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TÍTULO I: DOS CRIMES

CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I – DOS CRIMES
CONTRA A VIDA
MATÉRIA DE HOJE: HOMICÍDIO, PT. 2
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELAS VÍTIMAS
(ART. 121, §2º, INCISO VII  SEGURANÇA PÚBLICA E AFINS)

- A partir de 2015, o assassinato de determinados agentes de segurança


pública se torna homicídio qualificado (e, consequentemente, crime
hediondo). São as seguintes vítimas:
- Contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da
Constituição Federal;
- Integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública;
- No exercício da função ou em decorrência dela;
- E respectivos cônjuges, companheiros ou parentes consanguíneos até
terceiro grau que venham a falecer violentamente em razão dessa
condição.
 Quem são essas pessoas?
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELAS VÍTIMAS
(ART. 121, §2º, INCISO VII  SEGURANÇA PÚBLICA E AFINS)

- Contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição


Federal:
 Artigo 142: Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica);
 Artigo 144: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis,
polícias militares e corpos de bombeiros militares, polícias penais federal, estaduais e distrital.
- Integrantes do sistema prisional:
 Agentes penitenciários, guardas, diretores...
 Membros do Conselho Penitenciário, membros da Comissão de Exame Criminológico...
 Pessoas que atuam direta ou indiretamente no sistema prisional.
- Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública:
 Grupo de agentes de segurança pública (policiais) dos Estados requisitados pela União para
integrar um programa de cooperação da segurança do país, com atuação preventiva e
repressiva em situações excepcionais quando a ordem pública é ou pode ser colocada em
perigo relevante.
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELAS VÍTIMAS
(ART. 121, §2º, INCISO VII  SEGURANÇA PÚBLICA E AFINS)

- No exercício da função ou em decorrência dela:


 O agente aposentado não entra na regra. Porém... Se o crime ocorre em razão de ter
sido agente de segurança pública, aí estaremos diante da qualificadora;
 O agente deve necessariamente “estar” agente (o que não ocorre nos dias de folga);
- E respectivos cônjuges, companheiros ou parentes consanguíneos até
terceiro grau que venham a falecer violentamente em razão dessa
condição:
 a) Cônjuges ou companheiros de relações heteroafetivas ou homoafetivas;
 b) Ascendentes (pais, avós, bisavós), descendentes (filhos, netos, bisnetos), colaterais
(irmãos, tios, sobrinhos);
 c) Parentes por afinidade não estão incluídos (cunhados, sogras, noras, genros...);
 d) Filhos adotivos não são abarcados pela qualificadora porque seu parentesco é civil,
não consanguíneo  a norma é, portanto, parcialmente inconstitucional (art. 227, §6º,
da CF/88)
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELAS VÍTIMAS
(ART. 121, §2º, INCISO VI, C/C §2º-A  FEMINICÍDIO)

- Breve histórico da violência doméstica e/ou familiar contra a mulher em termos de legislação
específica (caso Maria da Penha);
- Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (1994):
 “Artigo 4. Toda mulher tem direito ao reconhecimento, desfrute, exercício e proteção de todos os direitos
humanos e liberdades consagrados em todos os instrumentos regionais e internacionais relativos aos direitos
humanos. Estes direitos abrangem, entre outros: a) direito a que se respeite sua vida [...]”;
 “Capitulo III: Deveres dos Estados. Artigo 7. Os Estados Partes condenam todas as formas de violência contra a
mulher e convêm em adotar, por todos os meios apropriados e sem demora, políticas destinadas a prevenir, punir
e erradicar tal violência e a empenhar-se em: (...) c) incorporar na sua legislação interna normas penais, civis,
administrativas e de outra natureza, que sejam necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra a
mulher, bem como adotar as medidas administrativas adequadas que forem aplicáveis [...]”;
- Comissão Interamericana de Direitos Humanos (que faz parte da Organização dos Estados
Americanos) condenou, em 2001, o Brasil por negligência e omissão no caso Maria da Penha;
- Criada a Lei Maria da Penha em 2006 (Lei n. 11.340/06);
- A Lei do Feminicídio (Lei n. 13.104/15) foi sugerida pela CPMI da Violência contra a Mulher
criada em 2012 para apurar eventuais omissões do Estado na aplicação da Lei Maria da Penha
(BIANCHINI; BAZZO; CHAKIAN, 2019, p. 236);
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELAS VÍTIMAS
(ART. 121, §2º, INCISO VI, C/C §2º-A  FEMINICÍDIO)

- Norma incluída no CP em 2015 que qualifica o “homicídio praticado


contra mulher por razões do sexo feminino”, considerando que essas
razões ocorrem devido à violência doméstica e familiar, ou devido à
menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
- Não é tipo penal autônomo: matar uma mulher continua sendo
matar alguém;
- Para configuração do crime, não basta que a vítima seja mulher:
deve estar comprovada ao menos uma das circunstâncias
caracterizadoras do tipo;
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELAS VÍTIMAS
(ART. 121, §2º, INCISO VI, C/C §2º-A  FEMINICÍDIO)

- O dispositivo abrange tanto os relacionamentos heteroafetivos como os homoafetivos, porém a


vítima necessariamente deve ser mulher;
- O que é mulher para fins penais? A diferença entre os critérios psicológico, biológico e
estritamente jurídico;
- Qualificadora de caráter subjetivo ou objetivo?
 STJ: “A jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento segundo o qual o
feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão
do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e
familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de análise” (AgRg no REsp n.
1.741.418/SP, Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 15/6/2018)
 STF: “O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu parcialmente
medida cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 779 para
firmar o entendimento de que a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar
os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade
de gênero” (decisão de 26/02/2021!)
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NO FEMINICÍDIO
(ART. 121, §2º, INCISO VI, C/C §2º-A, C/C §7º)

§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se


o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos,
com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos
incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006. (suspensão da posse ou porte de arma de fogo, afastamento do local de convivência, proibição de condutas)
§4º (...) Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é OUTRAS
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada CAUSAS DE
pela Lei nº 10.741, de 2003);
§6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
AUMENTO DE
metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço
PENA NO
de segurança, ou por grupo de extermínio.
(Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
HOMICÍDIO
- Relembrando: a culpa também é um elemento subjetivo e deve
necessariamente estar contida no tipo penal, sob pena de sua
inexistência!
- De acordo com o artigo 18, inciso II do CP, o crime é culposo
quando o agente dá causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia:
 a) Imprudência: relacionada à conduta perigosa, precipitada, insensata, voltada
a um ato comissivo;
 b) Negligência: relacionada ao desleixo, à ausência de cuidado, à indiferença;

HOMICÍDIO
 c) Imperícia: relacionada ao despreparo técnico, à insuficiência de recursos
necessários para a prática de determinada arte, profissão ou ofício (não é a
mesma coisa que erro profissional!!!!);

CULPOSO - Pena: 01 a 03 anos de detenção;


- Causa de aumento de pena: §4º. No homicídio culposo, a pena é
(ART. 121, §3º)
aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
- Perdão judicial: §5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz
poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de
24.5.1977)  Extinção da punibilidade (art. 107 do CP)
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo
automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.

VAMOS CONVERSAR § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo


automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
metade, se o agente:
(RAPIDAMENTE) I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação;

SOBRE O II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;


III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem
HOMICÍDIO CULPOSO risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
NO TRÂNSITO? conduzindo veículo de transporte de passageiros.
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a
influência de álcool ou de qualquer outra substância
(ART. 302 DO CTB) psicoativa que determine dependência:(Incluído pela Lei nº
13.546, de 2017)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou
proibição do direito de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei
nº 13.546, de 2017)
VAMOS CONVERSAR A DOUTRINA DIZ QUE HÁ VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
(RAPIDAMENTE) ENTRE O HOMICÍDIO CULPOSO (PREVISTO
NO ARTIGO 121, §3º, DO CÓDIGO PENAL)
SOBRE O E O HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO
(PREVISTO NO ARTIGO 302 DO CTB), VEZ
HOMICÍDIO CULPOSO QUE A PENA DO SEGUNDO É MUITO
MAIOR QUE A DO PRIMEIRO.
NO TRÂNSITO?
(ART. 302 DO CTB) SERÁ QUE É DESPROPORCIONAL?
ACABOU!
É TETRA
BIANCHINI, Alice; BAZZO, Mariana; CHAKIAN, Silvia. Crimes contra as mulheres. Salvador: Editora
JusPodivm, 2019.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte especial: crimes contra a pessoa – arts.
121 a 154-B. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
BRANDÃO, Cláudio. Teoria jurídica do crime. 4ed. São Paulo: Atlas, 2015.
CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Lei Maria da Penha: Lei n. 11.430/06 comentada
artigo por artigo. 7 ed. rev., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2018.
GODOI, Marciano Seabra de; LOPES DA SILVA, Gabriella Veo. Forças armadas e garantia dos
poderes constitucionais: o art. 142 da Constituição de 1988 tal como lido na academia, nos tribunais e
nos quartéis. In: DERZI, Misabel Abreu Machado; JÚNIOR, Onofre Alves Batista; SCAFF, Fernando
Facury; TORRES, Heleno Taveira. (Org.). A crise do federalismo em estado de pandemia. 1ed.Belo
Horizonte: Letramento, 2021, v. 2, p. 418-442.
GOMES, Luiz Flávio; GAZOTO, Luís Wanderley. Populismo penal legislativo: a tragédia que não
assusta as sociedades de massas. Salvador: JusPodivm, 2016.
GOMES, Mariângela Gama de Magalhães. O princípio da proporcionalidade no direito penal. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral e parte especial. 18. ed. rev., atual.
e reform. Rio de Janeiro: Forense, 2020.

SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS
(DE TODO O CONTEÚDO SOBRE HOMICÍDIO)

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