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TORTURA E GENOCÍDIO

1.TORTURA Inafiançável e insuscetível de graça/indulto e anistia. Livramento condicional


após mais de 2/3 da pena (se reincidente específico não fará jus). Condenado por crime
hediondo ou equiparado, com resultado morte, ainda que primário, não fará jus ao
livramento. Progressão 2/5 se primário, 3/5 se reincidente. Condenado por crime hediondo
ou equiparado poderá progredir se: a) cumprir 40%, se for primário; b) cumprir 50% se 1)
condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional; 2) condenado por exercer o comando, individual
ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou
equiparado; ou; c) cumprir 60% se for reincidente; c) cumprir 70% se for reincidente em
crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
Regime inicial fechado se reincidente ou se as circunstâncias do caso recomendarem. Bem
jurídico tuteladodignidade da pessoa, a integridade física e psíquica. Brasil é signatário da
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes
de 1984 e da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura de 1985.

Obs. A lei nº 9455/97 destoa dos Tratados internacionais não exige a condição de
autoridade do sujeito ativo (pode ser qualquer pessoa) e é crime prescritível.

Art. 5º, III, da CF: ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante (mandado constitucional de criminalização).

Obs. Tortura é um crime equiparado aos hediondos. não é hediondo. A omissão na tortura é o
único delito da Lei de Tortura que não é considerado equiparado aos crimes hediondos.

Regra: Justiça comum. Excepcionalmente pela Justiça Militar.

Obs. Se a tortura tiver ocorrido em lugar distinto do resultado qualificador a competência será
do lugar do resultado.

CRIMES: Art. 1º Constitui crime de tortura:

I – Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento


físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa


(Tortura-Prova/Tortura persecutória/Tortura confissão/Tortura inquisitória/Tortura
institucional) consuma-se com a provocação do sofrimento físico ou mental da vítima,
dispensando a obtenção da informação (crime formal).

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (Tortura Crime (Tortura para a
prática de crime) consuma-se com a provocação do sofrimento físico ou mental da vítima
dispensando a ocorrência da conduta criminosa por esta. Atenção: Se for para contravenção
não se consuma a tortura.

c) em razão de discriminação racial ou religiosa (Tortura Discriminatória (Tortura


preconceituosa/Tortura Racismo) Consuma-se com o constrangimento causador de
sofrimento físico ou mental.

Ou seja, exige um fim especial (motivação do agente – dolo específico).


Obs. Se cometido por policial ou outro agente público ou se a vítima for gestante, idoso (maior
de 60 anos), portador de deficiência física ou mental, criança, ou adolescenteaumento de
1/6 até 1/3.

Obs. Formas de execução: Violência própria e a Grave ameaça. O tipo penal não faz menção à
violência imprópria (redução da vítima à impossibilidade de resistência. Exemplo: hipnose).

Obs. Não pode substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos.

Obs. A Lei não inseriu as hipóteses de a motivação do agente ser maldade, vingança ou
sadismo. Condutas praticadas com essas finalidades serão enquadradas em outros delitos.

II – Submeter alguém, sob guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo (elemento subjetivo do tipo). Pena – reclusão, de dois a oito
anos.  Tortura Castigo/Tortura Punitiva. É crime bipróprio.

Obs., se existir abuso dos meios de correção, sem ocasionar intenso sofrimento físico ou
mental, caracteriza-se o crime de maus-tratos.

Obs. Se cometido por policial ou outro agente público ou se a vítima for gestante, idoso (maior
de 60 anos), portador de deficiência física ou mental, criança, ou adolescenteaumento de
1/6 até 1/3.

TORTURA DO PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE SEGURANÇAArt. 1º, §1º, da Lei


9455/97: Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei
ou não resultante de medida legal. Crime próprio. Abrange os condenados definitivamente e
os provisoriamente detidos, presos por inadimplemento de pensão alimentícia e os menores
infratores, os que estão em tratamento ambulatorial ou internado em manicômio judiciário.
Dolo genérico.

OMISSÃO NA APURAÇÃO DE PRÁTICA DA TORTURA (TORTURA OMISSÃO) Art. 1º, §2º:


Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las (omissão
imprópria) ou apurá-las (omissão própria), incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Obs. Não haverá a incidência da majorante descrita no art. 1º, §4º, I, da Lei 9455/97 (crime
cometido por agente público) sob de caracterizar o indevido bis in idem.

Obs. No conflito aparente com o crime de prevaricação, aplica-se o princípio da especialidade.

Obs. É descrito na Lei de Tortura, porém não é um delito de tortura. Pena mínima não
ultrapassar 1 ano  admite-se a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9099/95).

FORMAS QUALIFICADAS Art. 1º, §3º: Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a
dezesseis anos.

OBS: Não confunda homicídio qualificado pela tortura e a tortura qualificada pela morte. No
homicídio qualificado pela tortura, o resultado morte advém de maneira dolosa, ou seja, o
agente age com animus necandi. Na tortura qualificada pela morte, o resultado qualificador
(morte) ocorre à título de culpa.
Obs. a qualificadora somente é aplicável na tortura ativa. Não tem aplicação na omissão
perante a tortura.

Art. 1º, §4º, da Lei 9455/97: Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I – se o crime for
cometido por agente público; II – se o crime for cometido contra criança, gestante, portador
de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos; III – se o crime for cometido mediante
sequestro (apenas quando a privação da liberdade for meio para a prática de tortura);

Art. 1°, §5º: A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Os efeitos da condenação
por qualquer dos delitos, inclusive na modalidade omissiva, são automáticos. Não necessita de
motivação do Juiz.

Art. 2º: O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em
território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdição brasileira.

2. GENOCÍDIO – Lei 2889/56

Crime comum. Doloso. Não admite tentativa. Unissubjetivo. Crime Formal. Pode ser
praticado por membros do grupo vitimado, situação conhecida como autogenocídio. Ainda
que um único membro seja atingido caracteriza-se o crime, desde que exista o propósito de
destruir o grupo, com exceção da alínea “c”, onde a vítima é o grupo em si. Não é necessário
que tais atos sejam praticados em período de guerra. Bem jurídico protegido o interesse
supraindividual na manutenção das diversidades humanas. Competência: Justiça Estadual.
Porém, se tiver caráter de internacionalidade ou se demonstrado o risco de descumprimento
das obrigações assumidas em tratados internacionais ou se praticado contra índios=Justiça
federal. Não há óbice para extradição

São hediondos: genocídio propriamente dito; Associação para fins de genocídio e Incitação ao
genocídio.

Todos os tipos penais da Lei 2889/56 são normas penais incompletas ou imperfeitas não
apresenta o seu preceito secundário (a sanção penal). Exemplo: Associação para fins de
genocídio: Associarem-se mais de três pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo
anterior: Pena – metade da cominada aos crimes ali previstos. Essas normas também são
denominadas de norma penal em branco às avessas (ao revés ou invertida).

extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira ficam sujeitos à lei brasileira,


embora praticados no estrangeiro, os delitos de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil. O agente é punido pela Justiça brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.

GenocídioArt. 1º: Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,
étnico, racial ou religioso (finalidade específica), como tal:

a) matar membros do grupo;

b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;

c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a


destruição física ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;

e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo (adolescente 12-18
não caracteriza);

Será punido: Com as penas do art. 121, §2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas
do art. 129, §2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270 (envenenar agua potável 10 a 15
anos), no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d (aborto sem
consentimento 3- 10 anos); Com as penas do art. 148, no caso da letra e (sequestro ou cárcere
privado 1-3 anos);

OBS. Se o agente mata vários integrantes do grupo, em circunstâncias semelhantes de tempo


e de lugar, com o mesmo ‘modus operandi’, responde pelos diversos homicídios (em
continuidade delitiva) e pelo crime de genocídio, em concurso formal impróprio, não sendo
possível a aplicação do princípio da consunção.

Associação para prática de genocídio Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para
prática dos crimes mencionados no artigo anterior: Pena: Metade da cominada aos crimes ali
previstos. crime Permanente e de concurso necessário. exigência de estabilidade e de
permanência da associação criminosa.

Incitação para prática de genocídio Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer
qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: Pena: Metade das penas ali cominadas.
(hediondo).

§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se consumar.

§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida pela
imprensa.

Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido
o crime por governante ou funcionário público.

Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) a tentativa dos crimes definidos nesta lei.

Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão considerados crimes políticos para efeitos de
extradição.

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