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Direito Penal I – 1º semestre – 2º Ano

21/09/2020

Livros: Código Penal; Direito Penal de José de Faria Costa

Estrutura do Direito Penal:


• Crime
• Consequências jurídicas do crime - exemplo: penas

Funcionamento do Direito Penal: O direito penal tem de indicar o necessário para haver crime, ou seja, tem de
ter pressupostos para a existência do crime levando à possível aplicação de consequências jurídicas do crime.

Crime: O crime no fundo leva à conduta da pessoa, tendo de atuar numa forma de molde designada de tipicidade
do crime.
• Exemplo: A dispara contra B, mas este era um manequim ou cadáver. Segundo o direito penal não foi crime
porque não respeita o molde, pois para o direito penal B tinha de estar vivo.
• Exemplo: Se A bate em B sem consentimento há crime, mas se A bate em B porque B
lhe pediu, então há consentimento, assim sendo A fica protegido pelo consentimento.
• Como é óbvio referimo-nos a uma ofensa sem gravidade, não podemos consentir por exemplo: A pede a B que
lhe tire “uma perna” caso adormeça durante a aula, o direito não permite nem defende tal consentimento.
• Exemplo: Nem sempre é crime quando atacamos a integridade física de alguém, ou seja, por vezes o que é ilícito
pode-se tornar lícito. Imaginemos que uma pessoa me agride, posso usar a força para me defender.

- No fundo, o crime tem patamares: tipicidade, ilicitude, problema da culpa (2º semestre).

Consequências jurídicas do crime:


• 1º patamar - O valor do direito penal mais sagrado é a liberdade. Para sermos responsabilizados por um crime
temos de ser livres. Exemplo: Se eu roubar porque estou a ser ameaçada de morte não estou a atuar livremente,
tenho de estar ciente da minha ação. Assim sendo se eu for coagida física ou psicologicamente, se não tiver
capacidade para adequar a minha vontade à prática do crime eu vou ser julgada, mas não serei considerada
culpada. Exemplo: doenças, álcool etc.
• 2º patamar - Inimputável - As crianças de 14 anos que cometam um crime não são condenadas atribuindo-lhes
uma pena, mas é aplicável uma medida tutelar educativa (medidas menos gravosas - admoestação; mais
gravosas - internamento numa instituição de correção). Assim não podemos referir que uma pena é igual a
consequência jurídica, mas sim que se encontra introduzida nas consequências.
- O estudo destes patamares dá-nos um ponto de partida para analisar todos os degraus para afirmar se é ou não
um crime.

Para que serve o direito penal: Primeiramente a pena é vista como vertente de correção e meio de advertência
para os outros não cometerem um crime que já foi cometido, pois seremos sancionados. O direito penal aprofunda
o sentido da pena referindo que este serve para proteger os bens jurídicos com dignidade penal. Isto significa que
o direito penal não pode proteger todos os bens jurídicos, apenas defende os essenciais à vida, tais como a vida, a
liberdade (todas), propriedade, património, integridade física, honra. Referimos assim que o direito penal está no
fundo a rever o que se passa na sociedade para criar novos bens jurídicos.

• Exemplo: Na década de 80, o meio ambiente não necessitava de proteção. Atualmente chegamos a um ponto
que tivemos de dar dignidade ao meio ambiente, encontrando crimes relacionados com a proteção do mesmo,
levante à categoria do bem jurídico penal.
• O bem jurídico não está escrito de forma explícita. Chegamos ao bem jurídico de forma interpretativa. O seu
número não é limitado, podem entrar novos bens jurídicos ou podemos entender que um determinado bem
jurídico perdeu dignidade, ou seja, o número varia consoante o que é importante para nós numa dada sociedade,
dado momento.

O que é o direito penal: O direito penal nada mais é que projetar a sociedade e os seus valores fundamentais.
• Exemplo: Ninguém está livre de escorregar e morrer num tapete, mas não é proibido os nossos pais terem
tapetes em casa. Assim sendo, o direito penal não pode condicionar todas as ações para proteção do Homem,
pois a vida parava. O direito penal escolhe bens jurídicos mais importantes para proteger, mas não protege de
forma absoluta pois isto significava bloquear a evolução da vida. Implica aqui a ideia de que o direito é
fragmentado pelo facto de só proteger alguns bens jurídicos e quando escolhe não defende absolutamente.

Fragmentos do direito penal:


• Não protege todos os bens jurídicos.
• Dos bens jurídicos que protege não protege de forma absoluta.
Existem outras formas de olhar para o direito como uma perspetiva mais instrumental, funcionalista. No entanto, o
nosso direito pensa no bem jurídico como essência do próprio Homem, comunidade.

Fundamentação que damos ao direito penal, porque existe?


- Cada um de nós sede ao Estado uma parte da sua liberdade para que este administre a justiça e puna os autores da
prática de crimes, ou seja, damos poder ao Estado para que este faça justiça em seu nome.
• Exemplo: Imaginemos que dois estudantes ficavam presos na universidade. O primeiro passo que iriam fazer era
tomar regras, tendo essas regras hierarquias. Quando nos encontramos com os outros definimos o importante e
essencial à convivência. O direito penal nasce ao mesmo tempo que o Homem vive em comunidade. Este surge
quando os valores da sociedade são colocados em causa, se a falha é ligeira o direito penal não intervém, se é
grave o direito penal intervém.

28/09/2020 (F)

Fundamentação do direito penal (aula passada)

Relações que o direito penal estabelece com outras disciplinas do direito:

- Estabelece relações com o direito processual penal. No direito penal temos regras primárias, ou seja,
regras de comportamento, do que não podemos fazer e as suas consequências. O direito penal precisa
do direito processual penal, pois este visa colocar-me perante as normas de direito penal, vai
estabelecer as regras processuais para que uma pessoa seja investigada, vá a julgamento e o decorrer do
julgamento.
• Exemplo: Se eu sei que A cometeu um crime eu preciso de saber como A vai ser investigado, quais são os
seus direitos, quem vai fazer a investigação, quem faz isto é o direito do processo penal, com isto
conclui-se que o direito penal precisa do direito processual penal. O direito do processo penal existe para
estar ao serviço do direito penal.
- O direito penal também tem uma relação muito estreita com o direito constitucional. No direito
constitucional ocorre uma norma referente ao artigo 18 da constituição. Esta norma é uma norma da
qual podemos retirar o conceito de direito penal, o que diz lá significa que a norma incriminatória só
pode entrar em funcionamento quando o direito penal seja violado, daqui resulta o conceito de crime.
• Os princípios que estão na constituição como o princípio da proibição retroativa da lei penal (artigo 27 a
32 da constituição).
• Um bem jurídico não precisa de estar presente na constituição para ter proteção penal, não tem que ter
obrigatoriamente proteção constitucional. A maior parte dos bens jurídicos que temos protegidos pelo
direito penal também tem proteção constitucional, mas pode não acontecer.
• De acordo com o autor Figueiredo Dias, há digamos que uma relação hierarquicamente entre a
constituição e o código penal (artigo 18 da constituição)

Artigo 27 da constituição - Direito à liberdade e à segurança.


Artigo 28 - Diz respeito à prisão preventiva. Deste artigo nascem um conjunto de normas. A prisão preventiva não
é uma pena, mas sim uma medida de coação, ou sejam a mais “perigosa”.
Artigo 32 - Garantias do processo criminal. Através deste artigo ficamos a saber como a pessoa é julgada e quais
são os seus direitos.

• O direito constitucional é essencial não só ao direito penal, mas também ao direito processual penal.
- Passar de bens jurídicos individuais para bens jurídicos supra-individuais. Há bens jurídicos que
apareceram sobretudo não exclusivamente a partir do estado de direito social. A seguir ao Iluminismo foi
quando se iniciou o direito penal moderno. O importante era a vida, propriedade, honra e integridade
física.

- Os bens jurídicos pessoais, de referente individual, são aqueles que são próprios do direito penal
moderno.

- A Europa no final da 2ª Guerra Mundial estava numa crise profunda. O estado começa a criminalizar
condutas que não têm na sua base bens jurídicos iminentemente pessoais (exemplo: uma casa
compatível ao seu rendimento), controla-se o mercado, preços justos, os bons funcionamentos da
economia passaram a ser protegidos pelo direito constitucional.
- Em meados do século XX, o estado sentiu a necessidade de passar através do direito penal a proteger
bens jurídicos supra-individuais. a) Os primeiros foram os relacionados com a a) economia, b) meio
ambiente, c) plano da informática.
- É no século XX que vemos o direito penal clássico de justiça, dar/partilhar o direito penal no sentido geral,
tem o nome de direito penal secundário, no sentido que apareceu depois do direito penal clássico.

- Com isto entra-se no direito penal secundário (tem relações com o direito penal). No livro de código
penal temos essencialmente os crimes do direito penal clássico, os crimes de código penal clássico estão
em legislação avulsa/ extravagante (exemplo: decretos lei).

- A diferença entre os direitos - clássico e secundário - não se esgota no facto de um estar no código penal
e o outro estar em legislação avulsa. Esta é uma nota característica do direito penal clássico proteger bens
jurídicos de caracter individual e o código penal secundário protege os bens jurídicos de caráter supra-
individual.
• Exemplo: A Maria foi vítima de um roubo, sendo este um furto, onde houve violência e perda de um bem
jurídico pessoal. O Mário manipulou os preços da sua empresa para ganhar mais. Destes dois crimes o
mais impactante para a sociedade é o da Maria, ou seja, um crime de carácter pessoal.
• O que choca mais é o roubo. Isto significa que os bens jurídicos do direito penal clássico soem maior
ressonância axiológica, isto é, os valores que os bens jurídicos do direito penal inseriam estão mais
interiorizados na consciência do Homem. Isto significa que a honra possui maior ressonância axiológica
do que o bom funcionamento da máquina fiscal.
Nota: O direito penal clássico ou de justiça não tem responsabilidade penal coletiva, já o direito penal
secundário equivale à responsabilidade individual e coletiva.

- Existe ainda direito penal de menores com tratamento dispensado pelo direito penal diferente de uma
pessoa com 18 anos para cima. Direito penal militar, direito penal da execução das penas, direito penal de
mera ordenação social (binómio crime pena e substituído por coima) - Este conjunto de direitos é
designado de ciência do direito penal total ou conjunta (quem falou pela primeira vez foi o penaliza Von
Listz) - estando enquadradas as disciplinas: criminologia, política criminal, dogmática ou direito penal em
sentido estrito, direito de mera ordenação social (direito contra ordenacional).

- O direito constitucional na ótica do Professor Figueiredo Dias reflete-se no código penal na medida em
que este protege os bens jurídicos que estão na constituição.
- Na nossa ótica, o direito penal justifica-se na medida em que o direito tem uma fundamentação
antropológica, ou seja, o direito penal justifica-se para com o Homem. Significa que o direito penal é um
direito materialmente fundante, significa que não precisa que o direito constitucional proteja um bem
jurídico, isto é uma consequência antropológica do direito penal.

O que significa cada uma das disciplinas?


- Porque aparece um crime e porque é que esse crime tem dada pena? - porque o direito penal tem outras
disciplinas que o ajudam na sua tarefa de bens jurídicos, sendo estas, a criminologia e a política criminal.
• Criminologia - Uma disciplina empírica que se baseia na entidade criminal. Exemplo: A pena de prisão
e de multa; Apesar de o consumo de estupefacientes ser punido com pena, ainda assim o consumo não
baixa, A criminologia faz uma estatística do fenómeno criminoso.
• Política criminal - Qual será a consequência jurídica de crime para aquela conduta? - Olha-se para os
dados que a criminologia forneceu, perguntamo-nos qual reação penal vamos utilizar, se pena de
multa ou prisão. Compete demonstrar que não vale a pena sancionar o suicídio porque a pena não
cumpre efeito nenhum. Quer dar resposta à pergunta “Será que é necessário continuar com
determinada pena?”.
• Ilícito disciplinar - Trata-se de ilícitos disciplinares quanto à entidade contratual do estado, tem a
haver com a função pública. Onde está em causa a relação funcionário estado, não tem a mesma
função que o direito penal. Tem a função de repor a legalidade dos serviços.
- Tem em comum com o direito penal a aplicação de uma pena, as aplicações das penas têm funções
completamente diferentes, tem outra semelhança, os ilícitos disciplinares estão definidos. Mas também
tem diferenças, sendo estas, na finalidade das penas e como o direito penal descreve o crime, não existe
com tanto rigor no ilícito disciplinar.
- Há uma terceira pessoa, a vítima, é uma parte do processo penal. No ilícito disciplinar não há vítima, é uma
relação entre o agente e o estado, podem existir infrações disciplinares onde há crime. Exemplo:
funcionário bate no dono, este é julgado por ambos. Não é um direito com pouca importância (artigo 32
nº10 da constituição).

• Direito de mera ordenação social (ou contraordenacional) - Está em tudo o que fazemos diariamente.
Exemplo: passar a estrada sem ser na passadeira; contraordenações na estrada; retirar a natureza penal às
contravenções, as contravenções que deviam continuar no código penal não com este nome, mas sim como
crimes.

- Em 1979 é instituído o ilícito de mera ordenação social com o objetivo de : contribuir para retirar do código
penal o que não tem dignidade penal.

- Nos finais da década de 70, assistimos à criação de vários tipos de deveres em vários setores de atividade.
Exemplo: comerciante obrigado a afixar o horário de trabalho na montra. Vinha clarificar ilícitos que não
tínhamos a certeza se deviam continuar ou não a ser crimes. Este direito não é direito penal, pois uma
contraordenação não tem natureza penal. No entanto, a contraordenação integra a ciência do direito
penal total.
- Só Portugal e Alemanha têm contraordenações, mas a Itália ainda tem contravenções.

- A ideia de Von Listz foi não dar primazia a nenhuma destas disciplinas e concedeu o plano de igualdade.
Figueiredo Dias dá prevalência à política criminal. A consequência é que o estudo do direito penal é todo
ele centrado a partir do problema da consequência do crime.

06/10/2020
Direito penal e direito das contraordenações

- O direito de mera ordenação social em parte veio substituir as espécies de crime menos gravosas que no código
penal anterior se designam por contravenções. Esta nova infração não tem natureza penal. Todo o direito das
contraordenações é punido com uma sanção pecuniária.

- O direito das contraordenações está consagrado no decreto lei 433/82 e este diploma no fundo vem estabelecer
as regras gerais deste ilícito das contraordenações e vem também estabelecer algumas regras processuais.

- O direito penal trabalha com o binómio crime/pena, isto é, o direito penal estuda os crimes e as consequências
jurídicas dos crimes. A principal consequência que podemos encontrar é realmente a pena.

- Contraponto entre o crime, a pena e a contraordenação e a coima: a pena está para o crime tal como a coima
está para a contraordenação = artigo 1 do decreto lei 433/82.

- A pena é uma sanção pecuniária própria do direito penal. A coima é uma sanção pecuniária própria do ilícito de
mera ordenação social.

- Efetivamente, a coima ou o direito das contraordenações não é direito penal, ou seja, as infrações designadas
por contraordenações não são direito penais. No entanto, tal como o processo penal e tal como uma série de
outros direitos, o direito das contraordenações também faz parte da ciência do direito penal.

Semelhanças entre o direito penal e o direito das contraordenações: pertencem ambos à ciência do direito penal,
em ambos vigora o princípio da legalidade.

Simultaneamente há uma diferença entre o direito das contraordenações e o direito penal: os crimes e as penas
obedecem à reserva de lei, isto é, nos termos do artigo 165 nº1 b) da constituição, os crimes e as penas estão
sujeitos ao princípio da reserva de lei. Significa que apenas o órgão legislativo de excelência, Assembleia da
República e apenas o Governo podem criar crimes desde que tenham uma lei de autorização da Assembleia da
República. Embora o princípio da legalidade também esteja presente no direito das contraordenações, nele não
existe a reserva de lei. Ora se não existe reserva de lei, significa que uma contraordenação pode ser produzida por
outro legislador que não a Assembleia da República e que não o Governo. Quem é que pode legislar com o intuito de
criar uma contraordenação? - o governo, assembleia da república, uma autarquia, os reguladores (organismos a
quem o Estado delega um conjunto de poderes, por exemplo o regulador do setor bancário, regulador das
contraordenações rodoviárias) etc.
- O direito das contraordenações foi criado para retirar do código penal aqueles ilícitos que o legislador entendia
que não tinham dignidade penal.
- Bens jurídicos: vida, honra etc. - são fundamentais à convivência pacífica em sociedade.

- Por regra, só são protegidos pelo direito penal os bens jurídicos com dignidade penal e que simultaneamente
tenham necessidade de serem punidos pelo direito penal.

- O direito penal, código penal vai sofrer entradas ou saídas de novos bens jurídicos.
Queremos que o direito penal esteja de acordo com os valores que defendemos.

- Num primeiro momento o direito das contraordenações entendia-se que não tinha dimensão ético social. Esta
dimensão ética social é própria do direito penal. O direito penal protege o mínimo ético e o mínimo ético é
aquele mínimo do qual não podemos prescindir. As infrações que não ofendem o mínimo ético são punidas pelo
direito das contraordenações.

- O direito penal secundário criou ou reformulou novos bens jurídicos com dignidade penal, mas de certa forma
eles têm a diferença do mínimo ético, constituem crime porque o legislador entendeu que aquela conduta tinha
de ser sancionada com crime. O direito penal secundário ficou ao serviço da função financeira, função fiscal etc.,
funcionalizou-se. Por isso é que se diz que os crimes de direito penal clássico são crimes em si mesmos
considerados e os crimes do direito penal secundário só são crimes porque há uma norma que diz que a violação
daquela conduta é punível com pena de prisão.

Despenalização e descriminalização:
- No âmbito do direito penal secundário, especialmente, podemos ter infrações que hoje são sancionadas pela
coima e amanhã fruto da informação prestada pela criminologia e pela política criminal podem ser passadas a ser
punidas pelo crime. Pode haver o fenómeno da passagem do direito penal para o direito de mera ordenação
social que se chama descriminalização. Nós chamamos-lhe despenalização porque continuamos no âmbito da
ciência penal total ou conjunta. A descriminalização para nós ocorre quando a infração sai totalmente para fora
da ciência do direito penal, a conduta passa a ser completamente irrelevante para a ciência do direito.

Regime geral das contraordenações:


- Princípio da legalidade (artigo 2) - É um princípio igual ao princípio da legalidade que encontramos no artigo 1
do código penal.
- Diz que o seu direito subsidiário no artigo 32 é o direito penal. Elege o direito penal como direito subsidiário
(artigo 41).
- O regime geral das contraordenações está dividido em duas partes.
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- O direito das contraordenações joga com o binómio contraordenação/coima.


- Temos o decreto lei 433/82 (regime geral das contraordenações), depois temos por exemplo o regime geral
das infrações tributárias e aqui temos:
1. Regras definitórias;
2. Princípios;
3. Crimes; disposições específicas dos crimes;
4. Controlo de ordenações.

- Pode haver normas das contraordenações que afastam o regime geral das contraordenações. Estamos dentro da
ciência do direito penal total ou conjunta, mas também estamos dentro do direito penal secundário e do direito
de mera ordenação social.
- O direito das contraordenações teve uma reforma no sentido de o aproximar das regras do código penal porque
as coimas passaram a ser muito altas.
- O processo contraordenacional inicia-se com a autuação, o infrator recebe o auto. O infrator tem um direito de
defesa (artigo 50 do regime geral das contraordenações). A seguir ao auto há um prazo para defesa com
possibilidade de apresentar testemunhas. Essa testemunha é ouvida e depois o processo volta para as mãos da
autoridade administrativa.

- Artigo 59 e seguintes do regime geral das contraordenações (garantias do indivíduo)

- O processo das contraordenações tem uma fase administrativa e uma fase judicial que só se inicia se o arguido
quiser ou não.
- Há outra garantia que o arguido tem que tem sido violada por regimes novos: se nós recorrermos de uma decisão
da autoridade administrativa, a decisão proferida pelo tribunal não pode ser mais desfavorável do que a decisão
proferida pela autoridade administrativa ou pelo regulador. Exemplo: pessoa condenada em coima de 10 mil
euros, não concorda, impugna a decisão então se assim for beneficia do que diz no artigo 72 A do regime geral
das contraordenações - proibição de reformar para
pior.
13/10/2020

Âmbito de aplicação do Direito Penal

Aplicação do Direito Penal no tempo:

→ O tempo é importante para o direito penal não só em termos de passado como também em termos de
futuro.
→ A pergunta feita é qual a lei competente por determinada situação.

Princípio da proibição da retroatividade da lei penal, princípio da não retroatividade da lei penal ou princípio
da irretroatividade:

- Está presente no artigo 29 da constituição.

- Este princípio está ligado ao princípio da legalidade.

- Este princípio tal como o princípio da legalidade visa dar uma ideia de garantia, certeza e segurança aos
destinatários da lei penal que somos todos nós. Só o homem livre, consciente é que pode ser alvo de um juízo de
culpa. Portanto, eu, hoje, tenho a certeza, a segurança de que se chamar um nome injurioso a outra pessoa,
tenho a certeza que o meu comportamento é suscetível de uma pena. Nós só vamos punir com base numa lei
escrita que é da assembleia da república ou um decreto lei autorizado do governo.

- Artigo 2 nº1 remete para artigo 3 do código penal: O facto considera-se praticado no momento em que o agente
atuou, independentemente do momento em que se produziu a morte que é o resultado típico. O resultado típico
está implícito na conduta de matar, eliminar uma vida é o resultado típico. Exemplo: Se o agente dispara sobre a
vítima, um tiro que lhe provoque a morte, e a vítima não morre, ele efetivamente não preenche o resultado típico
que é a destruição da vida.

- O princípio regra é o princípio da retroatividade da lei penal.

1º exemplo: O agente atua no dia 13 de outubro de 2019, mata uma pessoa em que a lei penal dizia: quem
o
matar outra pessoa é punido com pena de prisão de 8 a 16 anos. Entretanto, hoje dia 13 de outubro de
2020 entra em vigor uma lei que diz que o homicídio simples passa a ser punido com pena de prisão de 10
a 18 anos de prisão. O agente vai ser julgado dia 10 de janeiro de 202, o juiz quando vai julgar já tem aqui
um problema para resolver. O juiz vai aplicar uma lei que ja não está em vigor no momento em que julga,
mas estava em vigor no momento em que o agente atuou e é isto que importa aqui, é o princípio regra a
funcionar.
o 2º exemplo: Vamos imaginar que a 13 de outubro de 2019 o agente matou outra pessoa com pena de 8 a
16 anos e no dia de hoje há uma alteração legislativa (é difícil de acontecer) que diz o seguinte: a partir do
dia 13 de outubro de 2020 o artigo 131 passa a ter a seguinte redação: quem matar outra pessoa é punido
com pena de prisão de 6 a 14 anos e o agente vai ser julgado a 10 de janeiro de 2021.
 O juiz quando julga volta novamente a ter duas leis, a lei em vigor ao momento da prática do facto e a lei
posterior que foi alterada a tendência do processo crime que passou a ser de 6 a 14 anos. Se formos ao
artigo 2 nº1 e ao artigo 3 do código penal, a lei que vamos aplicar de acordo com o princípio da proibição da
retroatividade é a lei que estava em vigor quando ele atuou, mas o direito penal é um direito altamente
limitador dos direitos, liberdades e garantias da pessoa contra a qual decorre o processo, ou seja, o arguido.
Se no momento do julgamento tenho duas leis e uma sequela mais benéfica para o agente, então o juiz está
autorizado a aplicar uma lei que não estava em vigor no momento da prática do facto porque essa lei é mais
benéfica para o agente.
 Então ao lado do princípio regra, princípio da proibição da retroatividade da lei, nós então temos uma
exceção que é aquela que foi dita anteriormente, princípio da aplicação da lei penal mais favorável. Isto
designa-se por despenalização relativa - artigo 2 nº4 do código penal - primeira manifestação do princípio
da aplicação da lei mais favorável ao agente. Entramos no campo da exceção.

- Artigo 203 do código penal


1º exemplo: O Alberto em pleno ano 2020 desempregado há uma série de tempo porque a sua empresa
o
fechou decide furtar um fato para ir a uma entrevista de emprego. Vai a uma loja sem alarmes e furta um
fato completo, vai ao provador tira os alarmes do fato, veste-o por cima da roupa que tem vestida e sai da
loja com o fato já vestido. Este agente cometeu um crime de furto nos termos do artigo 203. Ele vai a
julgamento em 2021 por exemplo sendo certo que em junho de 2021 o legislador altera esta norma e diz: a
pena de multa não é adequada a combater os crimes de furto então o juiz decide eliminar a pena de multa
e simultaneamente baixa a pena de prisão e em junho de 2021 a norma dirá (artigo 203). No caso do
Alberto como ele nunca foi julgado, nunca cometeu crimes de furto, a pena que estava em vigor quando
ele atuou era mais benéfica porque a lei nova eliminou a possibilidade de se punir o crime com multa.
Significa que aqui a lei nova não lhe é mais favorável, aplica-se a lei em vigor do momento da prática do
crime e assim se cumpre o princípio regra.
o 2º exemplo: Vamos imaginar que nessa mesma altura, o Bruno furtou o mesmo fato mas já tinha um
longo passado em matéria de furtos e portanto no mesmo dia do Alberto foi submetido a julgamento e o
juiz olha para o seu registo criminal, vê lá 3 ou 4 condenações de furto e conclui que este arguido é
insensível à pena de multa, ele sabe que tem de aplicar preferencialmente a pena de multa mas para
aplicá-la é necessário que ela cumpra os fins das penas e aqui está demonstrado que a multa não cumpre
os fins das penas, e por isso vai aplicar a pena de prisão. Aqui sim o juiz deverá aplicar a lei nova. É preciso
ver em concreto a lei penal mais favorável sendo certo que a lei mais favorável para o Alberto não foi mais
favorável para o Bruno. No caso do Alberto não funciona o princípio da aplicação da lei mais favorável, o
que funciona é o princípio regra. No caso do Bruno não aplico a lei penal mais favorável porque o princípio
regra, proibição da retroatividade dá-me a solução que eu quero, punir o agente da forma mais adequada.
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- Artigo 2 nº4 do código penal - Para além de prever questões de despenalização relativa, contempla também
outras situações em que a norma penal nova revela-se mais favorável.
o 1º exemplo: Homicídio a pedido da vítima que é uma norma que não existia no ordenamento jurídico e
no dia de hoje uma pessoa matava outra porque a vítima despertou a vontade ao agente de a matar. Não
havendo o artigo 124, o juiz podia na altura de encontrar a medida da pena levar em consideração o
motivo pelo qual o agente matou e em vez de lhe aplicar 14 ou 15 anos podia aplicar-lhe menos anos.
o 2º exemplo: Este agente que matou a vítima a seu pedido quando a matou não tinha o artigo 134 no
código penal tinha de ser punido pelo artigo 121, mas quando é julgado já havia o artigo 134. Esta
introdução do artigo 134 é uma norma cuja aplicação é mais favorável ao agente. A norma veio revelar-
se ser mais favorável porque foi introduzida uma norma que beneficia aquele agente. O pedido que a
vítima faz ao agente que a mate chama-se circunstância que beneficia o agente. Portanto, a lei pode
apresentar-se mais favorável quando reduz a culpa do agente, introduz uma circunstância que desagrava
a pena, mas a lei penal continua a ser mais favorável se ao invés de introduzir o elemento que suaviza a
pena se retirar um elemento que agrava a pena. O juiz tem sempre que proceder à aplicação da norma
em vigor no momento do facto e a norma que a sucedeu.
- Ainda em sede do artigo 2 nº4 - Exemplo: Se o Alberto for condenado numa pena de prisão de 14 anos de prisão
por um crime de homicídio simples de 8 a 16 anos, e aparece uma lei nova que diz que o homicídio simples passa
a ser punido com pena de prisão de 6 a 13 anos, o que vai acontecer é que quando o Alberto fizer o 13º ano de
prisão que é o limite máximo da lei nova sai em liberdade e já não cumpre o 14º ano. É importante que haja uma
sentença e que seja acartada pelas pessoas e que estabilize no ordenamento jurídico se não valia recorrer a
tribunal, portanto, o caso julgado com esta alteração do código penal em 2007 é minimamente violado e mais do
que isso é violado sob o pretexto de uma despenalização relativa de um agente que já tinha a expectativa de
cumprir 14 anos de sentença e não 13 anos.
Nesta circunstância o legislador substitui-se ao juiz na tarefa de aplicação da pena. A primeira grande crítica que
se pode fazer a esta norma é que em primeiro lugar destrói o caso julgado, em segundo lugar ela também viola o
principio da separação dos poderes porque a pena que foi aplicada pelo juiz é desfeita pela aplicação da lei nova,
em terceiro lugar esta segunda parte do artigo 2 pode violar o princípio da igualdade porque:
o 1º exemplo: Imaginemos que temos dois agentes que cometem o crime de furto com uma pena de 2 a 8
anos de prisão. A e B são os autores, os dois levam a cabo o assalto sendo certo que o A leva a cabo o
assalto porque está farto de trabalhar e o B leva a cabo o assalto porque tem um filho que precisa de ser
operado e precisa de 20000 euros. Eles atuam em comunhão de esforços e furtam a mesma quantia em
conjunto, um devido a interesses egoístas e o outro com o intuito de salvar a vida do seu filho. A acrescer
a isto na audiência de julgamento, o A tentou livrar-se de culpas e pôr tudo em cima do B e o B assumiu
aquilo que tinha feito sem reservas: estes dois agentes vão ter a mesma pena? - não, o A é punido com
pena de 7 anos de prisão e o B vai ser punido com 5 anos de prisão, ou seja, o juiz valorou o facto pelo
qual eles estavam a furtar e valorou também o facto de o B ter contribuído para a descoberta do que
aconteceu.
o 2º exemplo: Agora imaginemos que houve uma alteração da moldura abstrata e a pena passava de 2 a 8
anos para 1 a 6 anos, o que acontecia era que a diferença que o juiz tinha refletido entre o A e o B, o B iria
sair meio ano mais cedo enquanto o outro iria sair exatamente na mesma altura quando fizesse os 6 anos
de prisão, a diferença dos 5 e meio para os 7, ou seja, um ano e meio de prisão passa a ser uma diferença
de meio ano porque ambos saem no 6º ano que é o novo limite máximo estabelecido pela nova lei. Esta
diferença que o juiz introduziu é anulada. Se o B tivesse sido condenado em 6 anos e o A em 7, a
diferença era totalmente anulada. Isto foi mais uma maneira de pôr as pessoas fora da cadeia. A
despenalização relativa pode destruir o caso julgado. Artigo 2 nº2 - Exemplo: Imaginem que a mãe do
Carlos mete-o de castigo porque ele partiu a jarra que a sua melhor amiga lhe tinha dado, na pendência
do castigo do Carlos a mãe dele descobre que a amiga que lhe tinha entregado a jarra tinha um caso com
o seu marido e a jarra passou a ser detestada e a mãe ficou contente de o filho ter partido a jarra, sendo
que já não fazia sentido manter o filho de castigo. Em síntese, faz sentido a destruição do caso julgado
quando o crime à luz da lei nova deixa de o ser, quando a conduta praticada pelo agente deixa de ser
considerada crime.

- Artigo 2 nº2 CP - Descriminalização - O crime desaparece, dá origem à destruição do caso julgado. Não deve
continuar a ser perseguida pelo direito penal.

- Artigo 2 nº4 CP - Despenalização relativa - Em que o crime continua a ser crime, mas a moldura penal abstrata é
alterada e isto pode bulir com o princípio de separação dos poderes e com o princípio da igualdade. Quando o
condenado está a atingir o limite máximo da nova lei pode sair.
- Há outro tipo de despenalização, sendo esta a comum, ocorre quando a conduta passa de direito penal para
direito de mera ordenação social.
- Sempre que a lei penal funcione contra o agente, o princípio que se aplica é o princípio da irretroatividade da lei
penal. Sempre que a alteração legislativa é favorável ao agente isso significa que a lei nova funciona a favor da
parte.

- Art. 2 nº3 CP - Leis temporárias – lei que surge (lei emergência) por causa de uma determinada circunstância,
visam um a correr um estado de exceção. esta leis não são feitas só em maus momentos (EX: covid, leis de
emergência), mas também em bons (EX: quando houve o euro em 2004, tiveram que ser feitas lei temporárias).
- Leis de emergência – espécie de lei temporária
- Todos os factos ocorridos durante uma lei temporária são julgados pela lei temporário mesmo que esta já não
esteja em vigor e em sua substituição venha a ser mais favorável. EX: lei temporária que diz que a proibição dos
entra em vigor desde o dia 1 setembro ate 31 dezembro. Em julho de 2019, as autoridades de saudade concluem
que não há muito perigo, as penas têm estado a ser a eficazes e decide em função disto baixar a pena ate 6
meses de prisão. Determinada pessoa pratica o facto em junho e é julgado em setembro. O que ocorre é um
concurso d eleis temporárias no tempo, e aqui sim já faz sentido aplicar a lei mais favorável, pois já há 2 espécies
de lei.
- Momento da prática do facto (agente atua) e quando o facto é julgado (agente é julgado), alei aplicável ao
agente pode não estar em vigor nem no momento da prática do facto nem no momento do julgamento.
- Art. 182 – ate 6 meses
- Lei intermedia – é ultra ativa, pois fica em atividade mesmo depois de ter perdido a sua vigoraçao.
EX: crime sequestro – iniciou-se dia 2 setembro de 2019 (lei 1) e cessou dia 2 fevereiro de 2010 (lei 3) (último ato
de execução) – art. 3 – a lei 2 está entre 2 setembro e 2 fevereiro e foi julgado em junho de 2021 8lei 4). Qual a lei
aplicável? É a lei 3 pois é um crime de execução continuado, este é um crime que a lei trata como sendo só um
quando na realidade são muitos. As leis que estão para trás são irrelevantes pois o agente só acabou o crime a 2
fevereiro de 2020, as que estão para trás não interessam. (art. 30 nº 3)
Regra- princípio da proibição da retroatividade
Exceção – art. 2 nº 2 e 4º
19/10/2020
Nesta aula continuamos a falar da aula anterior

20.10.2020
Aplicação do Direito Penal no espaço:

→ A pergunta feita para aplicar determinada pena é se a lei penal português tem ou não competência
para aplicar a pena.
→ O princípio da regra da matéria da lei penal no espaço é o princípio da territorialidade, previsto no
artº4, salvo tratado na convenção internacional em contrário na lei penal portuguesa que é aplicável nas
partes do território português seja qual foi a nacionalidade do agente.
o Isto significa que, por exemplo, se um francês disparar sobre um espanhol dentro das nossas
fronteiras, o estado português é competente para julgar à luz do princípio da territorialidade,
previsto no artº 4 alínea a).
o Contudo, nem sempre foi assim, pois durante muito tempo o território (parte física) não era um
elemento do estado. Quando as fronteiras não estavam suficientemente definidas (não se sabia
bem quais eram os limites do estado) e, portanto, a regra era que a lei penal não era praticada
em função do local da prática do crime, mas sim em função da nacionalidade.
o A alínea b) do artº4 vem nos dizer que a lei penal portuguesa também é aplicada a bordo de
navios ou aeronaves portuguesas, isto significa que vai se considerar território português não
apenas Portugal continental e insular e o respetivo espaço aéreo e mar – Alargamento do
principio da territorialidade.
Exemplo: Temos um navio atracado em Espanha. Mesmo estando atracado em Espanha, se a
bordo deste navio português for cometido um crime, de acordo com o artº 4 é aplicada a lei
portuguesa. Isto aplica-se tanto a navios civis ou navios militares.
o Segundo, o Decreto lei 254/2003 – Se uma aeronave vier de um determinado país e fizer escalada
em Portugal e, se durante este trajeto tiver ocorrido algum crime, o comandante pode deixar a
pessoa em Portugal e pedir para o julgarem – Extensão da competência territorial.
o Portanto, salvo tratado ou convenção em contrário, a lei portuguesa é aplicada segundo o art4º e
artº5- Por força do comandante ter entregue essa pessoa às autoridades portuguesas.
→ No âmbito do artº3, já não diz respeito ao pavilhão da aeronave. O que está em causa é uma aeronave
alugada (com ou sem tripulação), mas a operadora dessa aeronave tem sede em Portugal- torna a lei
portuguesa aplicável.
→ Na aplicação da lei penal no tempo, trata-se do princípio da nacionalidade. Já na aplicação da lei penal no
espaço, trata-se do princípio da territorialidade.

→ O princípio da territorialidade tem duas extensões:


o Artº4 d);
o Artº 3 do decreto de lei referente aos atos de prevenção e regressão dos crimes.
o Quer o artº4 do código penal e o artº3 do decreto lei, ambos começam “salvo tratado ou
convenções em contrário”, isto significa que, em termos práticos não tem de ser
necessariamente assim. Pode acontecer que Portugal celebre com Espanha, Marrocos ou
qualquer outro país, um acordo referente à aplicação da jurisdição penal e, por isso as regras que
aqui estão são afastadas. Estas regras do código penal não são imperativas, pois, podem ser
mudadas/revogadas.

→ Há uma ampla fatia de crimes que não são cometidos em Portugal, mas podem vir ser julgados a Portugal.
Estas normas do código penal podem vir a ser afastadas.
→ O mais importante é o princípio segundo o qual nenhum crime deve ficar por ser punido, pode ser que
aconteça um crime num determinado estado, e esse estado não tenha competência para o julgar e o outro
estado envolvido (estado da nacionalidade) também não tenha, nesse sentido em matéria da aplicação da
lei penal no espaço tende a que não haja estas situações.

→ O decreto lei 254/2003 pode não traduzir nenhum efeito positivo, pois quem leva a cabo a intenção dos
acidentes não tem medo de perder a vida. Assim que eficácia tem? O direito penal serve para dissuadir
através de uma simples existência da norma penal, a ideia é facilitar aplicação da norma penal. Muita desta
criminalidade semelhante ao 11 de setembro não é individual, mas normalmente associada a um grupo
terrorista.
→ Importa ver não quando o crime se considera praticado, mas onde o crime se considera praticado. -Artigo
7 CP.
o O crime considera-se praticado quer no local que o agente atuou quer no local que agiu parcialmente
e ainda onde o crime se realizou. (não tem de ser totalmente em solo português, mas pelo menos
parcialmente).
Exemplo: Imaginemos que o senhor A mata B que está dentro de um carro e que só veio a morrer
em solo português. O A atuou em Espanha, segundo esta só é aplicada se o crime for cometido em
Espanha, o B morre me Portugal, mas a lei portuguesa diz que é competente só para crimes
ocorridos em solo português – antigo artigo 7º.
o O atual artigo 7º diz que temos de saber onde o agente atua que pode ser de forma parcial ou total e
onde ocorre o resultado final.
Exemplo: B sofre o primeiro tiro em Espanha e morre em Portugal com um segundo tiro, logo só
há um ato praticado em solo português
o O objetivo desta norma é evitar lacunas de equidade, evitar que haja um conflito negativo de
competências. Exemplo: um estado não consiga julgar e o outro não quer julgar.
o A ideia é evitar um conflito negativo de competências.
o Imaginemos que duas pessoas decidem cometer um crime, se uma delas estiver em Portugal e a
outra em França, basta que apenas uma pessoa esteja em solo português para a lei penal ser aplicada.
O que liga o crime a Portugal é a existência de uma pessoa em solo português- Artigo 7º alínea~
o Portugal consagra uma solução o mais abrangente possível porque quer o resultado quer o crime
tenha acontecido aqui, Portugal é sempre competente.
o Se ambos os países têm capacidade de atuar dá- se um conflito positivo de competência e, por isso
vem o artº5.

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