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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO


CURSO ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE CABOS

DIREITO PENAL

Crimes contra a vida


CRIMES CONTRA A VIDA:

• Homicídio (artigo 121)


• Induzimento, instigação, auxílio ao suicídio e
a automutilação(artigo 122)
• Infanticídio (artigo 123)
• Aborto (artigos 124, 125 e 126)
Competência pra processo e julgamento:
a) Se doloso, Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, “d”, CF/88).
b) Se culposo, de regra, Vara Criminal comum.

Obs: o único crime contra a vida que admite a forma culposa


é o homicídio.
HOMICÍDIO
Art. 121
Homicídio Simples (6-20)
Art. 121. Matar alguém.
Observações:
a) É a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa
(quando a vida é intrauterina o único delito contra a vida possível é
aborto).
b) Quando a vida se considera encerrada? Quando a atividade encefálica
acaba.
c) Quando a vida deixa de ser intrauterina e passa a ser extrauterina?
Com o início do parto (rompimento do saco amniótico).
d) É necessário que tenha havido respiração? Não!
e) Após o início do parto e durante este se fala em ser “nascente”; após a
conclusão do parto se fala em ser “nascido” ou neonato.
f) Tanto o nascente quanto o nascido podem, portanto, ser vítimas de
homicídio, não cabendo se falar em aborto.
Caso De Diminuição De Pena
(Homicídio Privilegiado)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de
um sexto a um terço.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de
violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Natureza jurídica: causa de diminuição de pena.
Perceba: o fato de o homicídio ser privilegiado não exclui o
crime, nem impede que o sujeito ativo seja processado e
condenado.
Para que o homicídio seja considerado privilegiado basta
que o sujeito tenha o cometido em uma destas 3 situações:
1) Por relevante valor social;
2) Por relevante valor moral;
3) Sob domínio de violenta emoção logo em seguida a
injusta provocação da vítima.
Motivo de relevante valor social: é aquele motivo que
atende aos interesses da coletividade. Não interessa tão
somente ao agente, mas, sim, ao corpo social. Ex: a
morte de um político corrupto por um agente revoltado
com a situação de impunidade no país, em que o Direito
Penal, segundo este agente, apenas pune as pessoas que
não tem dinheiro ou poder (exemplo dado por Rogério
Greco).
Outro exemplo seria o sujeito matar um perigoso
estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de uma
pacata cidade interiorana.
Motivo de relevante valor moral: é aquele que se
relaciona a um interesse particular do responsável
pela prática do homicídio, aprovado pela
moralidade prática e considerado nobre e altruísta.
Exemplo: matar aquele que estuprou sua filha ou
esposa.
Eutanásia é crime?
Eutanásia é o modo comissivo de abreviar a vida de pessoa
portadora de doença grave, em estado terminal e sem
previsão de cura ou recuperação pela ciência médica.
É também denominada de homicídio piedoso, compassivo,
médico, caritativo ou consensual.
Configura, sim, homicídio.
Contudo, há homicídio privilegiado pelo relevante valor
moral.
Sob domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta
provocação da vítima:
a) Tem que ser domínio. Influência não caracteriza.
b) Tem que ser provocação injusta. Se for agressão
injusta, em tese, temos legítima defesa em favor de quem
matou.
Observação:
A premeditação do homicídio é incompatível com essa hipótese
de privilégio. A tarefa de arquitetar minuciosamente a
execução do crime não se coaduna com o domínio da violenta
emoção, seja pela existência de ânimo calmo e refletido, seja
pela ausência de relação de imediatidade entre eventual
injusta provocação da vítima e a prática da conduta criminosa.

A premeditação, entretanto, é compatível com as


privilegiadoras do relevante valor moral e do relevante valor
social. (ex: eutanásia)
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Motivo torpe é o vil, repugnante, abjeto, moralmente reprovável.
Exemplo: matar um parente para ficar com sua herança.
Fundamenta-se a maior quantidade de pena pela violação do sentimento
comum de ética e de justiça
Observações:
a) A vingança não caracteriza automaticamente a torpeza. Será ou não torpe,
dependendo do motivo que levou o indivíduo a vingar-se de alguém, o qual
reclama avaliação no caso concreto.
b) O ciúme não é considerado motivo torpe. Quem mata por amor, embora
criminoso, não pode ser taxado de vil ou ignóbil, e tratado à semelhança de
quem mata por questões repugnantes, tais como rivalidade profissional,
pagamento para a prática do homicídio, etc.
II - por motivo fútil;
Motivo fútil é o insignificante, de pouca importância,
completamente desproporcional à natureza do crime praticado.
Exemplo: Age com motivo fútil o marido que mata a esposa por não
passar adequadamente uma peça do seu vestuário.
Fundamenta-se a elevação da pena na resposta estatal em razão do
egoísmo, da atitude mesquinha que alimenta a atuação do
responsável pela infração penal.
Observações:
a) A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil.
(STJ).
b) O ciúme não pode ser enquadrado como motivo fútil.
Esse sentimento, que destrói o equilíbrio do ser humano e
arruína sua vida, não deve ser considerado insignificante
ou desprezível.
c) A embriaguez não afasta a motivação fútil: “[...] a
embriaguez, causada pela ingestão voluntária de bebida
alcoólica, não é incompatível com a qualificadora do
motivo fútil.” (STJ - REsp 1298688/MG, Rel. Min.
LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO - CONVOCADO DO TJ/PE,
DJ 10/04/2015)
relevante valor social:
Interesse coletivo, ex. traidor da pátria.

relevante valor moral:


Interesse pessoal, ex. estuprador da filha,
eutanásia.

violenta emoção: (homicídio emocional)


 Homicídio qualificado (12-30)
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe;
 II - por motivo futil;
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
Feminicídio (12-30)
VI - contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino;

§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de


sexo feminino quando o crime envolve:      
I - violência doméstica e familiar;      
II - menosprezo ou discriminação à condição de
mulher. 
Agentes de segurança pública (12-30)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos 
arts. 142 e 144 da Constituição Federal
, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição.
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido:         (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)       
(Vigência)
Homicídio culposo

 § 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos.

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de


veículo automotor:
        Penas - detenção, de dois a quatro anos, e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se
as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que
a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio.       (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
 § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
 I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
parto;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
 II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos,
com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;   (Redação dada
pela Lei nº 13.771, de 2018)
 III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da
vítima;   (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
 IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas
nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006.   (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
Induzimento, instigação ou auxílio
a suicídio ou a automutilação
Art. 122
Art. 122 -  Induzir ou instigar alguém a suicidar-se
ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art.
129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
morte: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por
meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em
tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou
coordenador de grupo ou de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão
corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14
(quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste
Código. 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra
menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime
de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
O agente faz nascer na vítima a ideia de
Induzimento se matar.

O autor reforça a vontade mórbida


instigação preexistente na vítima
Aborto
Art.124, Art.125, Art.126
Aborto é a interrupção da gravidez com a
consequente morte do feto (produto da concepção).
No sentido etimológico, aborto quer dizer privação
de nascimento. Advém de ab, que significa privação,
e ortus, nascimento.

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