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DOS CRIMES CONTRA A

PESSOA
Laura Vanessa Borges Paz
Monitora de Direito Penal I
ROTEIRO
121 HOMICÍDIO

122
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO
SUICÍDIO OU À AUTOMUTILAÇÃO

123 INFANTICÍDIO

124 ABORTO PROVOCADO

125 ABORTO SOFRIDO

126 ABORTO CONSENTIDO

127 FORMA QUALIFICADA

128 ABORTO NECESSÁRIO

129 LESÃO CORPORAL


CÓDIGO PENAL
PARTE ESPECIAL

Dividida em 11 Títulos, de acordo com o bem jurídico


tutelado;
Título I - Dos crimes contra a pessoa;

Capítulo I - Dos crimes contra a vida;


Capítulo II - Das lesões corporais;
Capítulo III - Da periclitação da vida e da saúde
Capítulo IV - Da rixa;
Capítulo V - Dos crimes contra a honra;
Capítulo VI - Dos crimes contra a liberdade individual;
CAPÍTULO I - DOS
CRIMES CONTRA A
VIDA
Art. 121 - Homicídio
Homicídio simples

Art. 121. Matar alguém.


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Bem jurídico tutelado: vida humana


extrauterina;
Doutrina: considera que a vida principia no início
do parto, com o rompimento do saco amniótico;
Antes do início do parto: aborto;
Durante o parto ou logo após o nascimento,
praticado pela mãe: infanticídio;
Art. 121: Classificação
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum);
Sujeito passivo: qualquer pessoa (crime comum);
Pode ser praticado por ação ou omissão;
Omissivo impróprio: necessário que o agente tenha o dever jurídico de impedir a
morte da vítima;
Para que o agente possa ser responsabilizado por homicídio, deve ficar demonstrado
o nexo causal entre o comportamento e o resultado morte (exemplo: crime
impossível);
Resultado: crime material – exige que o bem jurídico seja lesado com a identificação
material do dano (necessidade do corpo de delito);
Tipo subjetivo: dolo - direto ou eventual;
Consumação: morte da vítima;
Crime instantâneo de efeitos permanentes (a morte ocorre com a cessação do
funcionamento cerebral, circulatório e respiratório);
Tentativa: admite - exceto em crime culposo;
Ação penal: pública incondicionada (compete o julgamento ao júri);
Crime impossível
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.

Ineficácia absoluta do meio: arma ou instrumento utilizado para


cometer o crime não tem eficácia (exemplo: atirar sem balas);
Absoluta impropriedade do objeto: pessoa ou coisa contra a qual o
crime é cometido, cujas condições torna impossível a consumação;
Homicídio privilegiado
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Hipóteses de diminuição de pena sobre o crime de homicídio doloso;


Menor reprovação social da conduta homicida;
Caráter subjetivo: essas causas de diminuição da pena não se comunicam aos
demais autores ou partícipes;
Motivo de relevante valor social: pertinente a um
interesse da coletividade.
Não diz respeito ao agente individualmente

Homicídio
considerado, mas à sociedade como um
todo;
Exemplo: matar um perigoso estuprador que

privilegiado aterroriza as mulheres de uma pacata


cidade;

Motivo de relevante valor moral: relativo a um


Caso de diminuição de pena interesse particular do agente.
§ 1º Se o agente comete o crime Exemplos: pai que mata o estuprador da filha;
impelido por motivo de eutanásia;
relevante valor social ou moral,
Sob o domínio de violenta emoção, logo em
ou sob o domínio de violenta
seguida a injusta provocação da vítima:
emoção, logo em seguida a Injusta provocação + emoção violenta +
injusta provocação da vítima, o reação em seguida;
juiz pode reduzir a pena de um Sob domínio (possesso);
sexto a um terço. Exemplo: matar traidor por adultério. Adultério
não é crime, mas é considerado uma injusta
provocação da vítima;
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe;
(motivo)
II - por motivo fútil; (motivo)

Homicídio
III - com emprego de veneno, fogo,
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa

qualificado resultar perigo comum; (meio)


IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que
Circunstâncias que elevam a dificulte ou torne impossivel a defesa do
pena do homicídio: ofendido; (modo)
V - para assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime: (finalidade)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio qualificado
Motivos: o que levou o agente a praticar?

Paga ou promessa de
Motivo torpe Motivo fútil
recompensa

Desproporcionalidade entre
O agente pratica por Desprezível, repugnante,
a causa e o crime;
motivo de pagamento ou demonstra falta de moral
praticado por motivo
expectativa de paga (valor (ex: matar para receber
insignificante, banal, que
econômico); herança);
não levaria a um crime;
Homicídio qualificado
Meios: se refere ao instrumento de que se serve o agente para
a prática da ação delituosa.

Tortura Meio insidioso Cruel Perigo comum

Faz sofrer além do


Geralmente física, mas necessário. O meio
Cilada, como deve ter sido escolhido Pode alcançar
pode ser moral, desde
armadilha ou desejado pelo indefinido número
que exacerbe o
mortífera; agente, visando ao de pessoas;
sofrimento da vítima; padecimento da
vítima;
Homicídio qualificado
Modos: “modo de execução”. É a forma da conduta.

Recurso que
Mediante
Traição Emboscada dificulte ou torne
dissimulação
impossível a defesa

O agente esconde ou A surpresa,


Ataque sorrateiro, disfarça seu inesperada para a
Agente escondido à
praticado propósito para atingir vítima, dificultando ou
espera da vítima;
inesperadamente; o ofendido impossibilitando sua
desprevenido; defesa;
Feminicídio
Qualificadora do crime de homicídio;
Introduzida pela Lei n. 13.104/2015;
Feminicídio: Matar mulher em razão do menosprezo ao sexo feminino;
Femicídio: basta “matar mulher“;

Art. 121, § 2°:


VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

§ 2°-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino


quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
Feminicídio
Na prática, essa inclusão foi uma alteração meramente política – mudou o “rótulo”;
A pena de qualquer homicídio qualificado é a mesma: 12 a 30 anos;
Antes do feminicídio, matar uma mulher por menosprezo à condição de gênero feminino
já respondia por homicídio qualificado (motivo fútil ou torpe);
A alteração prática veio nas causas de aumento de pena:

§ 7° A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o


crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência;
III - na presença física/virtual de descendente (filhos) ou de ascendente
(pais) da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas;
Homicídio qualificado
Art. 121, § 2°- Se o homicídio é cometido:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:

Homicídio contra menor de 14 anos (Incluído pela Lei nº 14.344/2022)

IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


Homicídio qualificado
Lei Henry Borel

Art. 121, § 2° - Homicídio contra menor de 14 anos


IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14


(quatorze) anos é aumentada de:

I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa


com deficiência ou com doença que implique o
aumento de sua vulnerabilidade;

II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto


ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
Homicídio culposo
§ 3° Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.

§ 4° - Causas especial de aumento de pena

§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a


pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária (perdão judicial).
Homicídio
A culpa pode ocorrer por:

Imprudência: o agente atua com

culposo
precipitação, com falta de cuidado. Ex.:
conduzir um veículo em alta velocidade
em dia de chuva; trafegar na contramão.

Negligência: Ausência de precaução. A


Ocorre o homicídio culposo quando o omissão de um comportamento que era
agente: devido. Ex.: pai de família deixa uma arma
Com manifesta imprudência, carregada em local de fácil acesso a
negligência ou imperícia; crianças.
Deixa de empregar a atenção ou
diligência de que era capaz; Imperícia: falta de aptidão técnica para o
Provocando, com sua conduta: exercício de arte ou profissão. A própria
➢ O resultado lesivo (morte); falta de conhecimento ou de habilidade
para exercício. Ex.: engenheiro que
➢ Previsto (culpa consciente);
constrói prédio com material de baixa
➢ Previsível (culpa inconsciente); qualidade, vindo este a desabar e
Porém jamais aceito ou querido; provocar mortes.
Art. 121 - Homicídio
Causas de aumento de pena
Art. 121, § 4°, 6° e 7°:

§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de


inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime
é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 6° A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.

§ 7° A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência;
III - na presença física/virtual de descendente (filhos) ou de ascendente (pais) da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas.
✓ Induzir: colocar a ideia do
suicídio ou automutilação sobre a
vítima; “plantar a semente”;
Art. 122 – Induzimento,
instigação ou auxílio ao ✓ Instigar: a vítima já considera
aquela ideia e o ideia a reforça;
suicídio ou à mutilação
✓ Auxílio material: fornecimento
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a de instrumentos que vão
suicidar-se ou a praticar viabilizar a prática; entregar
automutilação ou prestar-lhe auxílio veneno, faca, arma;
material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 meses a 2 anos.

A vítima não pratica crime


nenhum. Autolesão não é crime!
Art. 122 – Induzimento, instigação ou auxílio
ao suicídio ou à mutilação

Qualificadoras
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos.

§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:


Pena - reclusão, de 2 a 6 anos.

Se o suicídio se consuma: o dolo do agente sempre foi a morte da vítima, ele só não fez
de forma direta;
Automutilação com resultado morte: crime preterdoloso; o agente pretendia que a
vítima se automutilasse, mas por um excesso ocasionou a morte;
Art. 122: Classificação
Bem jurídico: vida e integridade física;
Núcleo de tipo: induzir; instigar; auxiliar;
Sujeito ativo e passivo: qualquer pessoa (crime comum);
Elemento subjetivo: dolo;
Ação penal: pública incondicionada;
Consumação: basta induzir, instigar ou prestar auxílio (crime formal);
Com a Lei no 13.968/2019, esse crime converteu-se em crime formal: não mais
se exige o resultado morte ou lesões corporais para a sua consumação;
Tais resultados agora surgem como qualificadoras do crime; a tentativa é
admitida nos verbos instigar e induzir, somente na forma escrita.
Art. 123 - Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

O infanticídio é uma forma especial de homicídio, com elementos especializantes;

Bem jurídico: vida;


“Matar o próprio filho”: crime próprio – cometido apenas pela mãe em estado puerperal;
Estado puerperal: situação transitória; fase pós-parto em que a mulher experimenta
modificações físicas e psíquicas que reduzem a capacidade de discernimento;
Os hormônios femininos estão tão alterados que afetam o psicológico, ao ponto de a
mulher sentir repulsa pelo próprio filho, vindo a matá-lo;
Em virtude da influência do puerpério, a pena é tão inferior à do homicídio;

Durante o parto/logo após: vida extrauterina; proximidade temporal;


Admite coautoria de terceiros e participação;
Exemplo: o pai que auxilia a mãe a matar o próprio filho assim que ele nasce;
Art. 123 - Infanticídio
“Matar próprio filho”: crime próprio – cometido apenas pela mãe em estado
puerperal;
Admite coautoria de terceiros e participação;
Exemplo: o pai que auxilia a mãe a matar o próprio filho assim que ele nasce;

➢ O coautor (pai) também responderá por infanticídio, em razão das


elementares do tipo “próprio filho”;
A razão desse entendimento está na teoria monista e no art. 30 do CP;
Teoria monista: todos os agentes envolvidos respondem pelo mesmo crime;
Art. 30: circunstâncias incomunicáveis - não se comunicam as circunstâncias
e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime;
Art. 123: Classificação
Conduta: ação/omissão imprópria;
Sujeito ativo: mãe (crime próprio);
Sujeito passivo: próprio filho;
Erro sobre a pessoa: responderá como se tivesse matado o próprio filho;
Ação penal: pública incondicionada;
Tentativa: admite-se (plurissubsistente);
Consumação: morte (crime material);
Elemento subjetivo: dolo. Não admite a modalidade culposa;
Crime doloso contra a vida: Tribunal do Júri;
Quando se trata de aborto, é importante
identificarmos o momento em que, para o Direito,

Art. 124 - Aborto se inicia a vida:

provocado A vida se inicia com a


concepção/fecundação

Art. 124 - Provocar aborto em si


mesma ou consentir que outrem Entretanto, para fins de proteção
lho provoque. penal, a vida só terá relevância
após a nidação
Pena - detenção, de um a três
anos.

Neste período, até o início do parto,


toda intervenção que resultar na morte
do produto da concepção será aborto;
Art. 124 - Aborto provocado
Teoria monista
Art. 30: As circunstâncias de
Como regra, o CP adota a caráter pessoal não se
teoria monista:
comunicam, salvo se forem
“Todos aqueles que
elementares
colaboram para um crime
do crime;
recebem a mesma pena”;

Aborto = exceção à essa teoria;

Para o aborto, a lei penal prevê 2 tipos penais


diferentes para punir de forma diversa 2 pessoas
que estão envolvidas no mesmo fato;
Art. 124 - Aborto provocado
Para o aborto, a lei penal prevê 2 tipos penais diferentes para punir de forma
diversa 2 pessoas que estão envolvidas no mesmo fato:

Grávida: responde pelo art. 124:


Exemplo: gestante pede “consentir que outrem lhe provoque”;
a médico para
lhe realizar aborto:
Médico: responde pelo art. 126:
“provocar aborto com o consentimento
da gestante”;

Se a gestante adotar ela mesma as manobras abortivas, responde pelo


autoaborto (art. 124);
Se um terceiro adotar essas manobras: sem (art. 125) ou com consentimento
(art. 126);
Exemplo: alguém quer provocar o aborto em
uma grávida. Para isso, provoca uma agressão
que, ao invés do aborto, acelera o parto. A

Aborto criança morre em decorrência do parto


prematuro.

Nesse caso, o sujeito também vai responder


Para ser configurado pelo aborto, sem o consentimento da
aborto, não é preciso que a gestante (art. 125), uma vez que o feto
morte aconteça dentro do faleceu em virtude da ação do agente;
útero, basta que aconteça
Se a intenção (dolo) do agente era agredir,
o nexo causal:
mas não provocar o aborto, temos crime
preterdoloso (art. 129):
Dolo: lesão corporal gravíssima;
Culpa: morte do bebê;
Art. 124 - Aborto provocado
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
que outrem lho provoque. (Vide ADPF 54)

Art. 125 – Aborto sofrido


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento
da gestante.

Art. 126 – Aborto consentido


Aborto Art. 126 - Provocar aborto, com o consentimento da
gestante.

Art. 127 - Forma qualificada


Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
anteriores são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado
por médico:
Aborto necessário

Art. 128: I -se não há outro meio de salvar a vida da


gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de
No Brasil, é proibido. estupro
Exceções: II - se a gravidez resulta de estupro e o
aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal.
FETO ANENCÉFALO (ADPF 54)
▪ Possibilidade de abortamento em casos de fetos com anencefalia total;
▪ Por isso, com relação ao feto anencéfalo, a interrupção da gravidez não
pode ser enquadrada como crime, pois seria algo inconstitucional – que
fere direitos fundamentais, dignidade da pessoa humana, saúde;
▪ O crime de aborto foi criado para proteger a vida viável - e não inviável,
como no caso dos fetos anencéfalos, que quando do nascimento com
vida, só sobrevivem por algumas horas;
▪ Logo, para a ADPF, aborto de feto anencéfalo é um crime impossível:
com a ausência de cérebro, não existe vida, logo: não existe bem jurídico e
há uma absoluta inapropriedade do objeto;
Aborto: Classificação
Conduta: comissivo;
Sujeito ativo: gestante (mão própria); terceiro (comum);
Sujeito passivo: feto/embrião;
Tentativa: admite-se (plurissubsistente);
Consumação: morte (crime material);
Efeitos: dano (efetiva lesão ao bem jurídico);
Resultado: crime material (morte do feto);
Aborto de quem não está grávida: crime impossível por absoluta
inapropriedade do objeto;
CAPÍTULO II - DAS
LESÕES
CORPORAIS
Art. 129 - Lesão corporal
Art. 129 – Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde
de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

CP não rotula o que é leve e nem o que é gravíssima -


só rotula a grave; Vias de fato: atos de agressividade que,
Segundo a doutrina: apesar de não machucar fisicamente,
caput – leve; são considerados infrações penais
§ 1° - grave; (empurrão);
§ 2° - gravíssima;

Leve: lesão simples - tapa na cara, voadora, rasteira; Lesão leve: crime. Atos de
Lesão corporal x vias de fato; agressividade que resultem em
➢ Passou das vias de fato, agrediu, lesão corporal leve; lesão física;
Art. 129 - Lesão corporal
Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:
I. incapacidade para as ocupações habituais,
por mais de trinta dias;
II. perigo de vida;
III. debilidade permanente de membro,
sentido ou função;
IV. aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Lesão corporal de natureza grave

I – ocupações habituais: não se restringe só ao


trabalho. Aqui, é genérico, pode ser qualquer
ocupação da vítima;
I – mais de 30 dias: leia-se no mínimo 31 dias; exatos
30 dias é lesão corporal leve;
II – perigo de vida: demanda interpretação do juiz. O
sujeito pode ter sofrido lesão corporal leve, mas por
ter tido a vida colocada em risco, vai qualificar para
grave (agressão na beira de penhasco);
III – debilidade permanente: ocorre uma redução
parcial da capacidade de um membro, sentido ou
função para a vida toda;
IV – aceleração de parto: sujeito agride mulher
sabidamente gestante e ela dá à luz de forma
prematura em virtude da lesão corporal
(independente do estado de nascimento da
criança);
Art. 129 - Lesão corporal
Lesão corporal gravíssima
➢ Correspondentes (§ 1°) de forma piorada;

§ 2° Se resulta:
I. incapacidade permanente para o trabalho;
II. enfermidade incurável;
III. perda ou inutilização do membro, sentido
ou função;
IV. deformidade permanente;
V. aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
GRAVE GRAVÍSSIMA

Incapacidade para as O criminoso não fica lançado


Incapacidade permanente
ocupações habituais, por
para o trabalho;
à sorte futura da vítima de se
mais de 30 dias; recuperar das sequelas; vai
permanecer grave ou
Perigo de vida; Enfermidade incurável; gravíssima a lesão corporal
praticada.
Debilidade permanente
Perda ou inutilização do Se no momento do crime se
de membro, sentido ou
membro, sentido ou função; aperfeiçoou a qualificadora,
função;
ela não será mais afastada,
independente da vítima
Aceleração de parto; Aborto;
melhorar posteriormente.

Deformidade permanente;

incuráveis, irreversíveis
Art. 129 - Lesão corporal
§ 3°: Lesão corporal seguida de morte
➢ Lesão corporal preterdolosa com resultado morte;

§ 4°: Lesão privilegiada


➢ Causa especial de diminuição de pena;

§ 5° : Substituição da pena
➢ Hipótese especial de substituição da pena de detenção pela multa;

§ 6°: Lesão corporal culposa


➢ Quando a lesão decorre de conduta negligente, imprudente ou imperita;

§ 7°: Aumento de pena ➢ Causas especiais de aumento de pena;

§ 8º: Lesão culposa ➢ Perdão judicial: O juiz poderá deixar de aplicar a pena se as consequências de a infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária;

§ 9°: Qualificadora da violência doméstica


➢ Independe de ser mulher – basta o convívio;

§ 10, § 11, § 12: Causas especiais de aumento de pena

§ 13: Qualificadora de lesão corporal por razões de sexo feminino


Obrigada!
Laura Vanessa Borges Paz
Monitora de Direito Penal II
Contato: (84) 99657-0737

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