitida.
A pena é de detenção de 2 a 6 anos e a ação penal pública incondicionada.
Trata-se de crime doloso e a competência é do Tribunal do Júri, uma vez que doloso contra a vida.

ABORTO

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

O aborto na Legislação Penal brasileira é crime, uma vez que a opção penal legislativa é de proteção da vida
intrauterina.
Deste modo, salvo exceções legislativas expressamente previstas, não existe no Brasil a disposição do
direito reprodutivo feminino quando da fecundação do óvulo pelo espermatozoide no útero.
Em que pese as divergências existentes à vida humana intrauterina para fins de tipificação do aborto, se
inicia com a fecundação do óvulo a partir do terceiro dia, quando o embrião já tem a chamada formação
embrionária completa, possível de batimentos cardíacos e sistema nervoso central.
Importante destacar a proteção intrauterina, uma vez que casos de fertilização fora do útero são
regulamentadas e portanto, não passíveis a incidência dos tipos penais de aborto, recebendo tratamento de
descarte de material biológico.
Deste modo, a discussão que paira acerca da expectativa de vida, parte da premissa da fecundação
intrauterina.
Importante destacar também a questão do abortamento em casos de má formação fetal. Salvo hipóteses
de risco de vida da gestante, estas questões terão de ser submetidas ao Judiciário para autorização, uma vez que
não há legislação expressa tratando o tema.
A questão mais emblemática sobre má formação reside no posicionamento do STF sobre aborto de anencefálo,
que culminou na autorização nestes casos.
Desse modo a legislação penal se vale dos Arts. 125 ao 128 do Código Penal para tratar do aborto.
O Art.124 versa sobre o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento.
A disposição legal é: provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque.
Este dispositivo cuida do auto aborto e do aborto consentido.
Nota: Importante destacar a necessidade de consentimento válido a luz da teoria consentimento. Isto quer
dizer em hipótese alguma o consentimento pode estar viciado, hipóteses nas quais a teoria do consentimento
destaca a violência, a grave ameaça, a fraude, e mais recentemente a vulnerabilidade.
Desse modo tem-se que são núcleos do tipo duas condutas:
a) provocar que significa adotar postura ativa para fazer;
b) consentir, que significa aceitar que outro faça e produza o resultado.
Nota: Importante destacar que estas condutas se ligam ao sujeito ativo gestante que responderá pela
realização das duas condutas provocar ou consentir.
A responsabilização do terceiro enquanto sujeito ativo é prevista no artigo 126 que será posteriormente
tratado.
O objeto material será o aborto, que é a interrupção da gravidez.
Trata-se de delito material que se consuma com a efetiva interrupção da gravidez.
As condutas podem ser praticadas de forma livre e a tentativa é possível dada a característica de delito
material, bem como da forma praticada poder se prolongar no tempo.
A pena é de detenção de 1 a 3 anos;
A ação penal é pública incondicionada e a competência é do tribunal do Júri, uma vez que se trata de crime
doloso contra a vida


Aborto provocado por terceiro
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou
débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

O Código Penal Brasileiro atribui responsabilidade específica para o terceiro que venha a praticar o aborto.
Desse modo, no tocante ao delito de aborto, há uma quebra da teoria monista do concurso de agentes. Isso por
que há previsão legal expressa da punição do terceiro, não incidindo portanto, as regras gerais de coautoria e
participação, uma vez que há punição diferenciada ao terceiro que pratique o aborto.

Assim, a Legislação se divide em 2 hipóteses:


a) Aborto provocado com o consentimento da gestante
b) Aborto praticado sem o consentimento da gestante
Esse desdobramento prestigia a teoria do consentimento, punindo com maior rigor hipóteses sem o
consentimento.
Para operar o consentimento, ele deve ser válido, praticado por pessoa que tenha capacidade de se
autodeterminar. Essa capacidade não é a capacidade civil, mas sim realística, daquela pessoa que tem o necessári
discernimento da situação.

Não haverá consentimento quando:


a) Houver dissenso (a vítima não quer)
b) Houver violência
c) Houver grave ameaça
d) Houver fraude
e) Houver vulnerabilidade da vítima (compreendida como qualquer situação de fato que exclua sua
possibilidade de se autodeterminar perante o evento)

Com isso, o Art. 125 pune com reclusão de 3 a 10 anos o aborto sem consentimento. O Art. 126 pune com
reclusão de 1 a 4 anos o aborto com consentimento.

O Art. 126, § único, prevê a punição de sem consentimento quando:


a) A gestante não for maior de 14 anos (menor igual 14 anos)
b) Alienada;
c) Débil mental
d) Com consentimento mediante fraude
e) Grave ameaça ou violência

Forma qualificada do Aborto

Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Forma qualificada é prevista no Art. 127 que aumenta de 1/3 quando do aborto ou dos meios provocados para
empregá-lo a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave. E duplicada, se por qualquer dessas causas a
gestante morrer.


Aborto necessário
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de
seu representante legal.

Aborto necessário: também chamado de aborto terapêutico, que ocorre quando não há outro meio de salvar a
vida da gestante. Para a incidência desta não punição, o aborto obrigatoriamente tende a ser a única alternativa
para salvar a vida da gestante.
Neste caso, o médico terá que justificar no prontuário a impossibilidade de utilização eficaz de outro meio que não
o abortivo, sob pena de responder por aborto provocado por terceiro.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: Também chamado de aborto sentimental ou aborto
humanitário. A locução legal diz que se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz de seu representante legal, o aborto praticado por médico não é punido.
Neste caso a incapacidade mencionada no dispositivo é a incapacidade civil que faz a pessoa ter de ser
representada legalmente por quem de direito

Questões sobre Aborto
Com relação as hipóteses de aborto legal, pergunta-se:
1. Se uma enfermeira pratica aborto para salvar a vida da gestante, senão houver outro meio, ela responderá
pelo crime de aborto? Fundamente e explique à luz da interpretação restritiva da lei penal. Se uma enfermeira
pratica o aborto para salvar a vida da gestante, se não houver outro meio, de acordo com os Arts. 125 e 126, a
depender do consentimento da gestante, ela responderá criminalmente pelo aborto, como aborto provocado por
terceiro. Isso por que a escusa do aborto necessário, por interpretação restritiva, somente se aplica ao médico. No
entanto, a depender do caso concreto, outras excludentes de caráter geral poderão ser aplicadas, como por
exemplo, o estado de necessidade ou a inexigibilidade de conduta diversa, respectivamente excludente de ilicitude
e excludente supra legal da antijuridicidade.
2. Se um médico aborta uma grávida estuprada sem o consentimento dela, ele responderá pelo delito de aborto?
Fundamente e explique à luz da interpretação restritiva penal. Sim, o aborto realizado por terceiro, ainda que
realizado por um médico, porém sem o consentimento da gestante ou seu representante legal, tipifica crime. Logo,
o médico responderá com base no Art. 125 do CP, o qual prestigia a teoria do consentimento, punindo com rigor
a falta dele. A pena, portanto, é de 3 a 10 anos para o crime de aborto sem o consentimento da gestante, podendo
ter sua forma aumentada de 1/3 quando em consequência do aborto ou dos meios empregados a gestante sofrer
lesão corporal de natureza grave e também poderá ter a pena duplicada se por qualquer dessas causas a gestante
vir a óbito.
3. Para que um médico proceda o aborto humanitário, é necessário haver decisão transitada em julgado que
comprove o estupro? Explique. Para que um médico proceda o aborto humanitário, não é necessário haver
decisão transitada que comprove o estupro. Isso por que trata-se de uma norma permissiva que não prevê a
necessidade jurídica de comprovação. Desse modo, basta o apoio em dados informativos e clínicos, com o devido
preenchimento, evidentemente das outras exigências legais que recaem sobre o consentimento da gestante ou
de seu representante legal.
4. Para que um médico proceda ao aborto humanitário é necessário autorização judicial prévia? Explique. Para
que o médico proceda ao aborto humanitário não é necessária autorização judicial prévia. Isso por que o artigo
128, II, CP, prevê expressamente o aborto humanitário como causa de não punibilidade e nesta previsão que é
expressa não se exige autorização judicial. Como causa expressa de não punibilidade não pode o intérprete exigir
aquilo que a lei não prevê. Não obstante por um imperativo de segurança jurídica a decisão médica deve se
amparar em meios de prova em direito admitido, a fim de justificar a incidência típica permissiva.
5. Quais os meios de prova que o médico poderá invocar para proceder o aborto humanitário? Discorra acerca
dos meios de provas legais. O médico, para proceder o aborto humanitário precisa estar a tomada de decisão pelo
aborto. A prova poderá ser documental consistente no relato da vítima ou representante legal ou testemunhas;
Registro da ocorrência perante as autoridades investigativas (boletim de ocorrência ou notícia de crime direita ao
Ministério Público; Prova técnica consistente em laudos periciais que atestam a situação de estupro. Importante
dizer que dentre as provas não há hierarquia, sendo a fundamentação da decisão tomada fruto da articulação dos
meios de provas existentes.
6. Pode um médico proceder aborto humanitário em casos de estupro de vulnerável? Explique à luz da teoria
do consentimento. Um médico pode proceder ao aborto humanitário em casos de estupros de vulnerável. Neste
caso o consentimento da gestante é descartado, uma vez na teoria do consentimento o vulnerável não é capaz de
autodeterminação.

LESÃO CORPORAL
Art. 129

Prevista no artigo 129, CP, a lesão corporal configura modalidade delituosa consistente em ofender a
integridade corporal ou a saúde de outrem.
A conduta criminalizada é ofender, que significa prejudicar, atacar, afetar. A ofensa é de forma livre, ou
seja, pode ser praticada de qualquer forma, desde que atinja a integridade corporal ou saúde de uma pessoa.
A integridade corporal ou a saúde constituem objeto material do delito. Desse modo a ofensa deve ser
direcionada a integridade corporal ou a saúde.
Para configuração da ofensa hábil a tipificar a lesão corporal a afetação da integridade corporal ou saúde é
obrigatória e de constatação técnica.
Desse modo a materialidade delitiva deve ser comprovada mediante perícia a fim de atestar a real afetação
do bem jurídico tutelado, que no presente caso é a integridade física do ser humano. Isso quer dizer que toda
pessoa tem o direito de ter sua saúde e integridade corporal livre de ataques.
Com relação a obrigatoriedade do exame pericial tem se que somente é dispensado e suprido por outros
meios de prova quando houver a impossibilidade da sua realização. Assim em regra a perícia é obrigatória. A perícia
é feita pelo instituto médico legal que examinará os vestígios da ofensa.
Caso houver ofensa e não chegue a lesionar a integridade física ou a saúde da vítima, haverá deslocamento
da tipicidade para a contravenção de vias de fato. Importante salientar que haverá vias de fato quando houver
prova da ofensa mas não houver afetação da integridade corporal ou da saúde. É o caso de ofensas menores com
tapas, empurrões, que descontam certa gravidade, mas não chegam configurar lesão corporal.


MODALIDADES

Inicialmente a lesão corporal se subdivide em três modalidades:


LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de Natureza Leve: Prevista no caput do artigo 129 - Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a
saúde de outrem - basta a constatação da materialidade para que reste configurado. Nenhum resultado além da
afetação da integridade corporal e da saúde é exigido. Trata-se de modalidade dolosa na qual o sujeito tem a
intenção livre consciente de ofender.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Lesão corporal de Natureza Grave
Trata-se de modalidade de lesão com exigência de ocorrência de alguns resultados que extrapolam a mera
afetação da integridade corporal ou da saúde. Estes resultados são previstos no parágrafo 1º do artigo 129, sendo
eles:
Inciso I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias
Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. Neste caso, perto ocupação habitual se entende a
rotina diária e afazeres básicos e não somente a questão da possibilidade de trabalhar. Para verificação deste
resultado é necessária a realização de perícia complementar. Isso significa que o médico perito precisa atestar a
existência da lesão e reavaliá-la passados 30 dias a fim de se contatar a gravidade da lesão. A ausência da
contratação faz com que a lesão configurada seja a simples.
Inciso II – Perigo de Vida
Nesta constatação, o médico deverá constatar que pela lesão corporal praticada houve um perigo concreto de
afetação da vida humana. Essa avaliação se faz pela contundência da lesão como por exemplo proximidade de
afetação de órgãos vitais.
Inciso III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função
Para esta configuração deverá ser constatada uma redução da capacidade do membro, sentido ou função. Essa
redução deve ser irreversível; não obstante casos esporádicos de reversibilidade dada a insistência de exaustivas
atividades recuperativas não fazem com que cesse o requisito da permanência.

Inciso IV – Aceleração de parto


Neste caso deve-se comprovar a correlação entre a lesão sofrida e o início do trabalho de parto antes do tempo
previsto. Evidentemente se a aceleração se dá por circunstâncias alheias a lesão, este resultado não é idôneo para
conferir a natureza grave da lesão.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVÍSSIMA
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Prevista no parágrafo 2o do artigo 129 ocorrerá quando:


Inciso I - Incapacidade permanente para o trabalho
Note-se aqui a diferença da ocupação habitual colocada na lesão grave. Na gravíssima, a pessoa tem que se tornar
permanentemente incapaz de trabalhar em decorrência das lesões sofridas.
Inciso II - Enfermidade incurável Incapacidade permanente para o trabalho
Neste caso carece correlação entre a lesão sofrida e o desenvolvimento da enfermidade. Exige-se também que a
enfermidade desenvolvida não tenha tratamento curativo, mas, somente paliativo, ou de cura funcional.
Inciso III - Perda ou inutilização do membro, sentido ou função
Neste resultado a constatação da perda ou inutilização também será pericial.
Inciso IV - Deformidade permanente
Neste resultado precisa haver algo que fuja ao aspecto natural, ou seja, deforme, e que esta deformidade não
consiga ser reparada. Muito se discute neste ponto sobre a questão da cicatriz, uma vez que se trata de situação
corriqueira oriunda de lesões. A lei é clara em não oferecer gradação das deformidades, de modo que se esta
houver e for permanente, ainda que pequena deverá ser avaliada na dosimetria penal da lesão gravíssima.
Inciso V - Aborto
Eesse resultado precisa vincular a lesão sofrida a interrupção da gravidez.

NOTAS – LESÕES GRAVES E GRAVÍSSIMAS
Nas lesões graves e gravíssimas há a qualificação pelo resultado. Isso quer dizer que o legislador previu nos
parágrafos 1º e 2º do artigo 129 patamares penais diversos caso ocorram resultados que extrapolem a mera
afetação da integridade corporal ou da saúde.
As lesões qualificadas pelo resultado são subdivididas com relação ao elemento subjetivo do tipo. Isso quer
dizer que nas lesões de natureza grave ou gravíssima haverá a possibilidade de se tratar de modalidade dolosa
integralmente, ou seja, haverá dolo na lesão e dolo para o resultado mais gravoso ou será preterdolosa, figura que
há dolo da lesão e um segundo elemento que é culpa no resultado mais gravoso.
Isso quer dizer que, lesões corporais graves ou gravíssimas poderão ser dolosas ou preterdolosa, e a
intencionalidade do resultado será sopesada na dosimetria penal, uma vez q evidentemente um dolo no resultado
será mais gravoso do que um resultado advindo da culpa.
Importante: A figura integralmente dolosa (dolo integral) inexiste (não é admitida) na lesão corporal
seguida de morte, a qual por imperativo legal é preterdolosa.

LESAO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de
produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Trata-se de modalidade preterdolosa prevista no artigo 129, § 3º do CP. Nela qualifica-se o resultado morte
decorrente da lesão corporal quando as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado morte e
nem mesmo de sua produção.
Com relação ao preterdolo ou dolo integral que podem ser observados nas qualificadoras pelo resultado,
importante ressaltar que o elemento subjetivo do tipo nestes casos não modificam a tipicidade da conduta, mas
deverão ser observadas quando da imposição da pena, impondo penalidade maior quando houver dolo integral e,
consequentemente menor quando verificado o preterdolo.

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA
Diminuição de pena (conhecido na doutrina como Lesão Corporal Privilegiada)
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.

Prevista no artigo 129, §4º do CP há de haver diminuição da pena, facultada ao juiz, de 1/6 a 1/3 se o agente
comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo
em seguida a injusta provocação da vítima.
Desse modo tem se que invariavelmente para constatação do privilégio terá de haver a prévia provocação
da vítima. A motivação de relevância social ou moral não pode em hipótese alguma contemplar situação de ódio
ou preconceito, bem como não pode traduzir excessiva moralidade. A violenta emoção, por sua vez, é aquela que
arrebata repentinamente o agente, como uma resposta imediata de suas emoções à provocação sofrida. Esta
causa de diminuição é de faculdade do magistrado que evidentemente tem o dever de fundamentar a sua
imposição ou o seu afastamento.

SUBSTITUIÇÃO DE PENA
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil
réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
O §5º do Art. 129 prevê a substituição da pena privativa de liberdade por uma pena de na multa se as
lesões não foram graves quando:
a) se tratar de lesão privilegiada
b) se as lesões forem recíprocas

Percebe-se aqui, nesta última, a impossibilidade de compensação de culpa no direito penal brasileiro;
mesmo em casos e lesões recíprocas, o direito penal pune os indivíduos, ainda que neste caso possa haver uma
substituição da pena.
Nota: Lembrar sempre que no Direito Penal Brasileiro, não há compensação de culpa.

LESÃO CORPORAL CULPOSA
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

As lesões corporais tratadas no Art. 129, em regra são dolosas (ressalvadas também aqui as hipóteses de
preterdolo). Não obstante, as lesões corporais podem decorrer de culpa, quando embora não pretendidas houver
a previsibilidade objetiva de resultado e, pela quebra do dever de cuidado objetivo a lesão for ocasionada; É o
descuido. No §6º do Art. 129 há expressa previsão de punição a título de culpa, punição essa mais branda com
pena de detenção de 2 meses a 1 ano. Importante também mencionar o princípio da especialidade que opera em
casos de lesões corporais culposas no trânsito, operando, portanto, a previsão do CTB.

AUMENTO DE PENA – HIPÓTESES DE INOBSERVÂNCIA DE REGRAS TÉCNICAS DE PROFISSÃO E MILÍCIA
Aumento de pena
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste
Código.

Na lesão corporal aumenta-se a pena de 1/3 nas hipóteses do §§4º e 6º do Art. 121.

PERDÃO JUDICIAL – QUANDO ATINGE O AGENTE
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121

O §8º, por sua vez, empresta às lesões corporais o perdão judicial previsto no §5º do art. 121 quando a
lesão for culposa.

LESÃO CORPORAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Violência Doméstica
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

O §9º prevê a qualificadora da lesão corporal decorrente de violência doméstica. Neste caso, a pena será de
detenção de 3 meses a 3 anos se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda prevalecendo-se o agente das relações
domésticas de coabitação ou de hospitalidade.

Trata-se da proteção especial da violência doméstica, dando amplitude normativa as diversas situações
decorrentes do ambiente doméstico e familiar. A extensão é tamanha que não se exige obrigatoriamente a
coabitação, mas esta pode também existir.

LESÃO CORPORAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
AUMENTO DE PENA
NATUREZA GRAVE OU SEGUIDA DE MORTE
Violência Doméstica
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §9º deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
Lesão corporal de natureza grave:
§ 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV -
aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III - perda ou inutilização
do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte: § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: Pena -
reclusão, de quatro a doze anos. O §10 prevê causa de aumento de pena de 1/3 nas lesões corporais qualificadas pelo resultado se a vítima tiver situação de violência
doméstica.


LESÃO CORPORAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
AUMENTO DE PENA
CONTRA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA
Violência Doméstica
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência.
O §11, por sua vez, aumenta a pena de 1/3 nas lesões corporais praticadas em situação de violência doméstica e
a vítima for portadora de deficiência.


LESÃO CORPORAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
AUMENTO DE PENA
PROTEÇÃO À FAMILIARES DE AUTORIDADES – AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA

§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
O §12 impõe aumento de pena de 1 a 2/3 nas lesões praticadas contra autoridades ou agentes da segurança
pública e forças armadas descrito no art. 142 e 144. Para incidência desta causa, a vítima deve estar no exercício
da função ou a lesão deve ter sido motivada pela função. Também é incrementada a lesão praticada o cônjuge,
companheiro ou bem parente consanguíneo até terceiro grau da autoridade ou agente.
ORIENTAÇÕES DA PROVA

Texto de lei - Artigos 121 ao 129


4 questões de 2,5 pontos cada para 1 homicídio, 1 auxílio instigação ao suicídio e
automutilação, 1 Aborto e 1 Lesão corporal

Resposta objetivamente: “Sim” ou “Não”, sem a necessidade de apontar a lei,


apenas a tese - razões
Fundamentar significa apontar o dispositivo legal

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