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Direito Penal I
2° Período
O que é o direito penal? É o setor do ordenamento jurídico que define crimes, comina penas e
prevê medidas de segurança aplicáveis aos autores das condutas incriminadoras.
Processo penal
Crime Pena
(Pressuposto) (Consequência jurídica)
Obs: Não existe pena sem crime. Caso aconteça, irá ferir o pressuposto de inocência.
Objeto do direito penal:
- Forma positiva: Ação.
- Forma negativa: Omissão.
Função do direito penal:
- Defesa social.
- Tutela dos bens jurídicos.
- Justa retribuição do mal.
- Ordem social justa.
- Tratamento penal justo e igualitário.
Objetivos reais do discurso jurídico penal oficial:
- Sistema jurídicos e políticos de controle social:
a) Proteção de interesses dos grupos hegemônicos.
b) Exclusão ou redução dos interesses dos grupos subordinados
- Direito penal:
a) Funciona na lógica da seletividade.
b) Instituem o domínio de um sobre o outro.
c) Garante a desigualdade social.
d) Defesa social.
- O sistema de justiça criminal:
a) Centro gravitacional de controle social.
b) As penas e as medidas de seguranças são os mais rigorosas instrumentos de reação oficial
contra violações sociais, econômicas e políticas, garantindo a continuidade do próprio
sistema penal.
- Tipos de discurso: Declarado (simbólico) e oculto (real).
Infrações penais: (Crimes e contravenções)
● Crimes:
- Punido com reclusão (fechado, semi-aberto e aberto) ou detenção (Semi-aberto e aberto
(podendo haver regressão para o regime fechado)), podendo ser acompanhado por multa.
- Pune-se a tentativa com a pena correspondente com o crime consumado, diminuída de um a
dois terços.
- O tempo de cumprimento de pena privativa de liberdade não pode ser superior a 40 anos.
- A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
● Contravenções:
- Prisão simples (Semi-aberto e aberto (não podendo haver regressão para o regime fechado)),
podendo ser acompanhado por multa.
- Não é punível a tentativa.
- A duração da pena de prisão simples não pode ser superior a 5 anos.
- A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício.
Elementos do crime:
-Todas as vezes que se tenham penas desproporcionais, o princípio da legalidade também será
ferido.
Princípio do Ne Bis In Idem:
-Princípio de vedação à dupla incriminação, proibindo que uma pessoa seja processada, julgada e
condenada mais de uma vez pela mesma conduta.
-Súmula 241 do STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante
e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Princípio da insignificância:
Princípio jurídico que visa descaracterizar um ato que, ao levar a lei ao pé da letra, seria
compreendida com crime, mas, por ter impacto insignificante, é destituído de sua tipicidade,
isentando o autor da ação de pena. Encontrando-se diretamente ligado com o princípio da
intervenção mínima.
-Critérios do STF:
Conflito aparente de normas: Quando aparentemente mais de uma norma poderia ser aplicada
ao caso concreto;
- Pressupostos: unidade de fato + aparente incidência de mais de uma norma incriminadora
- Conflito de normas e pluralidade de fato:
- ANTEFATO IMPUNÍVEL: quando o agente realiza uma conduta criminosa visando praticar
outra. Ex: falsificação de cheque de terceiro para compra em loja. (falsificação +
estelionato).
- PÓS-FATO IMPUNÍVEL: após a consumação realiza-se nova conduta contra o mesmo bem
jurídico, incapaz de agravar a lesividade do ato anterior. Ex: roubo de celular e descarte do
objeto pelo desvalor do mesmo. (roubo+dano)
- Princípio da especialidade:
Norma especial: quando reúne todos os elementos da norma geral mais elementos
especiais. Toda vez que temos a norma especial, temos também a norma geral.
Ex: Um homem dirigindo embriagado atropela alguém, irá prevalecer o CTB, por se tratar
de uma norma especial.
- Princípio da subsidiariedade:
O acontecimento de uma conduta inicial faz surgir uma incriminadora que, pela gravidade
da atuação do agente, passa a configurar um outro crime.
Ex: A sabendo possuir doença venérea, mantém relações sexuais com B. Inicialmente se
encaixa no Art. 130 do CP, mas caso B venha a falecer e seja comprovado que essa morte
tenha sido motivada pela transmissão da doença, A será punida por homicídio.
Relação de primariedade – subsidiariedade: aplica-se a lei de maior gravidade (lei de
primariedade).
-Princípio da consunção:
- Quando um crime constitui meio necessário ou fase normal para a realização de outro;
Ex.: furto por rompimento ou invasão: absorvem os crimes de violação de domicílio e
danos. Lesão corporal em relação ao homicídio.
- Tem-se concurso de crime se fatos posteriores não tiverem na mesma linha de ataque ao
bem jurídico protegido.
- Princípio da alternatividade:
- Cabe nas infrações de ação múltipla ou conteúdo variado – diversos núcleos;
- Alguém prática mais de um verbo do mesmo tipo = só responde por um crime.
Ex: quem expõe à venda + vende substância entorpecente = pratica crime de tráfico (art.
33 Lei 11.343/06);
Abolitio criminis: Art. 2° do CP: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória”.
Efeitos:
a) Cessa o inquérito (arquivamento)/Extinção do processo;
b) Cabe HC – a prisão passa a ser ilegal;
c) Permanecem os efeitos civis. Ex.: adultério. – art.91, I CP
Ex: Lei 11.106/2005 que revogou os crimes de sedução e adultério;
Novatio legis in mellius: Lei que melhora a situação jurídica sem abolir o crime (retroage).
Art. 2°, Parágrafo único – “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado”
EX: Lei 9.268/96 proibiu a conversão de pena de multa em prisão. A partir dela o
inadimplemento acarreta tão somente ação de execução sob pena de penhora de bens.
Novatio legis in pejus: Agrava uma situação jurídica anterior. Art.5.º XL CF.
Ex.: Aumenta a pena de um crime; torna a pena mais “pesada” (detenção passa para
reclusão) (não retroage);
Lei excepcional ou temporária: leis que possuem vigência por um período predeterminado. (Art.
3° CP).
CULPABILIDADE: Juízo de reprovabilidade que recai sobre o autor culpado por um fato típico e
antijurídico;
Imputabilidade + potencial consciência da ilicitude + exigibilidade de conduta diversa;
Imputabilidade – art. 26 CP: Capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato e de
determinar-se conforme este entendimento;
Exclusão da imputabilidade (momento da conduta):
Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26 CP);
Embriaguez completa e involuntária, decorrente de caso fortuito ou força maior (art 28,
§1° CP);
Dependência ou intoxicação involuntária decorrente do consumo de drogas ilícitas (Lei 11.
343/06, art 45, caput);
Menoridade (art. 27, CP);
Potencial consciência da ilicitude: Para merecer uma pena o agente tem que agir com consciência
de que sua conduta é ilícita. O réu deve demonstrar ter agido desprovido de conhecimento
(cultural) acerca do caráter ilícito do fato; Falta de conhecimento da ilicitude isoladamente =
apenas diminui a culpabilidade e merece uma pena menor;
Erro de proibição – art. 21 CP:
Erro de proibição inevitável = exclui a culpabilidade;
Erro de proibição evitável = diminui a culpabilidade de 1/6 a 1/3;
Relação de causalidade:
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES OU CONDITIO SINE QUA NON: Art. 13 CP: “o
resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe deu causa”.
Causa = ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Haverá relação de causalidade entre todo e qualquer fator que anteceder o resultado e nele tiver
alguma interferência;
NEXO DE CAUSALIDADE: Integra o fato típico, pois existe a necessidade de se verificar se o
resultado é ou não imputável ao agente, ou seja, se foi este que deu causa ao resultado criminoso.
Causas absolutamente independentes:
Não podem ser atribuídas ao agente;
Produzem por si sós o resultado;
Não tem qualquer relação com a conduta praticada pelo agente.
O nexo causal é totalmente afastado, uma vez que o resultado ocorreria de qualquer
maneira;
O agente não responderá pelo resultado, mas somente pelos atos já praticados;
Preexistente: A atira em B, que morre em razão de veneno que havia tomado, e não em razão
do tiro.
Concomitante: A atira em B no exato momento em que este sofre um ataque cardíaco,
ocorrendo a morte por força exclusiva deste.
Supervenientes: A envenena B, que vem a falecer em razão de desabamento, no momento em
que ingeria o veneno.
Causas relativamente independentes:
- Agregadas à conduta conduz à produção do resultado;
- Podem excluir a imputação, quando por si sós determinarem o resultado;
- Não exclui o nexo causal.
Ex: A fere B, hemofílico, que vem a falecer em razão dos ferimentos e também em razão dessa
condição fisiológica.
CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE À CONDUTA: tem nexo de causalidade
entre esta e a conduta, mas o legislador afasta a imputação (art. 13 §1°), impedindo que o agente
responda pelo que diretamente produziu.
Ex: Após um atropelamento a vítima é socorrida com algumas lesões, no caminho a ambulância
capota provocando a morte da vítima.
Tipicidade:
Relação de subsunção entre o fato e a norma penal; Ligação entre fato e norma.
Relação de enquadramento – ação / omissão aos elementos previstos na norma;
Tipicidade conglobante:
Legal (adequação à formulação legal do tipo): É a individualização que a lei faz da conduta,
mediante o conjunto dos elementos descritivos e valorativos (normativos) de que se vale o
tipo legal.
Conglobante (antinormatividade): É a comprovação de que a conduta legalmente típica
está também proibida pela norma, o que se obtém desentranhando o alcance da norma
proibitiva conglobante com as restantes normas da ordem normativa.
Tipicidade penal (adequação e antinormatividade): É o resultado da afirmação das duas
anteriores.
FATO PUNÍVEL
Conceitos de crime:
Formal: exclusiva violação da lei penal; (É a concepção acerca do delito,
constituindo a conduta proibida por lei, sob ameaça de aplicação da pena, numa
visão legislativa do fenômeno.)
Material: desvalor da vida social; (Quando a sociedade entende necessário
criminalizar um crime.)
Analítico: fato típico, ilícito e culpável. Definido a partir de seus requisitos; (É o
conceito formal fragmentado em elementos que proporcionam o melhor
entendimento da sua abrangência.)
“Delito é uma conduta humana individualizada mediante dispositivo legal (tipo) que revela sua
proibição (típica), que por não estar permitida por nenhum preceito jurídico (causa de justificação)
é contrária à ordem jurídica (antijurídica) e que, por ser exigível do autor que agisse de maneira
diversa diante das circunstâncias, é reprovável (culpável).”
Fato típico:
Ação – Conduta conduzida pela vontade do agente e sempre dirigida à obtenção de um
fim.
Tipicidade – conduta ajustada perfeitamente ao tipo penal, ao modelo legal de crime.
Enquadramento perfeito da ação à descrição presente na norma penal. Encaixe da conduta
(ação/omissão) aos elementos previstos pela norma penal;
Ilicitude/Antijuridicidade:
É tudo aquilo que se mostra contrário ao direito por não existir qualquer permissão ou
autorização legal para a realização conduta (exceção: legítima defesa, estado de
necessidade, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito (art.
23 CP).
Culpabilidade:
É o juízo de reprovação que recai sobre a conduta ilícita do agente imputável, que tem ou
pode ter consciência da ilicitude, sendo-lhe exigível comportamento conforme ao direito.
2. Resultado Natural:
a) Crimes materiais – são os crimes constituídos de ação e resultado. O tipo penal exige a
ocorrência de um resultado para a sua consumação.
Ex. 121, 155, 157... CP
b) Crimes formais – O tipo penal se consuma independentemente da ocorrência do resultado.
Também conhecidos como crimes de consumação antecipada. Tem previsão de tentativa.
Ex. ameaça (art.147), injúria (art.140), difamação (art.139) etc.
c) Crimes de mera conduta – são crimes sem resultado algum. A conduta do agente por si só
configura o crime independente da modificação do mundo exterior. Não há a descrição de
qualquer resultado naturalístico.
Ex. violação de domicílio (art.150), desobediência (art.330), regresso de estrangeiro expulso
(art.338)
d) Crimes preterdolosos – O crime preterdoloso ou preterintencional é aquele no qual coexistem
os dois elementos subjetivos: dolo na conduta antecedente e culpa na conduta consequente.
Existe um crime inicial doloso e um resultado final culposo. Ex: O agente comete o crime de lesão
corporal e a vítima acaba falecendo em consequência da agressão sofrida. O resultado morte
(culposo) não era esperado pelo autor do crime, mas a conduta de lesão corporal (dolosa) causou
este resultado inesperado.
Quanto a ação:
Crime comissivo – necessitam, para a sua realização, de uma ação positiva (um fazer).
(violação de uma norma proibitiva). Ex: Estupro.
Crime comissivo por omissão ou omissivo impróprio – é o crime em que a omissão se
caracteriza pela não observância de um dever jurídico de evitar o resultado. A omissão é
forma ou meio de se alcançar o resultado (no crime doloso). Tem o dever de agir e de
evitar o resultado como garantidor e nada faz. Admite modalidade culposa e tentativa. Ex:
da mãe que deixa de amamentar ou cuidar do filho causando-lhe a morte; médico ou
enfermeira que não ministra o medicamento necessário ao paciente, que vem a morrer;
mecânico que não lubrifica a máquina que está a seus cuidados etc. (Art. 13, §2° CP)
Art 13, § 2º cp: ‘’ A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado.’’
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime omissivo próprio ou puro – decorrem de uma omissão do sujeito. Nesses casos o
sujeito não faz quando é obrigado, por lei, a realizar uma determinada ação. Não se faz
necessário qualquer resultado naturalístico. Basta que o autor se omita quando deveria
agir. Não se admite modalidade culposa nem tentativa. Ex: art 135 CP; Art. 269 CP;
Quanto ao tempo da ação:
Crime instantâneo – A consumação se dá como única conduta (imediata) e não produzem
um resultado prolongado no tempo. (O resultado é sempre instantâneo.)
Ex. Furto; homicídio, lesão corporal...
Crime permanente – O crime caminha no tempo. Enquanto perdurar a conduta do sujeito
ativo do crime, esse crime estará sendo consumado.
Súmula 711: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.”
Ex. porte de arma; sequestro;
Crime habitual – A conduta incriminada é praticada de forma habitual, reiterada e
repetitiva. (Traduzindo um estilo de vida indesejado pela lei penal). Os atos praticados
isoladamente não possuem qualquer relevância penal;
Requisitos para seu acontecimento:
a) Reiteração de vários fatos;
b) Identidade ou homogeneidade de tais fatos;
c) Nexo de habitualidade entre os fatos;
Ex: art. 282 (exercício ilegal de medicina); art.284 (curandeirismo);
Quanto a estrutura do crime:
Crime complexo – Possuem mais de um bem jurídico protegido na mesma norma penal.
Exigem a ofensa a ambos os interesses para a consumação do crime.
a) Complexos em sentido estrito: é a autêntica forma de delito complexo, pois um
tipo penal é formado pela junção de dois ou mais tipos. Ex: O roubo, que envolve o
furto, a ameaça e/ou a ofensa à integridade física.
b) Complexos em sentido amplo: que é a forma anômala de delito complexo, pois o
tipo penal engloba um outro tipo associado a uma conduta lícita qualquer. Ex: O
estupro, formado de um constrangimento ilegal (art. 146, CP) associado a relação
sexual (por si só, conduta ilícita).
Ex. Roubo – patrimônio e integridade física/ameaça/grave ameaça; latrocínio – patrimônio e
vida...
Crime simples – São crimes que possuem apenas um bem jurídico protegido.
Crime de concurso necessário – são aqueles crimes que para a sua realização exige-se a
participação de duas ou mais pessoas.
Ex. associação criminosa (art 288 CP); rixa (art 137 CP)
Inter Criminis
Obs: Antes de se iniciar a primeira etapa do crime (preparação), existe a etapa cognitiva: o que o
indivíduo está pensando. Não é punível.
Crime tentado:
- Art. 14, II: Diz-se o crime: tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços
Tentativa perfeita (crime falho): apesar de ter executado a fase executória, não foi
consumado o crime por motivos alheios a vontade do agente. Ex: Quando uma pessoa atira
em outra e a pessoa baleada é levada ao hospital e não morre. O agente executou a fase
executório (ele atirou contra outra pessoa) mas não consumou o crime por motivos alheios
(o indivíduo sobreviveu).
Tentativa imperfeita: o agente não consegue prosseguir na execução do crime por motivos
alheios a sua vontade. Ex: O agente saca uma pistola para atirar em outro e a pistola não
atira. O fato de a pistola não ter atirado impediu a que ocorresse a fase executória.
Tentativa branca: é a tentativa na qual não resulta lesão. Ex: Eu atiro 3 vezes em alguém,
mas erro todos os tiros. O crime não foi consumado por circunstância alheia à vontade do
agente (no caso eu mesmo que sou ruim de tiro).
Crimes que não admitem a tentativa:
a) Culposos; pois não tem intenção de praticar o crime.
b) Preterdolosos; Crime inicialmente doloso (ex: lesão) resultando em um culposo (ex:
homicídio).
c) Contravenções penais;
d) Crimes unissubsistentes (injúria);
e) Omissivos puros (omissão de socorro);
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
- Art. 15 CP: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Arrependimento posterior
– Art. 16 CP: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços.
- Critérios:
a) Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa.
b) Reparação integral do dano ou restituição da coisa intacta.
c) Restituição ou reparação antes do recebimento da denúncia ou da queixa.
art. 65, III, b CP: procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
dano;
d) Quando praticado por um dos agentes irá beneficiar coautores e partícipes (Ex: quando
três pessoas furtam uma bicicleta e uma delas se arrepende e devolve a bicicleta antes da
abertura do processo, haverá a diminuição da pena para os três que furtaram.)
ART. 30 CP: ‘’não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.’’
Crime impossível
– Art. 17 CP: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto material, é impossível consumar-se o crime.
Ex: atirar para matar uma pessoa que já está morta; ingerir medicamento abortivo para
interromper gravidez inexistente;
Séc. XIX – Influência do positivismo, foi a teoria que iniciou a sistematização dos conceitos.
Característica: busca por uma sistematização de conceitos, um direito positivado, dando
segurança na análise de um delito. Transformar o direito penal em uma ciência mais exata.
O sistema clássico colocou a análise do dolo e da culpa no âmbito da culpabilidade, por
esse motivo a tentativa de um crime não era punida, já que não gerou modificação do
mundo exterior (resultado) e nexo de causalidade.
Principais teorias: Teoria causal e teoria psicológica da culpabilidade.
Na teoria causalista notamos uma influência das ciências naturais no direito penal – leis da
causalidade. Trata de comportamentos humanos que modificam o mundo exterior, sem
análise da intenção, da finalidade. Basta a observação de uma ação humana que modifique
o mundo exterior.
a. Fato típico: ação humana voluntária causadora de modificação no mundo exterior.
b. O tipo penal: composto de elementos descritivos (matar alguém).
c. Dolo ou culpa: na culpabilidade.
A teoria psicológica da culpabilidade também defende a separação da fase interna da
ação da fase externa da mesma. Por meio do juízo de valor, segundo o qual uma ação é
antijurídica, caracteriza-se somente a fase externa (comportamento corporal) como
contraditória ao ordenamento jurídico.
Críticas:
A sociedade apresentava condutas criminosas que o sistema não punia. Ex: tentativa
branca.
Não abrange crimes omissivos.
O dolo era verificado no âmbito da culpabilidade e não da conduta.
A avaliação da conduta era feita somente de maneira objetiva, sem analisar a intenção do
réu, por esse motivo a tentativa não era punida.
Culpabilidade deve ser analisada de forma objetiva.
O dolo e a culpa deveriam ser analisados nas conduta do agente.
Injustiça nos casos de coação irresistível e obediência hierárquica.
Ex: para essa teoria, um gerente de banco que tem uma arma apontada para sua cabeça,
que entrega o dinheiro para o ladrão, deve ser punido, pois ele fez uma ação humana
causadora de modificação do mundo exterior.
2. Sistema Neoclássico – Edmund Mezger e Frank:
Séc. XX
Uma pena só se justifica quando o agente podendo agir de outro modo, decidiu cometer o
crime. Essa teoria acrescentou a Exigibilidade da conduta diversa nos elementos da
culpabilidade.
Dolo e culpa continuaram sendo analisados no âmbito da culpabilidade.
Culpabilidade = Imputabilidade + Dolo ou culpa + Exigibilidade da conduta diversa.
Principais teorias: Teoria causal + Teoria normativa da culpabilidade (Reprovabilidade do
ato.)
Característica: aprimoramento do sistema anterior com considerações axiológicas
(valorativos) e materiais (acrescida ao método jurídico formal). Inova na culpabilidade
(agente pode agir de outro modo e decide cometer o crime - Frank).
Séc. XX.
Principais teorias: Teoria finalista (A finalidade está presente em toda a conduta humana. A
ação humana é exercício de uma atividade consciente e voluntária movida a uma
finalidade, não de uma mera atividade causal.) e a Teoria normativa pura da culpabilidade
(culpabilidade com elementos meramente normativos; Retirada do dolo).
Valorização do caráter ético-social (direitos humanos) no direito penal e a eliminação do
caráter nazista (de que a pena seria uma forma de purificar biologicamente o povo).
Toda conduta criminosa possui uma finalidade → intenção/vontade. Por esse motivo é
importante analisar o dolo na conduta do agente, para saber se houve a intenção.
O fato típico deixa de ser puramente objetivo e a culpabilidade torna-se normativa
(exclusivamente).
Característica: aproximação à fenomenologia (mundo do ser), impossibilitando a
separação entre objeto-sujeito, a conduta é comportamento humano voluntário,
psiquicamente dirigido a um fim. “A finalidade é a espinha dorsal da conduta humana”
Crítica: Só transferiu o dolo e a culpa da culpabilidade para a ação.
4. Funcionalismo – Claus Roxin e Günter Jakobs:
- Claus Roxin:
Obs: Uma pessoa que cometeu crime em outro país, pode ser julgada pelo país de origem, se:
1. Se for crime também no país que ocorreu o crime.
2. Se o país onde ocorreu o crime não processar e julgar o indivíduo.
● Princípio da ubiquidade – Art. 6° (teoria da atividade + teoria do resultado):
Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
- Define o local do crime (tanto no lugar da ação ou omissão quanto o do resultado são
considerados lugares do mesmo crime.
● Extraterritorialidade – Art. 7°:
I. Incondicionado: Nessa situação o Brasil sempre vai ser competente para processar e julgar
se tiver dentro das regras. Os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público.
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
II. Condicionado:
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
Ex: Um brasileiro deu um tiro em uma pessoa estando nos EUA e volta para o território
brasileiro.
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
Ex: O crime de homicídio é punido tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
(Saber o texto da lei).
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
Ex: Se ele foi absolvido ou cumpriu pena no estrangeiro, não poderá ser julgado no Brasil.
Mas se caso ele esteja sendo processado pelos dois territórios e pegar pena nos dois, terá
que cumprir a dívida de cada país.
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Saber o texto da lei).
Art. 7°, II:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir.
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
● Extradição: É o ato em que o estado entrega para a justiça de outro país o indivíduo acusado de
um crime, para que ele responda ao processo nesse país, ou se já tenha sido condenado para que
ele cumpra à pena a que lhe foi determinada.
- Proíbe-se a extradição de: Brasileiros natos ou processado por crime político ou de opinião.
● Expulsão: Retirada do estrangeiro que tenha praticado ato contra interesses de estados
brasileiros. Não poderá retornar ao território que foi expulso.
- É admitido a expulsão de estrangeiros que tenha sido condenado em definitivo por crime com
pena mínima de 2 anos.
● Deportação: É a devolução do estrangeiro ao exterior nos casos de entrada ou permanência
irregular. Poderá retornar quando for resolvida sua irregularidade.
Excludentes de ilicitude:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - Em estado de necessidade;
II - Em legítima defesa;
III - Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.
Legítima defesa