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PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVO ESTATAL

1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL


 CF, art. 5º, XXXIX e CP, art. 1º.
 OBS: Medida Provisória pode versar sobre matéria penal?
Em regra geral, não. Art. 62, §1°, I, b, da CF.

Princípio da Legalidade: Visa garantir a segurança jurídica. É gênero. A espécies são:


Princípio da anterioridade: Lei deve ser anterior ao ato
Princípio da reserva legal: Usos e costumes não podem embasar a existência de um crime,
somente a lei.
Princípio da proibição de analogia: Proibida analogia In Malam Partem
Princípio da taxatividade: Não se permite tipos penais excessivamente genéricos
2. PRÍNCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
Também conhecido como ultima ratio (última saída) – A criminalização de uma conduta só se
legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas
de sanção ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua
criminalização é inadequada e não recomendável.
Da intervenção mínima decorre a característica da subsidiariedade - o ramo penal só deve atuar
quando os demais campos do Direito, os controles formais e sociais tenham perdido a eficácia e não
sejam capazes de exercer essa tutela. Destinatários: legislador e operador do direito.
3. PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIDADE
O Direito Penal limita-se a castigar as ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais
importantes. Ou seja, protege somente os bens jurídicos fundamentais ofendidos de forma grave.
4. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Adota-se a responsabilidade subjetiva, na qual analisa-se o contexto o qual foi praticado a
conduta. A responsabilidade objetiva não é adotada no direito penal. Sentidos de abordagem:
 Culpabilidade como fundamento da pena (pressuposto para aplicação da pena)
 Culpabilidade como elemento da determinação ou medição da pena (o grau de culpabilidade do
agente determina uma pena base)
 Culpabilidade como conceito contrário à responsabilidade objetiva (Adota o conceito de
responsabilidade subjetiva)

5. PRINCÍPIO DE HUMANIDADE
Ex: vedação constitucional da tortura e de tratamento desumano e degradante a qualquer pessoa
(art. 5°, III), proibição da pena de morte, da prisão perpétua, de trabalhos forçados, de banimento e das
penas cruéis (art. 5°, XLVII), o respeito e proteção à figura do preso (art. 5°, XLVIII, XLIX e L) e
ainda norma disciplinadoras da prisão processual (art. 5°, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV e LXVI).
6. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL
Art. 5°, XL, CF: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” (In bonam partem).
Retroatividade da lei penal mais benigna

7. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL


Por este princípio, todo comportamento que, a despeito de ser considerado criminoso pela lei, não
afrontar o sentimento social de justiça (aquilo que a sociedade tem por justo) não pode ser considerado
criminoso. A conduta punida tem que ser injusta (afrontar o sentimento social de justiça). Difere do
princípio da insignificância (a conduta punida tem que ser grave).
8. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos protegidos. Sempre
que a lesão for insignificante (crime de bagatela), a ponto de se tornar incapaz de lesar o interesse
protegido, não haverá adequação típica. Os danos de nenhuma monta devem ser considerados fatos
atípicos.
O STJ, por intermédio da 5ª turma, tem reconhecido a tese da exclusão da tipicidade nos
chamados delitos de bagatela, aos quais se aplica o princípio da insignificância, dado que à lei não
cabe preocupar-se com infrações de pouca monta, insuscetíveis de causar o mais ínfimo dano à
coletividade.
É importante ressaltar que o fato de determinada conduta tipificar uma infração penal de menor
potencial ofensivo (art. 98, I, CF; art. 61, Lei 9.099/95 – submetem-se aos Juizados Especiais
Criminais e a ofensa não é insignificante) não quer dizer que tal conduta configure, por si só, o
princípio da insignificância.
9. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE
Assim, não há crime quando a conduta não tiver oferecido ao menos um perigo concreto, real,
efetivo e comprovado de lesão ao bem jurídico. (Capez)
10. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Por este princípio deve haver um equilíbrio (abstrato – legislador e concreto – judicial) entre a
gravidade do injusto penal e a pena aplicada.
Ex: individualização da pena (art. 5°, XLVI), proibição de determinadas modalidades de sanções
penais (art. 5°, XLVII), admissão de maior rigor para infrações mais graves (art. 5°, XLII, XLIII e
XLIV). Exige-se moderação para as infrações de menor potencial ofensivo (art. 98, I).
11. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU TRANSCENCENTALIDADE
Proíbe-se a incriminação de atitude meramente interna, subjetiva do agente e que, por essa razão,
revela-se incapaz de lesionar o bem jurídico. O fato típico pressupõe um comportamento que
transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero).
12. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
Funda-se na premissa de que todos devem esperar por parte das outras pessoas que estas sejam
responsáveis e ajam de acordo com as normas da sociedade, visando evitar danos a terceiros. Consiste
na realização da conduta, na confiança de que o outro atuará de um modo normal já esperado,
baseando-se na justa expectativa de que o comportamento das outras pessoas se dará de acordo com o
que normalmente acontece.
Exemplo 1: Nas intervenções médico-cirúrgicas
Exemplo 2: Motorista

ESTUDO DIRIGIDO - PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVO ESTATAL

1. Qual o fundamento legal do princípio da legalidade e do princípio da irretroatividade da lei


penal? Explique-os.
2. Em que consistem os princípios da intervenção mínima, subsidiariedade e da fragmentaridade?
3. O direito penal adota o princípio da responsabilidade objetiva ou subjetiva? Explique.
4. O princípio da humanidade é adotado pela nossa CF/88? Mencione exemplos.
5. Diferencie o princípio da insignificância e o princípio da adequação social.
6. Diferencie delito insignificante e crimes de menor potencial ofensivo.
7. Segundo o princípio da ofensividade, pode haver crime de perigo abstrato?
8. Qual a diferença entre o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade?
9. Pune-se atitudes meramente internas, subjetivas, do agente, incapazes de lesionar bem jurídico?
Explique mencionado a que princípio se refere.
10. Em que consiste o princípio da confiança? Diferencie confiança permitida e confiança proibida.

EXERCÍCIO – INTRODUÇÃO, FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL


1. Assinale V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas, justificando o erro.
a) O direito penal é um conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações
de natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de segurança. V
b) O Direito Penal somente pode dirigir os seus comandos legais, mandando ou proibindo que se faça
algo, ao homem, pois somente este é capaz de executar ações com consciência do fim. F
c) O Direito penal tem caráter finalista, pois visa à proteção de qualquer bem jurídico. F
d) O caráter fragmentário do direito penal significa que só vale a imposição de suas sanções quando
os demais ramos do direito não mais se mostrarem eficazes na defesa dos bens jurídicos. F
e) O DP objetivo, chamado também de jus puniendi estatal, corresponde ao direito de punir do
Estado. F
f) O Estado é a única fonte material do DP. V
g) É competência privativa dos Estados legislar sobre matéria penal. F
h) Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre direito penal. V
i) Como fonte primária e imediata do direito penal somente servirá a lei. V
j) Costume é fonte constitutiva de normas penais. V
k) O costume tem grande importância e validade como elemento de interpretação. V
l) Costume contra legem não tem nenhuma eficácia, pois somente uma lei pode revogar outra lei. V
m) É possível o recurso à analogia nas leis penais incriminadoras. F
n) A interpretação analógica não pode ser aplicada às normas penais. V
o) Em direito penal somente se admite analogia em benefício do sujeito ativo da infração penal. V
p) O princípio da reserva legal foi consagrado através da fórmula latina nullum crimen, nulla poena
sine lege. V
q) O princípio da fragmentariedade é também conhecido como ultima ratio, preconizando que a
criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de
determinado bem jurídico. F
r) O direito penal brasileiro adota o princípio da “responsabilidade objetiva” afirmando que nenhum
resultado objetivamente típico pode ser atribuído a quem não o tenha produzido por dolo ou culpa,
afastando-se a responsabilidade subjetiva. F
s) O poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou
que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. V
t) Pelo princípio da insignificância, todo comportamento que, a despeito de ser considerado
criminoso pela lei, não afrontar o sentimento social de justiça não pode ser considerado criminoso.
F
u) O fato de determinada conduta tipificar uma infração penal de menor potencial ofensivo (art. 98, I,
CF) não quer dizer que tal conduta configure, por si só, o princípio da insignificância. V
v) Os delitos insignificantes devem ser considerados fatos atípicos. V
w) Conforme o princípio da ofensividade, para que se tipifique algum crime, em sentido material, é
indispensável que haja, ao menos, um perigo concreto, real e efetivo de dano a um bem jurídico
protegido. V
x) A norma constitucional que considera crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura e do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, recepciona o princípio da
proporcionalidade. V
y) O direito penal pune o pensamento, isto é, a atitude meramente interna, subjetiva, do agente. F
z) O princípio da alteridade consiste na realização da conduta, na confiança de que o outro atuará de
um modo normal já esperado, baseando-se na justa expectativa de que o comportamento das
outras pessoas se dará de acordo com o que normalmente acontece. V

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