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Primeiro Bimestre
07.02.2012
+ Faria Costa: doutrinador e ex. professor. Escreveu um livro apenas falando da parte
especial do código. Nele o professor ensina que na parte especial exerce 2 funções básicas:
I – Função Descritiva: nada mais é que a função da parte especial de descrever as
condutas indesejadas pela sociedade. Por isso que encontramos é na parte
especial a descrição de crime como homicídio, roubo e as demais. Essa função
descritiva não é exercita pela parte especial do código penal, mas também pela
Legislação Penal Extravagante, que são leis que não estão codificados no código
penal positivado, mas rege sobre crimes referentes ao direito penal. Então essa
função descritiva também é exercita pela Legislação Extravagante. E isso é uma
tendência dos últimos tempos, não apenas no código penal, está ocorrendo um
processo de descodificação, cada vez mais a sociedade tem observado e tido
novas necessidades que antes não existia, e essa necessidades tem que ser
supridas através de uma legislação.
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Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.
14.02.2012
No texto fala que nem sempre foi assim. Nem sempre houve uma definição nítida e clara
entre parte geral e especial. Essa divisão foi realizada por Feuerbach, de forma em que uma
parte conteria os princípios gerais, as normas de orientação geral, e outra que tratasse dos
crimes em espécie. É somente a partir daí, e de um movimento no final do século XVIII, dos
grandes códigos (Napoleônico...), que começou a haver a necessidade de sistematizar a
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Direito - 4º Período Vesp.
A parte especial quase que sempre tutela bens jurídicos individuais. Os crimes contidos na
parte especial que tutelam bens jurídicos supra individuais tem como titular o Estado, que
são os crimes contra administração publica.
A questão principal desse processo de descodificação é o surgimento, a percepção social da
necessidade de tutela de bens jurídicos supra individuais. É o principal fator desse processo
de descodificação. Claro que isso vem com a complexidade social, como por exemplo, a
necessidade de tutelar condutas na internet, por exemplo.
Hoje não é completamente verdade que o Direito penal é ultima ratio. E o maior exemplo
disso são os mandados expressos de criminalização. A CF faz menção expressa em vários
momentos, a algumas modalidades criminosas (racismo, tortura, crimes contra a ordem
econômica etc).
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É a existência dos anseios sociais pela tutela do Direito Penal sobre aquela conduta, a
percepção do legislador daquele anseio social e a transformação desse anseio em uma lei.
Processo legislativo. Esse é o processo do Direito Penal clássico, individual. Aquele que faz
com que o Direito Penal seja ultima ratio. Só que existe outro processo, que é vertical, qual
seja o processo chamado de mandado expresso de criminalização, que nada mais é que uma
exigência feita pelo constituinte ao legislador ordinário para que ele criminalize uma
conduta. Em algumas situações a própria legislação determina ao legislador que criminalize
determinadas condutas sem que seja necessária a percepção do anseio social. Nestes casos
nós não temos um Direito penal em ultima ratio, nós temos uma ratio necessaria. Nesses
casos nós não observamos uma ultima razão para atuação do Direito Penal, e sim necessária.
Seria possível a tutela da vida sem o Direito Penal? No Brasil, seria possível a abolição do
Direito Penal?
Não. Não é possível no Brasil o Direito Penal ser dispensado da tutela de certos bens
jurídicos, porque a própria constituição exige a criminalização do direito à vida, embora de
forma implícita. No momento que é garantido a dignidade humana, o direito as futuras
gerações, que estabelece a competência do tribunal do júri (crimes dolosos contra a vida)...
Esses três dispositivos faz com que tenhamos uma exigência implícita da criminalização do
homicídio.
(Depois disso tudo ele diz que isso foi apenas uma “nota de rodapé”. Ok né.)
Esta é uma necessidade que não existia antes, portanto, a solução foi descodificar. E está
havendo recentemente outro processo, a criação de microssistemas jurídicos, microcódigos
temáticos, como por exemplo, criança e adolescente (ECA). Nós temos no ECA regras direito
constitucional, civil, penal, processual penal e tudo relacionado a criança. Outros exemplos,
Código do Consumidor, Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha. Do processo de
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descodificação passamos a leis especificas que tratam de uma matéria. Agora nós estamos
chegando ao ponto de microssistemas. Uma só lei que trate de todos os aspectos
relacionados a uma matéria.
Ok? Tranquilo até aqui? (Ele pergunta antes de trocar um pouco de assunto)
Até aqui nós estamos falando também da relação entre parte geral e parte especial. Na
parte especial, repetem-se conceitos da parte geral. É claro que vão ser coisas novas, mas
vários conceitos da parte geral são aplicados. Por exemplo, tempo do crime, lugar do crime.
Isto será resolvido por algo que está na parte geral.
(Daqui pra frente o professor cita alguns institutos importantes para a parte especial, como
dolo e culpa, tempo do crime, lugar do crime, normas de extensão... esses institutos,
segundo o próprio professor, não fazem parte do conteúdo e nem caem na prova, mas é
importante sabe-los para estudar os crimes da parte especial.)
28.02.2012
Nós vamos começar a partir de agora, falar especificamente dos crimes em espécie. Se vocês
observarem, o primeiro crime que nós temos no nosso código penal é o homicídio, no artigo
121. Vejam que o homicídio esta dentro de um título, que é o titulo dos “crimes contra a
pessoa” e no capitulo dos “crimes contra a vida”. Portanto, este é o primeiro crime que nós
vamos analisar.
A primeira coisa que eu (professor) quero comentar, não só sobre o crime de homicídio, mas
sobre todos os crimes contra a vida, é falar sobre o fundamento constitucional da
criminalização de uma conduta ofensiva à vida de alguém. Qual o fundamento constitucional
para a proteção estatal, penal, da vida? Onde se encontra na constituição o fundamento
para a tutela penal da vida?
1) Caput do Art. 5º. De forma genérica diz que todos têm direito, ou tem pelo menos
garantido constitucionalmente a vida.
2) Art. 5º, XXXVIII – Tribunal do Júri.
3) Proibição da pena de morte.
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Não existe nenhum dispositivo na CF que de forma expressa determine que a vida seja
tutelada penalmente, como por exemplo, existe para o meio ambiente. Essa obrigatoriedade
que o constituinte originário faz ao constituinte derivado, ao legislador, é o que se chama de
mandados de criminalização. Se ele faz de forma expressa, é chamado de mandado
expresso de criminalização, se de forma implícita, mandado implícito de criminalização. E
então, a conclusão que a doutrina chega acerca da vida, é que se trata de um mandado
implícito de criminalização. É necessário que o direito penal tutele a vida através dos crimes
contra a vida. E esses acima são os fundamentos para essa tutela.
Ora, porque o constituinte não diz de forma expressa que as condutas que atentem contra a
vida devem ser criminalizadas? Pela obviedade da necessidade de tutela do bem mais
importante. Sem vida não existe sociedade. Mas, ao prever a regra de competência do
tribunal do júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida de forma implícita ele
está dizendo que existe crime contra a vida.
A doutrina indica ainda alguns outros dispositivos constitucionais que servem para
fundamentar a necessidade de tutela penal da vida, como por exemplo, o caput do art. 225.
Quando ele fala do meio ambiente e atrela a garantia para as presentes e futuras gerações.
Não tem sentido se garantir algo, como por exemplo, o equilíbrio do meio ambiente para as
futuras gerações se não houver possibilidade de geração futura, de vida futura. Esse é outro
fundamento constitucional que a doutrina aponta.
1) Homicídio
2) Induzimento ou instigação ao suicídio
3) Infanticídio
4) Aborto
Estes são os 4 crimes que nós vamos estudar. Cada um deles, ou a maioria, tem suas
variações.
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Período técnico chamado de nidação até a expulsão natural do feto, o que acontecer, a lesão
que ocorrer, será crime de aborto, como regra. Se for durante o parto ou logo após, com as
circunstancias que o tipo penal traz, quais sejam, a mãe matando o próprio filho, durante ou
logo após o parto, sob influência do estado puerperal, que é um estado bio-psicológico que a
mulher tem e sente vontade de matar o próprio filho, será Infanticídio. Nasceu com vida,
será homicídio. A partir desse momento, o que acontecer com a pessoa, será homicídio.
Como já mencionado, a competência para julgamento dos crimes contra a vida, se forem
dolosos, tentados ou consumados, será do tribunal do júri. (Importante saber.)
O primeiro crime, portanto, que nós vamos analisar é o homicídio. Uma primeira
classificação do crime de homicídio, que é interessante para visualizar toda a estrutura do
crime, é a que divide em homicídio doloso e homicídio culposo. Cada uma dessas duas
formas será tipos específicos. Então o homicídio pode ser doloso ou culposo. O doloso, pode
ser:
Matar alguém.
Primeiramente, o que nós podemos chamar de homicídio. Qual poderia ser a conceituação
para o crime de homicídio. Tirar a vida? Se nós atropelarmos um cachorro, tirando-lhe a
vida, cometeremos homicídio? Não, então não é bem só a vida. Tirar a vida humana? E se a
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vida humana for intrauterina, vai ser homicídio? Não. Então, a definição seria “a supressão
da vida humana extrauterina por outro ser humano”. Se um pitbull tirar a vida extrauterina
humana, ele não cometerá homicídio, por obvio.
O homicídio simples, que é a figura que nós estamos analisando, do caput do artigo 121, é
considerado crime hediondo? Quando alguém pratica uma atividade típica de grupo de
extermínio, isso caracteriza um homicídio simples? Ou, seria um homicídio qualificado pelo
motivo fútil? (Na próxima aula quando nos estudarmos homicídio qualificado, veremos a
diferença entre motivo fútil e motivo torpe 1, e essa questão está muito mais ligada a
torpeza).
Segundo a letra fria da lei, é possível que o homicídio simples seja hediondo quando
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que praticado por um só agente.
Esta é a leitura da lei. Porém, a doutrina entende (e o professor também) que isso nunca
será possível, porque só existem duas possibilidades de você praticar um homicídio em
atividade típica de grupo de extermínio. Ou ele será qualificado pela torpeza, ou ele será
privilegiado – sob domínio de violenta emoção. Se o motivo for torpeza, ele deixa de ser
simples e passa a ser qualificado, e aí todo qualificado é hediondo. Se ele for considerado
privilegiado, não teremos o homicídio simples sendo hediondo porque o homicídio
privilegiado não é hediondo.
Objetividade jurídica = Objeto jurídico. Vida humana extrauterina. É isso que se protege no
crime de homicídio.
(Ai galera, a partir daqui copiarei a aula conforme o professor falar, palavra por palavra. Até
então não estava copiando coisas repetidas, frases que ele se auto corrige, e apenas a
versão final do que ele fala. Agora copiarei tudo. Se alguém achar melhor igual até aqui é só
falar, se não, continuarei copiando igual a fala do professor.)
Como é que se prova que alguém nasceu com vida? Ou se nasceu morto? E essa expressão
não é um equivoco tá pessoal?
Ela sugeriu que quando chora. Quando o médico bate no bumbum do bebê, ele chora. E eu
pergunto, e se o moleque morreu antes de apanhar pra chorar. Nasceu e morreu. Não deu
tempo de apanhar, pegar tapa no bumbum. E ai? Não nasce com vida? Se durante o parto,
terminou o parto, e por alguma manobra, feita pelo profissional, médico ou assistente, ele
vem a morrer. Não foi a mãe que matou o próprio filho, portanto não é infanticídio. Não foi
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Acho que é assim que escreve, não sei. Perdoem qualquer erro.
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intrauterino, portanto não é aborto. Mas tem uma criança morta, e ai? Não é nada? Não é
homicídio? É homicídio? Mas como, se o homicídio se caracteriza pela supressão da vida
extrauterina? Ele não chorou. Eu estou aqui pessoal, colocando a prova o argumento
utilizado pela colega. É isso que eu estou fazendo. E ai, pode ser o choro? Não pode. Tá? Não
é o choro do bebê. Eu acredito que tenham bebês mais resistentes que outros que poderiam
sorrir.
Tem tudo a ver com isso. A verdade é que o que tu disseste complementa a sugestão de um
colega, que disse respirar. É com a respiração. Ai vem uma segunda pergunta: Como é que se
prova que uma criança respirou? Ai é esse negocio que ela falou. Pega o pulmão do bebê,
corta, coloca em agua e se boiar é porque ele respirou, tem ar. Isso é chamada de Docimasia
de Galeno. Um médico, que não é o cantor/pastor Galeno que vocês conhecem, se alguém
conhece. Ninguém conhece o pastor Galeno? É sério que vocês não conhecem o pastor
Galeno? Se eu soubesse cantar eu iria arriscar aqui alguma cantiga dele.
Mas conhece? Então não é o cantor, pastor Galeno. É um médico grego e essa técnica levou
seu nome. Docimasia de Galeno. É exatamente o procedimento descrito ali pela colega. E,
éé... vocês não aqui medicina legal? Nem medicina bacana, gente boa? Aqui tem? Quem
gostar de penal e de processo, pessoal, eu considero essencial fazer medicina legal, é muito
bacana, muito legal. ÉÉ... vocês estudariam inclusive esse crimes que nós vamos analisar,
crimes contra a vida, crimes sexuais, vários crimes, não só crimes contra a vida, crimes
contra a pessoa em geral, muito da prova como são crimes que deixam vestígios, é
necessário que exista uma pericia, um laudo pericial, que tudo isso é estudado em medicina
legal, isso eu acho que é muito interessante. CSI ajuda. Para quem não tem aqui medicina
legal, aprendam com Dexter, vocês gostam de Dexter? Cuidado, viu? Não colem na prova
porque eu chamo o Dexter pra resolver essa parada. Vocês não conhecem o Dexter? Não?
Dexter é muito gente boa. Portanto é assim que se prova que o moleque nasceu com vida,
que a pessoa nasceu com vida. Através de uma pericia, de um exame pericial, chamado
Docimasia de Galeno. É com ci, tá? Doci-masia de Galeno.
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(Exemplo de Thalia que quase não da pra ouvir. Duas gêmeas siamesas precisavam ser
separadas. Se continuassem juntas, ambas morreriam. Porém, se tentassem separa-las, uma
morreria com a cirurgia. Acredito que as duas morreram, pelo comentário do professor
posterior.).
Mas a resposta é não, pessoal. Não depende da viabilidade. De fato configuraria o crime...
é... a supressão da vida, mesmo que não houvesse possibilidade ou viabilidade de vida.
Acredito, porém, acredito, porém (sim, ele fala duas vezes) que há... que nós estamos num
processo de mudança. O que já existe em outros países, tá? Foi se respeitando mais a
autonomia do paciente, onde eles podem escolher viver ou morrer, vocês sabem disso, onde
existem clinicas da morte, nos países da Europa. Você quer morrer, vou pagar aqui uma
clinica, tomar uma injeção, pra morrer bacana. Então pessoal, é uma decisão do sujeito. Tu
pode te suicidar? Claro que pode.
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Elucubrações: Penoso ou prolongado trabalho intectual feito à noite; meditação, divagação. O mesmo que
lucubração.
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Aqui no Brasil, dar o cartão da clínica seria instigar ao suicídio. Mas a existência nem seria
permitida. Mas eu acredito francamente, pessoal, que aqui no Brasil nos não vivemos
influencias dessa corrente estrangeira. Eu falo isso porque, porque existem documentos
internacionais, que gradativamente passam a ter repercussão em todo os sistemas jurídicos,
e existe uma diretiva inclusive um tratado internacional a respeito da autonomia do
paciente, que obriga ou que diz que a autonomia deve ser respeitada, tá? Que o médico
deve respeitar a vontade do paciente. Inclusive, em Portugal e na Suiça se não me falha a
memória, mas eu posso confirmar isso, existe um tipo penal especifico no código penal
português existe, chamado intervenção médica arbitraria, que é exatamente a intervenção
médica contra a vontade do paciente. O paciente diz “eu não quero fazer isso”, o médico vai
lá e faz. Aqui no Brasil não existe essa regulamentação, o médico que fizer isso, poderá ser
submetido a um processo, e poderá argumentar que agiu no estrito cumprimento do dever
legal. Ou no exercício regular de um direito. Mas, eu acredito que nós estamos vivendo um
momento, e digo isso pro duas razões: primeiro porque vocês devem saber que a parte
especial do código penal está sendo reformulada, existe um projeto que está sendo
estudado, e está no Congresso Nacional, da reforma da parte especial do código penal. E
nesse projeto existe a inclusão, que é uma ideia, é uma vontade antiga, de um paragrafo
quarto, no crime de homicídio, paragrafo sexto, perdão, vai até o paragrafo quinto, né? Que
seria exatamente considerando uma excludente da licitude, dizendo que não seria homicídio
a ortotanásia. E mais, o ultimo código de ética médica, que passou a vigorar em 2010,
englobou a ideia da diretiva europeia e da convenção sobre biomedicina, dizendo que é
proibido ao medico fazer intervenções que sejam paliativas, que sejam desnecessárias, para
manutenção da vida que não tem viabilidade, que é chamado de distanásia, que é o que? O
prolongamento artificial de uma vida que já não tem viabilidade. Então, o medico já não
pode fazer isso. Portanto, esses dois... esse movimento internacional, o código de ética
medica do Brasil e o projeto de reforma da parte especial do código penal, me levam a crer
que nos estamos vivendo um momento de mudança de perspectiva em relação a
autonomia. A exigência do consentimento informado para praticas medicas, me levam a crer
e a afirmar que de fato, nos com o passar do tempo e talvez não demore, nós tenhamos uma
outra perspectiva e ai, a viabilidade vai parar de ser considerada. E inclusive vocês sabem,
um outro movimento, é o caso do fetos anencefálicos, pra considerar que nesses casos pela
falta de viabilidade de vida não faria sentido se considerar crime, afinal de contas, a
ponderação entre saúde psicológica da mãe, que vê, durante nove meses, um filho ser
gerado sabendo que ele não vai ter potencialidade de vida e tem a possibilidade de tirar
desde o inicio, junto com... colocamos do outro lado, a vida, vida esta que não tem
potencialidade, poderia nessa ponderação, preponderar a liberdade da mãe. E uma outra
coisa, um outro argumento que a gente poderia utilizar, que é o seguinte, a lei que trata da
doação de órgãos diz que a morte se dá com a parada, a constatação da parada cerebral.
Ora, existe um paralelismo de existência de vida e morte. Se a morte é constatada por isso,
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então como é que vai se constatar, ou dizer que existe vida em alguém que não tem cérebro.
Não tem exatamente a parte da cabeça cuja parada caracteriza a morte? É como se essa
pessoa não pudesse morrer. Ela nunca vai ter parada cerebral. Ela não tem essa parte. Então
eu repito. Por mais que hoje, a doutrina diga que a viabilidade não deve ser levada em
consideração, por tanto, seria homicídio, e seria aborto mesmo sendo um feto sem
potencialidade de vida, eu acredito que nós estamos vivendo uma onda de mudança onde
isso poderá mudar. Está compreendido? Então atualmente, caracterizaria homicídio
independente da viabilidade. Ok? Alguem ta vindo pela primeira vez na aula? (Marine) Não?
Mais ou menos? (Marine...) (Marine...) Quem é Marine? E o zigoto? Existe mesmo? É
verdade? Não é verdade, né? Ah, é A? Pessoal, qual é o núcleo, qual é o núcleo, da conduta
do homicídio simples. Ein? O núcleo? É o verbo né, pessoal? Que descreve a conduta. É
matar. Vejam que o tipo penal não exige uma forma especifica pra que o autor mate, é,
portanto um crime .. pode se apresentar de qualquer forma.
O núcleo é sempre o verbo que descreve a conduta típica, portanto, é matar. Que nos já
vimos o que que é.
Qual é? O sujeito ativo pessoal, este crime homicídio, existe alguma característica especial
do autor, ou pode se expressar por qualquer pessoa? Isso, mas ai é um pressuposto. Ok tem
que ser culpado, né. Eu estou pressupondo que o autor seja imputável, portanto, tem
capacidade e responsabilidade. Eu quero saber por que vocês sabem que existem, é, os
chamados crimes próprios né?
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Direito - 4º Período Vesp.
Ainda há mais pessoas que não podem ser vítimas, ou sujeito passivo do crime de homicídio.
O art. 1º da Lei 2.889/56, que trata do genocídio, também fala sobre.
Se a vítima for membro ou grupo nacional, étnico, racial ou religioso também não será
homicídio. Será crime contra a humanidade. (Este é um comentário do professor, não a lei
em si).
Pena: a mesma do homicídio qualificado. (a pena é a mesma, mas o crime não).
Qual o elemento subjetivo do crime de homicídio simples (crime sendo analisado aqui)?
Dolo.
No homicídio o elemento subjetivo é o dolo, que é representado pela vontade, chamada
animus necandi.
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Exemplo: Infanticídio.
06.03.2012
Questionamentos básicos:
Estas circunstâncias que estão previstas no parágrafo primeiro do artigo 121, que nós
chamamos de homicídio privilegiado se comunicam aos coautores e partícipes?
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
1ª REGRA: A partir da leitura a contrario sensu, entende-se que todas as não
pessoais/objetivas se comunicam. Portanto, todas as circunstâncias objetivas são
comunicáveis, ou seja, se estendem aos coautores e partícipes desde que estes saibam.
Exemplo: Dois cidadãos decidem matar um terceiro. Um deles vai executar enquanto o
outro fica vigiando, ou segurando a vítima. O executor resolve utilizar um veneno para matar
a vítima, e o coautor sabe disso. Emprego de veneno é uma qualificadora. Ela se estende ao
coautor? Sim, se estende, pois é uma circunstância de caráter objetivo.
Então...
As circunstâncias do parágrafo primeiro (relevante valor social, relevante valor moral e
domínio de violenta emoção) se comunicam aos coautores e participes?
Essas três circunstâncias são de que caráter? Subjetivo.
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Elas são elementares? Não. Elas não fazem parte da estrutura que compõe o tipo penal, elas
refletem sobre um tipo penal já existe (que é o caput do artigo 121). Só pode haver
elementar de um tipo em 3 circunstâncias. No tipo básico/elementar/original (cada caput).
Também nos chamados tipos derivados (privilegiadoras e qualificadoras). O artigo 121 é uma
causa de diminuição de pena. As circunstâncias do artigo 121, §1º não se comunicam aos
coautores e participes, portanto.
Reconhecendo algumas destas circunstâncias (relevante valor social, relevante valor moral
e domínio de violenta emoção), ele a obrigado a diminuir a pena ou isso é uma faculdade?
Embora esteja escrito que pode (sendo assim, uma faculdade), como se trata de homicídio
doloso, sendo competência do tribunal do júri julgar, este que reconhecerá se existe ou não
esta circunstância. Uma vez reconhecida a circunstância, o juiz será obrigado a aplicar a pena
correta, haja vista o principio da soberania dos veredictos, do tribunal do júri.
Pergunta de Rodrigo:
Um grupo religioso pega uma criança e mata esta criança para a realização de um culto. O
pai desta criança descobre e mata todo o grupo (atividade típica de grupo de extermínio
(crime qualificado) por relevante valor moral (crime privilegiado)). É crime hediondo?
RELEVANTE VALOR MORAL: Matar o assassino da própria filha. Valor moral pessoal.
RELEVANTE VALOR SOCIAL: “O justiceiro”. Matar um serial killer, por exemplo.
DOMINIO DE VIOLENTA EMOÇÃO:
Requisitos:
1) É necessário que haja domínio, da violenta emoção, não apenas influencia. Dai se dá
a diferença desta causa de diminuição genérica para atenuante prevista na parte
geral. Lá é influencia, e aquela causa incide sobre qualquer crime.
2) É necessário que haja uma injusta provocação da vítima. É provocação, não é
agressão. Se for, trata-se de legítima defesa.
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Falar algo que ofenda alguém ainda que este algo seja verdade é injusta provocação?
Sim, por ofender a pessoa.
3) Deve ser praticada logo após.
A atenuante genérica mencionada acima se encontra no artigo 65, III, a do Código Penal.
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III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Exemplo do inciso V: Um individuo que mata uma testemunha que irá depor contra seu
favor.
I, II e V – natureza subjetiva
INCISO I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
O legislador resolveu utilizar de forma exemplificativa alguns motivos torpes e ao final ele
usou a expressão genérica “outro motivo torpe”. Significa que as duas primeiras situações
são também formas de torpeza.
Outro exemplo: Matar o próprio pai para receber herança. Matar esposo ou pai, quem tiver
um seguro, visando se beneficiar.
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1º - A doutrina classifica a futilidade em imediata (ou direta) e mediata (ou indireta). Essa
classificação leva em consideração a vinculação entre o motivo fútil e o resultado criminoso.
Qual das duas qualifica o homicídio? Ou as duas?
Somente a futilidade direta ou imediata qualifica o homicídio. O homicídio é fútil, se a partir
desse motivo fútil o homicídio é praticado. Existe uma vinculação direta entre a futilidade e
o homicídio. Quando o motivo fútil dá origem a novos motivos que pelo desdobramento
acabam culminando no homicídio, não necessariamente haverá a qualificadora, pois a
vinculação é distante, indireta.
Exemplo: Briga no trânsito. O cidadão tá no sinal, fechado. O sinal abre e antes que o carro
da frente consiga sair, o de trás começa a buzinar. O da frente resolveu afastar um pouco e
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deixar o de trás passar, e quando ele passa dá o dedo e chama de filho da puta. O ofendido
saca uma arma, diz “tu vai ver quem é filho da puta” e cai de bala no outro. Neste exemplo,
haverá incidência da qualificadora? O motivo pode ser considerado fútil? Não existe
compatibilidade, nós já vimos, entre as causas de diminuição de pena e as qualificadoras de
caráter subjetivo, e nós vimos que o motivo fútil é subjetivo, assim como as causas de
diminuição de pena. Se o motivo é fútil, não pode haver uma causa de diminuição de pena
(ambas são subjetivas). Só existe compatibilidade das causas de diminuição de pena do
artigo 121, §1º com as qualificadoras objetivas. Motivo torpe e fútil são de caráter subjetivo.
Logo, tu não podes sob relevante valor moral, social ou sob domínio de violenta emoção
praticar homicídio torpe ou fútil, são cosias incompatíveis.
Agora outro exemplo na mesma discussão. Discutiram, um parou, desceu, começou a bater
no vidro do carro do outro, esculhambou. O cidadão desce, começam a brigar e a partir da
briga o outro vai ao carro, pega uma arma e mata o outro. Nós podemos dizer que o motivo
dessa morte foi fútil? É essa circunstância que a doutrina considera que até existe uma
futilidade, porém uma futilidade mediata ou indireta. A futilidade está na origem de uma
série de desdobramentos que ocorreram, mas que a conexão final do motivo que gerou
imediatamente a morte, não era fútil. Houve desdobramentos de intermediários entre a
discussão inicial e o resultado morte, como por exemplo, a discussão, agressões físicas e
assim sucessivamente. A origem foi fútil, mas, porém, o que se liga mais imediatamente ao
resultado criminoso não é um motivo fútil. Isso não qualificaria. A morte deve decorrer
direta e imediatamente de um motivo fútil. Se decorrer de outra circunstância, embora essa
circunstância tenha se originado de um motivo fútil, não estará configurada a qualificadora.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
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Esta qualificadora que diz que possa resultar perigo comum exige um perigo concreto ou
abstrato?
Abstrato. A própria escrita já fala “possa resultar perigo”, ou seja, perigo de perigo. Se
houver perigo concreto pode haver concurso formal entre homicídio qualificado e o crime
de perigo comum.
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O que é o veneno?
Segunda a doutrina, qualquer substancia de origem química ou biológica capaz de provocar
a morte quando introduzida no organismo humano. Significa que veneno não é apenas
aquela substância predestinada a ser veneno. Pode ser que uma substância que não seja
considerada venenosa, possa ser utilizada como veneno se usada para causar a morte a
outrem.
Exemplo: Açúcar (para um diabético), água sanitária etc.
13.03.2012
Qual a diferença entre o homicídio qualificado pela tortura e a tortura qualificada pelo
resultado morte?
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No homicídio qualificado pela tortura, a morte é dolosa, ele quer matar. No homicídio
qualificado a tortura é apenas meio para atingir o resultado morte. Já na tortura qualificada
pelo resultado, o cidadão quer torturar, mas acaba gerando o resultado morte. Neste ultimo
o resultado morte é culposo, e a tortura é dolosa (crime preterdoloso, onde existe dolo no
antecedente e culpa no consequente).
Prova disso é que a pena do homicídio qualificado é maior que a da tortura qualificada pelo
resultado morte.
É possível também que alguém com desígnios autônomos, torture uma pessoa sem que
exista morte culposa, e ao final decida mata-la, sem que a tortura tenha sido meio para o
homicídio e sem que a morte tenha sido culposa. Ele tem dolos, vontades diversas, desígnios
autônomos. Haverá então, concurso material de crimes.
INCISO IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido;
Emboscada
Diferente da traição, na embosca não há presunção de confiança. Conhecida pelas pessoas e
pela doutrina como “tocaia”. Alguém que fica escondido e quando a pessoa vai passando
atira.
Mediante dissimulação
Atuação disfarçada, hipócrita, que oculta a real intenção do agente. Um cidadão que usa
uma farda da policia para entrar na casa da vítima e mata-la. Ou uma fantasia de carnaval,
baile de máscaras. Qualquer forma em que o autor use disfarce ou dissimulação para atingir
seu fim.
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A teoria que é utilizada neste dispositivo é a teoria da atividade, prevista no art. 4º que diz
“considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o momento
do resultado”. Portanto se um indivíduo desfere três tiros contra um adolescente que está a dois
dias de completar 14 anos. O adolescente vem a falecer apenas um dia depois de ter completado
14 anos. Essa causa de aumento de pena (menor de 14 ou maior de 60) incidirá sobre o crime?
1. A idade deve fazer parte do elemento subjetivo do agente. O dolo abrange todas as circunstâncias,
inclusive esta. É necessário que o autor saiba que sua vítima é menor de 14 ou maior de 60.
2. Considerando que ele saiba que a vítima tinha 13 anos. Sim, aplica-se a teoria da atividade. Considera-
se o momento da ação.
Havendo incidência da causa de aumento de pena, estará afastada a incidência desta como
agravante genérica.
Homicídio Culposo
§ 3º - Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
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§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Homicídio culposo – aquele cujo resultado morte não foi resultado nem querido, embora previsível,
e que por uma inobservância de um dever objetivo de cuidado a todos nos atribuído, por negligencia,
imprudência ou imperícia, o agente acabou sendo responsabilizado pelo resultado morte.
A pena do homicídio culposo é bem mais baixa que a do homicídio doloso, por um motivo óbvio: o
agente não quis atingir aquele resultado, o que é muito menos censurado. Em virtude da pena, é
possível que haja inclusive a suspensão condicional do processo, que é um instituto jurídico, previsto
na Lei 9.099, que é aplicado a todos os crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano. O
processo fica suspenso por um período de 2 a 4 anos, chamado período de provas, e nesse período,
se o agente cumprir todas as condições impostas, haverá a extinção da punibilidade.
Imprudência – É o que a doutrina chama de culpa positiva. É um agir afoitamente, perigosamente.
Negligência – É o que a doutrina chama de culpa negativa. Deixar de tomar cuidado ou deixar de
fazer aquilo que a cautela recomenda.
Imperícia – É o que a doutrina chama de culpa profissional. Consiste na falta de aptidão para o
exercício de arte, profissão ou ofício para a qual o agente, embora autorizado para exercê-la, não
possui conhecimentos teóricos ou práticos para tanto.
§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
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socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante.
É possível haver esta causa de aumento de pena quando a culpa é resultado de imperícia?
O professor e a doutrina entendem que não, que não é possível alguém não ter conhecimento
técnico para executar algo e ainda assim deixar de observar uma regra técnica. Porém o STF e parte
minoritária da doutrina já decidiram que sim.
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A súmula 18 do STJ resolveu a discussão que havia acerca da natureza da sentença onde fosse
reconhecido o perdão judicial, se ela era condenatória, ou seja, o juiz primeiro condena e depois
perdoa, ou se ela de natureza absolutória ou declaratória. O entendimento hoje predominante,
inclusive sumulado, é o de que a natureza dessa sentença é declaratória. Extinguem-se então todos
os efeitos penais e civis, como reincidência, falta de primariedade.
Auxílio ao suicídio3
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
3
Nomenclatura utilizada pela doutrina.
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Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Suicídio é crime?
Não. A autolesão exclusivamente não é punível. Principio da alteridade: somente pode se considerar
crime um ato que ofende bem jurídico de terceiro.
O que configura crime é o auxílio ao suicídio. Pra que isso ocorra, é necessário que exista capacidade
de conhecimento, que exista discernimento suficiente por parte da pessoa que vai se suicidar
induzida, instigada ou auxiliada por um terceiro. Se não houver essa capacidade, o crime que vai ser
configurar é o homicídio (induzir uma criança a se suicidar, por exemplo). É essencial que exista uma
capacidade mesmo que mínima de compreensão, discernimento e capacidade para consentir.
Qual é a objetividade jurídica deste crime? Qual o bem jurídico protegido neste crime?
A vida.
O núcleo do tipo apresenta três condutas: induzir, instigar ou auxiliar. A doutrina classifica essa
participação no suicídio, em duas formas: moral, constituída pelos verbos “induzir e instigar”, e a
participação material, constituída pelo verbo “auxiliar”.
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O auxílio é uma participação material. É o cidadão dizer para outro que pensou em se suicidar, mas
que não tem uma arma e o autor do crime diz “não seja por isso” e entrega a arma para o primeiro.
P.s: O auxílio é acessório, não pode se configurar como conduta principal. Ex: Davison vai se enforcar,
mas não consegue. Daniel, bom amigo, vai dar uma ajudinha para puxar a corda da forca. Configura-
se aí, homicídio.
O autor Goethe escreveu livros que foram responsáveis por vários suicídios. Isso pode ser
considerado instigação/induzimento ao suicídio?
Não. Só caracteriza-se este tipo quando é voltada a uma vítima específica. Quando é feito de forma
genérica, não é considerado instigação ao suicídio. Não caracterizaria o tipo, portanto.
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Duas pessoas resolvem morrer, juntas elas ligarão a torneira de um gás letal e morrerão dentro de
um quarto.
1ª Hipótese: O cidadão A liga a torneira e os dois sobrevivem, porém A sofre uma lesão grave no
pulmão. Quem responderá o que? O A responderá por tentativa de homicídio, e o B por auxílio ao
homicídio. Se o que executou (A) tive saído ileso, o outro (B) responderia pelo quê? O B não
responderia por nada.
2ª Hipótese: A liga a torneira e morre. B sobrevive. Responde pelo quê? B responde pelo crime de
participação no suicídio (artigo 122).
3ª Hipótese: Ambos ligam a torneira juntos e ambos sobrevivem. Responderão pelo quê? Ambos por
tentativa de homicídio.
4ª Hipótese: Ambos se auxiliam mutuamente, sem praticar a conduta descrita no tipo ou de matar
alguém, apenas um auxílio, e ambos sobrevivem com lesão corporal grave. Responderão pelo quê?
Ambos respondem por participação no suicídio.
5ª Hipótese: Em determinado momento chega uma criança de 10 anos (C) querendo participar da
“festa”. A liga a torneira. A é doido, B é plenamente capaz. Somente B sobrevive. Ele responde pelo
quê? Em relação a A, ele responderá por auxílio ao suicídio e em relação a C ele responde por
homicídio.
Se A e B estão drogados, portanto, com sua capacidade de discernimento diminuída, B não será
inimputável, mas terá sua pena diminuída. (Artigo 26, parágrafo único).
Roleta russa é um jogo de azar onde os participantes colocam uma bala — tipicamente apenas uma
— em uma das câmaras de um revólver. O tambor do revólver é girado e fechado, de modo que a
localização da bala é desconhecida. Os participantes apontam a arma para suas cabeças e atiram,
correndo o risco da provável morte caso a bala esteja na câmara engatilhada. Na Roleta Russa,
quando um morre ou sofre uma lesão de natureza grave, o outro responde pelo quê? Auxílio ao
suicídio (artigo 122).
No Duelo Americano, outro bom joguinho para se jogar com os amigos nas horas vagas, têm-se duas
armas sendo que apenas uma está carregada. Cada participante escolhe uma e ambos acionam o
gatilho apontando a arma para a própria cabeça ao mesmo tempo. Fatalmente um dos jogadores se
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ferirá e provavelmente irá a óbito. O que permanecer vivo responde pelo quê? Auxílio ao suicídio,
artigo 122.
Motivo egoístico
Ex:
1. O pai já morreu, a mãe ficou depressiva, caso ela venha a morrer o seu único filho
herdará tudo e então ele começa a dizer para a sua mãe que a vida dela realmente
está muito triste, sem sentido, incentivando que a mãe se mate para tornar-se o
herdeiro.
2. Um colega de trabalho que querendo o posto do outro e sabendo de alguns
probleminhas, resolve instiga-lo ao suicídio.
Vítima menor
Menor entre 14 e 18 anos. Aplica-se por analogia o disposto nos artigos 217-A, no caso de
estupro de vulnerável, 218 e 218-A. Se for menor de 14 anos, homicídio, considera-se este
incapaz para ser induzido (totalmente manipulável).
Vítima, por qualquer causa, com a capacidade de resistência diminuída.
Nesta hipótese, entende-se que é a vítima maior de 18 anos, que por qualquer outro motivo
que não etário, tenha capacidade diminuída.
Ex: O cara tá embriagado, drogado, depressivo etc.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
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Este é um típico exemplo de homicídio privilegiado. Isso porque é um homicídio, que pelas
características, o legislador resolveu considerar uma nova figura típica, com a previsão de penas
mínima e máxima inferiores ao tipo original do homicídio.
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Entende a doutrina que o logo após é enquanto durar a influência do estado puerperal.
A mãe que mata o filho de outra sob a influência do estado puerperal, acreditando que o filho de
outra é seu, responde por qual crime?
Erro de pessoa. Ela responde como se fosse o próprio filho.
Aborto
Aborto Provocado pela Gestante ou com Seu Consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Aborto Provocado por Terceiro
Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze)
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça
ou violência.
Forma Qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:
Aborto Necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no Caso de Gravidez Resultante de Estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
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Alguns autores consideram a partir da fecundação. Esta teoria levaria a ideia de que mulheres que
tomam pílulas anticoncepcionais praticariam aborto. Portanto, outros dizem que não pode ser da
fecundação, é a partida da nidação, que é a introdução do óvulo já fecundado no útero, e só a partir
desse momento que poderia haver aborto.
27.02.2012
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Qual o objeto material deste crime? (sobre quem recai a conduta criminosa?).
O feto, em qualquer fase do desenvolvimento e em todas as modalidades do crime, e em algumas
delas a mãe.
É necessário que o embrião esteja alocado no útero materno. Pode ser que o embrião cresça em
outra região, como por exemplo, nas trompas (chamada gravidez ‘tubária’).
E quando existe desenvolvimento de embrião in vitro? (em laboratório). Se alguém jogar fora
aquele recipiente em que o embrião está se desenvolvendo, é possível falar de aborto?
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Hoje não é previsto no Brasil esta conduta como crime. Você pode inclusive adequa ela como crime
de dano ou outra. Porém algumas legislações estrangeiras preveem esta conduta como crime e
existem projetos de lei no Brasil criando este crime.
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O cidadão dá um chute na barriga da mulher e acelera o parto. O bebê, entretanto, nasce com
vida. O cidadão então decide suprimir a vida do bebê. Que crime é esse?
Ele vai responder pelos dois crimes, porque existem momentos e dolos autônomos. Um dolo de
provocar o aborto, não conseguiu, depois tem um novo dolo, que é o da prática de homicídio.
Ex: Um casal de namorados. A mulher engravida e conta para o namorado. Ambos chegam a
conclusão de que não é a hora para terem um filho e ela diz que topa abortar, mas tem que ser em
uma clínica. A mulher não tem a grana, então o namorado paga. Chegando lá, o médico realiza o
aborto auxiliado por uma auxiliar de enfermagem. Quais os crimes praticados por cada um nesta
situação? O médico é autor do 126 e a enfermeira partícipe do 126. A mulher, autora do 124. O
namorado, partícipe do 124. (Bittencourt diz que o namorado responderia pelo 126).
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Se a mãe, gestante, for maior, tiver capacidade, der o seu consentimento e no momento da
preparação do aborto ela desiste. Ainda assim o médico realiza o aborto. O médico responde por
qual crime?
Artigo 125.
Nessa hipótese, ou não houve consentimento, ou houve o consentimento em uma das duas
hipóteses do parágrafo único do artigo 126, “gestante menor de 14” ou “alienada ou débil mental”,
dissenso presumido. Mediante fraude, grave ou violência, dissenso real.
Este é um crime de dupla subjetividade passiva. Tanto a vítima, a mãe, quanto o feto figuram o pólo
passivo.
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Concurso formal improprio – Quando mediante uma ação provocam-se resultados havendo dolos
autônomos.
Se ele sabe que ela está grávida, mas desconhece que é de gêmeos ou trigêmeos, responde por
concurso formal próprio. Se ele sabe que é de gêmeos ou trigêmeos e ainda assim provoca o aborto,
é como se ele tivesse desígnios autônomos para provocar o aborto. Ele vai responder por concurso
formal improprio e como consequência jurídica, aplica-se a regra do concurso material (somatório de
penas). No concurso formal, a pena do mais grave + aumento de pena.
Esta é uma hipótese que excepciona a teoria monista adota como regra pelo nosso código penal,
onde autores ou coautores e participes respondem pelo mesmo crime. Neste caso, embora em tese
configure concurso de pessoas, os envolvidos responderão por crimes autônomos. A mãe que
consente na prática do aborto responde pelo 124, 2ª parte. O terceiro que provoca o aborto com
consentimento da gestante, responde como autor do 126. É preciso saber a que conduta principal o
partícipe se vincula para de terminar em qual artigo ele se enquadrará. Se por exemplo, o namorado
(que dá o dinheiro para a namorada abortar), ele se vincula a conduta da namorada. Já a enfermeira,
que é partícipe, ajudando o médico, se vincula a conduta do médico.
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II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
Quanto ao médico, a doutrina discute saber se qualquer agente de saúde estaria albergado por esta
previsão permissiva do código.
Se o enfermeiro, percebendo que não há outro jeito de salvar a vida da gestante, pratica o aborto,
qual será a consequência jurídica?
O enfermeiro age em estado de necessidade (de terceiro). Sua conduta embora típica, não será
antijurídica.
Existe uma grande discussão sobre a natureza jurídica destas condutas permissivas. Quando o
médico faz isso sua conduta é típica?
O professor entende que médico que para salvar a vida mãe, põe fim à vida do feto, não pratica
conduta típica. Portanto, neste caso ocorreria exclusão da tipicidade.
Há enorme discussão doutrinária quanto a isso.
Estupro
- qualquer forma de estupro, ainda que não haja penetração penico vaginica.
- mediante violência ou grave ameaça
03-04 (é certo cair uma questão do 1º texto, mais os crimes estudados até lesão corporal, esta aula
aqui).
Lesão Corporal: ler artigo 129 Lesão Corporal de natureza grave, lesão corporal seguida de morte,
diminuição de pena, substituição da pena, lesão corporal culposa, aumento de pena, violência doméstica.
- Esse artigo é bem extenso, porém muito dos comentários relativos a este crime já foram feitos em
relação ao homicídio. Observa-se que este artigo faz remissão a mais de uma oportunidade ao artigo
121, que é no caso da lesão corporal privilegiada que se aplica em tudo que se falou em relação ao
homicídio (portanto ele não vai repetir), bem como o perdão judicial.
- Primeira pergunta: qual o bem jurídico tutelado neste crime? A doutrina diz existir uma tríplice
proteção jurídica: a saúde corporal, saúde fisiológica e saúde psicológica. Quando o legislador fala no
caput do artigo integridade física ou saúde, nós temos que englobar todos esses aspectos.
- Qual a estrutura desse crime se observarmos todos os parágrafos? No caput temos a lesão corporal
dolosa leve; §1º, temos a lesão corporal dolosa grave; §2º lesão corporal dolosa gravíssima; §3º
lesão corporal seguido de morte, o chamado homicídio preterdoloso; §4º e 5º situações de privilégio;
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§6º lesão corporal culposa; §7º majiorante (causa de aumento de pena); §8º perdão judicial; e §9º,
10 e 11, violência domestica familiar.
- Qual o sujeito ativo no crime de lesão corporal? É um crime comum? Pode ser praticado por
qualquer pessoa? SIM!
- Quem pode ser o sujeito passivo? (não quer saber se qualquer pessoa pode sofrer uma lesão
corporal). Observando o artigo, percebe que só pode uma pessoa? No §1º, IV e no §2º V, só a mulher
grávida pode ser; e no §9º só ascendente, descendente, irmão, cônjuge, ou companheiro.
- Sabe-se que auto lesão não é crime, mas se alguém maior induz um menor que 14 anos, por
exemplo, a se auto lesionar? Essa auto lesão será punível e se for quem responderá por ela? Por mais
que a auto lesão não seja crime, o raciocínio será o mesmo do suicídio por induzimento, logo se uma
pessoa maior induz um menor a se auto lesionar ele responderá por lesão corporal se isto acontecer
como autor mediato.
- É necessário que a vítima sinta dor pra que haja configuração do crime?Obviamente não. Sentir dor
não é pressuposto da configuração. Já que causar desmaio em uma pessoa é considerado lesão
corporal.
-E cortar o cabelo de alguém contra a vontade da pessoa configura lesão corporal? Existem três
correntes que avaliaram isso: uma diz que configura lesão corporal, a outra diz ser injúria real, e a
outra diz que as duas anteriores se complementam, e vai depender do elemento subjetivo que nós
tivermos.
- A integridade física é um bem disponível? Cirurgia de mudança de sexo, plástica, etc.? Como é que
o Direito vai tutelar a integridade física de alguém que livremente diz ‘eu quero ser lutador de
MMA’? Assim, a integridade física é um bem disponível que faz parte da liberdade de autonomia do
paciente, do lutador ou similar. Existe outra doutrina que diz é indisponível como regra, porém, só
que por lesão leve. Outros dizem, é disponível ainda assim por lesão leve e se não ofender os bons
costumes ou a moral.
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