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Crimes contra a vida (extrauterina e intrauterina):

Homicídio (artigo 121)


Induzimento, instigação, auxílio ao suicídio (artigo 122)
Infanticídio (artigo 123)
Aborto (artigos 124, 125 e 126)

Marcos Levi dos Santos - levimarcos310@gmail.com - CPF: 081.206.163-24


Competência pra processo e julgamento:

a) Se doloso, Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, “d”, CF/88).


b) Se culposo, de regra, Vara Criminal comum.

Obs: o único crime contra a vida que admite a forma culposa


é o homicídio.

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Homicídio.

O crime de homicídio pode ser doloso ou culposo. Se doloso,


pode ser:

a) Simples (caput)
b) Privilegiado (§ 1º)
c) Qualificado (§ 2º)
d) Majorado (§ 4º, 2ª parte, § 6º e § 7º)

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Se culposo, pode ser:

a) Simples (§ 3º)
b) Majorado (§ 4º, 1ª parte)
c) Com perdão judicial (§ 5º)

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Homicídio simples:

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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Observações:

a) É a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra


pessoa (quando a vida é intrauterina o único delito contra a vida
possível é aborto).
b) Quando a vida se considera encerrada? Quando a atividade
encefálica acaba.
c) Quando a vida deixa de ser intrauterina e passa a ser extrauterina?
Com o início do parto (rompimento do saco amniótico).
d) É necessário que tenha havido respiração? Não!
e) Após o início do parto e durante este se fala em ser “nascente”; após
a conclusão do parto se fala em ser “nascido” ou neonato.
f) Tanto o nascente quanto o nascido podem, portanto, ser vítimas de
homicídio, não cabendo se falar em aborto.

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Como isto já foi cobrado em concurso público?

(CESPE - MPE-RO - Promotor de Justiça - adaptada) Comete o crime de


homicídio a mulher que, iniciado o trabalho de parto, mata o nascituro,
ainda que este não tenha respirado.

(FUNCAB - PC-ES - Assistente Social) Para os efeitos dos crimes contra


a vida, considera-se morta a pessoa no momento em que:

a) cessar sua atividade respiratória sem auxílio externo.


b) perder sua consciência de forma irreversível.
c) cessar sua atividade encefálica.
d) perder sua capacidade psicomotora.
e) cessar sua capacidade cardiopulmonar sem auxílio externo.

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Homicídio “privilegiado”.

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de


relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

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Natureza jurídica: causa de diminuição de pena.

Perceba: o fato de o homicídio ser privilegiado não exclui o crime,


nem impede que o sujeito ativo seja processado e condenado.

Para que o homicídio seja considerado privilegiado basta que o


sujeito tenha o cometido em uma destas 3 situações:

1) Por relevante valor social;


2) Por relevante valor moral;
3) Sob domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta
provocação da vítima.

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• Motivo de relevante valor social: é aquele motivo que atende aos
interesses da coletividade. Não interessa tão somente ao agente, mas,
sim, ao corpo social. Ex: a morte de um político corrupto por um
agente revoltado com a situação de impunidade no país, em que o
Direito Penal, segundo este agente, apenas pune as pessoas que não
tem dinheiro ou poder (exemplo dado por Rogério Greco).

• Outro exemplo seria o sujeito matar um perigoso estuprador que


aterroriza as mulheres e crianças de uma pacata cidade interiorana.

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• Motivo de relevante valor moral: é aquele que se relaciona a um
interesse particular do responsável pela prática do homicídio,
aprovado pela moralidade prática e considerado nobre e altruísta.
Exemplo: matar aquele que estuprou sua filha ou esposa.

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• Eutanásia é crime?

• Eutanásia é o modo comissivo de abreviar a vida de pessoa portadora


de doença grave, em estado terminal e sem previsão de cura ou
recuperação pela ciência médica. É também denominada de homicídio
piedoso, compassivo, médico, caritativo ou consensual.

• Configura, sim, homicídio. Contudo, há homicídio privilegiado pelo


relevante valor moral.

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Sob domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta
provocação da vítima:

a) Tem que ser domínio. Influência não caracteriza.


b) Tem que ser provocação injusta. Se for agressão injusta, em
tese, temos legítima defesa em favor de quem matou.

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• Observação: a premeditação do homicídio é incompatível com essa
hipótese de privilégio. A tarefa de arquitetar minuciosamente a
execução do crime não se coaduna com o domínio da violenta emoção,
seja pela existência de ânimo calmo e refletido, seja pela ausência de
relação de imediatidade entre eventual injusta provocação da vítima e a
prática da conduta criminosa.

• A premeditação, entretanto, é compatível com as privilegiadoras


do relevante valor moral e do relevante valor social.

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Como isto já foi cobrado em concursos públicos?

(FCC - TJ-GO - Juiz Substituto) O homicídio privilegiado é aquele em que o agente comete o crime sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta agressão da vítima.

(FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia) A eutanásia, ou o homicídio piedoso, é reconhecida como


conduta praticada por relevante valor moral, caracterizadora do homicídio privilegiado.

(MPE-SP - MPE-SP - Promotor de Justiça) O agente que, para livrar sua esposa, deficiente física em fase
terminal em razão de doença incurável, de graves sofrimentos físico e moral, pratica eutanásia com o
consentimento da vítima, deve responder, em tese, por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante
valor social, que compreende também os interesses coletivos, entre eles os humanitários.

(UFMT - MPE-MT - Promotor de Justiça) Incidirão as hipóteses de diminuição de pena, do denominado


homicídio privilegiado, quando o agente cometer o crime: impelido por motivo de relevante valor social,
impelido por motivo de relevante valor moral ou sob a influência de violenta emoção, logo em seguida à
injusta provocação da vítima.

(FUNIVERSA - PC-DF - Papiloscopista Policial) Logo após saber que seu filho fora vítima de agressão,
Ernane saiu ao encalço do agressor, tendo disparado vários tiros em direção a este, que veio a falecer em
virtude da conduta de Ernane. Nesse caso hipotético, Ernane responderá pelo crime de homicídio simples,
não havendo previsão legal, em relação à sua conduta, que possa de alguma forma influenciar em sua
pena.

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Hipóteses de homicídio qualificado.

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo futil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

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I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

Motivo torpe é o vil, repugnante, abjeto, moralmente reprovável.

Exemplo: matar um parente para ficar com sua herança.

Fundamenta-se a maior quantidade de pena pela violação do sentimento comum de


ética e de justiça

Observações:

a) A vingança não caracteriza automaticamente a torpeza. Será ou não torpe,


dependendo do motivo que levou o indivíduo a vingar-se de alguém, o qual reclama
avaliação no caso concreto.

b) O ciúme não é considerado motivo torpe. Quem mata por amor, embora criminoso,
não pode ser taxado de vil ou ignóbil, e tratado à semelhança de quem mata por
questões repugnantes, tais como rivalidade profissional, pagamento para a prática do
homicídio, etc.
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Como isto já foi cobrado em concursos públicos?

(VUNESP - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe) No


crime de homicídio, a prática deste mediante paga ou promessa
de recompensa, ou por outro motivo torpe são circunstâncias
que, apesar de não qualificar o crime, caracterizam-se como
causas de aumento de pena.

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II - por motivo futil;

Motivo fútil é o insignificante, de pouca importância, completamente desproporcional à natureza do crime praticado.

Exemplo: Age com motivo fútil o marido que mata a esposa por não passar adequadamente uma peça do seu vestuário.

Fundamenta-se a elevação da pena na resposta estatal em razão do egoísmo, da atitude mesquinha que alimenta a
atuação do responsável pela infração penal.

Observações:

a) A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil. (STJ).

b) O ciúme não pode ser enquadrado como motivo fútil. Esse sentimento, que destrói o equilíbrio do ser humano e arruína
sua vida, não deve ser considerado insignificante ou desprezível.

c) A embriaguez não afasta a motivação fútil:

“[...] a embriaguez, causada pela ingestão voluntária de bebida alcoólica, não é incompatível com a qualificadora do motivo
fútil.” (STJ - REsp 1298688/MG, Rel. Min. LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO - CONVOCADO DO TJ/PE, DJ 10/04/2015)

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Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

(CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) Situação hipotética: João, em estado de embriaguez voluntária, motivado por
ciúme de sua ex-mulher, matou Paulo. Assertiva: Nessa situação, o fato de João estar embriagado afasta o
reconhecimento da motivação fútil, haja vista que a embriaguez reduziu a capacidade de entender o caráter ilícito de sua
conduta.

(FCC - DPE-CE - Defensor Público de Entrância Inicial) Em relação à qualificadora do motivo fútil no crime de homicídio,
NÃO encontra significativo amparo doutrinário e jurisprudencial a tese de que não se confunde com a ausência de
motivos.

(FUNIVERSA - SEAP-DF - Agente de Atividades Penitenciárias) Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina
dominante acerca do direito penal, responde pela prática de homicídio qualificado por motivo fútil o agente que, em virtude
de um desentendimento relacionado à má divisão do dinheiro obtido em atividades ilegais de jogatina ocorrido com a
vítima, executa-a mediante disparos de arma de fogo, alvejando-lhe o tórax.

(VUNESP - PC-SP - Agente de Polícia) Apolo conduzia seu automóvel por uma via pública quando seu veículo veio a ser
“fechado” bruscamente pelo automóvel conduzido por Dafne. Em seguida, Apolo, muito nervoso por conta da “fechada”
que levou, passou a perseguir Dafne com seu automóvel para “tirar satisfação” pelo ocorrido. Ao alcançar o veículo de
Dafne, esta xingou Apolo com alguns “palavrões”. Ato contínuo, Apolo, que estava armado com um revólver, para o qual
tinha a devida licença de porte de arma, disparou cinco tiros em Dafne, causando-lhe a sua morte instantânea. Com base
nos dados expostos, é correto afirmar que Apolo deverá responder pelo crime de homicídio qualificado por ter sido
cometido por motivo torpe.

(FAURGS - TJ-RS - Analista Judiciário) O homicídio praticado por motivo insignificante é qualificado pelo motivo torpe.

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III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

Meio insidioso é o que consiste no uso de estratagema, de perfídia, de uma


fraude para cometer um crime sem que a vítima o perceba. Exemplo: retirar o
óleo de direção do automóvel para provocar um acidente fatal contra seu
proprietário.

Meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento


físico ou mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos
dolorosa. Exemplo: matar alguém lentamente com inúmeros golpes de faca,
com produção inicial dos ferimentos em região não letal do seu corpo.

Meio de que possa resultar perigo comum é aquele que expõe não somente a
vítima, mas também um número indeterminado de pessoas a uma situação de
probabilidade de dano. Exemplo: diversos tiros certeiros contra a vítima quando
se encontrava em movimentada via pública.

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Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de
provocar a morte quando introduzida no organismo humano.

Observação: Se a vítima não souber, temos a qualificadora do


veneno como espécie de meio insidioso; se a vítima souber,
temos a qualificadora do veneno como espécie de meio cruel (em
provas, não diga que houve a qualificadora do uso de veneno).

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• Como isto já foi cobrado em concursos públicos?

• (CEFET-BA - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto) Miquelino Boa Morte,


em razão de motivo abjeto, praticou delito de homicídio contra Angelino Boa
Vida. Para tanto, Miquelino misturou, na presença e sob a ciência de Angelino,
em um recipiente, água e substância venenosa, obrigando, sem possibilidade
de reação, sua vítima a ingerir tal substância, conduta que ocasionou, após
sofrimento do envenenado, o seu óbito. Miquelino Boa Morte praticou
homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e com emprego de veneno.

(FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia Civil) Para a configuração da


qualificadora do emprego de veneno no homicídio, disposta no artigo 121, § 2°,
inciso III, primeira figura, do CP, não se exige que a vítima desconheça a
circunstância de estar sendo envenenada.

• (FAURGS - TJ-RS - Analista Judiciário - (Ciências Jurídicas e Sociais) De


acordo com a doutrina majoritária, incidirá a qualificadora relativa ao emprego
de veneno quando a vítima ingerir a substância forçadamente ou sem saber
que o está ingerindo.

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• Fogo é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da
qual decorrem calor e luz. Trata-se, em geral, de meio cruel.

• Exemplo: queimar a vítima até a morte.

• Todavia, se do seu emprego um número indeterminado de


pessoas puder ser exposto a perigo de dano, o crime será
qualificado pelo meio de que possa resultar perigo comum.

• Exemplo: matar uma pessoa mediante o incêndio de seu


imóvel, situado ao lado de diversas outras moradias.

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• Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em
geral, mediante detonação e estrondo. Caracteriza,
normalmente, meio de que possa resultar perigo comum.

• Exemplo: explodir o automóvel da vítima que trafegava em


movimentada via pública. Nada impede, porém, a configuração
do meio cruel.

• Exemplo: amarrar a vítima em uma árvore e prender uma


bomba ao seu corpo, de forma a matá-la com a força da
explosão.

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• Asfixia é a supressão da função respiratória, com origem
mecânica ou tóxica.

• Observação: A asfixia pode constituir meio cruel (exemplos:


afogamento ou soterramento, entre outros) ou insidioso
(exemplo: uso de gás tóxico, inalado pela vítima sem notá-lo).

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Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

(MPE-SC - MPE-SC - Promotor de Justiça – Matutina) Se o


homicídio é cometido com emprego de asfixia ele é considerado
qualificado. Entretanto, a doutrina e jurisprudência predominante
em nosso país entendem que somente se aplica nos casos de
asfixia mecânica, não incidindo tal regra (majorante legal) nos
casos de asfixia tóxica.

(CESPE - TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto) Constitui homicídio


qualificado o crime praticado com o emprego de asfixia.

(MPDFT – MPDFT - Promotor de Justiça) A constatação de areia


no interior das vias respiratórias da vítima fatal é incompatível
com o homicídio qualificado pela asfixia.
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• Tortura é “qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos,
físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma
pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações
ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira
pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por
qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer
natureza.

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• Cuidado:

• Homicídio qualificado pelo emprego de tortura é diferente de


crime de Tortura qualificada pelo resultado morte.

• Como isto já caiu em concursos públicos?

• (UEG - PC-GO - Agente de Polícia) A tortura não pode ser


considerada qualificadora, uma vez que possui tratamento
próprio em legislação específica.

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IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

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• A traição pode ser física (exemplo: atirar pelas costas) ou moral
(atrair a vítima para um precipício). Nessa qualificadora, o
agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente
depositava para o fim de matá-lo em momento em que ele se
encontrava desprevenido e sem vigilância.

• Ressalte-se que na traição a relação de confiança preexiste ao


crime e o sujeito dela se aproveita para executar o delito. De
fato, se o agente, para se aproximar da vítima, faz nascer
esse vínculo de confiança, a qualificadora será a da
dissimulação.

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• Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em
determinado local, a passagem da vítima, para matá-la quando
ali passar. A emboscada pode ser praticada tanto em área
urbana como em área rural.

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• Dissimulação é a atuação disfarçada, hipócrita, que oculta a
real intenção do agente. O agente aproxima-se da vítima para
posteriormente matá-la, valendo-se das facilidades
proporcionadas pelo seu modo de agir. A dissimulação pode ser
material (emprego de algum aparato, tal como uma farda
policial) ou moral (demonstração de falsa amizade ou simpatia
pela vítima, para, exemplificativamente, levá-la a um local ermo
e matá-la).

• E quanto à arma de fogo? Ela, por si só, não qualifica o


homicídio.

• A premeditação, por si só, qualifica o homicídio? Não.

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• Como isto já caiu em concursos públicos?

• (CESPE - TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto) Constitui


homicídio qualificado o crime praticado com emprego de arma
de fogo.

• (CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia) Caso o delito ocorra


pouco tempo depois da motivação e do planejamento do crime,
a premeditação poderá ser considerada uma qualificadora do
delito de homicídio.

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• V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime.

• Na conexão teleológica o homicídio é praticado para assegurar a


execução de outro crime. O sujeito primeiro mata alguém e depois
pratica outro delito. Exemplo: matar o segurança de um empresário
para em seguida sequestrá-lo.

• Conexão consequencial, por sua vez, é a qualificadora em que o


homicídio é cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou a
vantagem de outro crime. Ex: o sujeito comete um crime e só depois
o homicídio.

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• Como isto já foi cobrado em concurso público?

• (UEG - PC-GO - Delegado de Polícia) A conexão teleológica


que qualifica o homicídio ocorre quando é praticado para ocultar
a prática de outro delito ou para assegurar a impunidade dele.

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• VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

• (...)

• § 2º - A - Considera-se que há razões de condição de sexo


feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)

• I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104,


de 2015)

• II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.


(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
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• § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

• I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído


pela Lei nº 13.104, de 2015)

• II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos,


com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada
pela Lei nº 13.771, de 2018)

• III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;


(Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)

• IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos


incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
(Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)

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• Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

• (VUNESP - MPE-S - Analista de Promotoria) O feminicídio foi introduzido como um novo crime no Código Penal, incidindo sempre que
mulheres figurarem como vítimas de homicídio tentado ou consumado.

(CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) A qualificadora de feminicídio no crime de homicídio fica caracterizada se o delito for praticado
contra a mulher por razões de sua convicção religiosa.

• (FMP Concursos - MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto) A qualificadora do feminicídio incide em todos os casos em que a vítima for
mulher.

• (MPDFT – MPDFT - Promotor de Justiça Adjunto) Ao autor de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino da vítima aplica-se circunstância qualificadora.

• (CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) De acordo com o Código Penal, no crime de homicídio qualificado pelo feminicídio, a pena é
aumentada de um terço até a metade se o crime for praticado na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

• (VUNESP - TJ-MS - Juiz Substituto) O feminicídio, previsto no art. 121, § 2o , inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja praticado
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência doméstica ou familiar ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher.

• (VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia) Maria e Mariana, ambas nascidas com genitais femininos, auto-identificadas e socialmente
reconhecidas como mulheres, convivem em união estável e monogâmica. Ocorre que Maria, às escondidas, passa a manter relações
sexuais com José. Mariana flagra Maria em ato sexual com José e, nesse contexto, Maria provoca injustamente Mariana, dizendo a José,
em tom de escárnio, que Mariana é “xucra, burra e ruim de cama”, e que, além disso, Mariana “gosta de ser traída e não tomará qualquer
atitude, por ser covarde e medrosa”. Embora nunca tenha praticado ato de violência doméstica, Mariana é tomada por violenta emoção e
dispara projétil de arma de fogo contra a cabeça de Maria, que morre imediatamente. É correto afirmar que Mariana praticou feminicídio.

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• VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

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• Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

• (FUMARC - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) A policial Michele Putin,


na noite de 14 de março de 2018, quando retornava para sua casa,
após liderar uma exitosa operação contra o tráfico de entorpecentes na
comunidade de “Miracema do Norte”, foi abordada por dois homens
armados e friamente assassinada. Num fenomenal trabalho
investigatório, a Polícia Civil logrou êxito em identificar os assassinos
como sendo os irmãos Jorge e Ernesto Petralha, apurando que tal
homicídio se deu em represália pelas prisões ocorridas quando da
citada operação policial. Diante desse quadro, podemos asseverar que
os assassinos responderão por Feminicídio, conduta tipificada no art.
121, § 2°, VI CP.

• (FCC - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto) O Código Penal


qualifica o homicídio doloso quando praticado contra servidores
públicos, no exercício de atividade de segurança pública. Podem,
dentre outros, ser vítimas do crime policiais civis e militares na ativa ou
aposentados.

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• Homicídio culposo

• § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

• Pena - detenção, de um a três anos.

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• Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

• (FCC - TJ-PE – Juiz) A pena pode ser aumentada de um terço no homicídio


culposo, se o crime é praticado contra pessoa menor de quatorze anos ou
maior de sessenta anos.

• (FGV – ALERJ - Especialista Legislativo -Engenharia Civil) João, servidor


público estadual ocupante do cargo efetivo de engenheiro civil, foi o
responsável por determinada obra com escavação de um poço. João agiu
culposamente, nas modalidades de imperícia e negligência, pois, na condição
de engenheiro civil, realizou obra sem observar seu dever objetivo de cuidado
e as regras técnicas da profissão, provocando como resultado a morte de um
pedreiro que trabalhava no local. Em termos de responsabilidade criminal, em
tese, João deve ser processado por homicídio culposo, com causa de
aumento de pena, eis que o crime resultou de inobservância de regra técnica
de profissão.

• (CESPE - POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Conhecimentos Gerais (Perito


Criminal e Médico) A inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício por parte do autor do fato integra o tipo penal do homicídio culposo.

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• Perdão judicial:

• § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de


aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

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• Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

• (FCC - TCE-AM – Auditor) O perdão judicial tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade.

• (2016 – VUNESP - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento) Diz o parágrafo 5o do artigo 121
do Código Penal Brasileiro, que: “na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”.
Trata-se de
• a) graça.
• b) perdão judicial.
• c) anistia.
• d) indulto.

• (ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia) A sentença que conceder perdão judicial será considerada para efeitos de
reincidência.

• (CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) O perdão judicial será concedido ao autor que tenha cometido crime de
homicídio doloso se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária.

• (CESPE – STJ - Analista Judiciário - Administrativa ( Segurança ) Situação hipotética: Lucas, descuidadamente, sem
olhar para trás, deu marcha a ré em seu veículo, em sua garagem, e atropelou culposamente seu filho, que faleceu em
consequência desse ato. Assertiva: Nessa situação, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se verificar que as
consequências da infração atingiram Lucas de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária

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• Aumento de pena no homicídio culposo:

• § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta


de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato,
ou foge para evitar prisão em flagrante.

• Aumento de pena no homicídio doloso:

• § 4o (...) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime
é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

• (...)

• § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)

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• Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

• (FCC - MPE-PE - Analista Ministerial - Área Jurídica) A pena no homicídio culposo é aumentada de 1/3 (um terço),

I. Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.

• II. Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima.

• III. Se o agente foge para evitar prisão em flagrante.

• IV. Se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

• V. Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.

• Está correto o que se afirma APENAS em

• a) I, II e IV.
• b) II, III e IV.
• c) I, II e III.
• d) II, III e V.
• e) I, III e V.
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• Pode, um homicídio ser, ao mesmo tempo, privilegiado e
qualificado?

• Se sim, quando?

• Se sim, configura crime hediondo?

• A propósito, quando o crime de homicídio é considerado


hediondo?

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• Como isto já foi cobrado em Concurso Público?

• (FCC - TJ-GO - Juiz Substituto) O homicídio privilegiado pode concorrer com as qualificadoras subjetivas.

• (FCC - TJ-PE – Juiz) Em relação aos crimes contra a vida, é correto afirmar que é compatível o homicídio privilegiado
com a qualificadora do motivo fútil.

• (FCC - TJ-PE – Juiz) Em relação aos crimes contra a vida, correto afirmar que é incompatível o homicídio privilegiado
com a qualificadora do emprego de asfixia.

• (UFMT - MPE-MT - Promotor de Justiça) É majoritária a posição doutrinária que admite a existência do denominado
homicídio híbrido, desde que a circunstância qualificadora tenha caráter subjetivo.

• (TJ-SC - TJ-SC – Juiz) O homicídio privilegiado coexiste com todas as qualificadoras.

• (TJ-SC - TJ-SC – Juiz) O homicídio qualificado-privilegiado perde a natureza de crime hediondo.

• (CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia) Caso Francisco mate Paulo com o emprego de veneno, haverá, nessa
hipótese, a possibilidade da coexistência desse tipo de homicídio com o homicídio praticado por motivo de relevante
valor moral, ainda que haja premeditação.
• (FMP Concursos - MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto) No crime de homicídio doloso, é predominante o
entendimento que admite a coexistência das circunstâncias privilegiadoras com as qualificadoras de natureza objetiva.

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• Observação:

• Na hipótese de estarem presentes duas ou mais qualificadoras


(exemplo: homicídio qualificado pelo motivo torpe, pelo meio cruel e
pelo recurso que dificultou a defesa do ofendido), o magistrado deve
utilizar uma delas para qualificar o crime e as demais qualificadoras
devem atuar como circunstâncias judiciais desfavoráveis, influenciando
na dosimetria da pena-base (1.a fase).

• Como isto já caiu em concursos públicos?

• (CESPE - DPE-RN - Defensor Público Substituto) Existindo duas


qualificadoras ou causas de aumento de pena, uma delas implica o tipo
qualificado ou a majorante na terceira fase da dosimetria, enquanto a
outra pode ensejar, validamente, a valoração negativa de circunstância
judicial e a exasperação da pena-base.

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