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CRIMES CONTRA A PESSOA

1. HOMICÍDIO SIMPLES
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
SUJEITO PASSIVO:
Alguém = pessoa - a partir do momento em que houver vida extrauterina, que
não se encontre na hipótese de infanticídio.
Pessoa sem viabilidade de vida (que vai morrer no momento seguinte ao
homicídio) - ainda assim é sujeito passivo de homicídio. Ex: O médico informa
que em três minutos esse senhor irá morrer. Antes, porém, uma terceira
pessoa de fora disfere uma facada faltando apenas um minuto para o senhor
falecer, vindo a matá-lo. Esse terceiro responderá pelo crime de homicídio.
Abrange bebe anencefálico, desde que, ele teve vida extrauterina.
SUJEITO ATIVO: autor
Qualquer pessoa - crime comum.
ELEMENTO SUBJETIVO: intenção do agente (dolo ou culpa)
Pode ser praticado por dolo:
dolo direito - animus necandi
dolo eventual - quando o agente assume o risco de produzir o resultado,
independente do resultado. É punido da mesma forma que o dolo direito
Pode ser praticado mediante culpa:
Ocorre por negligencia, imprudência e imperícia.
CONSUMAÇÃO:
É um crime material, produz um resultado naturalístico, ou seja, o resultado
que causa mudança no mundo exterior.
Tem consumação instantânea.
TENTATIVA:
Comporta tentativa.
Pode ser:
Branca e incruenta - não acerta a pessoa, não causa qualquer lesão.
Vermelha e cruenta - consigo atingir a vítima, mas não o resultado efetivo.
COMPETÊNCIA:
Homicídio doloso - tribunal do júri.
Homicídio culposo - Justiça comum.
HOMICÍDIO SIMPLES É HEDIONDO:
Não! Apenas TODAS AS MODALIDADES DE CRIME QUALIFICADO.
Salvo, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
praticado por apenas um agente.
1.1 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
Art. 121. (...)
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.
O QUE É HOMÍCIDIO PRIVILEGIADO:
Consiste na diminuição de pena de 1/6 a 1/3 DECORAR
O juiz DEVE reduzir a pena, não é uma discricionariedade .
ELEMENTOS QUE, ISOLADAMENTE ENSEJAM A DIMINUIÇÃO DE PENA:
1 Relevante valor moral - interesse particular. namorado da minha filha, estupra
dlz. o pai vai e mata ele.
2 Relevante valor social - interesse da coletividade. quando o agente pratica
homicídio em razão de uma situação que afeta toda a cidade. ex: estuprador na
cidade.
3 Sob o domínio de violenta emoção e em seguida, injusta provocação da
vítima. - o agente precisa esta fora de si. Logo em seguida = entende-se que
tem que ser momentaneamente a injusta provocação. Injusta provocação da
vítima = pode ou não configurar um crime.
CARATER SUBJETIVO:
Ocorre a incomunicabilidade no concurso de pessoas
PREMEDITAÇÃO:
Não afasta o homicídio privilegiado, em regra.
Exceção, ocorre no 3 elemento
NO CASO DE ERRO NA EXECUÇÃO:
No caso de erro da execução que atinge a pessoa diversa da pretendida, leva-
se em consideração a pessoa que pretendia ofender, não a efetivamente
ofendida. Por isso, continua a responder pelo HOMICÍDIO PRIVILEGIADO.
É CRIME HEDIONDO?
Não!
É POSSÍVEL HOMICÍIDO PRIVILEGIAADO-QUALIFICADO(HÍBRIDO)?
Sim, é possível, desde que a qualificadora seja de natureza OBJETIVA.
II – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; (...) - traição não é de
natureza objetiva
Feminicídio
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
O HOMICÍDIO HIBRÍDO É HEDIONDO?
Não! Apenas se fosse qualificado.
1.2 HOMICÍIDO QUALIFICADO
Art. 121. (…)
Homicídio qualificado
§ 2º Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe
Paga e promessa de recompensa já são motivo torpe.
Motivo torpe é um motivo repugnante/nojenta.
Chamado de homicídio mercenário.
Não precisa ser a paga ou promessa de recompensa em dinheiro.
É subjetiva.
É de concurso necessário, dado que, paguei alguém para pratica do crime.
A paga ou promessa de recompensa se aplica SOMENTE AO EXECUTOR DO
CRIME.
O motivo torpe se aplica a todos (mas o agente não pode responder por motivo
torpe porque pagou ou prometeu recompensa, ele responde por outro motivo
torpe)
Ciúmes não é considerado motivo torpe.
II – por motivo fútil;
É um motivo insignificante/irrelevante.
A motivação deve ser conhecida, ou seja, deve ser conhecida o motivo fútil
para que essa qualificadora seja aplicada.
O ciúmes pode vim a ser o motivo fútil.
A futilidade deve ser imediata - logo após o fato.
É possível haver um homicídio em dolo eventual que seja qualificado pelo
motivo fútil.
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Veneno não é apenas uma substância que faz mal a todos, mas pode ser
também, uma substância que faz mal a pessoa específica. Ex: se a vítima tem
alergia a camarão, o camarão para ela se torna um veneno, pois pode vir a
matá-la.
Pode haver tortura qualificada pela morte e pode haver homicídio qualificado
pela tortura.
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Traição - consiste na traição da confiança - por isso é de natureza objetiva.
Emboscada - tocai.
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
O latrocínio é uma exceção a essa qualificadora.
Feminicídio
Nada mais é que um homicídio qualificado
Difere de femicídio, que é o homicídio em que uma mulher seja vítima.
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mas o sujeito passivo SEMPRE será
uma mulher.
Transgenero, transexual e travesti - para eles, não se aplica o feminicídio.
 Considera-se que há razões de condição e sexo feminico quando o
crime envolve:
1. Violência doméstica e familiar - Lei Maria da Penha.
2. Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
OBS: As hipóteses de feminicídio são mais amplas que as hipóteses de lei
maria da penha.
A pena do feminicídio é aumentada até 1/3 se o crime for praticado:
1. durante a gestação ou nos a últimos 3 meses posteriores ao parto
2. Contra menor de 14 e maior de 60, pessoa com deficiência ou portadora
de doenças degenerativas.
3. Na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima.
4. Em descumprimento de medidas protetivas de urgências, previstas na
Lei Maria da Penha.
Se o agente apenas descumpre as medidas protetivas, recais sobre o crime da
Lei Maria da Penha. Mas se ele descumpre as medidas protetivas para matar a
mulher, incorre em feminicídio com essa causa de aumento de pena.
CARACATERIZA BIS IN IDEM O RECONHECIMENTO DA QUALIFICADORA
DO MOTIVO TORPE E DO FEMINICÍDIO?
ex: marido mata mulher para ficar com o seu seguro de vida.
Pode, dado que, o feminicídio é uma qualificadora objetiva, logo, pode ser
combinada com uma qualificadora subjetiva.
Informativo 625 do STJ - não caracteriza bis in idem o motivo torpe e a
qualificadora feminicídio no homicídio praticado contra mulher em situação de
violência doméstica.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição:
É chamado de homicídio funcional, é aquele praticado contra agente ou
autoridade de segurança em razão de sua condição de ser agente ou
autoridade de segurança.
Deve ocorrer no exercício de sua função ou em razão dela.
Se aplica aos:
integrantes da PF, PRF, PFF, PCs, PMs, corpos de bombeiros, guarda
municipais, integrantes do sistema prisional (PP, carcereiro, técnicos
penitenciários) e integrante da Força Nacional de Segurança Pública.
Apesar da divergência, a doutrina majoritária entende ser possível aplicar a ex-
policiais aposentados.
Não se aplica aos: TEM CAIDO MUITO
Polícias legislativas do senado, da câmara e dos estados.
Membros dos judiciários e seus servidores.
Membros do MP e seus servidores.
-*- Essa qualificadora se aplica ao cônjuge, companheiro ou parente até o 3°
grau, EM RAZÃO DESSA CONDIÇÃO. EX: alguém mata o filho do delegado,
devido ao seu pai ser delegado. atenção: primo é 4° grau. Mas abrange os
sobrinhos.

-*- Não se aplica aos parente por afinidade (sogro, sogra, cunhado), dado que
a lei fala apenas parentes consanguíneos.

-*- Não abrange os filhos adotivos, dado que, o direito penal não admite
analogia em malam parten.

VIII – com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído


pela Lei n. 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Não abrange as armas de fogo de uso permitido.
É uma norma penal em branco - pois é preciso de um complemento de outra
norma para dizer quais são as armas de fogo de uso restrito ou proibido.
É uma qualificadora objetiva.

IX - contra menor 14 de anos. (não está na minha lei seca)


Adicionado recentemente, em 25/05/2022
Chamada de Lei Henry Borel.
Lembrar que no Direito penal Brasileiro, aplica-se a teria da atividade, logo,
considera-se a idade em que ele praticou o crime, não a da ocorrência do
resultado.
Atenção: existe a causa de aumento se a vítima for menor de 14 anos, no
entanto se já apliquei a qualificadora, não posso aplicar a mesma causa de
aumento de pena, devido ao bis in iden.
Causas de aumento de pena PARA ESSA QUALIFICADORA:
CP, Art. 121, § 2º-B. ADICIONADO RECENTEMENTE - NÃO ESTA NA
MINHA LEI.
A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de:
I – 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou
com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade;
Só é aplicável se o agente conhece da doença, além disso, aplica-se a
QUALQUER doença.
II – 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da
vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
Pode ser aplicável ao professor, dado que, tem autoridade sobre ela.
Atenção: o legislador retirou do §7°, inciso II, a qualificadora de pessoa menor
de 14 anos.
Atenção: quando há incidência de duas qualificadores, se aplica apenas uma a
outra serve de outra coisa na dosimetria da pena.
Atenção: todo crime qualificado é hediondo

Homicídio familiar (parricídio, matricídio, filicídio)


Não qualifica por si só o homicídio
Trata-se de uma agravante genérica do art.61 inciso II, e.

Homicídio premeditado:
Não qualifica por si só o homicídio. No entanto, pode funcionar como
circunstancia judicial na dosimetria da pena.

CAUSA DE AUMENTO:

CP, art. 121. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante .
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o
crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.

Aumento de pena no homicídio doloso:


A pena é aumentada de 1/3 se o crime é cometido por menor de 14 ou mais de
60 anos. – Lembrar da teoria do resultado, pois se leva em consideração o
momento da ação.
O agente que praticar o crime deve saber dessa condição da vítima, ou seja,
deve saber que é menor de 1
Ou maior de 60.

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for


praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio.

Polícia privada são os agentes de segurança que fora da sua área, passa a
atuar sobre determinada área, exigindo de comerciantes e da população,
vantagens financeiras para subsidiar uma suposta segurança institucional.
Grupo de extermínio são os justiceiros.

1.3 HOMICÍDIO CULPOSO

CP, art. 121. § 3º Se o homicídio é culposo:


Pena – detenção, de um a três anos
Homicídio culposo: pode se dar em razão da negligência (culpa negativa), da
imprudência (culpa positiva) ou da imperícia (culpa profissional = falta de
aptidão técnica).
Observação:
Não admite tentativa
CP, art. 121. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3
(um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou
maior de 60 (sessenta) anos.
Aumento de pena do homicídio doloso:
1) Inobservância de regra técnica de profissão de arte, ou ofício.
É diferente de imperícia, pois houve inobservância.
2) Agente que deixa de prestar socorro imediato a vítima
Não se aplica ao homicídio doloso na direção de veículo automotor.
Não se aplica se era impossível o agente prestar socorro;
Não se aplica se a morte for evidente, notoriamente instantânea.
3) Não procurar diminuir as consequência do seu ato
4) Quando o agente foge para evitar a prisão em flagrante
Alguns doutrinadores consideram esse dispositivo inconstitucional.
PERDÃO JUDICIAL:
CP, art. 121. § 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária
Somente o juiz que pode decidir isso, segundo a análise do caso concreto.
Somente é possível no homicídio culposo.
Natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade.
É cabível no homicídio culposo praticado em veículo automotor.

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU


AUTOMUTILAÇÃO
Teve vigência a partir do dia 26/12/2019.
Automutilação – é qualquer comportamento intencional do agente que busca
gerar lesão a sua integridade física. Inclui qualquer conduta.

Suicídio e tentativa de suicídio, automutilação ou tentativa de automutilação


não é crime – devido ao princípio da alteridade, no qual diz que só existe crime
se a conduta atingir bens jurídicos alheios que não lhe pertençam.
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou
prestar-lhe auxílio material para que o faça:
Induzir e instigar = participação moral.
Prestar auxílio = participação material. Nesse caso tem-se algumas
observações:
- O auxílio é secundário: aquele que presta o auxílio não pode praticar a
conduta principal. Ex: se o amigo, além de emprestar a arma, atendendo o
pedido do colega, também efetua os disparos, ele responde por homicídio,
dado que, ele praticou a conduta principal.
- O auxílio deve ser eficaz: o agente tem que se realmente se utilizar do exílio
prestado.
OBS 1: Se o agente além de induzir, ele presta auxílio material, logo, praticou 2
verbos núcleos do tipo penal, ele praticou apenas 1 crime, do art. 122.
O induzimento, instigação e auxílio, deve ser praticado contra pessoas
DETERMINADAS.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
É um crime de menor potencial ofensivo.
Anteriormente esse crime era condicionado a produção de um resultado
naturalístico, mas hoje em dia, ele não é mais considerado assim.
OBS 1: No caput, o agente responde na modalidade consumada ainda que o
indivíduo jamais tenha tentado praticar o crime ou a automutilação.
Cabe tentativa
Em todas as suas modalidades, só ocorre por dolo.
Os parágrafos 1º e 2º são modalidades qualificadoras do induzimento,
instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de
natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste
Código
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
É um crime material.
Crime de médio potencial ofensivo.
Se sofreu lesões corporais leves, incide no caput.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Crime de elevado potencial ofensivo.
§ 3º A pena é duplicada:
I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
O inciso II, ao mencionar o "menor", significa que se aplica às pessoas de 14 a
17 anos, e não se aplica para menores de 14 anos, porque a Legislação
Brasileira entende que o menor de 14 anos é vulnerável, ou seja, não tem
discernimento para a prática de diversos atos.
Atenção: se o agente induz, instiga ou presta auxílio a vítima menor de 14 anos
a praticar suicídio, não responde pelo referido artigo, mas sim, por homicídio,
dado que, a vítima é considerada inimputável.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da
rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de
grupo ou de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de
natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
contra quem, por enfermidade ou deficiência mental , não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art.
129 deste Código.
Atenção: Caso o agente pratique induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou automutilação contra um menor de 14 anos e, dessa tentativa, gere uma
lesão corporal grave, o agente responderia somente pelo art. 122, § 1º.
No entanto, se o pratique induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou
automutilação contra um menor de 14 anos e, dessa tentativa, gere uma lesão
corporal GRVISSÍMA, o agente responde pelo art. 129, § 2º (lesão corporal
gravíssima)
§7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14
(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
Código.

INFANTICÍDIO
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após: Pena – detenção, de dois a seis anos.
Aplica-se o art. 123 e não o 121, devido ao princípio da especialidade.
Requisitos:
1. Sob influência do estado puerperal
São alterações físicas e psíquicas que acontecem no corpo feminino quando as
mulheres dão à luz.
A doutrina considera que perdura por 6 a 8 semanas após a luz.
É um crime próprio – praticado por pessoa especifica.
Não precisa de perícia para atestar o estado puerperal, pois é uma presunção
2. Praticado contra o filho, durante o parto ou logo após
- Durante o parto: prevalece o entendimento que o parto tem início com a
dilatação do colón do útero.
- Logo após: Não há limitação para o logo após.
Prazo para o estado puerperal?
Não existe.
É necessário perícia para atestar o estado puerperal?
Em regra, não, pois presume-se o estado puerperal durante ou logo após o
parto.
Atenção: se a mãe mata o filho, durante ou logo após o parto por não ter mais
a compreensão do caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com
esse entendimento, ele sequer responde por infanticídio, pois será considerada
inimputável.
Pode haver infanticídio culposo?
Não. Não comporta a modalidade dolosa.
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES:
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
(...)
II – ter o agente cometido o crime:
(...)
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
(...)
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida
A mãe que pratica o infanticídio não responde por essas agravantes, dado que,
pode incidir o bis in iden.
Por qual crime responde a mãe que, logo após o parto, sob o estado
puerperal, e com a intenção de matar o próprio filho, mata outra criança
pensando ser seu filho?
Aplica-se o entendimento do erro sobre a pessoa, logo, a mãe responde por
infanticídio, pois leva-se em consideração a pessoa que ela queria atingir.
Por qual crime responde o agente que participa do infanticídio, mas que
não se encontra sob o efeito do estado puerperal?
A mãe responde por infanticídio.
Nesse caso, há hipótese do concurso de pessoas, lembre: Art. 30, CP. Não se
comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
Logo, o estado puerperal é uma elementar do tipo penal, por isso, aquele que
auxilia a mãe, também responde pelo infanticídio.
Por qual crime responde o agente que contribui para o infanticídio?
1º Situação: mãe pratica os atos executórios auxiliada por terceiro. Por
exemplo, uma mãe mata seu filho com uma faca. A vizinha entregou a faca
para a mãe sabendo que ela utilizaria a faca para matar o filho. A vizinha não
está sob o efeito do estado puerperal, entretanto, ela prestou auxílio para o
crime de infanticídio. Nesse caso, a mãe e a vizinha responderão pelo crime de
infanticídio: a mãe como autora e a terceira como partícipe.
2ª Situação: mãe e terceiro praticam os atos executórios conjuntamente.
Por exemplo, a mãe e o terceiro estão cada um com uma faca nas mãos e
ambos praticam golpes e matam a criança. A mãe sob efeito do estado
puerperal e o terceiro não. A mãe responderá por infanticídio e o terceiro será
coautor do art. 123.
3ª Situação: terceiro pratica atos executórios auxiliado pela mãe. A mãe induz
o terceiro a matar seu filho. Esse terceiro pega a faca e mata a criança. A mãe
responde por infanticídio, mas como partícipe. Sobre o crime do terceiro há
uma polêmica, grande parte da doutrina entende que não seria justo, uma vez
que esse terceiro executou o crime sozinho, que ele respondesse por
infanticídio. Então essa primeira corrente entende que ele deve ser
responsabilizado por homicídio. Mas uma segunda corrente entende que não
faz sentido ele responder por homicídio e a mãe ser partícipe de um crime que
não tem autor. Então, essa segunda corrente, que é a majoritária, entende que
o terceiro também reponde por infanticídio, sendo ele autor e a mãe partícipe

ABORTO

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