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Características:
- Caráter fragmentário: cuida de apenas uma parte dos ilícitos, apenas o que tem
relevância para seu estudo. As vezes pode até ser um licito de outro ramo do direito
conjuntamente com o direito penal. Protege os bens jurídicos mais importantes (vida,
liberdade, patrimônio, liberdade sexual...) – não protege aquilo que não tem importância.
– “última ratio”.
- É evitado porque quando ele age é com violência (Ex: uso da força para prender,
condenação com a liberdade cerceada) e, assim, é uma violência licita.
Fontes do direito:
Fonte material “Quem”: órgão encarregado pela criação das leis – Art. 22, I, CF: Compete
de forma privativa a União de legislar sobre direito penal. E lei complementar pode
autorizar os Estados a legislar sobre questões especificas.
1) Crime (ou delito*) Doutrinadores entendem que delito e infração penal são sinônimos
mas é a minoria.
2) Contravenção penal, também chamada de (crime anão, delito liliputiano)
Crime vs Contravenção penal: Art. 1º da lei de introdução ao Código Penal.
Crime: se no código estiver que a pena será de reclusão ou detenção: será um crime. Ainda que
seja cumulado com multa.
Quem decide se a conduta ilícita é crime ou contravenção? O legislador, sendo assim, uma
infração que hoje é contravenção poderá se transformar num crime se assim o legislador
decidir. Sendo uma distinção axiológica (de valor).
Norma penal:
a) Princípio da estrita legalidade: Ao agente só pode ser imputado um crime, se tiver lei.
- Somente lei ordinária ou lei complementar pode agravar crimes e agravar penas.
- É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a Direito Penal, seja
para beneficiar ou prejudicar o réu. Jurisprudência STF já aceitou para beneficiar o réu
mas a lei diz que nunca pode.
- Não é permitida analogia para prejudicar o réu mas se for pra beneficiar, é aceita.
Tampouco os costumas para criar infrações penais.
b) Princípio da anterioridade: Essa lei tem que ser anterior a prática da conduta.
Fragmentariedade às Avessas: Bens jurídicos, antigamente tutelados pela lei penal, que deixam
de interessar ao Direito Penal. Ex.: crime de adultério (art. 240, CP) – Revogado pela Lei n.
11.106/2005. Hoje, o adultério deixou de ser um ilícito penal e passou a ser considerado
apenas um ilícito civil, tutelado no Direito de Família.
Este princípio pode ser analisado sob três aspectos: 1. Processual – ninguém pode ser
processado duas vezes pelo mesmo fato; 2. Material – ninguém pode ser condenado duas
vezes pelo mesmo fato; e 3. Execucional – ninguém pode sofrer execução penal duas vezes
por condenações relacionadas ao mesmo fato.
Exceção: CP, Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. O dispositivo acima se aplica aos casos de
extraterritorialidade incondicionada. Um exemplo é o crime praticado contra a vida ou
liberdade do Presidente da República Federativa do Brasil.
Súmula n. 241, STJ: “A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.” Todavia, “inexiste bis in idem
se a pena-base do paciente foi aumentada por força dos maus antecedentes, fazendo-se
referência a determinadas condenações, e, na segunda fase, incidiu a agravante da
reincidência em decorrência de outra condenação diversa.” (HC 359871/SP. Julgamento em
27/09/2016).
2. A condenação simultânea por roubo majorado pelo emprego de arma de fogo e por
associação criminosa armada porque cada tipo penal visa à proteção de bem jurídico
específico (patrimônio e paz pública, respectivamente), não havendo relação de
dependência entre elas. (STF, HC 113.413/SP, 12/11/2012).
3. A condenação de roubo circunstanciado pelo concurso de agentes (art. 157, §2º, II)
cumulada com a condenação pelo crime de corrupção de menores (art. 244-B, ECA), na
situação em que um maior de idade pratica o crime patrimonial em conluio com um menor
de idade. São condutas autônomas e independentes, que atingem bens jurídicos distintos
(patrimônio e formação moral do menor). (STJ, HC 362.726/SP, Dje 06/09/2016).
QUESTÃO: De acordo com o princípio ne bis in idem, o agente não pode ser
responsabilizado por dois ou mais crimes, caso tenha praticado apenas uma única conduta.
A questão acima trata de uma hipótese de crime formal em que, por meio de uma só ação,
o agente praticou dois crimes. Nesse caso, não há que se falar em ne bis in idem e o agente
poderá ser responsabilizado pelas duas condutas.
- Pode ter uma multa penal e outra administrativa pois são esferas distintas. Ne bis in idem
é quando não pode duas punições de um fato NA MESMA ESFERA.
Dentro do fato típico, ainda há um quarto elemento: a tipicidade. Para que haja um fato
típico é necessário que a conduta seja típica, ou seja, que esteja prevista em lei como
crime. Nesse sentido, matar uma pessoa só é crime, pois essa conduta está prevista no art.
121 do Código Penal como crime.
A tipicidade, por sua vez, se divide em formal e material. A tipicidade formal se refere ao
fato típico descrito na norma penal. Haverá a tipicidade formal quando a conduta do
agente se adequa perfeitamente à norma penal. Já a tipicidade material é a efetiva lesão
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
1. Valor do bem:
Requisitos objetivos adotados pela Jurisprudência – Min. Celso de Mello (HC 84.412-0/SP –
29/06/2004 – STF):
2) Militar, Delegados de Polícia, Policiais, Juiz, Promotor: Pode ser aplicado o princípio da
insignificância a depender do caso, mas, em regra, não, pois a reprovabilidade do
comportamento desses agentes é alta.
RESTITUIÇÃO DE BENS FURTADOS À VÍTIMA: Não gera, por si só, a aplicação do princípio da
insignificância (STJ, HC 213.943/MT, 05/12/2013). O agente, porém, terá a pena diminuída em
razão do arrependimento posterior (art. 16, CP). A restituição da coisa à vítima não tem nada a
ver com o princípio da insignificância. Ao agente será aplicado um outro instituto, que é o
arrependimento posterior.
1) Roubo, extorsão e demais crimes cometidos com violência ou grave ameaça. Não será
aplicado em razão da periculosidade social da ação.
2) Crimes previstos na lei de drogas (Lei n.º 11.343/06) – STJ, HC 240.258/SP, 06/08/2013
4) Crime de contrabando (art. 334-A, CP) – STJ, AgRG no Resp 1472745/PR, 01/09/2015 O
crime de contrabando visa proteger não somente os impostos, mas a saúde pública e
segurança pública.
Ex: O agente importa sem autorização cigarros. Ele pratica crime de contrabando. Há uma
exceção: no crime de contrabando se a pessoa entra no país com uma caixa de remédio sem
autorização, mas é em pouca quantidade, para uso pessoal, o princípio da insignificância pode
ser aplicado.
1) Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) e descaminho (art. 334, CP) – valor
pacífico no STJ e STF: Até R$ 20.000,00
2) Apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária
3) Crimes ambientais – A doutrina é contrária, mas a jurisprudência admite a aplicação
deste princípio, após uma rigorosa análise. STJ, AgRg no AREsp 654.321/SC,
09/06/2015 e STF HC 112563/SC, 21/08/2012. Deve ser feita a análise do caso
concreto.
A Lei n. 10.826 dispõe que ao agente que possui ou porta arma de fogo ilegalmente sem a
devida autorização não será aplicado o princípio da insignificância. A Lei n. 10.826 também
incrimina a conduta do agente que possui ou porta munições. A jurisprudência começou a
entender que, em algumas situações, é possível que o agente tenha munição, mas são
poucas e não estão acompanhadas de arma de fogo. Então, em alguns casos, a
jurisprudência admite a aplicação do princípio da insignificância à posse ou ao porte de
munições irregularmente.
De acordo com a doutrina clássica, existe somente uma fonte formal imediata do Direito Penal,
que é a lei. O que vai ao encontro do princípio da reserva legal, princípio da estrita legalidade,
no qual somente o que está previsto em lei pode ser crime.
As leis penais classificam-se em:
2) Não incriminadoras
c. Interpretativas: explicam o significado de outras normas penais. Exemplo: art. 327 do Código
Penal que define o conceito de funcionário público para fins penais.
LEI PENAL EM BRANCO: Tema que tem sido muito cobrado em provas e que precisa de uma
atenção especial. Quando se fala em lei penal em branco, é necessário entender que são
normas penais que exigem uma complementação de uma lei ou de um ato administrativo, mas
se não houver essa complementação, passa a ser uma lei sem qualquer efeito prático. Desse
modo, a lei penal em branco é norma penal que depende de complemento para que possua
validade no ordenamento jurídico. O preceito primário da norma é incompleto e exige
complementação de outra lei ou de ato da Administração Pública. O jurista alemão Franz von
Liszt a definia como “corpo errante em busca de alma”. A normal penal em branco classifica-se
em:
O complemento da norma penal possui natureza jurídica diversa e não emana do legislador,
mas de fonte de produção distinta (atos administrativos). Qualquer norma penal
incriminadora deve estar prevista em lei, porém, se for uma norma penal em branco, sua
complementação pode ser proveniente de um ato administrativo. Exemplo: substâncias que
são proibidas para fins de aplicação da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006). O complemento
encontra-se em portaria da Anvisa e do Ministério da Saúde.
2. Anterioridade: a lei penal só pode ser aplicada caso se encontre em vigor antes da prática da
infração penal.
5. Impessoalidade: descreve abstratamente fatos futuros. Não descreve fatos passados, fatos
concretos, tampouco pessoas. Exceção: leis de anistia e abolitio criminis, pois aplicam- -se a
fatos concretos e passados.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL: Ponto muito cobrado em provas e que merece atenção.
a. Quanto ao sujeito
1) Autêntica (legislativa): feita pelo próprio legislador com a finalidade de esclarecer uma
determinada norma. Exemplo: CP, art. 327 (conceito de funcionário público). O próprio legislador é quem traz
uma norma para explicar esse conceito.
A interpretação autêntica posterior possui eficácia retroativa (ex tunc), ainda que seja mais
gravosa ao réu. Exemplo: suponha que exista uma norma penal que incrimine determinada
conduta, porém a conduta exige uma interpretação porque não está bem esclarecida. Passado
um ano, o legislador edita uma nova lei para explicar aquela conduta incriminada
anteriormente. Neste meio tempo, entre a edição da norma incriminadora e essa nova norma
penal que trouxe essa interpretação autêntica, foi praticada a conduta. Nesse caso, essa nova
norma pode ser aplicada ao agente, vez que a norma penal incriminadora já existia. O que vem
a existir agora é interpretação autêntica de uma norma penal que já existia, assim, pode ser
aplicada a fatos anteriores a sua vigência, ainda que para prejudicar o réu.
c. Quanto ao resultado
1) Declaratória: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer.
2) Extensiva: a lei informa menos do que deseja, ou seja, é preciso ampliar a compreensão da
lei. Exemplo: o art. 159 do CP traz a conduta de extorsão mediante sequestro. Contudo, no art.
148 há o crime de sequestro ou cárcere privado. Suponha que ocorra um crime de extorsão
mediante cárcere privado, neste caso é possível incidir ao agente o crime de extorsão mediante
sequestro e extorsão mediante cárcere privado.
LEI PENAL: Interpretação analógica e analogia são conceitos bem distintos e bastante cobrados
em prova.
Obs: Sempre que houver esses nomes – integração analógica e aplicação analógica – será
analogia. A interpretação analógica NÃO tem sinônimos.
CONFLITO APARENTE: Para a ocorrência do conflito aparente deve haver, portanto: 1. Unidade
de fato. 2. Pluralidade de leis ou normas penais de mesma hierarquia e vigentes à época do
fato. Somente com a presença desses dois requisitos acima, é que se tem a existência do
conflito aparente de normas penais. Devem ser normas de mesma hierarquia, porque se forem
de hierarquias distintas, aplica-se o chamado critério hierárquico.
Não se pode aplicar duas normas a um mesmo fato. Não há qualquer segurança jurídica para o
cidadão que será julgado se duas normas puderem ser aplicadas ao caso dele. São necessários
princípios para solucionar isso.
1) Norma primária, mais grave, deve prevalecer sobre a norma subsidiária, mais branda.
3) A norma subsidiária age como “soldado de reserva”, devendo ser aplicada quando não
estiverem presentes todas as elementares da norma principal.
Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132: Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Outro crime que
vai trazer perigo para a vida ou saúde de outrem é o do art. 251 do Código Penal, o crime de
explosão. O crime de explosão tem a pena de reclusão de três a seis anos. Se alguém gera
perigo para a vida ou saúde de outra pessoa por meio de uma explosão, não responde pelo
artigo 132, o agente vai responder pelo artigo 251 do CP. Logo, nesse caso, analisando o caso
concreto, é possível dizer que o art. 251 é a norma principal e o art. 132 é a norma subsidiária
e, nesse caso, expressamente subsidiária.
Subsidiariedade tácita • O fato típico mais grave é aplicado em detrimento do fato típico
menos grave, o qual integra a descrição típica do primeiro. • Na subsidiariedade tácita não está
expressamente previsto em lei que aquela norma é uma norma subsidiária.
Constrangimento ilegal Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela
não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Extorsão Art. 158. Constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. São dois tipos
penais muito semelhantes. A diferença é que no constrangimento ilegal, este constrangimento mediante violência
ou grave ameaça, não tem intuito de obtenção de uma vantagem econômica ilícita. Já na extorsão há a intenção de
obter essa indevida vantagem econômica. Tenta-se aplicar a extorsão, que é mais grave. Quando se está diante de
um caso em que o agente constrangeu alguém mediante violência ou grave ameaça, a não fazer o que a lei manda,
ou a fazer o que a lei não manda, porém sem intuito financeiro, intuito econômico, não é possível aplicar a extorsão
a esse agente. Se não se consegue aplicar a extorsão – a norma principal – é preciso aplicar a norma subsidiária.
Portanto o constrangimento ilegal é uma norma subsidiária em relação à extorsão.
Consunção ou absorção (lex consumens derogat legi consumptae) • A norma mais grave e
abrangente absorve a norma menos grave abrangente. • O crime-fim absorve o crime-meio. •
Afasta-se o bis in idem, uma vez que o fato menos amplo seria punido separadamente do fato
mais amplo, do qual é integrante.
1ª Hipótese – Crime Complexo: Crimes que resultam da fusão de dois ou mais tipos penais.
Exs.: Roubo = Furto (porque há uma subtração) + Constrangimento ilegal ou ameaça ou
violência ou lesão corporal. Não se aplica furto + outro crime porque o Código Penal previu um
tipo penal que vai abranger esses dois tipos penais. Se se aplica roubo, a pena é de quatro a
dez anos de reclusão. Se se aplica constrangimento ilegal, a pena é de um ano, se se aplica
furto, a pena máxima é de quatro anos. O crime complexo pode ser mais grave que a soma dos
dois tipos penais que o formam. Os crimes de furto e de constrangimento ilegal são absorvidos
pelo crime de roubo Extorsão mediante sequestro = Sequestro ou cárcere privado + Extorsão.
Obs.: parte da doutrina discorda que o crime complexo seja uma hipótese de princípio da
consunção, uma vez que não há conflito se a própria lei criou um tipo penal específico,
resultante da fusão de dois ou mais tipos penais.
2ª Hipótese – Crime Progressivo (crimes de ação de passagem) O dolo do agente é voltado para
um resultado que, necessariamente, passa por outro tipo penal. O ato final (dolo) consome os
atos anteriores. Ex.: "A" utiliza uma arma de corte para ceifar a vida de B. Assim, o golpeia
repetidas vezes na região do tórax, até que consegue alcançar seu objetivo. Durante a prática
desse crime foi praticado também o crime de lesão corporal (art. 129 do CP). Porém o agente
só vai responder pelo resultado que ele causou, bem como pelo dolo dele, pela sua intenção. O
homicídio é o que se conhece por crime progressivo. Para que seja praticado o homicídio, o
agente necessariamente vai ter que passar por uma lesão corporal. O crime-fim absorve o
crime meio.
3ª Hipótese – Progressão Criminosa Ex.: "A" pretende gerar lesões corporais em B e, para
tanto, desfere socos em sua face. Após alcançar seu intento, altera seu dolo e continua
desferindo socos com a finalidade de tirar sua vida. "A" responderá apenas pelo crime de
homicídio, não responde pelas lesões corporais. Ambos foram praticados no mesmo contexto
fático, e houve uma progressão criminosa. O crime-fim, o crime mais grave, absorve o crime-
meio, o crime menos grave. O dolo do agente é voltado para um crime menor. Todavia, após
consumá-lo, substitui seu dolo para alcançar um resultado mais grave.
Princípio da consunção: o crime menos grave vai passar a ser um crime-meio (que é a lesão
corporal) e será absorvido pelo crime-fim, o agente vai responder somente pelo seu intento
final, o crime de homicídio.
4ª Hipótese – Fatos Impuníveis O crime-meio é absorvido pelo crime-fim. Ex.: furto em interior
de residência (art. 155, CP) absorve o crime de violação de domicílio (art. 150, CP). Se o agente
entra na residência da vítima, ele pratica o crime de violação de domicílio. Mas ele entrou na
residência da vítima não com a intenção de violar o domicílio, mas como um meio para a
prática de um crime-fim: o furto em interior de residência. Ele não responderá pela violação de
domicílio, ele vai responder somente pelo resultado final, pelo dolo que ele tinha, o crime-fim,
que é o furto.
5ª Hipótese – Pós-fatos impuníveis Nova ofensa praticada contra o bem jurídico, mas que fazia
parte do dolo inicial do agente. Pode ser considerado um exaurimento do crime praticado e,
por isso, não será punido. Ex.: João subtrai um aparelho celular com a finalidade de vendê-lo e
obter lucro. Assim, após o furto, anuncia e consegue vender o referido aparelho. A venda para
um terceiro de boa-fé é mero exaurimento, fazia parte do intento inicial do agente, ou era uma
decorrência lógica. Não faz parte do iter criminis mas faz parte do mesmo contexto, então não
se imputa um crime específico, um crime à parte a esse agente.
• Regra: Tempus regit actum – aplica-se a lei vigente ao tempo da conduta (ato). O tempo rege
o ato. • Entretanto, excepcionalmente e sempre em benefício do réu, poderá haver a aplicação
de leis que não estavam vigentes à época dos fatos. • Retroatividade da lei penal benéfica
(abolitio criminis e novatio legis in mellius).
Retroatividade da Lei Penal Benéfica Constituição Federal (CF) Art. 5º, XL – a lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu. Artigo 9º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos Ninguém pode ser
condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo
com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do
delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso
Numa determinada data é praticada a conduta A, típica, com pena de reclusão
beneficiado.
prevista de 4 a 8 anos. Passado algum tempo, surge uma nova lei, Lei Y, que dispõe que a
conduta A agora tem pena de 2 a 4 anos de reclusão. O julgamento do agente será em data
posterior e a lei a ser aplicada deverá ser a Lei Y. A conduta foi praticada num momento em
que a lei era mais grave, mas quando ele foi julgado tinha surgido uma lei penal mais branda
que beneficiou a situação do agente. Numa outra situação, o agente já tinha sido julgado
quando a nova lei, mais branda, surgiu e comina a conduta A com pena de 2 a 4 anos de prisão.
O agente já tinha sido condenado, a sentença é irrecorrível, ele já está cumprindo pena há 4
anos. Mesmo já estando na fase de execução a pena, o agente será beneficiado. A lei benéfica
retroage, aplica-se a fatos ocorridos antes da sua vigência.
• O tipo penal é revogado, entretanto, a conduta descrita passa a ser disciplinada por outro
tipo penal. Ex.: atentado violento ao pudor (art. 214, CP) – revogado pela Lei n.
12.015/2009 Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele
se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Pena – reclusão, de seis a dez anos. C
código Penal, artigo 213, estupro. Não confundir abolitio criminis com a continuidade
típico-normativa quando ocorre a revogação do tipo penal, mas a conduta descrita nesse
tipo penal passa a ser regulada, tipificada por outro tipo penal.
b) Novatio legis in mellius/lex mitior/lei penal benéfica – lei que visa beneficiar a situação
do réu.
A Conduta A é uma conduta típica e impõe uma pena de reclusão de 1 a 4 anos sob
vigência da Lei X. Passado um tempo, entra em vigor a Lei Y, revogando a Lei X e impondo
uma pena de reclusão de 1 a 3 anos para a Conduta A. Como a Lei Y melhora a situação do
réu, ela será aplicada retroativamente, mesmo que a sentença do réu já tenha sido
transitada em julgado durante a vigência da lei anterior.
• Lei posterior benéfica foi publicada, mas ainda não se encontra em vigor. Poderia ser
aplicada durante o período de vacatio legis para beneficiar o réu? NÃO.
Suponha que o agente tenha praticado a Conduta A sob vigência da Lei X, tendo pena
máxima de reclusão de 20 anos. Antes do julgamento surge a Lei Y, que determina que a
conduta A tenha pena de reclusão de 10 anos. No entanto, a Lei Y tem um período de
vacatio legis de 1 ano e o julgamento do réu acontecerá antes desse prazo.
Como a Lei Y ainda não estava em vigor no dia do julgamento, o réu será julgado de acordo
com a Lei X. Somente quando a Lei Y entrar em vigor é que será desconstituída a coisa
julgada, sendo realizada uma revisão criminal para que seja imposta uma pena de acordo
com a nova determinação
• E quando houver dúvida se a nova lei beneficia ou prejudica o réu? Entende a doutrina
que o próprio réu pode ser consultado para escolher aquela lei que entende lhe ser mais
favorável.
Obs: A abolitio criminis beneficiará o réu somente em razão dos efeitos penais da sentença
condenatória, não excluindo os efeitos extrapenais – obrigação de reparação do dano, por
exemplo
Obs.: esse parágrafo único aplica-se tanto aos casos de novatio legis in mellius quanto aos
de abolitio criminis.
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL Qual o juízo competente para aplicar a abolitio criminis e
a lei mais favorável?
Para beneficiar o réu, é possível combinar duas leis penais? Ex.: Lei “A” – pena de reclusão
de 2 a 4 anos, sem multa Lei “B” – pena de reclusão de 1 a 3 anos, com multa
Segundo o entendimento majoritário predominante, a combinação de leis penais não é
admissível. Nesse caso, portanto, a Lei B será aplicada, por ser mais benéfica, aplicando-se
também a pena de multa.
Uma lei que determina que essa Conduta A passa a ser crime não pode retroagir para
alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor.
Notavio Legis In Mellius – Retroage: Uma lei nova benéfica ao réu retroage, alcançando
fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor
A lei penal mais benéfica tem aplicação aos fatos ocorridos durante sua vigência mesmo
após sua revogação.
A Conduta A é praticada sob a vigência da Lei X, que determina que essa conduta tem pena
de reclusão de 1 a 3 anos. Posteriormente, a Lei Y passa a determinar que a Conduta A tem
pena de reclusão de 3 a 6 anos, sendo, portanto, irretroativa. O julgamento do réu ocorrerá
após a entrada em vigor da Lei Y, mas a Lei X será aplicada, pois o fato ocorreu antes que a
Lei Y entrasse em vigor. Desse modo, a Lei X terá aplicação aos fatos ocorridos em sua
vigência mesmo após sua revogação – sendo considerada ultra-ativa. A ultratividade,
portanto, está ligada à irretroatividade. Quando há irretroatividade em uma lei, há também
a ultratividade em outra lei.
SÚMULA 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Código Penal, Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Lei Temporária – lei que possui vigência pré-determinada (a própria lei determina o tempo de
sua duração). Ex.: A Lei 12.663/2012 (vigência até 31/12/2014) e a Lei 13.284/2016 (vigência
até 31/12/2016), que traziam condutas criminosas para proteger bens materiais e imateriais da
FIFA e da Organização dos Jogos Olímpicos.
Lei Excepcional – lei editada em razão de algum evento excepcional (anormal). Ex.: calamidade
pública, guerra, período de racionamento. Assim como as leis temporárias, as leis excepcionais
também têm um prazo de vigência – 10m enquanto perdurar a situação excepcional.
Características:
b) Ultra-ativas – leis temporárias e excepcionais serão aplicadas aos fatos ocorridos em sua
vigência mesmo após terem sido revogadas. A lei penal benéfica é ultra-ativa, porque depois
surge uma lei mais gravosa, que é irretroativa. No caso das leis temporárias e excepcionais, no
entanto, essa ultratividade é gravosa – são ultra-ativas ainda que para prejudicar o réu.
LEI PENAL INTERMEDIÁRIA
Considerando a linha do tempo acima, o réu, tendo praticado a Conduta A durante a vigência
da Lei X, e sendo julgado apenas durante a vigência da Lei Z, será julgado de acordo com a Lei Y,
pois esta é a mais benéfica entre a conduta praticada e o julgamento.
É a lei benéfica que teve vigência após a prática do ato, porém foi revogada antes do
julgamento do réu. O STF entende que a lei intermediária pode ser utilizada para beneficiar o
réu. (STF, RE 418876, 04/06/2004)
A teoria considerada pelo Código Penal brasileiro é a teoria da atividade. Isto está no art. 4º
do Código Penal: Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado.
1) Será aplicada a lei penal vigente ao tempo da conduta , a menos que venha a surgir
novatio legis in mellius;
Portanto, se no meio tempo entre a ação e o resultado, surge uma nova lei gravosa ao réu, ela
não será aplicada, porque o tempo do crime foi praticado na conduta. Entretanto, se a nova lei
vir a beneficiar o réu, novatio legis in mellius, diminuindo o tempo de reclusão, por exemplo,
aplica-se essa nova lei benéfica, em razão da regra da retroatividade da lei penal. Ex: atirou em
alguém e durante o tempo que a pessoa tava no hospital, a lei agravou a pena, aplica-se a pena
durante a ação, pois a lei é mais gravosa, se fosse para beneficiar, aplicaria.
Marcelo, um dia antes de completar 18 anos, disfere facadas contra João. No dia seguinte João
morre. Nessa situação, embora o resultado tenha ocorrido quando Marcelo completou 18 anos
de idade, o momento da conduta foi quando ele ainda tinha 17 anos. Portanto, Marcelo não
será responsabilizado pelo homicídio, porque a ação ou a omissão ocorreu quando ele era
menor de idade, mas responderá por um ato infracional análogo ao crime de homicídio.
Obs.: no que concerne o termo inicial da prescrição, o Código Penal (art. 111, I) adotou a teoria
do resultado.
Para se saber onde ocorreu o crime, também se estudam as teorias. São as mesmas teorias do
estudo do tempo do crime. Então, tempo do crime e lugar do crime tem teorias com os
mesmos nomes, tentando explicar cada uma das situações. Entretanto, a teoria aplicável a
cada uma delas é diferente. Em relação ao tempo do crime, aplica-se a teoria da atividade. Já
em relação ao lugar do crime, aplica-se a teoria mista ou da ubiquidade.
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Teorias
3) Teoria mista ou da ubiquidade: lugar do crime é tanto aquele em que ocorreu a conduta,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Portanto, o lugar do crime,
para o Código Penal brasileiro, é tanto o lugar em que aconteceu ação, bem como o lugar onde
ocorreu o resultado.
A relevância do lugar do crime se dá nos crimes a distância, nos quais a conduta é praticada em
determinado país e o resultado se produz em outro. Se a conduta é praticada no Brasil, mas o
resultado se verifica em outro país, aplica-se a lei penal brasileira. Se a conduta é praticada em
outro país, mas o resultado se verifica no Brasil, ou deveria se verificar no Brasil, pode-se
aplicar a lei penal brasileira.
Macete:
Ubiquidade
Atividade
Territorialidade
CÓDIGO PENAL Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
1) Território físico: espaço terrestre, marítimo, aéreo, incluindo rios, lagos, baías, ilhas e tudo
que o compõe.
2) Mar territorial e seu espaço aéreo correspondente: faixa de 12 milhas marítimas de largura,
medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continente e insular.
Obs.: alguns doutrinadores têm o entendimento de que seriam 200 milhas náuticas, o
correspondente à Zona Exclusiva de Exploração Econômica. Entretanto, o mais pacífico é de
que seriam 12 milhas náuticas.
EXCEÇÕES
CÓDIGO PENAL Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
1) Crimes cometidos no exterior que serão responsabilizados de acordo com a Lei penal
brasileira – regras da extraterritorialidade (Art. 7º, CP)
2) Situações que estrangeiros cometem infrações penais no território brasileiro e não lhes será
aplicada a Lei penal brasileira - Imunidades diplomáticas e de chefes de Estado
Obs.: embaixadas não são extensão do país que representam. Apesar de invioláveis, em regra,
os crimes praticados em embaixadas estrangeiras localizadas no Brasil terão aplicação da lei
penal brasileira, salvo convenção ou tratado internacional. Portanto, quem possui imunidade é
a pessoa, não o território da embaixada.
Obs.: no §1º, é o território nacional por extensão, que será conhecido como território jurídico.
Essas embarcações ou aeronaves não necessariamente estarão no Brasil, mas a elas serão
aplicadas as leis penais brasileiras, porque estas serão consideradas território nacional por
extensão.
ATENÇÃO: Se, por exemplo, é cometido crime de estupro em um avião estrangeiro de natureza
pública, a Lei penal brasileira não se aplica. Já se o avião é de natureza privada, a Lei penal
brasileira se aplicará. Se, dentro de um avião brasileiro de natureza privada, ocorre um crime
de homicídio quando este sobrevoava território francês, em regra, não se aplicará a Lei penal
brasileira. Isto, porque esta aeronave, em que pese, ser brasileira, era de natureza privada e
estava sobrevoando outro país. Entretanto, o Art. 7º, do Código Penal, estabelece que, nessa
situação, poderá ser aplicada a Lei penal brasileira se, cumpridos alguns requisitos, este crime
não seja julgado na França. Neste caso, aplica-se a Lei penal brasileira, não em razão da
territorialidade, mas sim da extraterritorialidade.
EXTRATERRITORIALIDADE
São situações em que crimes são praticados fora do território nacional, mas que mesmo assim
será aplicada a Lei penal brasileira. O Art. 7º do Código Penal traz o rol dos crimes aos quais,
mesmo que tenham sido praticados no exterior, pode-se aplicar a Lei penal brasileira.
CÓDIGO PENAL Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
§ 1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.
II – os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c)
praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.
Obs.: o art. 7º estabelece um rol de crimes no inciso I e um rol de crimes no inciso II. A
diferenciação se dará nos parágrafos. Dentro do inciso I, tem-se a extraterritorialidade
incondicionada. Dentro do inciso II, tem-se a extraterritorialidade condicionada.
§ 2º – Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
Obs.: ser o fato punível também no país em que foi praticado é chamado de dupla tipicidade.
Então nos crimes de extraterritorialidade condicionada, só poderá punir o crime se no outro
país também for crime.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
Obs.: as regras de extradição estão todas previstas na Lei de Migração, Lei n. 13.445/2017.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
Obs.: a letra “d” é a condição que vai impedir a aplicação do art. 8º mencionado
anteriormente.
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou
nela é computada, quando idênticas.
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada.
PULO DO GATO: Em provas de concurso é comum afirmar que o art. 8º está relacionado com a
extraterritorialidade condicionada, mas isso está errado. O art. 8º só é aplicável a situações de
extraterritorialidade incondicionada. Isso, porque, se por acaso houver um crime em que o
sujeito já foi condenado no estrangeiro, e estivermos diante de um crime de
extraterritorialidade condicionada, não se pode aplicar a lei penal brasileira.
Obs.: alguns dos crimes para os quais o Brasil celebrou tratados internacionais são: tráfico de
drogas e tráfico de pessoa.
b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
Obs.: em todas essas situações, só é possível aplicar a lei penal brasileira se forem cumpridas as
condições cumulativas do Art. 7º, §2º, do Código Penal.
Crime praticado por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil? A lei penal brasileira pode
alcançá-lo?
Sim, mas além das condições do art. 7º, §2º, do CP, devem estar presentes as condições do
parágrafo terceiro. Por isso que a doutrina chama de extraterritorialidade hiper condicionada.
CÓDIGO PENAL Art. 7º (...) § 3º – A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a
extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Obs.: a medida de segurança é aplicável ao inimputável, àquela pessoa que é doente mental,
que não tinha o discernimento para a prática do ato e nem podia determinar- -se de acordo
com esse entendimento. Logo, fala-se de uma pessoa que praticou um crime sem ter o
discernimento para isso. Como essa pessoa não é um agente culpável, não se poderá imputar a
ela uma pena. Portanto, o direito penal se vale de medidas de segurança.
Súmula 420, STF “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado.”
Essa súmula traz uma segunda condição em relação à homologação dessa sentença penal
condenatória estrangeira: ela tem que estar transitada em julgado.
1) a sentença tem que produzir as mesmas consequências no Brasil (Art. 9º do Código Penal), e
Ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – Art. 105, I, “i”, CF/88, que deverá fazer um mero exame
formal, referente aos requisitos do artigo 788 do CPP. Essa homologação gera um título
executivo judicial.
O STJ não vai entrar no mérito da causa, não vai analisar se efetivamente aquela pessoa que foi
condenada praticou crime ou não. Os Ministros do STJ vão simplesmente analisar os critérios
formais que estão previstos no Código de Processo Penal.
Depois que o STJ homologa a sentença estrangeira no Brasil, pode-se executar diretamente.
Então, não se homologa a sentença estrangeira para que, então, surja um processo de
conhecimento ou uma ação de cobrança. Será simplesmente a execução de um título judicial.
ATENÇÃO: Antigamente, essa competência era do Supremo Tribunal Federal. Entretanto a
Constituição Federal foi alterada. Hoje a competência é do Superior Tribunal de Justiça.
Reincidência
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Já se o primeiro crime foi praticado em outro país, sendo condenado no exterior, tendo
também transitado em julgado, e depois comete um novo crime no Brasil, ele também será
reincidente.
Não! Nem o art. 9º, nem o art. 63, dispõem sobre isso. Portanto a jurisprudência decidiu que
não é necessária a homologação da sentença penal estrangeira para que seja configurada a
reincidência do réu. Não é necessário homologar, mas é necessário provar que o agente foi
condenado no estrangeiro. A sentença estrangeira deve ser traduzida, porque deve estar no
vernáculo brasileiro, e apresentada em juízo.
Nos prazos de Direito Penal, será incluído o dia de início. Termo inicial do prazo penal: qualquer
que seja a fração do dia, será computado como um dia inteiro.
Se foi decretada a prisão temporária de um sujeito que foi preso na terça-feira, sendo que essa
prisão temporária aconteceu às 23 horas e 59 minutos da terça-feira, ainda assim se
contabilizará a terça-feira como o dia de início. O prazo da prisão temporária é de cinco dias.
Então, no quinto dia esse agente deve ser solto. A dúvida é se ele deve ser solto na meia noite
do sábado ou do domingo. Ele deve ficar preso até as 23 horas e 59 minutos de sábado, vindo a
ser solto à meia noite de domingo, para que sejam cumpridos os cinco dias da prisão.
Outro detalhe importante é que, quando se fala em prazo de Direito Penal, não importa o dia
de início e o dia de fim. Não importa se o dia de início é um dia útil e não importa se o dia final
é um dia útil. Os prazos ocorrerão independentemente de ser um dia útil ou não útil.
ATENÇÃO: No Direito Processual Penal, diferentemente do Direito Penal, não é incluído o dia
de início.
No que tange aos prazos de Direito Penal, nos quais será aplicada a regra do art. 10, temos os
prazos relacionadas a: prisão, decadência (perda do direito de ação pelo ofendido, se verifica
no Direito Penal em relação a crimes de ação penal privada), prescrição (perda do direito de
punir do Estado em razão do tempo decorrido da prática do crime), livramento condicional e
duração da pena. Essas situações têm em comum que o quanto antes começar a contar o
prazo, melhor para o réu.
Já nos prazos de Direito Processual Penal, é interessante para o réu que eles sejam mais longos,
porque ele terá um prazo maior para interpor recurso. Portanto, tanto no Direito Penal, quanto
no Direito Processual Penal, os prazos beneficiarão o réu a depender da situação.
ATENÇÃO: O calendário comum também pode ser chamado de gregoriano, mas se em provas
de concurso aparecer “calendário forense”, estará errado.
ATENÇÃO: Em bancas de concurso menores, entende-se que, quando se fala que incluirá o dia
do começo do prazo, exclui-se o dia do vencimento. Entretanto não há esse dispositivo no
Código Penal.
PRAZO EM DIAS
Quando se fala em prazo em dias, a contagem é feita dia a dia. Exemplo: No caso de uma
prisão temporária em crime hediondo, o prazo é de 30 dias. Se o agente for preso no dia 12 de
fevereiro, em um ano que não é bissexto, ele será solto no dia 13 de março. Se essa prisão foi
executada no dia 12 de dezembro, ela finalizará no dia 10 de janeiro. Portanto 30 dias não é um
mês. Um mês pode ter 28, 30 ou 31 dias.
PRAZO EM MESES
Quando se tem prazo em meses ou anos, será contado até o dia anterior ao dia em que foi
iniciado o prazo. Exemplo: se o sujeito for preso no dia 15 de dezembro e condenado a pena de
reclusão de um mês, essa prisão será executada até o dia 14 de janeiro. É o dia anterior ao dia
da prisão.
PRAZO EM ANOS
Quando se tem prazo em meses ou anos, será contado até o dia anterior ao dia em que foi
iniciado o prazo. Exemplo: se o sujeito foi condenado a 3 anos de prisão, o prazo vai se iniciar
no dia 1º de julho de 2019 e finalizará no dia 30 de junho de 2022.
ATENÇÃO: Algumas bancas de concurso afirmam que exclui-se, no Direito Penal, o dia do
vencimento. Isso não é uma verdade, mas algumas bancas têm marcado como correto, devido
ao prazo em meses e anos. Se aparecer essa assertiva na prova, marque como correto.
Obs.: pode-se trocar cruzeiro por reais, que é a moeda padrão atual
Legislação especial
Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
modo diverso
O que o art. 12 dispõe que as disposições gerais do Código Penal brasileiro serão aplicáveis a
todas as leis penais especiais, a todas as leis penais extravagantes, a menos que essas leis
tragam dispositivos específicos. Se elas trouxerem dispositivos específicos, aplica-se o princípio
aplicado no conflito aparente de normas: o princípio da especialidade.
Exemplo: Lei de Contravenções Penais. Existe a tentativa no Código Penal brasileiro (Art. 14, II).
Essa disposição da tentativa se aplicará a todas as leis especiais penais, a todas as leis
extravagantes penais. Entretanto a Lei de Contravenções Penais dispõe que a tentativa de
contravenção não será punida. É uma disposição específica dessa lei. As leis especiais podem
se contrapor ao Código Penal brasileiro.
1) Infração penal: A infração penal é um gênero da qual o crime é uma espécie. Há três
conceitos de Infração Penal, três perspectivas para o estudo do Direito Penal:
• Conceito Material: Toda ação ou omissão ou toda a conduta que gera intolerável lesão ou
perigo de lesão a bem jurídico penalmente tutelado. A vida, por exemplo, é um bem
jurídico ao qual a sociedade dá uma grande importância, logo, ele será penalmente
tutelado. O patrimônio é um bem jurídico penalmente relevante. A coisa pública é um bem
penalmente relevante. Todos esses bens que a sociedade eleva devem ser tutelados pelo
Direito Penal. O Conceito Material também aborda a relevância jurídico-penal.
• Conceito Formal ou Legal: Toda ação ou omissão ou toda a conduta rotulada como crime
ou contravenção pelo legislador, sob imposição de sanção penal. Esse conceito é, na
perspectiva do legislador, o conceito legal. É aquela conduta incriminada pelo legislador e
que sofrerá uma sanção penal caso seja praticada.
- No Conceito Material a ótica é da sociedade, da comunidade.
• Conceito Analítico: Dos três conceitos, é o mais importante. O Conceito Analítico são os
elementos que integram a estrutura do crime. Para se chegar à conclusão de que uma
determinada conduta é um crime, é necessário passar por algumas etapas, verificar se
todos os elementos daquela conduta estão presentes para que aquela conduta seja
configurada como crime. Por exemplo, matar é crime, mas matar por legítima defesa não é
crime.
• Ilicitude – não existem elementos dentro da ilicitude porque ela é presumida, o que
existem são excludentes de ilicitude a exemplo da legítima defesa, estrito cumprimento do
dever legal, estado de necessidade, exercício regular do direito;
O fato típico, a ilicitude e a culpabilidade são elementos do crime; para a Teoria Tripartite a
culpabilidade será elemento do crime, mas para a Teoria Bipartide apenas o fato típico e a
ilicitude, sendo a culpabilidade um pressuposto de aplicação da pena, não há necessidade
de existir culpabilidade para configurar um crime. Existe ainda uma terceira teoria, a Teoria
Quadripartite, que incluiria ainda a punibilidade.
No Brasil adota-se a Teoria Finalista e esta teoria permite tanto a adoção da Bipartite (fato
típico e ilicitude – culpabilidade é um pressuposto de aplicação da pena) quanto da
Tripartite (fato típico, ilicitude e culpabilidade).
Contravenção penal
Infração penal é o gênero, do qual crime e contravenção penal são espécies. Alguns
doutrinadores consideram o delito como sinônimo de infração penal (o gênero). Na ampla
maioria da doutrina o entendimento é de que o delito não é sinônimo de infração penal,
mas sinônimo de crime. Como definir o que é crime e o que é contravenção? Trata-se de
decisão do legislador. Será uma distinção feita pelo próprio legislador. Uma infração penal
que hoje é uma contravenção poderá se transformar num crime se assim decidir o
legislador. Trata-se, portanto, de uma distinção axiológica (de valor).
SUJEITOS DO CRIME
• Sujeito Ativo: O indivíduo que pratica a infração penal. Pode ser qualquer pessoa física
capaz com idade igual ou superior a 18 anos.
Obs.: se o sujeito tiver menos de 18 anos e praticar a conduta definida como homicídio,
não praticará infração penal, praticará um ato infracional análogo ao crime de homicídio.
O autor é aquele que pratica o verbo núcleo do tipo penal. Todas as infrações penais
previstas no ordenamento jurídico brasileiro trazem uma conduta, trazem um verbo, ainda
que esse verbo seja um verbo omissivo, por exemplo, omitir socorro, ainda que seja uma
inação trata-se de um verbo. Todos os tipos penais contam com uma conduta.
O Partícipe é aquele que presta qualquer contribuição relevante para o crime sem praticar
o verbo núcleo do tipo penal. O autor mediato também é o indivíduo que pratica o crime
de forma indireta. O autor mediato usa uma pessoa não culpável (alguém que não tenha
culpabilidade) como instrumento do crime.
Qual dos dois terá a pena maior, o autor ou o partícipe? Depende. Muitas vezes é possível
que o partícipe tenha uma pena superior ao autor do crime praticado em concurso de
pessoas.
• Crime comum – não exige condição ou qualidade específica do sujeito ativo. Qualquer
pessoa pode praticar o crime.
• Crime próprio – para ser sujeito ativo deste delito, é necessária uma qualidade ou
condição especial ao agente. Quem não detém tal qualidade estará incapacitado de
cometer o referido crime (por exemplo, infanticídio, crimes funcionais).
Teoria da ficção jurídica (Savigny): pessoa jurídica não é real e não possui vontade própria,
logo não pode ser sujeito ativo de crime. A PJ pode ser responsabilizada administrativa,
tributária e civilmente, mas não pela prática de infração criminal. - Essa teoria não é
adotada no Brasil no que concerne ao Direito Penal
1ª) PJ não pode ser sujeito ativo de infração penal. Principais argumentos:
b) PJ não possui vontade própria, tampouco consciência própria, logo não é um ser
imputável.
b) O Direito Penal pode aplicar penas distintas das privativas de liberdade, a exemplo das
penas de multa, restritiva de direitos e de prestação de serviços à comunidade.
Constituição Federal (CF) Art. 173. § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes
da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua
natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Essa norma constitucional ainda não foi regulada de forma infraconstitucional – existe a
previsão constitucional, mas não há uma lei infraconstitucional que regule esses crimes.
Hoje, no Brasil, ainda que haja previsão de crimes praticados contra a ordem econômica,
financeira ou de economia popular, nenhuma pessoa jurídica será punida: podem ser
punidas administrativamente ou civilmente, mas não são punidas.
Constituição Federal (CF) Art. 225. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.
Lei n. 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida
por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da
sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.
Responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais Ao imputar uma
infração penal à pessoa jurídica, esta também deve ser obrigatoriamente imputada a
uma pessoa física? Não. O STJ e o STF não mais adotam a teoria da dupla imputação. (STJ,
RMS 39.173-BA, julgado em 6/8/2015, Info 566 e STF, RE 548181/PR, julgado em 6/8/2013,
Info 714). Logo, não se faz obrigatória a imputação do crime a uma pessoa física para que a
pessoa jurídica seja penalmente responsabilizada. Obviamente, porém, se for possível
identificar a pessoa física responsável, esta também deverá ser responsabilizada.
• Sujeito Passivo: Titular do bem jurídico protegido pela lei penal, o qual é violado em
razão da prática da conduta criminosa pelo sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa, física
ou jurídica, ainda que incapaz ou destituída de personalidade jurídica. Ademais, o
nascituro também pode ser sujeito passivo (aborto). O conceito de Sujeito Ativo é bem
mais restrito do que o conceito de Sujeito Passivo.
. Para o Sujeito Passivo não há essa limitação: pode ser maior de idade, menor de idade,
idoso, pessoa não mais imputável, pessoa sem culpabilidade – qualquer pessoa pode ser
Sujeito Passivo num crime, até mesmo o feto.
Pessoas mortas e animais não podem ser sujeitos passivos de infrações penais.
Existe crime de calúnia contra os mortos (art. 130, § 2º do Código Penal) e crime de
vilipêndio de cadáver (art. 212 do Código Penal).
Nesses crimes o morto não será o Sujeito Passivo? Nos crimes de calúnia contra os mortos,
o Sujeito Passivo são os familiares, aqueles que têm a sua honra objetiva atacada. No
vilipêndio a cadáveres a vítima não é o corpo, é um crime vago, um crime que ataca toda a
coletividade, um desrespeito aos mortos. No crime de furto contra cadáveres, por
exemplo, de joias com as quais o de cujus foi enterrado, as vítimas, os Sujeitos Passivos são
os familiares, os herdeiros dos mortos. Os mortos não são sujeitos de direito e não são
Sujeitos Passivos de crime.
Com relação aos animais existem os crimes ambientais, os crimes de maus tratos contra
animais, os crimes contra a fauna. Na ocorrência de crimes contra animais o Sujeito Passivo
é toda a coletividade, são crimes vagos, os crimes aos quais não se pode atribuir um
Sujeito Passivo específico.
É o Estado, uma vez que tem interesse na manutenção da paz pública e ordem social. Será
sujeito passivo em todos os crimes. E nos casos de Ação Penal Privada? Se A pratica uma
injúria contra B, o Estado também será o Sujeito Passivo Mediato? Sim, o Estado sempre
será Sujeito Passivo em toda e qualquer prática de infração penal, será Sujeito Passivo
Mediato e eventualmente também será o Sujeito Passivo Imediato.
É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal e atingido pela conduta criminosa. Se
divide em:
a) Comum – se o tipo penal não exige uma qualidade específica do sujeito passivo.
b) Próprio – o tipo penal exige uma qualidade específica do sujeito passivo. Por exemplo:
infanticídio (art. 123, CP).
Pode alguém ser sujeito ativo e passivo simultaneamente de um crime? A ampla doutrina
entende que não, com base no princípio da alteridade. Ex.: crime de fraude contra seguro
(art. 171, Par. 2º, V, CP), autoacusação falsa (art. 341, CP), lesão corporal recíproca (art.
129, CP).
O princípio da alteridade dispõe que não há crime, não há infração penal se a conduta não
transcender o Sujeito Ativo. No ordenamento jurídico brasileiro só haverá crime, infração
penal, se a conduta do agente transcender a sua própria pessoa, se bens jurídicos alheios
forem atingidos. Atingir bens jurídicos próprios não constitui crime.
OBJETOS DO CRIME
1) Objeto material: Pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Ex.: homicídio
(pessoa humana), furto (res furtiva – coisa alheia móvel).
Todo crime possui objeto material? Não. Nem todo crime possui objeto material, a exemplo
dos crimes de mera conduta (porte de arma de fogo – art. 14, ED), crimes omissivos próprios
(omissão de socorro, art. 135, CP).
2) Objeto jurídico: Interesse ou bem jurídico protegido pela norma penal. Ex.: homicídio
(vida humana), furto (patrimônio)
Todo crime possui objeto jurídico? Sim. Todo crime vai atingir algum bem jurídico.
1) Classificação legal: Denominação conferida pela própria lei, ou seja, o nome atribuído
pela lei ao crime. A classificação legal é também conhecida como nomem iuris ou
rubrica marginal. Ex.: a classificação legal de matar alguém é homicídio. No Código
Penal e na Legislação Especial, em cima de cada tipo penal há um nome, o nomem
iuris, que é justamente a classificação legal, é o nome do delito trazido pelo próprio
legislador.
É possível existir crime sem classificação legal? Sim. Quem faz a classificação legal é o
legislador. Há situações nas quais o legislador edita uma lei com uma conduta criminosa
impondo uma sanção penal, mas não traz uma rubrica marginal, não traz um nomem iuris.
Como exemplo, art. 319-A do Código Penal chamado de Prevaricação Imprópria, mas quem
denomina de Prevaricação Imprópria não é a lei, é a doutrina porque no art. 319 há a
Prevaricação e no 319-A, que não tem nomem iuris, a doutrina denomina Prevaricação
Imprópria. Especialmente na Legislação Especial e na Legislação Extravagante há condutas
criminosas que não necessariamente contam com uma classificação legal.
• Crime material (causal) – Infração que gera modificação no mundo exterior (resultado
naturalístico) e que só se consuma quando tal resultado é obtido. Ex.: homicídio, furto, roubo
(súmula 582, STJ).
• Crime formal (de consumação antecipada, de resultado cortado) – A conduta descreve uma
mudança no mundo exterior (resultado naturalístico), entretanto, não é necessária sua
ocorrência para a consumação do delito. O crime formal consuma-se com a conduta e não com
o resultado.
Qual a diferença entre crime material e crime formal? No crime material é necessário o
resultado naturalístico para a consumação do crime. No crime formal o resultado naturalístico
não é necessário para a consumação do crime. Exemplos: Extorsão – Súmula 96, STJ: o crime
de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
Corrupção de menores – Súmula 500, STJ: “A configuração do crime do art. 244-B do ECA
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”
• Crime de mera conduta – O tipo penal apenas descreve uma conduta, sem a previsão de
resultado naturalístico. Jamais vai gerar esse tipo de resultado. Ex.: violação de domicílio (art.
150, CP), porte de arma de fogo (Lei n. 10.826/2003)
Todo crime possui resultado? Depende. Todo crime (material, formal ou de mera conduta)
possui resultado jurídico, que é a violação do bem jurídico tutelado pela norma penal. Por
outro lado, nem todo crime possui resultado naturalístico.
• Crime comum – Pode ser praticado por qualquer pessoa. Não exige uma característica
específica do sujeito ativo. Ex.: homicídio, furto, extorsão.
• Crime próprio (especial) – Exige uma característica ou condição especial do sujeito ativo. Ex.:
crimes funcionais (corrupção passiva, peculato), infanticídio, furto de coisa comum (art.156 do
Código Penal).
• Crime de mão própria (de ação pessoal, de conduta infungível) – Além de exigir uma
característica ou condição especial do agente, só pode ser cometido por este, sem a
possibilidade de delegar a conduta. Exige-se sua atuação pessoal. Ex.: falso testemunho, falsa
perícia.
• Crime simples – delito formado por apenas um tipo penal. Ex.: furto, homicídio.
• Crime complexo – delito que resulta da fusão de dois ou mais tipos penais. Ex.: 1: roubo
(lesão corporal ou constrangimento ilegal + furto). Ex.: 2: extorsão mediante sequestro
(extorsão + sequestro)
- Sentido estrito: Um tipo penal mais outro tipo penal formando um crime complexo.
- Sentido amplo: um tipo penal mais uma conduta, em tese, lícita, formando um crime
complexo em sentido amplo. Essa conduta lícita não configura um tipo penal, mas a soma de
outro tipo penal com uma conduta (em tese, lícita), forma o crime complexo em sentido
amplo. Por exemplo, artigo 339 (denunciação caluniosa) onde o tipo penal é a calúnia (art. 138)
e a conduta, em tese, lícita, é noticiar um fato à autoridade pública.
• Crime ultra complexo – crime complexo que possui uma qualificadora ou causa de aumento
de pena prevista num tipo penal específico. Ex.: roubo praticado com emprego de arma de
fogo (art. 157, § 2º-A, I, CP)
Nos crimes permanentes o auto de prisão em flagrante pode ocorrer a qualquer momento:
enquanto houver a permanência do delito, o agente pode sofrer a prisão em flagrante.
A Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal (STF) é aplicável aos crimes permanentes. Se
durante a permanência do sequestro surgir uma nova lei, uma novatio legis in pejus, uma lei
mais gravosa ao réu, esta nova lei gravosa será aplicável àquele crime permanente, ainda que
venha a prejudicar a situação do réu porque o crime teve início antes da vigência dessa lei. Essa
nova lei, em que pese ser gravosa ao réu, deverá ser aplicada a este crime permanente.
• Crime habitual – é exigida a reiteração de atos para que haja a consumação do delito. Não se
admite a tentativa. Ex.: curandeirismo. Se a conduta A for praticada apenas uma vez e não for
repetida, não há crime habitual, não há consumação desse delito. O crime habitual exige a
prática reiterada dos atos.
Art. 284. Exercer o curandeirismo:
I – prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;
II – usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
III – fazendo diagnósticos:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Os crimes habituais não admitem a tentativa porque enquanto há a prática de apenas uma
conduta, não há crime. É necessário que haja uma segunda conduta para que se consuma: se
tentar praticar a segunda conduta e esta não se consumar, não configurará crime habitual.
• Crime unissubjetivo (unilateral, monossubjetivo, de concurso eventual) – delito que pode ser
praticado por um ou por vários agentes, em concurso de pessoas.
• Crime plurissubjetivo (plurilateral, de concurso necessário) – delito que só pode ser praticado
em concurso de agentes (coautores ou partícipes). Ex.: associação criminosa (art. 288, CP, pelo
menos 3 agentes), rixa (art. 137, CP, pelo menos 3 agentes). É impossível uma pessoa praticar
esse crime sozinha. É necessário que conte, pelo menos, com mais uma pessoa, alguns crimes
exigirão três ou mais agentes para que este delito esteja configurado.
Obs: No crime de organização criminosa, da Lei n. 12.850/13, serão exigidos, pelo menos, 4
agentes
Uma pessoa se associa a mais duas para a prática criminosa. Essas duas pessoas são menores
de 18 anos, menores de idade. É possível, para a prática de um crime plurissubjetivo, que haja
um agente imputável em conluio com agentes inimputáveis? Esses agentes inimputáveis
podem ser contabilizados para que se caracterize um crime plurissubjetivo?
Sim, eles serão contabilizados. O concurso não é de agente, mas de pessoas, não sendo
requisito serem coautores ou partícipes. Em pessoas inclui-se o agente inimputável.
No roubo majorado, se um agente se une a outro agente para praticar um roubo, há a hipótese
de roubo circunstanciado (art. 157, § 2º Inciso II do Código Penal), mesmo que um dos agentes
seja menor de idade. Tanto o furto quanto o roubo são crimes unissubjetivos, podem ser
praticados por uma pessoa. Quando vierem a ser praticados por dois ou mais agentes,
resultarão num furto qualificado e num roubo majorado. Isso se aplica a qualquer crime que
tenha o concurso de pessoas como uma qualificadora ou uma majorante do crime, quando
será aplicada a ideia de crime eventualmente coletivo.
As regras para o crime eventualmente coletivo são as mesmas regras aplicadas aos crimes
plurissubjetivos.
• Crime de dano – delito que gera efetiva lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Ex.:
lesão corporal, homicídio, crimes patrimoniais.
• Crime de perigo – consuma-se com a exposição do bem jurídico a perigo. Dividem-se em:
a) Crime de perigo concreto: deve haver a efetiva comprovação do risco ao bem jurídico. Ex.:
crime de explosão (art. 251, CP)
b) Crime de perigo abstrato ou presumido: basta a mera conduta, uma vez que a lei a presume
perigosa. Não requer um risco concreto ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Ex.: tráfico
de drogas, porte de arma.
O iter criminis tem uma fase de cogitação (fase interna que nunca é alcançada pelo Direito
Penal), atos de preparação (em regra o Direito Penal não pune, mas excepcionalmente é
possível a punição), atos executórios ou execução e consumação do crime.
Em que momento do iter criminis é analisado o crime unissubsistente e o plurissubsistente?
Dentro dos atos executórios que, se forem praticados mediante uma ação, originam um crime
unissubsistente, se forem praticados dentro de duas ou mais ações originam um crime
plurissubsistente.
Crime plurissubsistente é aquele que se consuma com a prática de mais de um ato, como, por
exemplo, o estelionato.
O crime unissubsistente não admite tentativa porque ele só tem uma única ação: quando o
agente começa a realizar o crime, este já finalizou. Não há como romper os atos executórios
porque é somente uma ação.
Para que houvesse a tentativa, a punição pela tentativa, seria necessário um crime que se
tivesse iniciado nos atos executórios, mas que a consumação não tenha ocorrido por razões
alheias à vontade do agente. C
rime unissubsistente é aquele que se consuma com a prática de um único ato, por exemplo: a
injúria verbal.
• Crime comissivo ou de ação – o tipo penal descreve uma conduta positiva, uma ação.
• Crime omissivo ou de omissão – delito cometido por meio de uma conduta negativa, uma
inação. O agente deixa de fazer algo que a lei o obrigava e que era possível realizar. Exemplo:
omissão de socorro.
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos,
o socorro da autoridade pública.
Obs: É possível que dentro do mesmo tipo penal tenhamos condutas comissivas e omissivas: