Você está na página 1de 42

Direito Penal Especial I – Profº Cléopas

Direito - 4º Período Vesp.

Primeiro Bimestre
07.02.2012

 Relação entre a Parte Geral e a Parte Especial do Código Penal


- Na parte geral não encontramos nenhum crime, não há previsão de nenhum crime.
- A parte geral é definida no código penal vai do artigo 1º ao 120.
- Todos os crimes são definidos na Parte Especial do CP, que é a partir do artigo 121.
- No dia a dia não observamos alguém estar preocupado com erro de tipo que ocorreu, ou o
atenuante genérico que houve, por motivos claros. A sociedade se preocupa com os crimes
conferidos na parte especial do código.
- Isso significa que existe uma mais valia, um poder valorativo maior, da parte especial que
da parte geral.
- É na parte especial que a sociedade depositada as suas intenções, as suas expectativas e
seus valores (em relação à vida, o patrimônio, a honra).

+ Faria Costa: doutrinador e ex. professor. Escreveu um livro apenas falando da parte
especial do código. Nele o professor ensina que na parte especial exerce 2 funções básicas:
I – Função Descritiva: nada mais é que a função da parte especial de descrever as
condutas indesejadas pela sociedade. Por isso que encontramos é na parte
especial a descrição de crime como homicídio, roubo e as demais. Essa função
descritiva não é exercita pela parte especial do código penal, mas também pela
Legislação Penal Extravagante, que são leis que não estão codificados no código
penal positivado, mas rege sobre crimes referentes ao direito penal. Então essa
função descritiva também é exercita pela Legislação Extravagante. E isso é uma
tendência dos últimos tempos, não apenas no código penal, está ocorrendo um
processo de descodificação, cada vez mais a sociedade tem observado e tido
novas necessidades que antes não existia, e essa necessidades tem que ser
supridas através de uma legislação.

II - Função Aglutinadora: significa que a parte especial acaba servindo como


repositório dos anseios sociais, e portanto a parte especial aglutina/reúne tais
anseios. E de que forma esses anseios sócias depositados são descritos, de que
forma eles aparecem, de que forma eles são materializados? Através de 3
elementos: as penas, condutas criminosas e bens jurídicos. E ao fazer isso o
legislador busca uma lógica e uma intencionalidade própria, percebemos isso na
divisão feita no código, ou seja, ele é dividido com certa intenção, por isso que o
primeiro crime descrito é o homicídio, por ser considerado mais importante. O
código foi estruturado através de uma lógica de ordenação por grau de
importância dos bens jurídicos. Ao fazer essa ordenação o legislador deveria levar

1
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

em consideração vários aspectos, o legislador deve levar em consideração em


primeiro lugar os anseios sociais, as condutas reprovadas pela sociedade que
merecem penas, devem ser tuteladas pelo Dto. Penal. Este mesmo raciocínio é
aplicado de forma invertida para exclusão/desconsideração de uma conduta
criminosa em decorrência da normalidade da conduta, exemplo adultério era
considerado crime hoje não, ou seja, uma adequação social dessa conduta. A
adequação social por si só não é o bastante para desconsideração de um crime,
deve-se levar em conta o Princípio da Legalidade. Somente a lei desfaz outra lei.
Ou seja, adequação social força o legislador a legislar contra um determinado
crime. Outro ponto que o legislador deve levar em conta também a
Proporcionalidade. Essa Proporcionalidade deve ser analisada em diversos
aspectos. Suas 3 categorias são: adequação, necessidade e proporcionalidade em
sentido estrito. O legislador deve atender pelo menos em tese a
proporcionalidade. Não teve apenas ter proporcionalidade da conduta com a
pena, como também entre as penas mínimas e máximas.

+ Qualificadora X Causa de Aumento de Pena


- A qualificadora vai sempre novos limites mínimo e máximo de pena. É sempre mais grave.
- A causa de aumento de pena não vai trazer novos limites de pena, existe uma proporção
que vai incidir na mesma pena, há casos presentes no artigo que vai tratar da pena (ex.: 1/3-
1/2 da pena).
- Nos costumamos avaliar a proporção apenas como proibição de excesso, quando dizemos
que algo é desproporcionou é porque achamos que é excessivo. A proporcionalidade não
deve ser analisada apenas como proibição de excesso, mas também como proibição de
proteção deficiente.

14.02.2012

Qual das duas partes predomina? A parte geral ou a especial?


O Faría Costa diz que existe uma predominância acadêmico-científica da parte geral sobre a
parte especial, por razões obvias. É na parte geral que nos iremos encontrar a positivação de
uma serie de teorias, inclusive de princípios que são tradução quase que de um direito
natural, e na parte especial nos temos um predomínio sobre a parte geral em termos de
anseios sociais e necessidades, por tudo que nós já mencionamos.

No texto fala que nem sempre foi assim. Nem sempre houve uma definição nítida e clara
entre parte geral e especial. Essa divisão foi realizada por Feuerbach, de forma em que uma
parte conteria os princípios gerais, as normas de orientação geral, e outra que tratasse dos
crimes em espécie. É somente a partir daí, e de um movimento no final do século XVIII, dos
grandes códigos (Napoleônico...), que começou a haver a necessidade de sistematizar a

2
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

legislação em um todo orgânico chamado código. Feuerbach faz um estudo dogmático da


parte geral. Este estudo serviu para a formulação de vários códigos.

É importante saber que: O movimento de codificação no mundo fez surgir também a


codificação do Direito Penal, e quem fez essa sistematização foi Feuerbach.

Porém, com o passar do tempo, essa pretensão de generalidade, de harmonia e de


integração de um Código de Penal, acabou com o passar do tempo sendo muito relativizada.
Ou seja, a pretensão que se tinha de harmonia, de autonomia de um Código Penal, acabou
com o passar do tempo sendo muito relativizada.
A inclusão na parte geral, de normas de caráter exclusivamente processual ou de politica
criminal, acabou relativizando essa pretensão de harmonia e de homogeneidade de uma
parte geral. Vejam que é na parte geral que estão normas que são estritamente processuais
como, por exemplo, causa extintivas de punibilidade e mesmo normas referentes à ação
penal. Além disso, na parte especial, nós vamos encontrar a introdução de elementos
também de política criminal que relativizam essa harmonia. A parte especial deveria ser uma
parte objetiva, positivada, e de repente nós vamos observar a introdução de elementos
valorativos em diversos momentos na parte especial.

São elementos e questões de politica criminal que foram introduzidos especialmente de 70


pra cá fizeram com que a parte especial do código também perdesse aquela inicial pretensão
de homogeneidade. E o ultimo aspecto dessa perda, o processo de descodificação, que
vivemos até hoje. Hoje nós temos mais crimes fora do código que dentro dele.

E como se explica esse processo?

A parte especial quase que sempre tutela bens jurídicos individuais. Os crimes contidos na
parte especial que tutelam bens jurídicos supra individuais tem como titular o Estado, que
são os crimes contra administração publica.
A questão principal desse processo de descodificação é o surgimento, a percepção social da
necessidade de tutela de bens jurídicos supra individuais. É o principal fator desse processo
de descodificação. Claro que isso vem com a complexidade social, como por exemplo, a
necessidade de tutelar condutas na internet, por exemplo.

Hoje não é completamente verdade que o Direito penal é ultima ratio. E o maior exemplo
disso são os mandados expressos de criminalização. A CF faz menção expressa em vários
momentos, a algumas modalidades criminosas (racismo, tortura, crimes contra a ordem
econômica etc).

3
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Qual é processo normal para a “confecção” de um novo crime?

É a existência dos anseios sociais pela tutela do Direito Penal sobre aquela conduta, a
percepção do legislador daquele anseio social e a transformação desse anseio em uma lei.
Processo legislativo. Esse é o processo do Direito Penal clássico, individual. Aquele que faz
com que o Direito Penal seja ultima ratio. Só que existe outro processo, que é vertical, qual
seja o processo chamado de mandado expresso de criminalização, que nada mais é que uma
exigência feita pelo constituinte ao legislador ordinário para que ele criminalize uma
conduta. Em algumas situações a própria legislação determina ao legislador que criminalize
determinadas condutas sem que seja necessária a percepção do anseio social. Nestes casos
nós não temos um Direito penal em ultima ratio, nós temos uma ratio necessaria. Nesses
casos nós não observamos uma ultima razão para atuação do Direito Penal, e sim necessária.

Seria possível a tutela da vida sem o Direito Penal? No Brasil, seria possível a abolição do
Direito Penal?

Não. Não é possível no Brasil o Direito Penal ser dispensado da tutela de certos bens
jurídicos, porque a própria constituição exige a criminalização do direito à vida, embora de
forma implícita. No momento que é garantido a dignidade humana, o direito as futuras
gerações, que estabelece a competência do tribunal do júri (crimes dolosos contra a vida)...
Esses três dispositivos faz com que tenhamos uma exigência implícita da criminalização do
homicídio.

Então, nós temos basicamente duas formas de mandados de criminalização na constituição.


Uma, de forma expressa, como o meio ambiente (e outros), e outra, de forma implícita.

(Depois disso tudo ele diz que isso foi apenas uma “nota de rodapé”. Ok né.)

Nós estávamos falando antes sobre o processo de descodificação. A sociedade percebeu


nos últimos anos, que novos bens jurídicos mereciam tutela. Meio ambiente, por exemplo.
Antes não se falava que isso poderia ser crime. Surgiu essa necessidade, vamos fazer uma
lei. Crimes de internet etc. Foram surgindo vários bens jurídicos supra individuais que o
Direito Penal não poderia ficar de fora dessa tutela vendo que a sociedade estava sofrendo
com essas ofensas, e obviamente teve que se adaptar.

Esta é uma necessidade que não existia antes, portanto, a solução foi descodificar. E está
havendo recentemente outro processo, a criação de microssistemas jurídicos, microcódigos
temáticos, como por exemplo, criança e adolescente (ECA). Nós temos no ECA regras direito
constitucional, civil, penal, processual penal e tudo relacionado a criança. Outros exemplos,
Código do Consumidor, Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha. Do processo de

4
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

descodificação passamos a leis especificas que tratam de uma matéria. Agora nós estamos
chegando ao ponto de microssistemas. Uma só lei que trate de todos os aspectos
relacionados a uma matéria.

Ok? Tranquilo até aqui? (Ele pergunta antes de trocar um pouco de assunto)

Quais são os principais institutos da parte geral aplicáveis a parte especial?

Até aqui nós estamos falando também da relação entre parte geral e parte especial. Na
parte especial, repetem-se conceitos da parte geral. É claro que vão ser coisas novas, mas
vários conceitos da parte geral são aplicados. Por exemplo, tempo do crime, lugar do crime.
Isto será resolvido por algo que está na parte geral.

(Daqui pra frente o professor cita alguns institutos importantes para a parte especial, como
dolo e culpa, tempo do crime, lugar do crime, normas de extensão... esses institutos,
segundo o próprio professor, não fazem parte do conteúdo e nem caem na prova, mas é
importante sabe-los para estudar os crimes da parte especial.)

28.02.2012

“Curiosidades: A chamada dura 9 min e 55 seg, com toda a rapidez do professor.”

Nós vamos começar a partir de agora, falar especificamente dos crimes em espécie. Se vocês
observarem, o primeiro crime que nós temos no nosso código penal é o homicídio, no artigo
121. Vejam que o homicídio esta dentro de um título, que é o titulo dos “crimes contra a
pessoa” e no capitulo dos “crimes contra a vida”. Portanto, este é o primeiro crime que nós
vamos analisar.

A primeira coisa que eu (professor) quero comentar, não só sobre o crime de homicídio, mas
sobre todos os crimes contra a vida, é falar sobre o fundamento constitucional da
criminalização de uma conduta ofensiva à vida de alguém. Qual o fundamento constitucional
para a proteção estatal, penal, da vida? Onde se encontra na constituição o fundamento
para a tutela penal da vida?

(pequena aula de latim... pronuncia de “caput”... bla bla bla)

1) Caput do Art. 5º. De forma genérica diz que todos têm direito, ou tem pelo menos
garantido constitucionalmente a vida.
2) Art. 5º, XXXVIII – Tribunal do Júri.
3) Proibição da pena de morte.

5
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Não existe nenhum dispositivo na CF que de forma expressa determine que a vida seja
tutelada penalmente, como por exemplo, existe para o meio ambiente. Essa obrigatoriedade
que o constituinte originário faz ao constituinte derivado, ao legislador, é o que se chama de
mandados de criminalização. Se ele faz de forma expressa, é chamado de mandado
expresso de criminalização, se de forma implícita, mandado implícito de criminalização. E
então, a conclusão que a doutrina chega acerca da vida, é que se trata de um mandado
implícito de criminalização. É necessário que o direito penal tutele a vida através dos crimes
contra a vida. E esses acima são os fundamentos para essa tutela.

Ora, porque o constituinte não diz de forma expressa que as condutas que atentem contra a
vida devem ser criminalizadas? Pela obviedade da necessidade de tutela do bem mais
importante. Sem vida não existe sociedade. Mas, ao prever a regra de competência do
tribunal do júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida de forma implícita ele
está dizendo que existe crime contra a vida.

A doutrina indica ainda alguns outros dispositivos constitucionais que servem para
fundamentar a necessidade de tutela penal da vida, como por exemplo, o caput do art. 225.
Quando ele fala do meio ambiente e atrela a garantia para as presentes e futuras gerações.
Não tem sentido se garantir algo, como por exemplo, o equilíbrio do meio ambiente para as
futuras gerações se não houver possibilidade de geração futura, de vida futura. Esse é outro
fundamento constitucional que a doutrina aponta.

Outros fundamentos: art. 227 e 230.

Esse direito à vida é absoluto?

A proibição da pena de morte, mas excepcionalmente em caso de guerra, demonstra que é


relativo. Idem ao aborto legal, legitima defesa, excludentes de licitude. Portanto, o direito a
vida como qualquer direito é relativo.

Vamos ver quantos e quais são os crimes contra a vida.

1) Homicídio
2) Induzimento ou instigação ao suicídio
3) Infanticídio
4) Aborto

Estes são os 4 crimes que nós vamos estudar. Cada um deles, ou a maioria, tem suas
variações.

Desde que momento a vida é tutelada pelo Direito Penal?

6
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Período técnico chamado de nidação até a expulsão natural do feto, o que acontecer, a lesão
que ocorrer, será crime de aborto, como regra. Se for durante o parto ou logo após, com as
circunstancias que o tipo penal traz, quais sejam, a mãe matando o próprio filho, durante ou
logo após o parto, sob influência do estado puerperal, que é um estado bio-psicológico que a
mulher tem e sente vontade de matar o próprio filho, será Infanticídio. Nasceu com vida,
será homicídio. A partir desse momento, o que acontecer com a pessoa, será homicídio.

Como já mencionado, a competência para julgamento dos crimes contra a vida, se forem
dolosos, tentados ou consumados, será do tribunal do júri. (Importante saber.)

Todos os crimes contra a vida são de ação penal pública incondicionada.

O primeiro crime, portanto, que nós vamos analisar é o homicídio. Uma primeira
classificação do crime de homicídio, que é interessante para visualizar toda a estrutura do
crime, é a que divide em homicídio doloso e homicídio culposo. Cada uma dessas duas
formas será tipos específicos. Então o homicídio pode ser doloso ou culposo. O doloso, pode
ser:

1. Simples (Art. 121, caput)


2. Privilegiado (Art. 121, §1º)
3. Qualificado (Art. 121, §2º)
4. Circunstanciado (Art. 121, §4º - 2ª Parte)

O homicídio culposo pode ser:

1. Simples (Art. 121, §3º)


2. Circunstanciado (Art. 121, §4º - 1ª Parte)
3. Com perdão judicial (Art. 121, §5º)

Vamos começar o homicídio doloso e depois culposo.

Homicídio Doloso Simples


Art. 121, caput.

Matar alguém.

Pena: reclusão de 6 a 20 anos.

Primeiramente, o que nós podemos chamar de homicídio. Qual poderia ser a conceituação
para o crime de homicídio. Tirar a vida? Se nós atropelarmos um cachorro, tirando-lhe a
vida, cometeremos homicídio? Não, então não é bem só a vida. Tirar a vida humana? E se a

7
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

vida humana for intrauterina, vai ser homicídio? Não. Então, a definição seria “a supressão
da vida humana extrauterina por outro ser humano”. Se um pitbull tirar a vida extrauterina
humana, ele não cometerá homicídio, por obvio.

O homicídio simples, que é a figura que nós estamos analisando, do caput do artigo 121, é
considerado crime hediondo? Quando alguém pratica uma atividade típica de grupo de
extermínio, isso caracteriza um homicídio simples? Ou, seria um homicídio qualificado pelo
motivo fútil? (Na próxima aula quando nos estudarmos homicídio qualificado, veremos a
diferença entre motivo fútil e motivo torpe 1, e essa questão está muito mais ligada a
torpeza).

Segundo a letra fria da lei, é possível que o homicídio simples seja hediondo quando
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que praticado por um só agente.
Esta é a leitura da lei. Porém, a doutrina entende (e o professor também) que isso nunca
será possível, porque só existem duas possibilidades de você praticar um homicídio em
atividade típica de grupo de extermínio. Ou ele será qualificado pela torpeza, ou ele será
privilegiado – sob domínio de violenta emoção. Se o motivo for torpeza, ele deixa de ser
simples e passa a ser qualificado, e aí todo qualificado é hediondo. Se ele for considerado
privilegiado, não teremos o homicídio simples sendo hediondo porque o homicídio
privilegiado não é hediondo.

Esta é a primeira observação sobre homicídio simples.

Qual é a objetividade jurídica do crime de homicídio simples?

Objetividade jurídica = Objeto jurídico. Vida humana extrauterina. É isso que se protege no
crime de homicídio.

Como é que se prova que houve vida humana extrauterina?

(Ai galera, a partir daqui copiarei a aula conforme o professor falar, palavra por palavra. Até
então não estava copiando coisas repetidas, frases que ele se auto corrige, e apenas a
versão final do que ele fala. Agora copiarei tudo. Se alguém achar melhor igual até aqui é só
falar, se não, continuarei copiando igual a fala do professor.)

Como é que se prova que alguém nasceu com vida? Ou se nasceu morto? E essa expressão
não é um equivoco tá pessoal?

Ela sugeriu que quando chora. Quando o médico bate no bumbum do bebê, ele chora. E eu
pergunto, e se o moleque morreu antes de apanhar pra chorar. Nasceu e morreu. Não deu
tempo de apanhar, pegar tapa no bumbum. E ai? Não nasce com vida? Se durante o parto,
terminou o parto, e por alguma manobra, feita pelo profissional, médico ou assistente, ele
vem a morrer. Não foi a mãe que matou o próprio filho, portanto não é infanticídio. Não foi
1
Acho que é assim que escreve, não sei. Perdoem qualquer erro.

8
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

intrauterino, portanto não é aborto. Mas tem uma criança morta, e ai? Não é nada? Não é
homicídio? É homicídio? Mas como, se o homicídio se caracteriza pela supressão da vida
extrauterina? Ele não chorou. Eu estou aqui pessoal, colocando a prova o argumento
utilizado pela colega. É isso que eu estou fazendo. E ai, pode ser o choro? Não pode. Tá? Não
é o choro do bebê. Eu acredito que tenham bebês mais resistentes que outros que poderiam
sorrir.

Tem tudo a ver com isso. A verdade é que o que tu disseste complementa a sugestão de um
colega, que disse respirar. É com a respiração. Ai vem uma segunda pergunta: Como é que se
prova que uma criança respirou? Ai é esse negocio que ela falou. Pega o pulmão do bebê,
corta, coloca em agua e se boiar é porque ele respirou, tem ar. Isso é chamada de Docimasia
de Galeno. Um médico, que não é o cantor/pastor Galeno que vocês conhecem, se alguém
conhece. Ninguém conhece o pastor Galeno? É sério que vocês não conhecem o pastor
Galeno? Se eu soubesse cantar eu iria arriscar aqui alguma cantiga dele.

Mas conhece? Então não é o cantor, pastor Galeno. É um médico grego e essa técnica levou
seu nome. Docimasia de Galeno. É exatamente o procedimento descrito ali pela colega. E,
éé... vocês não aqui medicina legal? Nem medicina bacana, gente boa? Aqui tem? Quem
gostar de penal e de processo, pessoal, eu considero essencial fazer medicina legal, é muito
bacana, muito legal. ÉÉ... vocês estudariam inclusive esse crimes que nós vamos analisar,
crimes contra a vida, crimes sexuais, vários crimes, não só crimes contra a vida, crimes
contra a pessoa em geral, muito da prova como são crimes que deixam vestígios, é
necessário que exista uma pericia, um laudo pericial, que tudo isso é estudado em medicina
legal, isso eu acho que é muito interessante. CSI ajuda. Para quem não tem aqui medicina
legal, aprendam com Dexter, vocês gostam de Dexter? Cuidado, viu? Não colem na prova
porque eu chamo o Dexter pra resolver essa parada. Vocês não conhecem o Dexter? Não?
Dexter é muito gente boa. Portanto é assim que se prova que o moleque nasceu com vida,
que a pessoa nasceu com vida. Através de uma pericia, de um exame pericial, chamado
Docimasia de Galeno. É com ci, tá? Doci-masia de Galeno.

Pergunta muito interessante! É relevante, é essencial para caracterização do homicídio a


potencialidade de vida? É necessário que o bebê tenha potencialidade de viver? Ou se ficar
provado que não havia possibilidade dele viver, e que, portanto nasceu com vida, mas ele
não ia viver mesmo, vamos logo matar, isso não é um homicídio? Traduzindo isso pra uma
expressão que vocês reconhecem os casos dos fetos anencefálicos, se houver o
abortamento, vejam que abortamento é diferente de aborto, que é o crime. Se houver
abortamento, ou expulsão, de um feto anencefálico, isso caracterizará crime de aborto? Ou,
se, terminou, ficou os 9 meses, houve a expulsão normal, um parto, portanto, e de repente
alguém chegou e não achou bonito, não gostou do design, sei lá o que... vou suprimir aqui
essa vida. Ele pode argumentar “não, mas ele não tinha potencialidade de vida, com duas
semanas ele morreria”? Isso não caracterizaria homicídio? Ai eu volto a pergunta original, é

9
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

essencial a caracterização do homicídio à viabilidade da vida? Ou isso é irrelevante? Vocês


compreenderam a pergunta? Alguém deixou de compreender isso? Compreender a
perguntar, pelo amor de Deus. Todo mundo compreendeu a pergunta? Eu quero saber se o
homicídio se caracteriza de forma dependente ou independente da viabilidade de vida. A
colega sugeriu que depende. Alguém? Se caracteriza, é independente da viabilidade. Alguém
tem uma terceira alternativa? Na verdade só existem duas alternativas. Mas pode ter a
mesma alternativa com diferentes argumentos.

(Exemplo de Thalia que quase não da pra ouvir. Duas gêmeas siamesas precisavam ser
separadas. Se continuassem juntas, ambas morreriam. Porém, se tentassem separa-las, uma
morreria com a cirurgia. Acredito que as duas morreram, pelo comentário do professor
posterior.).

Se fosse aqui no Brasil e a hipótese fosse exatamente a possibilidade, o risco, ou a iminência


pelo menos de risco de vida para ambos, seria permitido. É como o caso de aborto, tá? Uma
das hipóteses de aborto permitido é exatamente o risco de vida para a mãe. Tá? Então eu
acredito sinceramente que se isso fosse um caso no Brasil, a hipótese seria no mínimo de
estado de necessidade. Estado de necessidade de terceiro. O médico agindo para salvar um
dos xifópago. Ok? Difícil não é quando o xifópago é vitima, é quando ele é autor. Vocês já
imaginaram um dos xifópagos matar outro? Como é que vai ser a punição já que não existe a
possibilidade, por ser um principio constitucional. Não existe a possibilidade de alguém.
Nesse caso é uma impossibilidade de punição de uma pessoa que não é responsável,
chamado principio da intranscendência da pena, vocês já viram isso. Uma pena não pode
passar da pessoa do responsável. E ai? São duas pessoas. Os irmãos siameses são dois. Não é
uma só pessoa. É complicado né? Mas vamos lá. Isso tudo seriam apenas elucubrações 2 de
pouca utilidade prática. Saber se eles foram autores ou vitimas de um crime como esse. Mas
vamos lá. Qual o núcleo do tipo? Do crime... respondi! Se fosse no Brasil... Qual foi a
perguntar que eu fiz? Ah tá! Eu não respondi? Só tava questionando, né? Certo, surgiu aqui a
duvida. No mais não foi. Não existe essa possibilidade, mas eu queria saber de outro
posicionamento.

Mas a resposta é não, pessoal. Não depende da viabilidade. De fato configuraria o crime...
é... a supressão da vida, mesmo que não houvesse possibilidade ou viabilidade de vida.
Acredito, porém, acredito, porém (sim, ele fala duas vezes) que há... que nós estamos num
processo de mudança. O que já existe em outros países, tá? Foi se respeitando mais a
autonomia do paciente, onde eles podem escolher viver ou morrer, vocês sabem disso, onde
existem clinicas da morte, nos países da Europa. Você quer morrer, vou pagar aqui uma
clinica, tomar uma injeção, pra morrer bacana. Então pessoal, é uma decisão do sujeito. Tu
pode te suicidar? Claro que pode.

2
Elucubrações: Penoso ou prolongado trabalho intectual feito à noite; meditação, divagação. O mesmo que
lucubração.

10
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

(Piadinha do Instigando e intigando...)

Aqui no Brasil, dar o cartão da clínica seria instigar ao suicídio. Mas a existência nem seria
permitida. Mas eu acredito francamente, pessoal, que aqui no Brasil nos não vivemos
influencias dessa corrente estrangeira. Eu falo isso porque, porque existem documentos
internacionais, que gradativamente passam a ter repercussão em todo os sistemas jurídicos,
e existe uma diretiva inclusive um tratado internacional a respeito da autonomia do
paciente, que obriga ou que diz que a autonomia deve ser respeitada, tá? Que o médico
deve respeitar a vontade do paciente. Inclusive, em Portugal e na Suiça se não me falha a
memória, mas eu posso confirmar isso, existe um tipo penal especifico no código penal
português existe, chamado intervenção médica arbitraria, que é exatamente a intervenção
médica contra a vontade do paciente. O paciente diz “eu não quero fazer isso”, o médico vai
lá e faz. Aqui no Brasil não existe essa regulamentação, o médico que fizer isso, poderá ser
submetido a um processo, e poderá argumentar que agiu no estrito cumprimento do dever
legal. Ou no exercício regular de um direito. Mas, eu acredito que nós estamos vivendo um
momento, e digo isso pro duas razões: primeiro porque vocês devem saber que a parte
especial do código penal está sendo reformulada, existe um projeto que está sendo
estudado, e está no Congresso Nacional, da reforma da parte especial do código penal. E
nesse projeto existe a inclusão, que é uma ideia, é uma vontade antiga, de um paragrafo
quarto, no crime de homicídio, paragrafo sexto, perdão, vai até o paragrafo quinto, né? Que
seria exatamente considerando uma excludente da licitude, dizendo que não seria homicídio
a ortotanásia. E mais, o ultimo código de ética médica, que passou a vigorar em 2010,
englobou a ideia da diretiva europeia e da convenção sobre biomedicina, dizendo que é
proibido ao medico fazer intervenções que sejam paliativas, que sejam desnecessárias, para
manutenção da vida que não tem viabilidade, que é chamado de distanásia, que é o que? O
prolongamento artificial de uma vida que já não tem viabilidade. Então, o medico já não
pode fazer isso. Portanto, esses dois... esse movimento internacional, o código de ética
medica do Brasil e o projeto de reforma da parte especial do código penal, me levam a crer
que nos estamos vivendo um momento de mudança de perspectiva em relação a
autonomia. A exigência do consentimento informado para praticas medicas, me levam a crer
e a afirmar que de fato, nos com o passar do tempo e talvez não demore, nós tenhamos uma
outra perspectiva e ai, a viabilidade vai parar de ser considerada. E inclusive vocês sabem,
um outro movimento, é o caso do fetos anencefálicos, pra considerar que nesses casos pela
falta de viabilidade de vida não faria sentido se considerar crime, afinal de contas, a
ponderação entre saúde psicológica da mãe, que vê, durante nove meses, um filho ser
gerado sabendo que ele não vai ter potencialidade de vida e tem a possibilidade de tirar
desde o inicio, junto com... colocamos do outro lado, a vida, vida esta que não tem
potencialidade, poderia nessa ponderação, preponderar a liberdade da mãe. E uma outra
coisa, um outro argumento que a gente poderia utilizar, que é o seguinte, a lei que trata da
doação de órgãos diz que a morte se dá com a parada, a constatação da parada cerebral.
Ora, existe um paralelismo de existência de vida e morte. Se a morte é constatada por isso,

11
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

então como é que vai se constatar, ou dizer que existe vida em alguém que não tem cérebro.
Não tem exatamente a parte da cabeça cuja parada caracteriza a morte? É como se essa
pessoa não pudesse morrer. Ela nunca vai ter parada cerebral. Ela não tem essa parte. Então
eu repito. Por mais que hoje, a doutrina diga que a viabilidade não deve ser levada em
consideração, por tanto, seria homicídio, e seria aborto mesmo sendo um feto sem
potencialidade de vida, eu acredito que nós estamos vivendo uma onda de mudança onde
isso poderá mudar. Está compreendido? Então atualmente, caracterizaria homicídio
independente da viabilidade. Ok? Alguem ta vindo pela primeira vez na aula? (Marine) Não?
Mais ou menos? (Marine...) (Marine...) Quem é Marine? E o zigoto? Existe mesmo? É
verdade? Não é verdade, né? Ah, é A? Pessoal, qual é o núcleo, qual é o núcleo, da conduta
do homicídio simples. Ein? O núcleo? É o verbo né, pessoal? Que descreve a conduta. É
matar. Vejam que o tipo penal não exige uma forma especifica pra que o autor mate, é,
portanto um crime .. pode se apresentar de qualquer forma.

O núcleo é sempre o verbo que descreve a conduta típica, portanto, é matar. Que nos já
vimos o que que é.

Qual é? O sujeito ativo pessoal, este crime homicídio, existe alguma característica especial
do autor, ou pode se expressar por qualquer pessoa? Isso, mas ai é um pressuposto. Ok tem
que ser culpado, né. Eu estou pressupondo que o autor seja imputável, portanto, tem
capacidade e responsabilidade. Eu quero saber por que vocês sabem que existem, é, os
chamados crimes próprios né?

Sujeito passivo – Quem pode ser sujeito passivo de homicídio?


Bitencourt diz que sim.
Nem todas as pessoas que morrem (de morte matada) são vítimas de homicídio. Isso por
expressa previsão legal.
1) Presidente da República – O crime praticado ao tirar a vida do Presidente será “crime
contra a segurança nacional”, previsto na lei 7.170.
2) Presidente do Senado.
3) Presidente da Câmara.
4) Presidente do STF.
(Segundo o professor, ainda tem mais gente. O artigo 29 da lei 7.170 prevê crime diferente
de homicídio aos que matarem as pessoas referidas pelo artigo 26 da mesma lei. Esses
citados acima são os principais.).

12
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Ainda há mais pessoas que não podem ser vítimas, ou sujeito passivo do crime de homicídio.
O art. 1º da Lei 2.889/56, que trata do genocídio, também fala sobre.

Se a vítima for membro ou grupo nacional, étnico, racial ou religioso também não será
homicídio. Será crime contra a humanidade. (Este é um comentário do professor, não a lei
em si).
Pena: a mesma do homicídio qualificado. (a pena é a mesma, mas o crime não).

Qual o elemento subjetivo do crime de homicídio simples (crime sendo analisado aqui)?
Dolo.
No homicídio o elemento subjetivo é o dolo, que é representado pela vontade, chamada
animus necandi.

Qual é o momento em que se consuma o crime de homicídio?


No momento da parada cerebral. (Prevista pela Lei 9.434/97, art. 3º. A lei se refere a
transplante de órgãos, mas utiliza-se o mesmo conceito previsto nela, de morte encefálica).

O crime de homicídio admite tentativa?


Sim, claro. Todo crime que admite fracionamento da execução, admite tentativa.

Qual é a classificação doutrinária do crime de homicídio?


1. Crime simples – não é um crime complexo, um só bem jurídico tutelado.
2. Crime comum – pode ser praticado por qualquer pessoa.
3. Crime material – que deixa vestígios.
4. Crime de dano – não é crime de perigo, ofende bem jurídico.
5. Crime de forma livre – pode ser praticado de qualquer forma, não se exige forma
específica.
6. Comissivo ou Omissivo impróprio – pode ser cometido por ação (comissivo) ou
omissão impropria (alguém que tem o dever de agir e não age).
7. Instantâneo – se consuma em um só momento.
8. Unissubjetivo (ou de concurso eventual) – pode ser praticado por um único sujeito
(não exige concurso necessário).
9. Crime progressivo – para se chegar a ofensa ao bem jurídico vida, ofende-se o bem
jurídico integridade física.

Homicídio Doloso Privilegiado


Art. 121, § 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

13
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Isto é um privilégio ou uma causa de diminuição de pena?


Causa de diminuição de pena.

Qual a diferença entre uma privilegiadora e uma causa de diminuição de pena?


A privilegiadora (assim como a qualificadora) impõe novos limites máximos e mínimos a
pena (claro, diminuindo), enquanto que a causa de diminuição de pena estabelece um valor
a ser diminuído a pena, não havendo novos limites.

Exemplo: Infanticídio.
06.03.2012

Questionamentos básicos:
Estas circunstâncias que estão previstas no parágrafo primeiro do artigo 121, que nós
chamamos de homicídio privilegiado se comunicam aos coautores e partícipes?
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime. 
1ª REGRA: A partir da leitura a contrario sensu, entende-se que todas as não
pessoais/objetivas se comunicam. Portanto, todas as circunstâncias objetivas são
comunicáveis, ou seja, se estendem aos coautores e partícipes desde que estes saibam.
Exemplo: Dois cidadãos decidem matar um terceiro. Um deles vai executar enquanto o
outro fica vigiando, ou segurando a vítima. O executor resolve utilizar um veneno para matar
a vítima, e o coautor sabe disso. Emprego de veneno é uma qualificadora. Ela se estende ao
coautor? Sim, se estende, pois é uma circunstância de caráter objetivo.

2ª REGRA: Via de regra, as de caráter subjetivo não se comunicam. Só se comunicaram se


forem elementares do crime. Portanto, a regra é que as circunstancias de caráter pessoal
não se comuniquem nem ao coautor, nem ao participe. Todo tipo de qualificadora e
privilegiadora são tipos cujos componentes são chamados de elementares. É um novo tipo
penal, chamado tipo penal derivado.
Exemplo: Motivo fútil é uma circunstancia de caráter subjetivo e, portanto, pela regra, não
se comunicaria. Porém, esta circunstancia é considera uma elementar, então esta condição
se comunica.
Da mesma forma, o estado puerperal é uma condição subjetiva, como regra, não se
estenderia. Porém, vai se estender por ser considerada uma elementar (do tipo penal
derivado). – Quanto a isso há uma polêmica enorme. Trabalharemos mais adiante.

Então...
As circunstâncias do parágrafo primeiro (relevante valor social, relevante valor moral e
domínio de violenta emoção) se comunicam aos coautores e participes?
Essas três circunstâncias são de que caráter? Subjetivo.

14
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Elas são elementares? Não. Elas não fazem parte da estrutura que compõe o tipo penal, elas
refletem sobre um tipo penal já existe (que é o caput do artigo 121). Só pode haver
elementar de um tipo em 3 circunstâncias. No tipo básico/elementar/original (cada caput).
Também nos chamados tipos derivados (privilegiadoras e qualificadoras). O artigo 121 é uma
causa de diminuição de pena. As circunstâncias do artigo 121, §1º não se comunicam aos
coautores e participes, portanto.

Reconhecendo algumas destas circunstâncias (relevante valor social, relevante valor moral
e domínio de violenta emoção), ele a obrigado a diminuir a pena ou isso é uma faculdade?
Embora esteja escrito que pode (sendo assim, uma faculdade), como se trata de homicídio
doloso, sendo competência do tribunal do júri julgar, este que reconhecerá se existe ou não
esta circunstância. Uma vez reconhecida a circunstância, o juiz será obrigado a aplicar a pena
correta, haja vista o principio da soberania dos veredictos, do tribunal do júri.

O homicídio privilegiado é considerado crime hediondo?


Lei 8.072, artigo 1º. Único lugar onde se encontram os crimes hediondos.
Não. (O qualificado sim).

Pergunta de Rodrigo:
Um grupo religioso pega uma criança e mata esta criança para a realização de um culto. O
pai desta criança descobre e mata todo o grupo (atividade típica de grupo de extermínio
(crime qualificado) por relevante valor moral (crime privilegiado)). É crime hediondo?

É possível haver homicídio qualificado privilegiado?


Nos casos em que as qualificadoras são de natureza objetiva, como por exemplo, utilização
de fogo, veneno, emboscada, isso seria possível.

O homicídio qualificado privilegiado é hediondo?


Não. Predomina o aspecto subjetivo do privilegiado, e, portanto, homicídio qualificado
privilegiado não é considerado hediondo.

RELEVANTE VALOR MORAL: Matar o assassino da própria filha. Valor moral pessoal.
RELEVANTE VALOR SOCIAL: “O justiceiro”. Matar um serial killer, por exemplo.
DOMINIO DE VIOLENTA EMOÇÃO:
Requisitos:
1) É necessário que haja domínio, da violenta emoção, não apenas influencia. Dai se dá
a diferença desta causa de diminuição genérica para atenuante prevista na parte
geral. Lá é influencia, e aquela causa incide sobre qualquer crime.
2) É necessário que haja uma injusta provocação da vítima. É provocação, não é
agressão. Se for, trata-se de legítima defesa.

15
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Falar algo que ofenda alguém ainda que este algo seja verdade é injusta provocação?
Sim, por ofender a pessoa.
3) Deve ser praticada logo após.

A atenuante genérica mencionada acima se encontra no artigo 65, III, a do Código Penal.

Existe compatibilidade entre o domínio de violenta emoção e o erro na execução


(aberratio ictus)?
Sob domínio de violenta emoção, alguém que visa atingir A atinge B. Ele responde com
diminuição de pena? Sim. Existe compatibilidade entre o domínio de violenta emoção e o
erro na execução. Assim como seria prejudicado com uma causa de aumento caso isso
acontecesse.

Existe compatibilidade entre o domínio de violenta emoção e a premeditação?


Não existe compatibilidade. O domínio de violenta emoção existe uma atitude imediata que
é incompatível com a premeditação.

Existe compatibilidade entre o domínio de violenta emoção e o dolo eventual?


Exemplo: Um cara vê sua mulher e outro cara saindo do motel. Ai o sinal fecha, o casal
continua indo e ele ficou parado. Quando ele sai, ele sai em alta velocidade, passa em frente
a uma escola com uma velocidade incompatível com aquele momento. Considerando que
ele acabe atropelando uma criança. Considerando também que o promotor entendeu que
não houve imprudência, apenas um dolo eventual. Ele assumiu o risco. O que importava era
apenas flagrar aquela situação alcançando o casal. Existe compatibilidade? Ele responde
com homicídio privilegiado? É possível que se considere que o homicídio foi doloso, por
dolo eventual, ele não quis matar alguém, mas ele assumiu o risco de produzir esse
resultado, e ainda assim ser considerado privilegiado?

Não interessa se o dolo é eventual ou direito, é plenamente compatível o domínio de


violenta emoção e o dolo eventual.

Homicídio Doloso Qualificado


Art. 121, § 2º - Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;

16
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

1ª Comentário: Homicídio Qualificado é considerado hediondo.

As qualificadoras previstas nos incisos I e II dizem respeito ao motivo do crime. As


qualificadoras previstas nos incisos III e IV dizem respeito a meio e modo de execução. E o
inciso V, aquilo que a doutrina chama de conexão (entre o homicídio e outro crime já
praticado).

Exemplo do inciso V: Um individuo que mata uma testemunha que irá depor contra seu
favor.

Quais incisos tem caráter subjetivo e quais tem caráter objetivo?

I, II e V – natureza subjetiva

III e IV – natureza objetiva

INCISO I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

O legislador resolveu utilizar de forma exemplificativa alguns motivos torpes e ao final ele
usou a expressão genérica “outro motivo torpe”. Significa que as duas primeiras situações
são também formas de torpeza.
Outro exemplo: Matar o próprio pai para receber herança. Matar esposo ou pai, quem tiver
um seguro, visando se beneficiar.

17
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Motivo torpe X Motivo fútil


Motivo fútil é motivo desproporcional, pequeno, insignificante. Já o motivo torpe é aquele
exageradamente repugnante.
Exemplo: Marido chega em casa e a mulher está assistindo a novela, não botou a mesa do
jantar, e então o marido resolve mata-la. Motivo fútil. Discussão no trânsito também.

- mediante paga ou promessa de recompensa (homicídio mercenário ou homicídio por


mandato remunerado)

1º - Na paga, o pagamento é prévio. Já na promessa de recompensa, o pagamento é


posterior.
OBS: Não é necessário para que incida essa qualificadora, que haja o efetivo recebimento. O
que qualifica é a simples promessa de recompensa. Também não é necessário que seja em
dinheiro, nem tampouco alto valor econômico. Exemplo: Mulher que prometa “dádivas
sexuais” ao amante caso este mate o marido (da mulher, óbvio). Ou, um juiz que está com
um processo para decidir e negocia a decisão a favor do réu, com o réu, em troca de um
favor prestado pelo réu.

2º - A paga e promessa de recompensa se aplica a quem? Ao que promete, ao que paga ou a


ambos?
Ao executor. O texto diz em outras palavras, “executar o crime mediante...”. Esta é a
motivação do executor. É muito comum que o mandante seja condenado por homicídio
privilegiado. Exemplo: Um juiz promete dar sentença favorável ao réu para matar o
estuprador da sua filha. O juiz responderá por homicídio privilegiado e o réu por homicídio
qualificado.

INCISO II - motivo fútil

1º - A doutrina classifica a futilidade em imediata (ou direta) e mediata (ou indireta). Essa
classificação leva em consideração a vinculação entre o motivo fútil e o resultado criminoso.
Qual das duas qualifica o homicídio? Ou as duas?
Somente a futilidade direta ou imediata qualifica o homicídio. O homicídio é fútil, se a partir
desse motivo fútil o homicídio é praticado. Existe uma vinculação direta entre a futilidade e
o homicídio. Quando o motivo fútil dá origem a novos motivos que pelo desdobramento
acabam culminando no homicídio, não necessariamente haverá a qualificadora, pois a
vinculação é distante, indireta.
Exemplo: Briga no trânsito. O cidadão tá no sinal, fechado. O sinal abre e antes que o carro
da frente consiga sair, o de trás começa a buzinar. O da frente resolveu afastar um pouco e

18
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

deixar o de trás passar, e quando ele passa dá o dedo e chama de filho da puta. O ofendido
saca uma arma, diz “tu vai ver quem é filho da puta” e cai de bala no outro. Neste exemplo,
haverá incidência da qualificadora? O motivo pode ser considerado fútil? Não existe
compatibilidade, nós já vimos, entre as causas de diminuição de pena e as qualificadoras de
caráter subjetivo, e nós vimos que o motivo fútil é subjetivo, assim como as causas de
diminuição de pena. Se o motivo é fútil, não pode haver uma causa de diminuição de pena
(ambas são subjetivas). Só existe compatibilidade das causas de diminuição de pena do
artigo 121, §1º com as qualificadoras objetivas. Motivo torpe e fútil são de caráter subjetivo.
Logo, tu não podes sob relevante valor moral, social ou sob domínio de violenta emoção
praticar homicídio torpe ou fútil, são cosias incompatíveis.
Agora outro exemplo na mesma discussão. Discutiram, um parou, desceu, começou a bater
no vidro do carro do outro, esculhambou. O cidadão desce, começam a brigar e a partir da
briga o outro vai ao carro, pega uma arma e mata o outro. Nós podemos dizer que o motivo
dessa morte foi fútil? É essa circunstância que a doutrina considera que até existe uma
futilidade, porém uma futilidade mediata ou indireta. A futilidade está na origem de uma
série de desdobramentos que ocorreram, mas que a conexão final do motivo que gerou
imediatamente a morte, não era fútil. Houve desdobramentos de intermediários entre a
discussão inicial e o resultado morte, como por exemplo, a discussão, agressões físicas e
assim sucessivamente. A origem foi fútil, mas, porém, o que se liga mais imediatamente ao
resultado criminoso não é um motivo fútil. Isso não qualificaria. A morte deve decorrer
direta e imediatamente de um motivo fútil. Se decorrer de outra circunstância, embora essa
circunstância tenha se originado de um motivo fútil, não estará configurada a qualificadora.

O ciúme pode ser considerado um motivo fútil?


Depende. O ciúme não é necessariamente motivo torpe, fútil ou domínio de violenta
emoção. Dependerá do caso concreto. As qualificadoras de caráter subjetivo dependem do
caso concreto.

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

Neste dispositivo nós temos quantos gêneros de qualificadora? E quantas espécies?


Gêneros – Três. Meio insidioso, meio cruel e meio que possa resultar perigo comum.

19
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Espécies – Cinco. Veneno, fogo, explosivo, asfixia e tortura.


O legislador resolveu utilizar a expressão no inicio exemplificativa e no final a forma
genérica, que é chamada de interpretação analógica.

O que é um meio insidioso?


E um meio pelo qual o autor usa de estratagema, de perfídia ou ainda de fraude para
cometer o homicídio sem que a vítima perceba.
Exemplo:
1. O cidadão quer matar um homem, sabe qual o carro dele e então afrouxa uma das
rodas sabendo que a vítima vai pegar a estrada. Ou seja, o autor utilizou de um meio
insidioso sem que a vítima perceba para lhe matar.
2. O cidadão chega com a farda da Agência Nacional da Saúde na casa da vítima dizendo
que vai olhar se tem mosquito da dengue e diz que vai botar um remedinho na água
e bota veneno na agua.
3. O cidadão tá no bar e bota um veneninho na bebida de outro com o intuito de mata-
lo.

O que é um meio cruel?


O meio cruel que qualifica, assim como motivo torpe, claro que o meio cruel não é a
crueldade inerente ao homicídio, é a crueldade que exaspera o sofrimento da vítima. Um
sofrimento extra. Um plus na morte. Intenso sofrimento da vítima. Vai além do suficiente
para atingir o fim.
P.s.: A crueldade só é considerada aqui enquanto o sujeito está vivo. Se a perícia constatar
que a crueldade ocorreu sob o cadáver, não haverá a incidência desta qualificadora.
Exemplo:
1. Mata um cidadão e vai cortando ele aos pouquinhos, sem que ele morra para
aproveitar o momento da morte.
2. Amputação do órgão masculino em crimes sexuais.

Meios que possam resultar perigo comum.


Exemplo:
1. Incêndio. (Pode configurar isso ou meio cruel, a depender da situação).
2. Matar um rapaz que está correndo em uma rua movimentada, cheia de gente perto
desse rapaz, atirando nele de longe.

Esta qualificadora que diz que possa resultar perigo comum exige um perigo concreto ou
abstrato?
Abstrato. A própria escrita já fala “possa resultar perigo”, ou seja, perigo de perigo. Se
houver perigo concreto pode haver concurso formal entre homicídio qualificado e o crime
de perigo comum.

20
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

O que é o veneno?
Segunda a doutrina, qualquer substancia de origem química ou biológica capaz de provocar
a morte quando introduzida no organismo humano. Significa que veneno não é apenas
aquela substância predestinada a ser veneno. Pode ser que uma substância que não seja
considerada venenosa, possa ser utilizada como veneno se usada para causar a morte a
outrem.
Exemplo: Açúcar (para um diabético), água sanitária etc.

13.03.2012

Fogo – Como regra é um meio cruel.


Explosivos – Como regra é um meio que gera perigo comum, mas pode ser meio cruel.
Asfixia – Supressão da função respiratória. Pode ser mecânica ou tóxica.
Tortura – A lei 9.455/97 trata do crime de tortura.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
        I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental:
        a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
        b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
        c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
        II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.
        Pena - reclusão, de dois a oito anos.
        § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de
medida legal.
        § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
        § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Que tortura qualifica o homicídio?


Qualquer ato que infrinja que imprima sobre a vítima um sofrimento ou uma dor além da
necessária e não apenas o que está descrito na lei 9.455. É possível que um homicídio seja
qualificado pela tortura sem que esteja amparado pelas três alíneas do inciso I da lei 9.455.

Qual a diferença entre o homicídio qualificado pela tortura e a tortura qualificada pelo
resultado morte?

21
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

No homicídio qualificado pela tortura, a morte é dolosa, ele quer matar. No homicídio
qualificado a tortura é apenas meio para atingir o resultado morte. Já na tortura qualificada
pelo resultado, o cidadão quer torturar, mas acaba gerando o resultado morte. Neste ultimo
o resultado morte é culposo, e a tortura é dolosa (crime preterdoloso, onde existe dolo no
antecedente e culpa no consequente).
Prova disso é que a pena do homicídio qualificado é maior que a da tortura qualificada pelo
resultado morte.

É possível também que alguém com desígnios autônomos, torture uma pessoa sem que
exista morte culposa, e ao final decida mata-la, sem que a tortura tenha sido meio para o
homicídio e sem que a morte tenha sido culposa. Ele tem dolos, vontades diversas, desígnios
autônomos. Haverá então, concurso material de crimes.

INCISO IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido;

Traição (física ou moral)


Exemplo: Um sujeito confia em outro e marca de encontra-lo em um lugar. Chegando lá ele
é morto. Uma pessoa de confiança induz a outra a ir para um lugar onde ela morrerá (por
culpa de quem induziu).
A física seria matar uma pessoa que confia no autor pelas costas sem que ela perceba. Se for
pela frente e a pessoa perceber, não é traição.

Emboscada
Diferente da traição, na embosca não há presunção de confiança. Conhecida pelas pessoas e
pela doutrina como “tocaia”. Alguém que fica escondido e quando a pessoa vai passando
atira.

Mediante dissimulação
Atuação disfarçada, hipócrita, que oculta a real intenção do agente. Um cidadão que usa
uma farda da policia para entrar na casa da vítima e mata-la. Ou uma fantasia de carnaval,
baile de máscaras. Qualquer forma em que o autor use disfarce ou dissimulação para atingir
seu fim.

22
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Outro recurso que dificulte ou torne impossível à defesa do ofendido


Se o sujeito estiver dormindo; Número de agressores muito superior; Sujeito está dopado;
Sujeito está embriagado etc.

Esta é uma qualificadora de natureza subjetiva. A doutrina chama essa qualificadora de


conexão. Conexão porque relaciona o homicídio a outros crimes. A doutrina classifica esta
conexão em teleológica e consequencial.
A teleológica ocorrerá quando o homicídio for praticado para assegurar a execução de outro
crime. Nesta conexão, o homicídio é praticado primeiro e o outro crime é praticado depois.
Por exemplo, o cidadão vai entrar em uma residência com o objetivo de estuprar a
moradora, mas alguém o vê. Ele mata a pessoa que o viu e depois entra para praticar o
estupro. Existe uma exceção que é expressamente prevista no código penal, onde essa
conexão teleológica não será homicídio qualificado e sim um crime específico. É o caso do
latrocínio.
A conexão consequencial engloba as três outras hipóteses do inciso, “ocultação, impunidade
ou vantagem de outro crime”. Aqui o homicídio ocorre depois. O outro crime já foi
praticado. O homicídio é praticado para garantir ocultação, impunidade ou vantagem de
outro crime. Exemplo: O autor de certo crime mata a testemunha ocular do crime praticado
por ele a fim de garantir sua impunidade. Também exclui-se o latrocínio desta hipótese.

Sobre a pluralidade de qualificadoras. Havendo a prática simultânea de mais de uma


qualificadora, existem três posições. O entendimento da doutrina predominante e do STF é
que o magistrado deve utilizar apenas uma das qualificadoras para qualificar o homicídio, e
as demais utilizar como agravantes genéricas, que estão previstas no artigo 61, II alíneas a, b,
c e d. As agravantes genéricas previstas neste artigo coincidem com qualificadoras do
homicídio e, portanto o juiz utilizaria apenas uma como qualificadora e todas as demais
como agravante genérico.

Havendo parentesco entre o autor e a vítima, isso qualifica o homicídio?


Não, pois não está previsto. Não é típico. É muito comum que ocorra inclusive homicídio
privilegiado (um filho que mata o pai que agride sempre a mãe). Porém, sempre será uma
agravante genérica.

Existe compatibilidade entre a tentativa e as qualificadoras? É possível haver a tentativa


de homicídio qualificado?
Sim, é plenamente compatível. Nada impede que um sujeito inicie a execução de um
homicídio qualificado e seja interrompido por motivos alheios a sua vontade, ou ainda não
conseguir atingir o resultado morte.

23
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Homicídio Doloso Circunstanciado


Art. 121, §4º - 2ª Parte
§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado

contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.  

A teoria que é utilizada neste dispositivo é a teoria da atividade, prevista no art. 4º que diz
“considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o momento
do resultado”. Portanto se um indivíduo desfere três tiros contra um adolescente que está a dois
dias de completar 14 anos. O adolescente vem a falecer apenas um dia depois de ter completado
14 anos. Essa causa de aumento de pena (menor de 14 ou maior de 60) incidirá sobre o crime?
1. A idade deve fazer parte do elemento subjetivo do agente. O dolo abrange todas as circunstâncias,
inclusive esta. É necessário que o autor saiba que sua vítima é menor de 14 ou maior de 60.
2. Considerando que ele saiba que a vítima tinha 13 anos. Sim, aplica-se a teoria da atividade. Considera-
se o momento da ação.

Havendo incidência da causa de aumento de pena, estará afastada a incidência desta como
agravante genérica.

Homicídio Culposo
§ 3º - Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado

contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.  

24
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.

Homicídio culposo – aquele cujo resultado morte não foi resultado nem querido, embora previsível,
e que por uma inobservância de um dever objetivo de cuidado a todos nos atribuído, por negligencia,
imprudência ou imperícia, o agente acabou sendo responsabilizado pelo resultado morte.
A pena do homicídio culposo é bem mais baixa que a do homicídio doloso, por um motivo óbvio: o
agente não quis atingir aquele resultado, o que é muito menos censurado. Em virtude da pena, é
possível que haja inclusive a suspensão condicional do processo, que é um instituto jurídico, previsto
na Lei 9.099, que é aplicado a todos os crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano. O
processo fica suspenso por um período de 2 a 4 anos, chamado período de provas, e nesse período,
se o agente cumprir todas as condições impostas, haverá a extinção da punibilidade.
Imprudência – É o que a doutrina chama de culpa positiva. É um agir afoitamente, perigosamente.
Negligência – É o que a doutrina chama de culpa negativa. Deixar de tomar cuidado ou deixar de
fazer aquilo que a cautela recomenda.
Imperícia – É o que a doutrina chama de culpa profissional. Consiste na falta de aptidão para o
exercício de arte, profissão ou ofício para a qual o agente, embora autorizado para exercê-la, não
possui conhecimentos teóricos ou práticos para tanto.

O delito culposo é incompatível com a tentativa. Entende-se que somente à vontade e a


consciência de praticar um delito é que pode ser estancada. A única exceção é a culpa
impropria. Segundo o professor, a culpa impropria não é culpa. Ela só tem esse nome por
uma questão de politica criminal, trate-se na verdade de uma conduta dolosa que recebe
tratamento de culpa.

E se o homicídio culposo for praticado na direção de veículo automotor?


Mesmo que seja a descrição normal do que está previsto no homicídio culposo, pelo simples
fato de ter sido praticado na direção de veículo automotor, já tira por uma questão de
especialidade, da previsão do artigo 121, § 4º e leva para o Código Nacional de Trânsito.

§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato

25
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante.

1 – Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.


Aqui é uma causa de aumento. Não é a mesma coisa que imperícia. Na imperícia o cidadão não
possui capacidade técnica para desenvolver o ato que pratica, por exemplo, um ortopedista que vai
realizar cirurgia cardíaca, ou uma neurocirurgia. Neste caso pode-se considerar que houve imperícia.
No caso da inobservância de regra técnica, pressupõe-se que ele tem conhecimento técnico para
realizar tal ato, mas deixou de observar alguma regra técnica, por exemplo, o próprio cardiologista
vai realizar uma cirurgia cardíaca e por alguma razão deixa de observar algum procedimento que
deveria, e em virtude disso o paciente morre. Neste caso, a modalidade culpa, inclusive, não será
imperícia. Poderá ser imprudência ou negligência, não imperícia. E ai haverá a causa de aumento de
pena pela inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.

É possível haver esta causa de aumento de pena quando a culpa é resultado de imperícia?
O professor e a doutrina entendem que não, que não é possível alguém não ter conhecimento
técnico para executar algo e ainda assim deixar de observar uma regra técnica. Porém o STF e parte
minoritária da doutrina já decidiram que sim.

2 – Deixar de prestar imediato socorro à vítima


Atualmente, esta causa de aumento de pena não se aplica ao homicídio culposo de trânsito, já que já
há previsão expressa dessa conduta no artigo 302, parágrafo único da Lei 9.503, que é o Código de
Trânsito.
Também não se aplica quando houver morte instantânea da vítima, por óbvio. Aqui pressupõe que
uma atitude imediata do autor que agiu culposamente poderia de alguma forma ajudar a vítima. Se a
vítima morre imediatamente, não sentido a aplicação desta causa de aumento de pena.
Quando a prestação de socorro por parte do autor gere risco a sua vida, também não se aplica esta
causa de aumento. Porém, embora não exista a incidência desta causa de aumento de pena, pode
haver a incidência da subsequente, que é subsidiária a esta, “não procura diminuir as consequências
do seu ato”. Não podendo prestar socorro, o autor deve procurar diminui as consequências de seu
ato (atitude subsidiária) seja ligando para os bombeiros, hospital etc.

3 - Fugir para evitar prisão em flagrante


Esta terceira hipótese de causa de aumento é bastante controvertida, porque em processo penal e
na própria constituição está previsto (pela interpretação da lei) que ninguém obrigado a produzir
provas contra si mesmo. Portanto, em tese ninguém é obrigado a esperar para ser preso. De
qualquer forma, existe a previsão legal de que se você fugir para evitar prisão em flagrante incidirá
esta causa de aumento de pena.

INCISO V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro


crime.

26
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Esta é situação do instituto jurídico chamado de perdão judicial.


Exemplo: A Christiane Torloni tinha um casal de gêmeos, e ao sair de carro da sua garagem, sem
querer atropelou e matou um deles. Em virtude disso ela foi morar na Europa, passou 7 anos em
Portugal por conta do trauma.
Qual a natureza jurídica do perdão judicial?
É uma causa extintiva de punibilidade. Uma vez havendo perdão judicial, está extinta a punibilidade.
Quem perdoa?
O juiz (perdão judicial), na sentença. É um ato unilateral. O perdoado não tem que aceitar.

A súmula 18 do STJ resolveu a discussão que havia acerca da natureza da sentença onde fosse
reconhecido o perdão judicial, se ela era condenatória, ou seja, o juiz primeiro condena e depois
perdoa, ou se ela de natureza absolutória ou declaratória. O entendimento hoje predominante,
inclusive sumulado, é o de que a natureza dessa sentença é declaratória. Extinguem-se então todos
os efeitos penais e civis, como reincidência, falta de primariedade.

Auxílio ao suicídio3
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

3
Nomenclatura utilizada pela doutrina.

27
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Em que consiste o suicídio?


Tirar ou suprimir voluntariamente a própria vida.

Suicídio é crime?
Não. A autolesão exclusivamente não é punível. Principio da alteridade: somente pode se considerar
crime um ato que ofende bem jurídico de terceiro.

O que configura crime é o auxílio ao suicídio. Pra que isso ocorra, é necessário que exista capacidade
de conhecimento, que exista discernimento suficiente por parte da pessoa que vai se suicidar
induzida, instigada ou auxiliada por um terceiro. Se não houver essa capacidade, o crime que vai ser
configurar é o homicídio (induzir uma criança a se suicidar, por exemplo). É essencial que exista uma
capacidade mesmo que mínima de compreensão, discernimento e capacidade para consentir.

Qual é a objetividade jurídica deste crime? Qual o bem jurídico protegido neste crime?
A vida.

E objeto material deste crime?


A pessoa sobre a qual recai essa conduta (a pessoa que se suicida ou sofre lesão corporal de natureza
grave).

O núcleo do tipo apresenta três condutas: induzir, instigar ou auxiliar. A doutrina classifica essa
participação no suicídio, em duas formas: moral, constituída pelos verbos “induzir e instigar”, e a
participação material, constituída pelo verbo “auxiliar”.

Qual a diferença entre induzir e instigar?


Induzir é fazer surgir a ideia do suicídio. Instigar é apenas reforçar uma ideia preexistente.

28
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

O auxílio é uma participação material. É o cidadão dizer para outro que pensou em se suicidar, mas
que não tem uma arma e o autor do crime diz “não seja por isso” e entrega a arma para o primeiro.

É possível o auxílio ao suicídio por omissão?


A maior parte da doutrina entende que pode sim, haver auxílio ao suicídio por omissão, desde que a
pessoa que se omite tenha o dever legal de agir.
Exemplo: Um psiquiatra que sabe da intenção suicida de um paciente deve tomar as medidas
necessárias para que isso não ocorra.

É possível haver uma participação dentro da participação do crime?


Exemplo: Yure quer se matar e pede uma arma para Davison. Davison não tem a arma, então pede
para Daniel que dá a arma para Davison, e este ultimo dá a arma para Yure. Segundo o professor, os
dois (Daniel e Davison) respondem pela mesma forma. Esse é o único caso onde a participação é
prevista e tipificada como própria autoria, então o participe vai ser o autor.

P.s: O auxílio é acessório, não pode se configurar como conduta principal. Ex: Davison vai se enforcar,
mas não consegue. Daniel, bom amigo, vai dar uma ajudinha para puxar a corda da forca. Configura-
se aí, homicídio.

O autor Goethe escreveu livros que foram responsáveis por vários suicídios. Isso pode ser
considerado instigação/induzimento ao suicídio?
Não. Só caracteriza-se este tipo quando é voltada a uma vítima específica. Quando é feito de forma
genérica, não é considerado instigação ao suicídio. Não caracterizaria o tipo, portanto.

Qual o sujeito ativo no crime de auxílio ao suicídio? E o passivo?


É um crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Já o sujeito passivo pode ser qualquer
pessoa QUE POSSUA CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO, seja por fator etário ou psicológico, essa
pessoa não será vítima do crime de auxilio, e sim de homicídio.

Parágrafo único - A pena é duplicada:


I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

29
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

No inciso II, quem é menor?


Esse menor é o menor de 18 e maior de 14. Se for menor de 14 é considerado homicídio.

Qual o elemento subjetivo do crime de auxilio ao suicídio?


Professor pergunta e não responde! 

É possível a modalidade culposa deste crime?


Não, por falta de previsão expressa, já que o crime culposo tem que ter previsão expressa.

Qual o momento consumativo do crime de auxilio ao suicídio?


Este crime se consuma em duas hipóteses, no caso da ocorrência do suicídio, da morte, ou se da
tentativa de suicídio resultar lesão corporal grave.

Existe tentativa de suicídio?


Sim, só não é punível.

Existe tentativa de auxilio ao suicídio?


Não, o auxílio tem que ser eficaz.
Em duas hipóteses, mesmo havendo tentativa de suicídio, não haverá consumação do crime de
participação de suicídio. Quais? 1. Quando um cidadão mesmo induzindo, instigando ou auxiliando, o
suicida não chega se quer a atentar contra sua vida. 2. O cidadão pegou a arma, apontou para o peito
e na hora botou no braço, passou raspando. Foi feita a perícia e o médico disse que a lesão foi leve. O
cidadão que deu a arma não responde pelo auxilio pelo crime. (Se resulta lesão leve, não existe a
configuração deste crime).
Importante: A consumação deste crime exige resultado morte ou lesão corporal grave (e entende-se
por lesão grave, tanto a grave quanto a gravíssima).

Casos de pacto de morte (bastante comum em concursos e provas).

30
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Duas pessoas resolvem morrer, juntas elas ligarão a torneira de um gás letal e morrerão dentro de
um quarto.
1ª Hipótese: O cidadão A liga a torneira e os dois sobrevivem, porém A sofre uma lesão grave no
pulmão. Quem responderá o que? O A responderá por tentativa de homicídio, e o B por auxílio ao
homicídio. Se o que executou (A) tive saído ileso, o outro (B) responderia pelo quê? O B não
responderia por nada.

2ª Hipótese: A liga a torneira e morre. B sobrevive. Responde pelo quê? B responde pelo crime de
participação no suicídio (artigo 122).

3ª Hipótese: Ambos ligam a torneira juntos e ambos sobrevivem. Responderão pelo quê? Ambos por
tentativa de homicídio.

4ª Hipótese: Ambos se auxiliam mutuamente, sem praticar a conduta descrita no tipo ou de matar
alguém, apenas um auxílio, e ambos sobrevivem com lesão corporal grave. Responderão pelo quê?
Ambos respondem por participação no suicídio.

5ª Hipótese: Em determinado momento chega uma criança de 10 anos (C) querendo participar da
“festa”. A liga a torneira. A é doido, B é plenamente capaz. Somente B sobrevive. Ele responde pelo
quê? Em relação a A, ele responderá por auxílio ao suicídio e em relação a C ele responde por
homicídio.
Se A e B estão drogados, portanto, com sua capacidade de discernimento diminuída, B não será
inimputável, mas terá sua pena diminuída. (Artigo 26, parágrafo único).

Roleta russa é um jogo de azar onde os participantes colocam uma bala — tipicamente apenas uma
— em uma das câmaras de um revólver. O tambor do revólver é girado e fechado, de modo que a
localização da bala é desconhecida. Os participantes apontam a arma para suas cabeças e atiram,
correndo o risco da provável morte caso a bala esteja na câmara engatilhada. Na Roleta Russa,
quando um morre ou sofre uma lesão de natureza grave, o outro responde pelo quê? Auxílio ao
suicídio (artigo 122).

No Duelo Americano, outro bom joguinho para se jogar com os amigos nas horas vagas, têm-se duas
armas sendo que apenas uma está carregada. Cada participante escolhe uma e ambos acionam o
gatilho apontando a arma para a própria cabeça ao mesmo tempo. Fatalmente um dos jogadores se

31
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

ferirá e provavelmente irá a óbito. O que permanecer vivo responde pelo quê? Auxílio ao suicídio,
artigo 122.

Parágrafo único - A pena é duplicada:


I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Motivo egoístico
Ex:
1. O pai já morreu, a mãe ficou depressiva, caso ela venha a morrer o seu único filho
herdará tudo e então ele começa a dizer para a sua mãe que a vida dela realmente
está muito triste, sem sentido, incentivando que a mãe se mate para tornar-se o
herdeiro.
2. Um colega de trabalho que querendo o posto do outro e sabendo de alguns
probleminhas, resolve instiga-lo ao suicídio.
Vítima menor
Menor entre 14 e 18 anos. Aplica-se por analogia o disposto nos artigos 217-A, no caso de
estupro de vulnerável, 218 e 218-A. Se for menor de 14 anos, homicídio, considera-se este
incapaz para ser induzido (totalmente manipulável).
Vítima, por qualquer causa, com a capacidade de resistência diminuída.
Nesta hipótese, entende-se que é a vítima maior de 18 anos, que por qualquer outro motivo
que não etário, tenha capacidade diminuída.
Ex: O cara tá embriagado, drogado, depressivo etc.

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

32
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Este é um típico exemplo de homicídio privilegiado. Isso porque é um homicídio, que pelas
características, o legislador resolveu considerar uma nova figura típica, com a previsão de penas
mínima e máxima inferiores ao tipo original do homicídio.

Qual o objeto jurídico deste crime?


A vida do filho.

Quais são as elementares deste crime?


É necessário que:
- a vítima seja o próprio filho; o sujeito ativo seja a mãe.
- que o sujeito ativo esteja sob a influência do estado puerperal
- seja durante ou logo após o parto

O que é estado puerperal?


A literatura médica considera que este é um estado biopsicológico que algumas mulheres têm
durante o parto, que leva a rejeição do próprio filho, podendo até suprimir a vida deste.

Caberia perdão judicial aqui?


Não, pois o crime é doloso.

Admite-se concurso de pessoas?


A maior parte da doutrina e a jurisprudência entende que é sim comunicável, portanto,
coautores e participes respondem também pelo crime de infanticídio.

E se o participe não soube que a mulher encontra-se no estado puerperal?


É necessário como toda e qualquer elementar típica, que o dolo abranja essas elementares. É
necessário que ele tenha vontade e consciência que a sua conduta é dirigida a essas elementares, do
contrário, não será este crime. Ele provavelmente responderia por tentativa de homicídio (não
sabendo). Parte da doutrina diz que neste caso ele responderia como partícipe ou coautor de
homicídio.

O que é o “logo após”?

33
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Entende a doutrina que o logo após é enquanto durar a influência do estado puerperal.

A mãe que mata o filho de outra sob a influência do estado puerperal, acreditando que o filho de
outra é seu, responde por qual crime?
Erro de pessoa. Ela responde como se fosse o próprio filho.

Aborto
Aborto Provocado pela Gestante ou com Seu Consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Aborto Provocado por Terceiro
Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze)
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça
ou violência.
Forma Qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:
Aborto Necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no Caso de Gravidez Resultante de Estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.

Qual o conceito de aborto? O que configura este crime?


Supressão voluntária da vida intrauterina.

Quando começa a vida?

34
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Alguns autores consideram a partir da fecundação. Esta teoria levaria a ideia de que mulheres que
tomam pílulas anticoncepcionais praticariam aborto. Portanto, outros dizem que não pode ser da
fecundação, é a partida da nidação, que é a introdução do óvulo já fecundado no útero, e só a partir
desse momento que poderia haver aborto.

Quais são as espécies de aborto?


1. Natural
Interrupção natural da gravidez. Não é crime, nem há dolo. Acontece a todo tempo.
2. Acidental
Interrupção da gravidez não de forma natural, mas por algum trauma, físico inclusive.
3. Criminoso
Hipóteses previstas entre o artigo 124 e 127 do Código Penal.
4. Legal ou Permitido
Está no 128, nas duas hipóteses. Quando não há outro meio para salvar a vida da gestante, o
chamado aborto necessário ou terapêutico, e quando a gravidez resulta de estupro,
chamado de aborto sentimental ou humanitário. Nestas duas hipóteses não há crime por
expressa previsão legal.
5. Eugênico ou eugenésico
Interrupção da gravidez para impedir que a criança com grave deformidade nasça. Seria o
caso, por exemplo, dos fetos anencefálicos. É considerado crime? No Brasil, sempre foi. Mas
o professor acredita que tende a mudar, inclusive a questão está no STF.
6. Econômico ou social
Interrupção da gravidez porque o nascimento de mais um filho para esta família aumentaria
o estado de miserabilidade deles. É considerado crime? Sim.

27.02.2012

Qual a estrutura do aborto criminoso?


124, primeira parte – Auto aborto.

35
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

124, segunda parte – Aborto mediante consentimento da gestante.


125 – Aborto provocado sem o consentimento da gestante.
126, caput – Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante.
126, par. único – Consentimento inválido para o aborto.
127 – Causas de aumento de pena.

Qual o elemento subjetivo do crime de aborto?


O dolo.

Qual a objetividade jurídica (bem jurídico tutelado) no crime de aborto?


É preciso saber se existe ou não permissão para o aborto. Obviamente, nos casos em que existe
consentimento, o que está sendo tutelado é a vida do feto, embrião ou ser em desenvolvimento. Não
hipóteses em que não há consentimento além da vida em desenvolvimento são tuteladas a
integridade física e própria vida da gestante. Haveria nessas hipóteses uma dupla objetividade
jurídica.

Qual o objeto material deste crime? (sobre quem recai a conduta criminosa?).
O feto, em qualquer fase do desenvolvimento e em todas as modalidades do crime, e em algumas
delas a mãe.
É necessário que o embrião esteja alocado no útero materno. Pode ser que o embrião cresça em
outra região, como por exemplo, nas trompas (chamada gravidez ‘tubária’).

É possível aborto em caso de gravidez psicológica?


Piadinha SENSACIONAL do professor: E se houver expulsão do cérebro, é aborto? Já que a gravidez é
psicológica.......hehehe
Piadinha SENSACIONAL vol. 2 do professor: Ou vocês acham que depende da cor do
cabelo? .......................................................................rsrs.

FALANDO SÉRIO... Na gravidez molar existe um crescimento, desenvolvimento de massa chamada de


“mola”. Se houver expulsão dessa massa não é considerado aborto, até porque essa massa não
possui vida. Gravidez molar, tubária, não configuram crime de aborto.

E quando existe desenvolvimento de embrião in vitro? (em laboratório). Se alguém jogar fora
aquele recipiente em que o embrião está se desenvolvendo, é possível falar de aborto?

36
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Hoje não é previsto no Brasil esta conduta como crime. Você pode inclusive adequa ela como crime
de dano ou outra. Porém algumas legislações estrangeiras preveem esta conduta como crime e
existem projetos de lei no Brasil criando este crime.

É necessário que haja viabilidade ou potencialidade de vida para configuração do aborto?


Não. Independentemente dessa viabilidade, configura-se o crime. O professor acredita que isso vá
mudar. No projeto de reforma do CP existe a previsão de descriminalização desta conduta.

Quem é o sujeito ativo no crime de aborto?


Nas hipóteses de auto aborto e aborto consentido (124), a gestante. Nas demais hipóteses, terceiro.

O artigo 124 permite coautoria?


A mãe responde pelo 124 e o ‘coautor’, em tese, vai ser autor da segunda parte do 124. Portanto,
não admite coautoria.

Quem é o sujeito passivo deste crime?


Via de regra, o feto. Porém, sem o consentimento da gestante e causando-lhe lesão, ela e o feto
serão sujeitos passivos.

Qual o meio de execução? O crime exige forma especifica ou é de ação/forma livre?


Não exige forma especifica. É de forma livre.

É possível ser praticado por omissão?


É possível sim, ser praticado tanto por ação quanto por omissão.
Ex: Uma mulher tinha uma doença, engravida e em virtude da doença ela deixa de fazer o pré-natal e
o feto vem a falecer. Ela tinha condições de fazer o pré-natal, mas ainda assim não o fez. Que crime é
esse? Isso só seria considerado (auto) aborto por omissão se ficasse comprovado que ela tinha dolo.
Se ela quis não fazer o pré-natal, configura uma omissão dolosa. O problema é que em tese esse
exemplo configura uma negligência (modalidade culposa) e não existe previsão de aborto culposo. Se
ela acreditou que o feto não morreria, a conduta seria atípica.

Em que momento se consuma esse crime?


Se consuma no momento em que o feto morre, não é com a expulsão. A expulsão não é
imprescindível para a consumação do crime de aborto.

37
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

O crime de aborto admite tentativa?


Sim.

Quando o aborto é provocado por terceiro, admite tentativa?


Sim, também é possível, dependerá do dolo.
Ex: Se um cidadão, dolosamente, sabendo que a mulher está grávida, querendo que ela aborte, força
ela a engolir um medicamento abortivo ou dá um chute na barriga dela. Caso haja aceleração do
parto e o bebê nasça com vida, será tentativa de aborto. Porém, se o dolo for causar lesão corporal
na mulher, ai responderá por lesão corporal qualificada ou grave.

O cidadão dá um chute na barriga da mulher e acelera o parto. O bebê, entretanto, nasce com
vida. O cidadão então decide suprimir a vida do bebê. Que crime é esse?
Ele vai responder pelos dois crimes, porque existem momentos e dolos autônomos. Um dolo de
provocar o aborto, não conseguiu, depois tem um novo dolo, que é o da prática de homicídio.

É contravenção penal a venda de remédios ou até anúncios destinados a provocar aborto.

Aborto Provocado pela Gestante ou com Seu Consentimento


Art. 124 - Provocar Aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

1ª parte - Provocar aborto em si mesmo.


Essa modalidade não admite coautoria, porém é admissível a participação.

Ex: Um casal de namorados. A mulher engravida e conta para o namorado. Ambos chegam a
conclusão de que não é a hora para terem um filho e ela diz que topa abortar, mas tem que ser em
uma clínica. A mulher não tem a grana, então o namorado paga. Chegando lá, o médico realiza o
aborto auxiliado por uma auxiliar de enfermagem. Quais os crimes praticados por cada um nesta
situação? O médico é autor do 126 e a enfermeira partícipe do 126. A mulher, autora do 124. O
namorado, partícipe do 124. (Bittencourt diz que o namorado responderia pelo 126).

38
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

E se a mulher no exemplo acima tivesse morrido no parto?


Namorado – predomina o entendimento que o namora responderá tanto como partícipe do 124
como por homicídio culposo. Professor: entende que ele responde como partícipe do 124.
Médico – responde como autor do 126 combinado com o 127.
Enfermeira – responde como participe do 126 combinado com o 127.

2ª parte - consentir que outrem lho provoque


Consentir que outra pessoa provoque o aborto nela (na mãe).
Em tese, pela teoria monista (do concurso de pessoas) responderiam por apenas um crime. Tanto
quem consente quanto quem faz. Porém, o código abriu uma exceção e disse que respondem por
crimes diversos. Qual vai ser o crime então do coautor? A mulher, 124, 2ª parte. O outro, 126.

Se a grávida for uma menor de 14 anos?


Não será válido o consentimento desta. Aplica-se o artigo 125.

Se a mãe, gestante, for maior, tiver capacidade, der o seu consentimento e no momento da
preparação do aborto ela desiste. Ainda assim o médico realiza o aborto. O médico responde por
qual crime?
Artigo 125.

Aborto Provocado por Terceiro


Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.

Nessa hipótese, ou não houve consentimento, ou houve o consentimento em uma das duas
hipóteses do parágrafo único do artigo 126, “gestante menor de 14” ou “alienada ou débil mental”,
dissenso presumido. Mediante fraude, grave ou violência, dissenso real.
Este é um crime de dupla subjetividade passiva. Tanto a vítima, a mãe, quanto o feto figuram o pólo
passivo.

Se a vítima está grávida de trigêmeos?


Concurso formal – Quando mediante uma ação provocam-se resultados sem que haja dolo, vontade
específica.

39
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

Concurso formal improprio – Quando mediante uma ação provocam-se resultados havendo dolos
autônomos.

Se ele sabe que ela está grávida, mas desconhece que é de gêmeos ou trigêmeos, responde por
concurso formal próprio. Se ele sabe que é de gêmeos ou trigêmeos e ainda assim provoca o aborto,
é como se ele tivesse desígnios autônomos para provocar o aborto. Ele vai responder por concurso
formal improprio e como consequência jurídica, aplica-se a regra do concurso material (somatório de
penas). No concurso formal, a pena do mais grave + aumento de pena.

Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze)
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça
ou violência.

Esta é uma hipótese que excepciona a teoria monista adota como regra pelo nosso código penal,
onde autores ou coautores e participes respondem pelo mesmo crime. Neste caso, embora em tese
configure concurso de pessoas, os envolvidos responderão por crimes autônomos. A mãe que
consente na prática do aborto responde pelo 124, 2ª parte. O terceiro que provoca o aborto com
consentimento da gestante, responde como autor do 126. É preciso saber a que conduta principal o
partícipe se vincula para de terminar em qual artigo ele se enquadrará. Se por exemplo, o namorado
(que dá o dinheiro para a namorada abortar), ele se vincula a conduta da namorada. Já a enfermeira,
que é partícipe, ajudando o médico, se vincula a conduta do médico.

Qual é a extensão do consentimento?


A extensão do consentimento é até a consumação do aborto. Caso a grávida, que está consentindo,
desista, o médico ou qualquer outra pessoa que esteja provocando este aborto com o
consentimento não poderá continuar. Obviamente, ele responderá pelos atos já praticados. Ele
continuando, deixa de ser aborto com consentimento e passa a ser aborto sem consentimento.

Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:


Aborto Necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no Caso de Gravidez Resultante de Estupro

40
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.

Quanto ao médico, a doutrina discute saber se qualquer agente de saúde estaria albergado por esta
previsão permissiva do código.

Se o enfermeiro, percebendo que não há outro jeito de salvar a vida da gestante, pratica o aborto,
qual será a consequência jurídica?
O enfermeiro age em estado de necessidade (de terceiro). Sua conduta embora típica, não será
antijurídica.

Existe uma grande discussão sobre a natureza jurídica destas condutas permissivas. Quando o
médico faz isso sua conduta é típica?
O professor entende que médico que para salvar a vida mãe, põe fim à vida do feto, não pratica
conduta típica. Portanto, neste caso ocorreria exclusão da tipicidade.
Há enorme discussão doutrinária quanto a isso.

Estupro
- qualquer forma de estupro, ainda que não haja penetração penico vaginica.
- mediante violência ou grave ameaça

03-04 (é certo cair uma questão do 1º texto, mais os crimes estudados até lesão corporal, esta aula
aqui).

Lesão Corporal: ler artigo 129  Lesão Corporal de natureza grave, lesão corporal seguida de morte,
diminuição de pena, substituição da pena, lesão corporal culposa, aumento de pena, violência doméstica.

- Esse artigo é bem extenso, porém muito dos comentários relativos a este crime já foram feitos em
relação ao homicídio. Observa-se que este artigo faz remissão a mais de uma oportunidade ao artigo
121, que é no caso da lesão corporal privilegiada que se aplica em tudo que se falou em relação ao
homicídio (portanto ele não vai repetir), bem como o perdão judicial.
- Primeira pergunta: qual o bem jurídico tutelado neste crime? A doutrina diz existir uma tríplice
proteção jurídica: a saúde corporal, saúde fisiológica e saúde psicológica. Quando o legislador fala no
caput do artigo integridade física ou saúde, nós temos que englobar todos esses aspectos.
- Qual a estrutura desse crime se observarmos todos os parágrafos? No caput temos a lesão corporal
dolosa leve; §1º, temos a lesão corporal dolosa grave; §2º lesão corporal dolosa gravíssima; §3º
lesão corporal seguido de morte, o chamado homicídio preterdoloso; §4º e 5º situações de privilégio;

41
Direito Penal Especial I – Profº Cléopas
Direito - 4º Período Vesp.

§6º lesão corporal culposa; §7º majiorante (causa de aumento de pena); §8º perdão judicial; e §9º,
10 e 11, violência domestica familiar.
- Qual o sujeito ativo no crime de lesão corporal? É um crime comum? Pode ser praticado por
qualquer pessoa? SIM!
- Quem pode ser o sujeito passivo? (não quer saber se qualquer pessoa pode sofrer uma lesão
corporal). Observando o artigo, percebe que só pode uma pessoa? No §1º, IV e no §2º V, só a mulher
grávida pode ser; e no §9º só ascendente, descendente, irmão, cônjuge, ou companheiro.
- Sabe-se que auto lesão não é crime, mas se alguém maior induz um menor que 14 anos, por
exemplo, a se auto lesionar? Essa auto lesão será punível e se for quem responderá por ela? Por mais
que a auto lesão não seja crime, o raciocínio será o mesmo do suicídio por induzimento, logo se uma
pessoa maior induz um menor a se auto lesionar ele responderá por lesão corporal se isto acontecer
como autor mediato.
- É necessário que a vítima sinta dor pra que haja configuração do crime?Obviamente não. Sentir dor
não é pressuposto da configuração. Já que causar desmaio em uma pessoa é considerado lesão
corporal.
-E cortar o cabelo de alguém contra a vontade da pessoa configura lesão corporal? Existem três
correntes que avaliaram isso: uma diz que configura lesão corporal, a outra diz ser injúria real, e a
outra diz que as duas anteriores se complementam, e vai depender do elemento subjetivo que nós
tivermos.
- A integridade física é um bem disponível? Cirurgia de mudança de sexo, plástica, etc.? Como é que
o Direito vai tutelar a integridade física de alguém que livremente diz ‘eu quero ser lutador de
MMA’? Assim, a integridade física é um bem disponível que faz parte da liberdade de autonomia do
paciente, do lutador ou similar. Existe outra doutrina que diz é indisponível como regra, porém, só
que por lesão leve. Outros dizem, é disponível ainda assim por lesão leve e se não ofender os bons
costumes ou a moral.

42

Você também pode gostar