Você está na página 1de 31

DIREITO PENAL I

ANOTAÇÕES DE AULA
Aula 1 – Noções Gerais do Direito Penal
 A denominação da disciplina e da matéria jurídica costumava ser chamada de CRIMINAL,
entretanto, a fim de abranger melhor todos os usos e aplicações da matéria e do vocabulário,
passou a se chamar de PENAL.

 Direito Penal Objetivo: “O Direito Penal Objetivo é o conjunto das prescrições que ligam ao
crime, como fato, a pena como consequência”. Conceito de Franz von Liszt. É um conceito
restrito, não complexo.

CRIME

Aspecto Positivo Aspecto Negativo


(excludentes)

Coação absoluta (vis


Conduta absoluta) e altos reflexos
(reação)

Erro de tipo
Tipicidade

Estado de Necessidade,
Ilicitude Legítima Defesa, Estrito
cumprimento do dever
legal e Exercício regular
Culpabilidade do Direito.

*Imputabilidade

*Conhecimento *Inimputabilidade
por ilicitude
*Erro de proibição
*Exigência de
comportamento conforme *Inexigibilidade
o Direito

PÁGINA 1
 Direito Penal Subjetivo: Existe o poder-dever de punir por parte do Estado.

 Direito Penal como Ciência: É o saber e a dogmática penal.

FUNÇÕES DO DIREITO PENAL


1- Função instrumental de proteção à bens jurídicos: É a função mais ampla e mais aceita!
Tanto os bens materiais quanto os imateriais. São exemplos deles:

 Vida

 Liberdade Sexual

 Administração Pública

 Fé Pública

 Integridade Física

 Honra

 Meio Ambiente, etc.

2- Função ético-social: Conceito por Hans Welzer: “Fomentar o necessário respeito aos valores
ético-sociais fundamentais para o convívio em sociedade. Apenas por consequência, tutelar
bens jurídicos”.

3- Função de confirmação da vigência da norma: Conceito por Jakobs. O sistema penal deve
proteger o ordenamento jurídico. O crime é a negação da norma. A pena é a negação da
negação. O ponto principal desta função é a proteção do sistema jurídico. Toda vez que
ocorre um crime, deve-se aplicar uma pena para que haja a reafirmação da norma, assim
como a do ordenamento jurídico.

4- Função de controle social: O Direito Penal será controlador social “ultima ratio”, ou seja, em
último caso, como última solução.

5- Função de manutenção da paz social: Conceito por Luigi Ferrajoli. O Direito Penal serve
para evitar a vingança privada e a Lei de Talião moderna.

6- Função simbólica: Função inerente ao Estado. Advém da conduta correta do mesmo. Não é
simbólico no sentido demagógico.

7- Função promocional: Visa um Estado que promova a transformação da sociedade. A


doutrina não corrobora com esta função.

PÁGINA 2
PRINCÍPIOS LIMITADORES DO DIREITO PENAL
O Direito Penal moderno com garantias, que rompeu com o sistema medieval, nasceu com o livro “Dos
Delitos e das Penas”, de Cesare Beccaria. O sistema medieval não possuía qualquer limite em nenhum
âmbito.

Já no Direito Penal moderno, a imposição de limites que assegurem garantias individuais é uma
preocupação recorrente.

Por isso, existem Princípios Penais Limitadores do Direito Penal. São eles:

1- Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Subjaz os demais princípios. Exemplos:

Art. 5º da Constituição Federal:

 XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e


imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

 XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo


a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

 XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e


moral;

 L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam


permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

2- Princípio da Legalidade: é um princípio fundamental.

Art. 1º do Código Penal - Não há crime sem lei anterior que o


defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

3- Princípio da Proporcionalidade: possui três subprincípios:

a. Adequação ou Idoneidade

b. Necessidade

c. Proporcionalidade em sentido estrito: prognóstico de justa medida.

4- Princípio da Ofensividade: Um fato, para ser considerado um crime, deve afetar ou


vulnerar algum bem (material ou imaterial). Existem, entretanto, quatro níveis de
ofensividade:

a. Dano/violação. Ex: homicídio. Atinge a vida.

b. Crimes de perigo concreto Ex: possível ocorrência de um dano.

PÁGINA 3
c. Crimes de cuidado de perigo abstrato ou presumido. Ex: moeda falsificada.
Atinge a fé pública.

Funções do Princípio da Ofensividade, por Nilo Batista:

 Proibir a incriminação de uma atitude interna. Ex: apenas planejar um crime


ou imaginar um crime, mas não o executar na prática.

 Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio


agente. Ex: autolesão ou automutilação. (apenas é considerado crime com o
intuito de fraudar seguro).

 Proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais. Ex:


contravenção por vadiagem.

 Proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem.


Ex: prostituição.

5- Princípio da intervenção mínima ou Direito Penal mínimo: É preenchido por duas coisas:

a. Fragmentariedade do Direito Penal: O Direito Penal não deve interferir em


tudo, mas, apenas em um fragmento dentro do ordenamento jurídico.

b. Subsidiariedade: Só deve ser utilizado e aplicado quando outros meios de


controle menos contundentes forem ineficazes. Ultima ratio.

6- Princípio da Adequação Social: Conceito por Hans Welzel. Aquilo que é considerado
normal na vida em sociedade, não poderá ser considerado um crime. Afastamento da
tipicidade. Ex: Lesões em jogo de futebol. Atipicidade material.

7- Princípio da Insignificância: O Direito Penal não deve se ocupar com bagatelas. Ex: um
roubo de galo foi parar no STF. Claus Roxin. Atipicidade material. O problema deste
princípio é que não há um critério fixo que caracterize o que é bagatela e o que não é.

8- Princípio da Igualdade ou Isonomia: Pessoas em situação jurídica igual, devem ser


tratadas da mesma maneira. Ao passo que pessoas em situações jurídicas diferentes
devem ser tratadas de maneiras diferentes. Ex: O adultério no antigo Código Penal
Italiano, apenas a mulher era culpada.

9- Princípio do Direito Penal de Fato: O Direito Penal deve punir o autor do crime pelo que
ele fez, e não pelo que ele é. Pune-se pelo FATO.

PÁGINA 4
10- Princípio da Culpabilidade: Possui vários significados:

a. Fundamento da pena: para o agente do crime ser punido, ele deve ter agido com
culpabilidade, ou seja, se a atitude for reprovada.

b. Limite da pena

c. Elidir a responsabilidade objetiva: nexo de causalidade; conduta culposa ou


dolosa.

11- Princípio da Intranscendência da pena:

Art. 5º da Constituição Federal:

 XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a


obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
limite do valor do patrimônio transferido;

12- Princípio da individualização da pena: Aplicação de pena de modo individualizado em


crimes cometidos em concurso de pessoas. Ex: Caso Richthofen.

Art. 5º da Constituição Federal:

 XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as


seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

13- Princípio do nes bis in idem: Ninguém pode responder mais de uma vez pela mesma
coisa.

Súmula 241 do STJ:

 A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância

agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.

PÁGINA 5
14- Princípio do Devido Processo Legal:

Art. 5º da Constituição Federal:

 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido


processo legal;

15- Princípio da Presunção de inocência ou não culpabilidade:

a. O acusado não pode sofrer restrições pessoais na execução fundadas


exclusivamente na possibilidade de condenação.

b. O ônus da prova do fato e da autoria competem à acusação. “in dubio pro reo”.

AULA 3 – DOGMÁTICA, CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL:


Inicialmente, a dogmática era ciência por excelência e as outras duas eram auxiliares. A criminologia
era causal-explicativa e procurava estudar o crime e o criminoso, sem nenhuma repercussão prática
(só depois da positivação da lei). A política criminal é muito mais efetiva na lei penal atualmente do que
naquela época.

1- Dogmática Penal: A dogmática penal é a ciência do direito penal, o saber penal também
chamado de Direito Penal.

2- Criminologia: A expressão “Criminologia” foi cunhada por Topinard (1879). É uma ciência
empírica que se ocupa do estudo do crime, do criminoso, da vítima, do controle social do
comportamento primitivo, em que trata de subministrar uma informação válida sobre a gênese
e as variáveis principais do crie, assim como os programas de prevenção e controle social.

Em sua origem, o objeto era: o delito, o delinquente e suas causas.

Atualmente, os objetos permanecem os mesmos, entretanto, com duas adições: a vítima e o


controle social.

3- Política Criminal: É a parte da política que constitui a sistematização das estratégias, táticas,
e meios de controle social da criminalidade, penais e não penais.

OBJETOS E MÉTODOS DO DIREITO PENAL:


METÓDOS DO DIREITO PENAL:

 Critérios clássicos de interpretação da norma penal:

Interpretação literal: não possui uma incidência muito grande.


Nenhuma palavra ou norma e unívoca. Portanto, é um critério
pobre, de aplicação restrita.

PÁGINA 6
Interpretação lógica: visa evitar antinomias.

Art. 235 – Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena


– reclusão, de dois a seis anos.

Trata apenas da bigamia como crime, mas se for poligamia não o


é? Sim, e podemos tirar esta conclusão por meio de uma
interpretação lógica, não literal.

Interpretação sistemática: busca evitar situações díspares, visando


a estabilidade e coerência nas decisões. Faz-se com referência ao
conjunto integrado pela norma e também por outras leis em face da
Constituição.

Art. 339 - Dar causa à instauração de investigação policial, de


processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra
alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: Pena:
Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido


como crime: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (anos), e
multa

Se alguém denuncia outrem de maneira caluniosa, também


responderá pelo crime de calúnia? Não, pois o crime de calúnia já
está “dentro”, inserido no crime de denunciação caluniosa. Ou seja,
há uma ideia de sistema neste tipo de interpretação.

Interpretação teleológica: identifica a atividade da lei, procedendo à


interpretação com base em tal identificação, que é a tutela dos
bens jurídicos.

 Sujeitos da interpretação:

Interpretação autêntica: feita pelo próprio legislador.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,


quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
cargo, emprego ou função pública.

Crime de peculato. É um crime de administração pública cometido


pelos próprios servidores públicos. Neste caso, quem interpreta o
conceito de funcionário público dessa lei é o próprio legislador na
hora de criar a lei. Por exemplo, jurado de tribunal do júri é servidor
público? Para algumas áreas do Direito é 9Penal, por exemplo),
para outras não. Por isso, em casos como este, deve haver a
interpretação do legislador já na hora de criar a lei para que não
haja confusão.

PÁGINA 7
Interpretação judicial: aquela feita pelos juristas nos tribunais, que,
depois, formarão a jurisprudência.

Interpretação doutrinária: realizada por especialistas da ciência


penal.

 Resultados da interpretação:

Declarativos: o estado declarativo não amplia nem restringe a


literalidade da lei.

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um


terço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo


estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a


divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.

IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de


deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741,
de 2003)

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou


promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

Exclusão do crime

Mais de duas pessoas. Se forem apenas duas pessoas,


haverá menção expressa. Ou seja, não está querendo
ampliar a lei, apenas esclarecer.

Restritivo: indica a redução do significado em relação à literalidade


da lei.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal

I - a emoção ou a paixão;

Extensivos: há uma extensão na literalidade da lei.

Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para


outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.

Está excluído nessa hipótese, então, o cárcere privado? Não, pois,


o artigo sobre cárcere privado também inclui o sequestro.

PÁGINA 8
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou
cárcere privado.

 Analogia e Interpretação (ou argumentação) analógica:

Dá-se quando se aplica a um caso omisso, uma lei disciplinadora de caso semelhante.

Ex: Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,


quando incapaz, de seu representante legal.

O artigo em tela não prevê em caso de estupro de vulnerável, entretanto, aplica-se a este tipo
de crime a mesma lei por interpretação analógica.

Entretanto, a analogia poderá ser de dois tipos:

1- In bonam partem: em favor do réu. É permitida pelo Direito Penal Brasileiro.

2- In malam partem: em desfavor ao réu. Não é permitido no Direito Penal Brasileiro.

Obs: Não se pode imputar uma pena ao réu apenas por analogia!

Já, a interpretação analógica ocorre quando a própria lei prevê a sua aplicação em caso
similar. Não importa se em favor ou desfavor do réu.

Ex: Art. 121. Matar alguém:

§ 2º Se o homicídio é cometido:

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou


torne impossível a defesa do ofendido;

OBJETOS DO DIREITO PENAL:

1- A lei positiva (Enrique Gimbernat Ordeig). É uma concepção antiga e restritiva.

2- São as normas (princípios e regras). O Direito Penal não se restringe apenas a uma
lei escrita. É um conceito mais moderno, que possui uma visão mais ampla.

PÁGINA 9
RELAÇÕES DO DIREITO PENAL COM OUTROS RAMOS DO DIREITO:
1- Direito Penal e Direito Constitucional: Todo ordenamento jurídico deve se conformar à
constituição, inclusive o Penal. Antes de os princípios penais serem penais, também devem
ser constitucionais.

2- Direito Penal e Direito Administrativo: Há várias sanções para crimes previstos na esfera
da Administração Pública. Existem crimes de trânsito, por exemplo, que acabam sendo
configurados como homicídio. Ou seja, relacionados tanto ao Direito Penal, quanto ao Direito
Administrativo (Detran).

3- Direito Penal e Direito Processual Penal: O Direito Penal trata da questão da privação de
liberdade das pessoas, então deve ocorrer de acordo com o devido processo penal. Não
existe Direito Penal sem processo penal, é necessária a intervenção instrumental para que
aquele se materialize.

4- Direito Penal e Direito Internacional público: Se um diplomata brasileiro, morando e


exercendo seu cargo em outro país, comete um crime, ele não será julgado no Brasil, mas sim
no país em que cometeu o crime. Pelo menos esta é a concepção brasileira. Em outras
palavras, segundo o ordenamento brasileiro, um diplomata apenas será julgado no país em
que exerce suas funções.

5- Direito Penal e Direito Privado: O próprio conceito de patrimônio advém do Direito Civil
(privado). Ex: crimes contra o patrimônio.

Em essência, o ilícito penal não se distingue do ilícito civil. Nos casos de sonegação fiscal,
para que haja processo penal, deve, antes de tudo, haver condenação administrativa. Típico
de crimes com caráter tributário.

AULA 4 – TEORIA DA LEI PENAL


FONTES:

As fontes do Direito são todas as formas pelas quais são criadas, modificadas ou extintas as normas
de determinado ordenamento jurídico. No Direito Brasileiro, de filiação romanística, vigora o primado da
lei escrita. Derivada da vontade popular (Congresso Nacional) e imposta pela autoridade estatal, tem a
lei primazia sobre qualquer outra modalidade de criação do Direito, ressalvada a Constituição Federal.
Para o núcleo penal incriminador, isto é, quando se trata de criar figuras delitivas, cominar sanções
penais ou agravar de qualquer modo a situação do réu, exige-se sempre lei formal, emanado do poder
competente e elaborada conforme processo legislativo previsto na Constituição. Todavia, isso não quer
dizer que não existam outras categorias de produção normativa penal (costume, jurisprudência,
doutrina).

1. Material ou substancial: O Estado.

2. Formal Imediata: A Lei. É a fonte por excelência.

3. Formal Mediata: Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e os princípios gerais do Direito.

Os costumes servem como elemento remoto, e depois se transformam em lei, mas podem
também ser utilizados na hora de interpretar a lei, em benefício do réu. Em sede histórica, o

PÁGINA 10
costume, ainda que antecedente à lei escrita no tempo, divide com ela a função de produção
jurídico-normativa. Como modalidade imediata, o costume pode ser entendido como uma
regra de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo, que a observa
por modo constante e uniforme e sob a convicção de corresponder a uma necessidade
jurídica. Sem a existência de um legítimo convencimento a respeito da necessidade de sua
prática, o costume seria reduzido a mero uso social, desprovido de exigibilidade. Como
características do costume, podem-se apontar sua uniformidade, pois pressupõe sensível e
múltipla repetição da mesma prática; sua constância, pois não pode ser interrompido, sob
pena de descaracterizar-se como norma jurídica; sua publicidade, porque obriga a todos e por
todos deve ser conhecido, e sua generalidade, no sentido de alcançar todos os atos e todas
as pessoas e relações que realizam os pressupostos de sua incidência. Em matéria penal, o
costume só pode dar lugar à criação de norma penal não incriminadora, favorável ao
réu, e jamais ser tido como fator de produção de norma penal incriminadora ou desfavorável
ao acusado. Em razão da natureza de nosso sistema jurídico, o costume tem caráter
subsidiário ou complementar em relação à lei. Contrariamente, no sistema de Common
Law, que é consuetudinário, o costume e os precedentes judiciários ocupam posição de
superioridade na criação do Direito.

A Jurisprudência vem a ser a revelação mediata do Direito que se processa através do


exercício da jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais. Ao
contrário da norma legal, de caráter genérico e abstrato, a norma jurisprudencial é individual,
adaptada aos ditames do caso concreto. Em linhas gerais, pode-se afirmar que juízes e
tribunais recriam o Direito a cada momento, interpretando e aplicando o Direito na solução
justa dos conflitos sociais. A partir das normas gerais, nasce a norma individual. O juiz, como
operador do Direito, atua, na aplicação das normas jurídicas, adstrito aos parâmetros
estabelecidos pelo ordenamento jurídico como um todo, e especialmente pela Constituição.
Diferentemente da lei, a sentença circunscreve-se ao âmbito de ação ou de competência do
juiz ou tribunal, não obrigando os demais órgãos jurisdicionais. Não está, pois, o julgador
necessariamente vinculado, na decisão do caso concreto, à jurisprudência, por mais uniforme
que esta seja. É verdade que, em geral, a jurisprudência preponderante dos tribunais
superiores acaba se impondo, mas em geral não de forma obrigatória ou absoluta. No âmbito
penal, contribui a jurisprudência para o conhecimento do Direito vigente no país, para o
aperfeiçoamento e a justa concreção da lei criminal, provocando uma modificação mais rápida
do Direito se comparada ao costume e à doutrina, por exemplo.

A Doutrina, como instrumento mediato, é resultado da atividade jurídico-científica, isto é, dos


estudos levados a cabo pelos juristas com o escopo de analisar e sistematizar as normas
jurídicas, elaborando conceitos, interpretando leis, emitindo juízos de valor a respeito dos
conteúdos das disposições legais e apontando sugestões de reforma do Direito vigente. A
autoridade das concepções doutrinárias dominantes aparece principalmente como base de
orientação para a interpretação e aplicação do Direito. Desse modo, acaba ela tendo um papel
que vai muito além da mera cognição jurídica, visto que, pela atividade jurisprudencial, dá
fundamento às normas individuais, e pode contribuir, ainda para a alteração do Direito vigente
através do labor crítico. Neste último sentido, a doutrina aparece como verdadeiro guia do
legislador, mostrando-lhes as metas de um Direito mais razoável e justo, antecipando qual há
de ser o Direito do futuro.

PÁGINA 11
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:

O Princípio da Legalidade, de fato, iniciou-se com a obra fundamental de Beccaria, publicada em 1764:
Dos Delitos e das Penas. A doutrina adotou, inclusive, essa obra como marco do início do Direito Penal
Moderno, onde há a defesa e a afirmação do princípio da legalidade.

O primeiro código moderno (nos moldes atuais, com Parte Geral) a consagrar o princípio da legalidade
foi o Código Penal Austríaco, de 1787.

O princípio da legalidade se manifesta na Constituição Federal, art. 5º, XXXIX e no CP, art. 1º.

Art. 1º CP: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

Art. 5º CF, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Nos países com tradição de common law, não há previsão de lei escrita, porque não há a tradição de
desconfiança para com o poder existente nos países de influência iluminista.

DESDOBRAMENTOS OU COROLÁRIOS:

a) Lex previa ou irretroatividade da lei penal: Para que possa um fato receber as normas do
Direito Penal, a lei deve ser anterior a esse fato (deve ser editada e estar em vigência). Em
outras palavras, a norma penal incriminadora (que tipifica crimes) não vale antes da edição da
lei. A lei sempre deve ser prévia. Exceções à regra da não retroatividade:

o Abolitio criminis: Extinção da configuração de determinado ato como crime,


extingue-se a punibilidade.

o Lex mitior: Deve-se sempre aplicar a lei mais favorável ao réu. Entre duas
penas aplica-se a mais branda.

b) Lex stricta ou prescrição da analogia “in malam partem”: CP, art. 269

c) Lex sctripta ou não admissão do costume em desfavor do destinatário da lei penal


(réu): O costume não pode criar crimes nem agravar penas. No entanto, pode ser utilizado
como verdadeira fonte mediata de direito, afastando o caráter criminoso do fato em certos
casos. Também possui função integrativa na elucidação de elementos de alguns tipos penais.
Exemplo: CP, art. 132. É afastado nos jogos em que a pessoa se coloca em perigo porque
quer, como nos jogos de atirar faca.

d) Lex certa ou taxatividade da lei penal: A lei penal deve ser clara. Exceções: Lei 8.078/90,
art. 68... Lei 7.492/86....

AULA 5 – LEI PENAL NO TEMPO


A regra geral do direito penal no tempo é a irretroatividade da lei penal “tempus regit actum”. Deve-se
aplicar a lei penal vigente na época do crime. Entretanto, existem exceções, em que a lei penal
retroage:

PÁGINA 12
1- Abolitio criminis: é uma forma de tornar atípica penalmente uma conduta até então proibida
pela lei penal, gera como consequência a cassação imediata da execução e dos efeitos
penais da sentença condenatória.

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

Lei excepcional ou temporária

2- Lex mitior: caso uma lei mais benéfica ao acusado de um crime entre em vigência após a
realização da conduta, essa lei posterior deverá ser aplicada, excetuando-se a regra geral.

CONJUGAÇÃO OU COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS


Ex: A antiga lei das drogas (Lei 6.368/76 – Art. 12) previa a pena de reclusão de 3 a 15 anos mais
multa. Já, a nova lei de drogas (Lei 11.343/06 – Art. 33) prevê a pena de reclusão de 5 a 15 anos mais
multa. Ou seja, aumentou a pena. Entretanto, o §4º da lei prevê a redução de 1/6 a 2/3 da pena, desde
que o acusado tenha bons antecedentes e não integre facções ou organizações criminosas.

Pode-se combinar as duas leis (lei antiga, de menor pena) e a lei nova (com sua possibilidade de
redução por bons antecedentes)? Se o fato ocorreu no período de vigência da lei antiga, e o
julgamento será no período de vigência de nova lei. A súmula 501 do STJ prevê que NÃO se pode
combinar as duas leis, pois seria a criação de uma terceira lei. Apenas, a retroatividade da mais
benéfica para o réu. Deve-se usar a lei em sua totalidade, e não mesclada com outras.

LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS (ART. 3º CP)


Leis editadas por um período específico estabelecido e/ou em situações excepcionais, após o término
de sua duração, ainda poderão ser aplicados à crimes e casos que ocorreram durante o seu período de
vigência.

Leis penais em branco: espécies de leis temporária, que precisam ser complementadas por outras
leis/normas. Ex: Lei nº 1.521/51 | Lei de Economia Popular.

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou


cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.

Tempo do crime

PÁGINA 13
TEMPO DO CRIME (ART. 4º CP)
1- Teoria da Atividade/ação: o tempo ou momento do crime é o da ação ou omissão ocorrida. É
a aplicada no Direito Penal brasileiro.

2- Teoria do Resultado: o tempo do crime é o momento que o fato se consumou ou deveria ter
se consumado. Resultado do crime.

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado.

 Casos especiais:

1- Crime permanente: o crime não se prolonga no tempo.

2- Crime continuado: o crime é contínuo, se prolonga no tempo. Em qualquer momento poderá


haver a prisão em flagrante.

Em ambos, se advém lei nova mais grave aplica-se a mais nova e grave. Súmula 711 do STJ.

Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

A medida de segurança também exige o princípio da anterioridade, assim como o crime.

A LEI PENAL NO ESPAÇO


Qual o âmbito de incidência da lei penal brasileira?

1- Territorialidade: Princípio regra geral da lei penal no espaço. Aplica-se a lei me todo o
território nacional, não importando a nacionalidade do agente ou da vítima. Existem exceções
do Direito Internacional (tratados e acordos que devem ser mutuamente respeitados).

O território nacional, segundo Edmundo Oliveira, é o espaço de terra, água e ar


compreendido dentro dos limites fixados e reconhecidos internacionalmente. É, portanto, o
espaço geográfico dentro do qual um Estado exerce a sua soberania. Também existe o
território nacional por extensão. Como, por exemplo, embarcações e aeronaves públicas,
que, estejam onde for, serão consideradas território brasileiro. Ou também, embarcações e
aeronaves privados a serviço do governo brasileiro. Também são tratadas como públicas,
portanto, são uma extensão do território nacional. Aeronaves e embarcações privadas
estrangeiras em porto, mar ou espaço aéreo brasileiro, também são considerados território
braisleiro, e, se houver algum crime, serão aplicadas as leis brasileiras.

Já, no que concerne ao território aéreo, o Brasil adotou a teoria da soberania sobre a
coluna atmosférica, delimitada por linhas imaginárias, perpendiculares, aos limites do
território físico, inclusive o mar territorial.

O mar territorial, corresponde às doze milhas marítimas, medidas a partir da costa


peninsular.

PÁGINA 14
Obs: área de exploração econômica exclusiva é medida em 200 milhas marítimas. Não é
Brasil, mas só ele pode explorar esta área economicamente. Quando ocorre algum crime em
navios privados nesta área, há julgamento de acordo com a legislação do país da bandeira do
navio em que o crime ocorreu.

Os rios e lagos fronteiriços tem como divisão brasileira, a metade do rio ou lago fronteiriço é
brasileira, e a metade é do outro país fronteiriço. Ex: rio Brasil-Argentina e rio Brasil-Paraguai.
Salvo se determinado por algum tratado o acordo internacional.

2- Real, da defesa ou proteção: Extensão da jurisdição brasileira para crimes cometidos fora do
território nacional. O princípio é decorrente da nacionalidade do bem jurídico ofendido.

3- Universalidade: Decorre da cooperação internacional. Pois existem crimes que os Estados


em geral têm interesse em reprimir. Justiça universal.

4- Nacionalidade ou Personalidade: Aplica-se a lei brasileira em alguns casos em que o


agente ou vítima são brasileiros.

Agente – art. 7º, II, b Personalidade ativa

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:

b) praticados por brasileiro.

Vítima – art. 7º, §3º Personalidade passiva

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra


brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Pena cumprida no estrangeiro.

5- Representação, Pavilhão ou Bandeira: Incide em casos em que há deficiência legislativa ou


desinteresse do país em que o crime ocorreu pela punição do mesmo. Então, o Brasil aplica a
sua legislação a fim de punir esse crime.

PÁGINA 15
AULA 6 – EXTRATERRITORIALIDADE
Casos em que se aplica a lei brasileira para crimes ocorridos fora do território nacional. Pode ser:

Incondicionada | art. 7, I.

Não prevê nenhuma condição para que a lei brasileira seja aplicada, ou seja, a lei brasileira sempre é
aplicada (art. 7, I).

O fundamento do inciso 1º do artigo 7 é a relevância/importância dos bens jurídicos.

- Hipóteses previstas:

a) Ficam sujeitos à lei brasileira crimes contra a vida ou a liberdade do presidente da República.
Exemplos | art. 121 (crime contra a vida) e art. 148 (crime contra a liberdade).

b) Crimes contra o patrimônio (arts. 155-180, CP) ou à fé pública (arts, 289-311).

c) Crimes contra a administração pública ou quem está a seu serviço (arts. 312-326).

d) O crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil – princípio da


personalidade ativa, por conta da relevância do crime de genocídio (lei 2.889/56).

Condicionada | art. 7, III.

Existem alguns princípios observados quando a lei brasileira é aplicada.

a) Princípio da justiça universal.

Exemplo | lei 11.343/06, art. 33.

b) Princípio da personalidade ativa.

A vítima pode ser estrangeira ou brasileira. Não se aplica em casos de contravenção.

c) Princípio da representação ou da bandeira.

d) Princípio da personalidade passiva (§3º, d).

Condições para a aplicação da lei brasileira (art. 7, §2º):

a) Entrar o agente em território nacional.

b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado.

c) Estar o crime entre aqueles que são passíveis de extradição.

Obs: Crimes políticos não são extraditáveis, de modo que não é aplicável a lei brasileira nesses casos.

d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter ali cumprido a pena.

e) Não estar extinta a punibilidade no caso mais favorável ao réu.

Quando se extingue a punibilidade, não há mais a possibilidade de o Estado punir.

PÁGINA 16
Além de todas essas condições, se um estrangeiro praticou um crime contra um brasileiro no exterior,
há, ainda, outras condições para a aplicação da lei brasileira:

1- Não foi permitida ou foi negada a extradição.

2- Houve requisição do Ministério da Justiça.

LUGAR DO CRIME
1- Teoria da Atividade ou da ação

Considera como lugar do crime o lugar da prática da conduta.

2- Teoria da Consumação ou do resultado

Considera como lugar do crime o local onde o crime se consumou.

3- Teoria da ambiguidade ou mista

Considera como lugar do crime tanto aquele em que se realiza a conduta como aquele em que se
produz o resultado.

“NON BIS IN IDEM” (art. 8º)

A pena aplicada no estrangeiro atenua a pena aplicada no Brasil pelo mesmo crime, se for diversa, ou
nela é computada, se for idêntica.

AULA 7 – EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA


1. Sentença absolvitória:

a. Extraterritorial condicionada: impede novo julgamento.

Art. 7º, §2º, “d”. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

b. Extraterritorialidade incondicionada: não impede novo julgamento.

Art. 7º, I, §1º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

§1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.

PÁGINA 17
2. Sentença acusatória:

a. Para fins de reparação de dano e feitos civis: a homologação depende do pedido da


parte.

Art. 9º, I, parágrafo único, “a”. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis

Parágrafo único - A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;

b. Para apuração de medida de segurança: a homologação depende de tratado de


extradição ou requisição do Ministro da Justiça.

Art. 9º, II, parágrafo único, “b”. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil
para:

II - sujeitá-lo a medida de segurança.

Parágrafo único - A homologação depende:

b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja


autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
Ministro da Justiça.

 Alguém condenado em outro país jamais será punido no Brasil. Em outras palavras, uma
decisão prolatada em outro país jamais terá execução de pena aqui.

 O Brasil pode homologar decisão estrangeira para fins indenizatórios, que na verdade é um
reconhecimento da decisão estrangeira para efeitos civis (não se trata de sanção penal).

 O caso da apuração de medida de segurança tem uma certa polêmica ao seu redor, pois é
aplicada quando o réu é considerado inimputável (art. 26 – doente mental). Se alguém tiver
doença mental e praticar um crime em razão disso, será isolado da sociedade. Ainda que
alguns autores entendam que a medida de segurança seja uma sanção, o nosso Código
Penal entende como tratamento.

Art. 96. As medidas de segurança são:

I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento


adequado;

II - sujeição a tratamento ambulatorial.

Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha
sido imposta.

Imposição da medida de segurança para inimputável

PÁGINA 18
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.

Prazo

§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto


não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá
ser de 1 (um) a 3 (três) anos.

Perícia médica

§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em
ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.

Desinternação ou liberação condicional

§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação


anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua
periculosidade.

§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente,


se essa providência for necessária para fins curativos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável

Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de


especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e
respectivos §§ 1º a 4º.

Direitos do internado

Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será


submetido a tratamento.

LEI PENAL EM RELAÇÃO A DETERMINADAS PESSOAS


 Imunidade diplomática

É regrada basicamente pela Convenção de Viena (Dec. 56.435/65) que trata as relações
diplomáticas, e figura como uma exceção ao princípio da territorialidade.

A imunidade diplomática é irrenunciável pelo diplomata, mas pode ser renunciada pelo país.

Excertos importantes da Convenção de Viena:

PÁGINA 19
Artigo 29
A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma de
detenção ou prisão. O Estado acreditado trata-lo-á com o devido respeito e adotará tôdas as
medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignidade.

Artigo 30
A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção
que os locais da missão.

2. Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do disposto no parágrafo 3 do


artigo 31, seus bens gozarão igualmente de inviolabilidade.

Artigo 31
1. O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado.
Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de:

a) uma ação real sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditado, salvo se o
agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditado para os fins da missão.

b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título privado e não em nome
do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário.
c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente
diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais.

2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha.

3. O agente diplomático não está sujeito a nenhuma medida de execução a não ser nos casos
previstos nas alíneas " a ", " b " e " c " do parágrafo 1 deste artigo e desde que a execução possa
realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência.

4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta da


jurisdição do Estado acreditante.

Artigo 32
1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes
diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos termos do artigo 37.

2. A renúncia será sempre expressa.

3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição nos termos
do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a imunidade de
jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal.

4. A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas não


implica renúncia a imunidade quanto as medidas de execução da sentença, para as quais
nova renúncia é necessária.

TER A CONVENÇÃO DE VIENA IMPRESSA NA PROVA!

PÁGINA 20
A embaixada é território nacional! No entanto, trata-se de um ambiente inviolável.

 Imunidade consular

Não exime o cônsul plenamente, trata-se de imunidade apenas quanto aos atos de ofício.

O status do cônsul não é igual ao do diplomata quando se trata de imunidade.

 Imunidade parlamentar

1. Imunidade material, absoluta ou inviolabilidade: estabelece que o parlamentar (apenas no


âmbito federal – deputado e senador) não pratica crime de opinião, nos seguintes termos:

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.

§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento


perante o Supremo Tribunal Federal.

§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser


presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro
de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
resolva sobre a prisão.

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação,
o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido
político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final,
sustar o andamento da ação.

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de


quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações


recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
confiaram ou deles receberam informações.

§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda


que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só


podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos
casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com
a execução da medida.

PÁGINA 21
2. Formal, relativa ou processual: artigo supra mencionado.

a. Deputados estaduais:

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da


representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis,
será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-se-lhes as


regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas.

b. Vereadores:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que
a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição
do respectivo Estado e os seguintes preceitos:

VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no


exercício do mandato e na circunscrição do Município;

c. Presidente da República:

A competência varia conforme o crime:

1. se for um crime comum, a competência é do STF (foro privilegiado), e

2. se for um crime de responsabilidade, a competência é do Senado (análise da


possibilidade de Impeachment).

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os


membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
República.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de


responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

O Presidente da República não pode ser preso preventivamente, apenas após sentença condenatória.

PÁGINA 22
É uma questão muito mais política do que jurídica, porque, ao fim e ao cabo, a liberdade do presidente
depende do apoio que ele tem na Câmara.

Licença da Câmara – 2/3. Art. 86, caput, CF. Admitida a acusação contra o Presidente da República,
por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade.

d. Governadores:

Art. 84 da CE. Governador do Estado, admitida a acusação pelo voto de dois terços dos Deputados,
será submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nas infrações penais comuns, ou
perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade.

§ 1º - O Governador ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Superior Tribunal de
Justiça;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pela Assembléia Legislativa.

§ 2º - Se, dentro de cento e oitenta dias contados do recebimento da denúncia, o julgamento não
estiver concluído, cessará o afastamento do Governador, sem prejuízo do regular prosseguimento do
processo.

Redação dos dispositivos: "§ 3º - Enquanto não sobrevier a sentença condenatória, nas infrações
penais comuns, o Governador do Estado não estará sujeito a prisão.

§ 4º - O Governador do Estado, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções."

Competência de julgamento: STJ.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União
que oficiem perante tribunais;

Licença da Assembleia? O STF declarou inconstitucional a previsão de exigência de licença e


estabeleceu que o juízo de admissibilidade é feito pelo próprio STJ fundamentalmente.

PÁGINA 23
e. Prefeitos:

Competência –

1. Tribunais de Justiça:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
respectivo Estado e os seguintes preceitos:

X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;

2. Tribunal Regional Federal:

Art. 109. c/c Art. 29 da CF, X.

AULA 8 – EXTRADIÇÃO

 Constituição e Lei de Migração (13.445/2017)

 Conceito – Art. 1º da Lei.


Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua
entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o
emigrante.

§ 1o Para os fins desta Lei, considera-se:

I - (VETADO);

II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece
temporária ou definitivamente no Brasil;

III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior;

IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua
residência habitual em município fronteiriço de país vizinho;

V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta
duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional;

VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a
sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada
pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro.

§ 2o (VETADO).

PÁGINA 24
 Não concessão:

a. Na Constituição: crime político ou de opinião (art. 5º, LI)

Art. 5º, LI da CF - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,


em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, na forma da lei;

b. Lei 13.445: art. 82

Art. 82. Não se concederá a extradição quando:

I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato;

II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no


Estado requerente;

III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime
imputado ao extraditando;

IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos;

V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido


condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o
pedido;

VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira


ou a do Estado requerente;

VII - o fato constituir crime político ou de opinião;

VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante


tribunal ou juízo de exceção; ou

IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei no 9.474,


de 22 de julho de 1997, ou de asilo territorial.

§ 1o A previsão constante do inciso VII do caput não impedirá a extradição


quando o fato constituir, principalmente, infração à lei penal comum ou
quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato
principal.

§ 2o Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação do caráter da


infração.

§ 3o Para determinação da incidência do disposto no inciso I, será


observada, nos casos de aquisição de outra nacionalidade por
naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição.

§ 4o O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crime


político o atentado contra chefe de Estado ou quaisquer autoridades, bem
como crime contra a humanidade, crime de guerra, crime de genocídio e
terrorismo.

PÁGINA 25
§ 5o Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hipóteses
previstas na Constituição Federal.

 Extradição de brasileiro:

o Nato: não pode ser extraditado, salvo se perder a nacionalidade.

o Naturalizado: não pode ser extraditado, como regra. Exceções:

 Em caso de crime comum praticado antes da naturalização.

 Comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e de drogas


afins.

PÁGINA 26
CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Às vezes, um fato se enquadra em mais de uma norma.

Quando um fato se enquadra em duas normas, temos alguns princípios ou critérios a observar para
estabelecer qual norma utilizar.

1- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. A norma especial derroga a norma geral. É o princípio


mais importante e mais utilizado.

Lex specialis derrogat generali – a norma especial afasta a norma geral.

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.

Exemplo 1 |Art. 121, “caput” X art. 121, §2º, I (CP).

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Homicídio qualificado:

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

Exemplo 2 | Art. 121 X art. 123 (infanticídio)

Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

PÁGINA 27
2- PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE.

3- PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO.

Crime-meio e crime-fim.

Situação em que, para se aplicar o crime “principal”, deve-se praticar outro crime como “meio”.

Exemplo 1 | Súmula 17 do STJ.

« Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido. »

Exemplo 2 | Lei nº 8.137/90 – crimes contra a ordem tributária (sonegação fiscal).

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou


contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº
9.964, de 10.4.2000)

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação


de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato;

PÁGINA 28
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento
equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10


(dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor
complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência,
caracteriza a infração prevista no inciso V.

4- PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE.

Ocorre quando a aplicação de uma norma a um fato exclui a aplicabilidade de outra, que
também o prevê de algum modo como sendo delito.

É um princípio bastante polêmico.

Exemplo | Art. 213 (estupro) X Art. 215 (violação sexual mediante fraude)

Estupro - Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Violação sexual mediante fraude - Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da vítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,


aplica-se também multa.

 Antefato impunível | Art. 121 e art. 129

 Pós-fato impunível | Art. 155

CONTAGEM DE PRAZOS
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as


frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

PÁGINA 29
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se
esta não dispuser de modo diverso. O Código Penal, no Brasil, não é o único diploma legal que
disciplina condutas delituosas.

PÁGINA 30

Você também pode gostar