Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quando se diz que o Direito penal é o rosto do direito, significa dizer que o
Falar em direito penal, é falar em proteção. Visamos proteger aquilo que nos é
mais caro, mais importante, aquilo que temos por fundamental para viver em
sociedade. Visamos ter uma proteção ampla dos bens jurídicos fundamentais
para a convivência em sociedade (proteção da vida, da liberdade, da saúde,
liberdade sexual, etc.)
Conceito de Direito Penal:
O direito Penal está inserido dentro do ramo do direito público porque suas
normas jurídicas são normas indisponíveis, ou seja, normas de que não se pode
abrir mão caso ocorrido o fato típico ilícito. Há uma obrigatoriedade do Estado
no exercício do seu jus puniendi. O estado só deixa de agir nas hipóteses legais.
Essas normas jurídicas são impostas a todos, são dirigidas a toda e qualquer
pessoa. Realizado um fato típico e ilícito o direito penal deve agir.
• O Estado é o titular exclusivo do direito de punir! - IUS PUNIENDI.
Nas ações penais de natureza privada, o Estado autoriza a persecução (o direito
de interpor a ação penal, o direito de dar início à ação penal), mas a titularidade
da punição se mantém com o Estado.
3) Função de Garantia
O Direito Penal serve como instrumento de garantia contra eventuais
abusos por parte do Estado.
A depender da estrutura política do Estado, é possível um Direito Penal
com menos garantias. Como exemplo podemos citar os períodos da
Ditadura, onde havia previsão para delitos de pensamento; ou até mesmo
as vinculações entre estado e religião – punição ligada as violações das
leis religiosas.
O Estado somente pode realizar o ius puniendi respeitando o devido
processo legal.
Franz Von Liszt – “O código penal é a magna carta do delinquente”. Nesse
trecho, o autor aponta para a garantia máxima dentro do direito penal.
4) Função ético-social do Direito Penal
Busca-se o chamado “efeito moralizador”, através da garantia de um
mínimo ético que deve existir na sociedade.
“Efeito moralizador” – expressão trazida por Jellinek.
O direito penal tem a função de trazer os contornos de comportamento.
Visa afastar condutas intoleráveis, lesivas ao meio social.
Ex: Lei 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais – evitar desmatamento,
poluição do meio ambiente.
Também é conhecida como função “criadora dos costumes” ou
“configuradora dos costumes”.
6) Função Motivadora
O direito Penal “motiva” os indivíduos a não violarem suas normas. Essa
motivação advém da ameaça de sanção penal.
Trata-se do Estudo da ciência do Direito Penal. Esse tema pode aparecer com a
seguinte expressão: “enciclopédia das ciências penais”. É uma expressão
cunhada por José Cerezo Mir, que significa as ciências que estudam o crime, o
criminoso e a sanção penal (alguns autores incluem também o estudo da
vítima).
1) Dogmática Penal
É a interpretação, sistematização e aplicação lógico-racional do Direito
Penal.
Trabalha-se com o lado científico do Direito Penal (dogmática enquanto
ciência). A dogmática penal tem a missão de conhecer o sentido das
normas e princípios jurídico-penais positivos e desenvolver de modo
sistemático o conteúdo do Direito Penal. Tem as normas positivas como
ponto de partida para solução dos problemas.
Lógico-racional: não se pode tolerar um Direito Penal baseado na emoção
e paixão. O direito penal precisa ser de aplicação logicoracional, abastada
de interesses.
“Dogma”: uma aceitação séria do que foi imposto como verdade que não
se discute. Não se pode ter o Direito Penal como um dogma, mas sim
dogmático (que é o aspecto cientifico).
2) Política Criminal
Basileu Garcia define política criminal como a ciência e a arte dos meios
preventivos e repressivos que o Estado dispõe para atingir o fim da luta
contra o crime.
Zaffaroni e Pierangeli, por sua vez, afirma que a política criminal é a
ciência ou a arte de selecionar os bens jurídicos que devem ser tutelados
penalmente e os caminhos para tal tutela, o que implica a crítica dos
valores e caminhos já eleitos.
Trata-se de opções que o Estado possui para escolher qual a melhor
forma de reprimir, de prevenir, escolha de formas de enfrentamento da
criminalidade.
Zaffaroni conceitua Política Criminal como “a ciência ou a arte de
selecionar os bens (ou direitos), que devem ser tutelados jurídica e
penalmente, e escolher os caminhos para efetivar tal tutela, o que
iniludivelmente implica a críticas dos valores e caminhos já eleitos”.
Diante disso, pode-se afirmar que toda norma jurídica surge de uma
decisão política, ou seja, traduz uma decisão política. A decisão política
dá origem a norma jurídica, mas isto não implica que a norma jurídica
fique submetida absolutamente à decisão política. Também não se pode
afirmar uma total separação entre política criminal e norma penal, pois
esta protege os bens jurídicos definidos por critérios políticos criminais.
3) Criminologia
Ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da
pessoa do infrator, da vítima, do controle social e do comportamento
delitivo, buscando informações sobre a gênese, a dinâmica e as variáveis
do crime, a fim de embasar programas de prevenção criminal e técnicas
de intervenção positiva no homem delinquente.
Ciência empírica – com base na realidade social.
A criminologia busca entender todo o fenômeno do crime.
Espécies:
1) Fontes materiais, substanciais ou de produção:
Capacidade de criar as normas de direito penal. Refere-se ao órgão
incumbido de sua elaboração.
União: art. 22, I, CF – é a regra – competência privativa. Nosso
federalismo faz com que tenhamos um único Código Penal para todo
Brasil.
Estados: art. 22, §u, CF – é exceção. Deve tratar de matéria específica e
ter autorização da União mediante Lei Complementar (ressalva). Tratase
de situação excepcional. Os requisitos são: autorização da união
mediante lei complementar + matéria de natureza específica.
Ao legislador (Legislador: União - art. 22, I), portanto, não cabe proibir
simplesmente a conduta, mas descrever em detalhes o comportamento,
associando-lhe a uma pena, de maneira que somente possam ser punidos
aqueles que pratiquem exatamente o que está escrito.
São as seguintes:
Espécies de Costume:
Secundum Legem: traça regra sobre a interpretação da lei
penal. Costume no mesmo sentido da lei penal.
Contra legem: inaplicabilidade da norma jurídica em face do
desuso. Vale lembrar que costume não revoga lei. Nesse caso,
o costume vai contra a lei, em face do que dispõe o art. 2°, § 1°,
da Lei de Introdução ao Código Civil (Dec-lei n.° 4.657/42),
segundo o qual uma lei só pode ser revogada por outra lei.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.
Espécies de interpretação:
3) Quanto ao resultado
Ato obsceno
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao
público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Princípios em Espécie:
Previsão Legal:
art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
Anterioridade da Lei - Art. 1º, CP - Não há crime sem lei anterior que o
defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Aula . 2.2
1. Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege
previa);
A partir do momento em que temos a edição de uma lei penal
prevendo crimes e penas, essa lei sempre funcionará para fatos
futuros.
2. Proibir a criação de crimes e penas pelo costume (nullum crimen nulla
poena sine lege scripta)
Não se pode trabalhar com a criação de crimes através do direito
costumeiro.
3. Proibir o emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou
agravar penas (nullum crimen nula poena sine lege scricta)
Necessitamos da legalidade para criar crimes e fundamentar a
aplicação de penas. Difere da interpretação analógica.
4. Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla
poena sine lege certa)
A lei precisa ser certa e determinada. A descrição da conduta
precisa ser da forma mais detalhada possível. Evitar expressões
vagas. Isso resulta na segurança jurídica.
São sinônimos?
Uma primeira corrente sustenta que esses dois princípios possuem
igual significado.
No entanto, uma segunda corrente entende que não. Veja a seguir
algumas das diferenças apontadas.
Mandado de Criminalização:
O que são?
Segundo Antônio Carlos da Ponte, os mandados de criminalização
“indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a
faculdade, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados
bens ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral”.
b) Implícitos: são aqueles em que não se tem uma ordem direta, mas
se extrai pela interpretação da CF.
Exemplo: Antônio Carlos da Ponte afirma que o combate a
corrupção eleitoral é um mandado implícito de criminalização, tendo
em vista que sua pratica destrói os alicerces e fundamentos do
Estado Democrático de Direito, comprometendo, inclusive, a sua
continuidade.
2) Princípio da Anterioridade
Previsão:
Art 5º, XXXIX, CF – não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
Art. 1º, CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Art 11, §2º - declaração universal dos direitos humanos – “no momento”
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no
momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou
internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela
que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Tal princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, segundo o qual “só pode
ser castigado aquele comportamento que lesione o direito de outras
pessoas e que não seja simplesmente pecaminoso ou imoral. À conduta
puramente interna, ou puramente individual – seja pecaminosa, imoral,
escandalosa ou diferente – falta a lesividade que pode legitimar a
intervenção penal”.
Ex:
Autolesão não é crime (pura).
Cuidado: Salvo quando houver intenção de prejudicar
terceiros, como ocorre na autolesão cometida com o fim de
fraude ao seguro, em que a instituição seguradora será vítima
de estelionato (art. 171, S 2º, V, CP)
O princípio da alteridade veda também a incriminação do
pensamento (pensiero non paga gabella) ou de condutas
moralmente censuráveis, mas incapazes de penetrar na esfera
de outrem.
Dessa forma, o bem jurídico tutelado pela norma é o interesse
de terceiro, pois seria inconcebível provocar a intervenção
penal contra alguém que está fazendo mal a si mesmo.
4) Princípio da Ofensividade
Conceito: “o princípio da lesividade do direito, pelo qual o fato não pode
constituir ilícito se não for ofensivo (lesivo ou simplesmente criminoso) do
bem jurídico tutelado, responde a uma clara exigência de delimitação do
direito penal” – Francesco Palazzo.
6) Princípio da Proporcionalidade
Aula 2.5
Espécies da Proporcionalidade:
7) Princípio da Confiança
Pune-se a pessoa por aquilo que Pune a pessoa por aquilo que ela
ela é e não por aquilo que ela fez. faz.
2) Subsidiariedade
Significa que a norma penal exerce uma função meramente
suplementar da proteção jurídica em geral, só valendo a imposição
de suas sanções quando os demais ramos do direito não mais se
mostrem eficazes na defesa dos bens jurídicos.
O direito penal atual quando os demais ramos do direito falharem.
O princípio da subsidiariedade se manifesta no plano concreto, isto
é, tem como destinatário o aplicador do Direito Penal.
Dessa forma, o Direito Penal é a “ultima ratio”.
Também é chamado de “soldado de reserva”, “executor de
reserva”.
Vide: informativo 479, STJ – Princípio da subsidiariedade.
Subtração de água.
Lei Penal
Exemplo: quem mata alguém age contra a norma (“não matar”), mas exatamente
de acordo com a descrição feita pela lei (“matar alguém” – art. 121, do CP).
Classificação da Lei Penal:
Subdividem-se em:
Permissivas: são as cláusulas de exclusão da ilicitude.
Exemplos: arts. 23 e 128, CP.
Norma penal que contém uma indeterminação no seu conteúdo, que necessita
de uma complementação.
1) Primariamente remetidas (indeterminação da conduta)
2) Secundariamente remetidas (indeterminação da sanção)
3) De Fundo Constitucional
Princípio da Continuidade da Lei: depois que uma lei entra em vigor, ela
subsiste até ser revogada por outra lei.
Relembrando:
• Lei se revoga por outra lei.
• Costume não revoga lei.
• Desuso não revoga lei.
• Decisão judicial não revoga lei (ainda que preferida pelo STF em
controle concentrado). O poder judiciário suspende a eficácia da
lei, mas a revogação é papel do Legislativo!
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Conflito de Leis Penal no Tempo: caso em que se tem uma lei em vigor
no momento da conduta, e após, surge uma nova lei, tratando do fato de
uma maneira diferente. Essa nova lei pode ser benéfica ou maléfica para
o autor do fato.
Ocorre quando a infração penal é cometida (data do fato) sob a vigência
de uma lei, e esta vem a ser posteriormente revogada por outra.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado. Hipóteses de Lei Posterior:
a) “Abolitio Criminis”
b) “Novatio legis in mellius”
c) “Novatio legis in pejus”
d) “Novatio legis” incriminadora
Abolitio Criminis
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
A abolitio criminis para ser efetiva (para que o fato se torne atípico),
necessita de dois requisitos:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado.
Consequências: a lei penal retroage e aplica-se imediatamente aos
processos em julgamento, aos crimes cuja persecução ainda não se
iniciou e, também, aos casos já encerrados por decisão transitada em
julgado.
Ex: a lei nova que cria uma qualificadora, aumenta a pena ou piora o
regime prisional.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Questões especiais:
Exemplo: lei “a” em vigor na data do fato; lei “b” em vigor durante o processo
(mais favorável); e, por fim, uma lei “c” está em vigor no momento da sentença.
Pode ocorrer que uma mesma norma, exista parte favorável ao agente e outra
parte desfavorável. Nesta hipótese, poderá haver combinação de leis?
Dois posicionamentos:
No caso concreto, deve se fazer as duas dosimetrias (uma de cada lei), vendo
qual de forma integral, será mais benéfica ao acusado.
Duas espécies:
Lei excepcional
É feita para vigorar em períodos anormais, como guerras, calamidades,
etc. Sua duração coincide com o período excepcional.
Características:
• Autorrevogáveis: terminando o prazo de validade da lei temporária
ou a situação de anormalidade da lei excepcional, a lei está
automaticamente revogada.
• Ultratividade: são aplicadas mesmo depois de revogadas, desde
que o fato tenha sido praticado quando estavam em vigor.
Lei temporária
Aquela que tem um prazo certo, uma data para encerrar. É feita para
vigorar em um período de tempo previamente fixado pelo legislador. Traz
em seu bojo a data da cessação de sua vigência. É uma lei que desde a
sua entrada em vigor está marcada para morrer.
Ex: Lei Geral da Copa (lei n. 12.663/12) – art. 36
Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência
até o dia 31 de dezembro de 2014.
Lei Penal em Branco: são normas nas quais o preceito secundário está completo
(cominação da pena), permanecendo indeterminado o seu conteúdo.
Resposta: DEPENDE!
Caso a execução tenha início sob o império de uma lei, prosseguindo sob o de
outra, aplica-se a mais nova, ainda que menos benigna, pois, como a conduta
se protrai no tempo, a todo momento renovam-se a ação e a incidência da nova
lei. Ex: art. 159 do CP.
Crime continuado:
É uma ficção jurídica. Tem-se vários delitos entendidos como um crime único.
Se uma nova intervém no curso da série delitiva, deve ser aplicada, ainda que
mais grave, a toda série continuada.
3) Lugar do crime
MEMORIZE:
L – LUGAR DO CRIME
U - ubiquidade
T – TEMPO DO CRIME
A – atividade
Crimes à Distância Crimes Plurilocais (ou de espaço
mínimo)
O Código Penal limita o campo de validade da lei penal no espaço, com base
em dois valores fundamentais:
1) Territorialidade
2) Extraterritorialidade
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
Formas de extraterritorialidade:
Aula 4.7
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
Requisitos:
ATENÇÃO:
A homologação não diz respeito ao conteúdo da sentença,
circunscrevendo-se a um exame formal e delibatório da decisão.
Para gerar reincidência basta a prova da condenação definitiva no
estrangeiro, não sendo necessária a homologação da sentença.
6) Contagem de Prazo
Observações importantes:
Por esta regra não interessa a que horas do dia o prazo começa a correr,
considera-se o dia todo para efeito de contagem de prazo. Da mesma
forma, desprezam-se os centavos nas penas de multa.
7) Legislação Especial
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo
diverso.
Finalidades:
1. Evitar o “bis in idem”: se o agente praticou um único fato a ele deve ser
aplicada apenas uma lei penal. Finalidade típica do Direito Penal.
2. Manter a unidade e a coerência do sistema penal. O sistema jurídico não
tolera antinomias!
O que são antinomias? São os conflitos entre normas.
Voltado a teoria do Direito.
1) Princípio da Especialidade
2) Princípio da Subsidiariedade
3) Princípio da Consunção (ou absorção) 4) Princípio da Alternatividade ***
Atenção: para saber qual norma é geral e qual norma é especial, não é
preciso analisar o fato concreto praticado, sendo suficiente que se
comparem abstratamente as descrições contidas nos tipos penais.
Segundo Damásio, “o princípio da especialidade possui uma
característica que o distingue dos demais: a prevalência da norma
especial sobre a geral se estabelece in abstrato, pela comparação das
definições abstratas contidas nas normas”.
Elementos:
Definição: são aqueles que não são punidos em razão da punição do fato
principal.
Espécies:
Fundamentos:
O agente, para atingir Há dois fatos e o O fato anterior, não O agente, depois de
um resultado mais agente quer o obrigatório, está na já ofender o bem
primeiro. Após linha de jurídico, promove
grave, passa consuma-lo decide desdobramento da novo ataque ao
necessariamente praticar outro mais conduta mais grave, mesmo bem
por um delito
menos grave. grave diante
do funcionando como jurídico, visando
“Delito de ação de mesmo bem forma de apenas tirar proveito
preparação ou da pratica anterior.
passagem”. jurídico. execução. Trata-se de mero
Ocorre a mudança exaurimento.
do dolo!
4) Princípio da Alternatividade
Conceito: ocorre quando a norma descreve várias formas de realização
da figura típica, em que a realização de uma ou de todas configura um
único crime. São os chamados tipos mistos alternativos, os quais
descrevem crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado. Não é aceito
de forma unanime na doutrina e na jurisprudência.
1) Conceito de Crime:
O conceito de crime depende do critério adotado para defini-lo.
b) Critério Legal;
“Crime é aquilo que a lei define como tal”.
O conceito legal de crime encontra-se no art. 1º da Lei de introdução
ao Código Penal (Decreto-Lei n. 3.914/41).
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena
de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
RE 430105 QO/RJ*
RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
Relatório: RE, a, do Ministério Público, em matéria criminal, contra
acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que julgou ser o
Juizado Especial o competente para o processo e julgamento de crime
de uso de drogas, previsto à época dos fatos no art. 16 da L.
6.368/76 (f. 114/120).
Alega-se violação dos 2º; 5º, XL; e 98, I, todos da Constituição, sob o
fundamento de que, ao contrário do afirmado pelo acórdão recorrido, o
art. 2º, par. único, da L. 10.259/01, nos casos de competência da
Justiça estadual, não ampliou o conceito de crime de menor potencial
ofensivo previsto no art. 61 da L. 9.099/95.
Dada a superveniência da L. 11.343/06 (art. 28), submeto à Turma
questão de ordem relativa à eventual extinção da punibilidade do fato
(C.Penal, art. 107, III).
É o relatório.
a) ele está inserido no Capítulo III, do Título III, intitulado "Dos crimes e
das penas";
b) o art. 28, parágrafo 4°, fala em reincidência (nos moldes do art. 63
do CP e 7° da LCP e é reincidente aquele que, depois de condenado
por crime, pratica nova infração penal);
c) o art. 30 da Lei 11.343/06 regulamenta a prescrição da posse de
droga para consumo pessoal. Apenas os crimes (e contravenções
penais) prescreveriam;
d) o art. 28 deve ser processado e julgado nos termos do procedimento
sumaríssimo da lei dos juizados, próprio para crimes de menor
potencial ofensivo;
e) cuida-se de crime com astreintes (multa coativa, nos moldes do art.
461 do CPC) para o caso de descumprimento das medidas impostas;
f) a CF de 88 prevê, no seu art. 5º, inc. XLVI, penas outras que não a
de reclusão e detenção, as quais podem ser substitutivas ou principais
(esse é o caso do art. 28).
f) a lei não prevê medida privativa da liberdade para fazer com que o
usuário cumpra as medidas impostas (não há conversão das penas
alternativas em reclusão ou detenção ou mesmo em prisão simples);
Posição Quadripartida:
O crime é composto por quatro elementos:
• Fato típico
• Ilicitude
• Culpabilidade
• Punibilidade
Autor: Basileu Garcia
Crítica: a punibilidade não é elemento do crime, mas a sua
consequência.
Posição Tripartida:
O crime é composto por três elementos:
• Fato típico
• Ilicitude
• Culpabilidade
“O crime é fato típico e ilícito praticado por agente culpável”. Autores:
Nélson Hungria, Magalhães Noronha, Aníbal Bruno, Hans Welzel,
Cezar Roberto Bitencourt e Luis Regis Prado.
Quem faz parte da Escola Clássica, necessariamente adota a posição
Tripartida.
Posição Bipartida
O crime é composto por dois elementos:
• Fato típico
• Ilicitude
A culpabilidade não é elemento do crime, mas funciona como
pressuposto de aplicação da pena.
Autores: Rená Ariel Dotti, Damásio E. de Jesus, Julio Fabrini Mirabete,
José Frederico Marques e Celso Delmanto.
Para quem segue a posição bipartida, necessariamente tem que ser
autor finalista.
• Sistema Clássico
• Sistema Neoclássico
• Sistema Finalista
SISTEMA CLÁSSICO:
Necessariamente tripartite.
Conduta de Imputabilidade
Resultado Dolo (normativo)* ou
culpa.
Relação
causalidade
Tipicidade
*Dolo Normativo: aquele que tem no seu interior, a chamada consciência atual
da ilicitude. Não basta o agente querer a produção do resultado. É necessário
que ele tenha consciência de que seu comportamento é contrário ao direito.
SISTEMA NEOCLÁSSICO (ou neokantista):
Conduta de Imputabilidade
Resultado Dolo (normativo) ou
Relação culpa.
causalidade Exigibilidade de
conduta diversa
Tipicidade
Obediência hierárquica
Coação moral irresistível.
SISTEMA FINALISTA:
Surge na Alemanha (1930), pelos estudos de Hans Welzel – “O novo sistema
jurídico penal”.
Principais fundamentos:
Resultado da ilicitude
Relação de Exigibilidade de
conduta diversa.
causalidade
Tipicidade
Principais propostas:
3.1. Funcionalismo Penal
3.2. Direito de Intervenção
3.3. Direito Penal de Velocidades
Direito penal do inimigo
Garantista Autoritário
Retrospectivo (passado) Prospectivo (futuro)
Baseia-se na culpabilidade do Baseia-se na periculosidade do
individuo agente
Direito penal do fato Direito Penal do Autor (pune-se pelo
que é, e não pelo que fez)
Em razão do art. 5º, CF, não seria possível ter dois direitos, um do cidadão e
outro do inimigo. No entanto, há alguns exemplos na legislação brasileira de
regras que “se aproximam” do direito penal do inimigo.
Ex: endurecimento da execução penal pelo RDD; punição de atos preparatórios;
criação de tipos penais de mera conduta e de perigo abstrato.
FATO TÍPICO
1) Conduta
2) Resultado
3) Nexo de Causalidade
4) Tipicidade
1) CONDUTA
a) Teoria Finalista:
“Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntaria, dirigida a
uma finalidade”.
Integram a conduta: dolo ou culpa.
Dificuldade em definir crimes culposos.
b) Teoria Cibernética:
O finalismo não consegue explicar os crimes culposos.
A teoria cibernética, criada por Welzel, diz que conduta é “a ação
biociberneticamente antecipada”.
Essa teoria coloca em destaque o controle da vontade. A vontade existe para
os crimes dolosos e para os culposos.
Essa teoria não foi aceita, mantendo-se o finalismo mesmo com suas falhas.
Essa teoria não ganhou apoio no Brasil, justamente por essa questão de
indeterminação jurídica. Trata-se de um conceito muito aberto, dificultando
a aplicação do direito.
“Art. 25, DL 3688/41 - Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por
crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando
conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou
instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde
que não prove destinação legítima: ”
Crimes Omissivos:
Características:
1. Quanto ao sujeito ativo, são crimes comuns ou gerais. Podem ser
praticados por qualquer pessoa.
2. Não admitem tentativa. São delitos unissubsistentes (um único ato).
3. Em regra, são crimes de mera conduta. O tipo penal se limita a
descrever uma conduta.
Omissivos Impróprios: aqueles em que o agente tinha o dever de agir, ou
seja, não fez o que deveria ser feito.
Também chamados de Omissivos impuros, espúrios ou comissivos por
omissão).
O tipo penal descreve uma ação, mas a inércia do agente, que descumpre
um dever de agir (art. 13, p. 2º, CP), leva a produção de um resultado
naturalístico.
Ex: mãe que deixa, dolosamente, de alimentar seu filho causando-lhe a
morte por inanição.
Características:
1. Quanto ao sujeito ativo são crimes próprios ou especiais. Não podem
ser praticados por qualquer pessoa, mas apenas por aqueles que
possuem o dever legal de agir.
2. Admitem tentativa. São crimes plurissubsistentes.
3. São crimes materiais
praticado.
Subsunção Indireta.
Crime unissubsistente – não admite Crime plurissubsistente – Admite
tentativa. tentativa.
Teorias da Omissão:
a) Teoria Naturalística: para essa teoria, a omissão é um
fenômeno causal, que pode ser claramente percebido no
mundo dos fatos, já que, em vez de ser considerada uma
inatividade, caracteriza-se como verdadeira espécie de ação.
Constitui, portanto, um “fazer”, ou seja, um comportamento positivo: quem
se omite faz alguma coisa.
b) Teoria Normativa: a omissão não é simplesmente um não fazer,
mas um não fazer o que a lei determina que seja feito.
A omissão penalmente relevante é a constituída de dois elementos: o non
facere (não fez) e o quod debeatur (aquilo que tinha o dever jurídico de
fazer).
Portanto, não basta o “não fazer”, sendo preciso que, no caso concreto,
haja uma norma determinando o que devia ser feito.
Aula 7.4
Exclusão da Conduta:
a) Caso fortuito e Força Maior:
Caso fortuito é aquilo que se mostra imprevisível, quando não inevitável;
é que chega sem ser esperado e por força estranha à vontade do homem,
que não o pode impedir. A doutrina aponta que o caso fortuito tem origem
humana.
Força maior é um evento externo ao agente, tornando inevitável o
acontecimento. Possui origem na força da natureza.
CASO FORTUITO HOMEM
FORÇA MAIOR NATUREZA
b) Sonambulismo e hipnose:
São estados de inconsciência.
Os movimentos praticados durante o sono ou em estado de hipnose não
caracterizam conduta humana por ausência de vontade.
2) RESULTADO
Espécies:
Aula 7.5
Já para os defensores da teoria jurídica, todo crime precisa ter resultado sob o
âmbito jurídico.
Em resumo:
• Eliminação de um acontecimento resulta no desaparecimento do
crime: o acontecimento é causa do crime.
• Eliminação de um acontecimento não resulta no desaparecimento
do crime: o acontecimento não é causa do crime.
Regra geral: teoria da equivalência dos antecedentes – art. 13, caput, CP.
Aula 7.6
Concausas
Espécies:
Ponto comum: nenhuma destas causas partem da minha conduta. São agentes
externos.
Aula 8.1
4) TIPICIDADE:
5) Adequação Típica
Adequação típica é o enquadramento da conduta ao tipo legal, o qual
pode ter duas formas de subordinação: imediata ou mediata.
Aula 8.2
6) Tipo Penal
II – Elementos:
III – Circunstâncias:
São informações, dados que tem como função aumentar ou diminuir a pena.
Não estão presentes em todos os tipos peais. Quando presentes são chamados
de “tipos penais derivado”.
Atenção:
Aula 9.1
1) DOLO
Previsão Legal: art. 18, I, CP
2) Teorias do Dolo:
Buscam explicar o que deve existir para caracterizar o dolo.
3) Elementos do Dolo:
O dolo é composto por consciência e vontade.
a) Consciência (elemento intelectivo/ cognitivo – conhecimento do fato
que constitui a ação típica);
b) Vontade (elemento volitivo de realizar esse fato).
Dolo Natural: adotado pela Teoria Finalista, essa espécie de dolo integra
o Fato Típico como componente da conduta, tendo como elementos
consciência e vontade.
É o dolo concebido como um elemento puramente psicológico, desprovido
de qualquer juízo de valor.
Aula 9.2
1) CULPA
Previsão: art. 18, II, CP
Culpa é o elemento normativo da conduta.
A culpa é assim chamada porque sua verificação necessita de prévio juízo
de valor, sem o qual não se sabe ela está ou não presente.
Observações:
1) A imperícia não se confunde com o erro profissional.
Imperícia é a falha do agente.
Erro Profissional é a falibilidade das regras cientificas, que não
possui condições de resolver todas as situações da vida real.
Logo, não há crime culposo.
2) Tem doutrina (Basileu Garcia – “Direito Penal da Negligência”) que
diz que estes três elementos se resumem à negligencia e que a
imprudência e a imperícia seriam evolução daquela.
3) As modalidades de culpa devem ser detalhadas na peça inicial
acusatória.
Aula 9.3
3.5. Tipicidade:
A tipicidade é elemento do fato típico em todos os crimes.
Está prevista no art. 18, parágrafo único, CP, se não tem previsão
expressa de culpa, o crime só é punido a título de dolo.
A culpa tem que estar prevista expressamente pelo legislador no tipo
– caráter excepcional do crime culposo.
4) Espécies de Culpa
CONSCIÊNCIA VONTADE
DOLO DIRETO O agente prevê o resultado E quer o resultado (QUER)
(PREVÊ)
5) Compensação de Culpas
A culpa da vítima exclui a culpa do agente?
Não existe no Direito Penal. A culpa recíproca apenas produz efeitos quanto
à fixação da pena, pois o art. 59 faz alusão ao “comportamento da vítima”
como uma das circunstâncias consideradas.
A culpa exclusiva da vítima, contudo, exclui a do agente.
6) Exclusão da Culpa
Caso fortuito e Força maior
Erro profissional
Risco Tolerado
Princípio da Confiança.
Aula 9.4
Crime Preterdoloso
Crime qualificado pelo resultado é aquele que possui uma conduta inicial básica/
fundamental e um resultado agravador. Estrutura híbrida.
§ 3º Se da violência resulta:
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
Então, qual seria a diferença entre crime qualificado pelo resultado e crime
preterdoloso?
Elementos do preterdolo:
Aula 10
Iter Criminis
1) Conceito:
É o conjunto das fases que se sucedem cronologicamente no
desenvolvimento do delito.
É o caminho percorrido pelo crime.
É dividido em duas macrofases: interna e externa.
Obs:
2.1. Cogitação
É a simples ideia do crime (pensiero non paga gabella)
Pensamento jamais será punido.
Por força do princípio da materialização do fato a mera cogitação
é impunível. Estamos diante de um direito penal do fato e não de
autor.
2.3. Execução
Traduz a maneira pela qual o agente atua exteriormente para
realizar o núcleo do tipo (verbo).
Aqui é o marco inicial, em regra, para o interesse de punir.
2.4. Consumação
Marca o instante da composição plena do fato criminoso. Reunião
de todos os elementos do fato criminoso.
Também denominado “crime pleno”, “crime completo” ou “crime
perfeito”.
Exemplos:
Circunstância Judicial – art. 59
Qualificadora – art. 329, p 1º
Causa de aumento de pena art. 317, p. 1º
Aula 11
Tentativa
1) Conceito:
É o início da execução de um crime, que não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
É também chamada de “conatus”
2) Previsão Legal:
3) Elementos da Tentativa
a) Inicio da execução
b) Não-consumação
c) Interferência de circunstancia alheia à vontade do agente.
Zaffaroni e Pierangeli observam que tentativa “é um delito incompleto, de
uma tipicidade subjetiva completa, com um defeito na tipicidade objetiva”.
Art. 309, CE
Atenção:
Art. 30, CPP:
5) Espécies de Tentativa
6) Admissibilidade da Tentativa
Aula 12.1
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
1) Previsão Legal
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados.
4) Fundamento
Franz von Liszt – “ponte de ouro”.
Caminho para retomar ao mundo da legalidade.
8) Arrependimento Eficaz
O agente, após encerrar a execução do crime, impede a produção do
resultado.
Aqui, a execução vai até o final, não sendo interrompida pelo autor, no
entanto, este, após esgotar a atividade executória, arrepende-se e impede o
resultado.
Obs: só é possível em crimes materiais.
9) Questões especiais
9.1. Incompatibilidade com os crimes culposos.
9.2. Desistência voluntária e arrependimento eficaz comunicam-se aos
demais agentes no concurso de pessoas em razão de sua natureza
objetiva.
Obs: Mandante do crime? Somente produzirá efeitos se o autor não produzir
o resultado.
9.3. Terrorismo – Lei 13/260/16
Art. 10.: Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo,
na hipótese do art. 5o desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
Art. 5o: Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito
inequívoco de consumar tal delito:
Aula 12.2
Arrependimento Posterior
1) Previsão legal:
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
2) Natureza jurídica
Causa de diminuição da pena (3ª fase da dosimetria)
3) Fundamentos
a) Estimular a reparação do dano à vítima.
b) Incentivar o arrependimento do agente
4) Aplicabilidade
Não está restrito aos crimes patrimoniais. É cabível a todos os crimes que
com ele seja compatível.
Ex: peculato culposo.
5) Requisitos
c) Limite Temporal:
A reparação ou a restituição devem ser realizadas até o recebimento
da denúncia ou da queixa-crime.
Após o recebimento da denúncia ou da queixa-crime?
Crime Impossível
1) Previsão Legal:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-
se o crime.
3) Natureza Jurídica
Causa geradora de atipicidade.
4) Teorias
a) Sintomática: a pratica de um crime impossível revela a periculosidade
do agente, justificando a imposição de uma medida de segurança.
b) Subjetiva: o dolo do agente no crime impossível é idêntico ao do crime
consumado. Logo, justifica-se a sua punibilidade.
c) Objetiva: liga-se a idoneidade do objeto material objeto da conduta e
do meio de execução utilizado pelo agente.
É a adotada pelo CP.
Divide-se em:
c.1) Objetiva Pura: existe crime impossível quando a inidoneidade for
absoluta ou relativa.
c.2)Objetiva temperada ou intermediária: existe crime impossível
quando a inidoneidade do objeto material ou do meio for absoluta.
A teoria objetiva temperada (ou intermediária) foi adotada no art. 17,
CP.
5) Espécies
Obs: a inidoneidade do objeto deve ser avaliada depois que a conduta foi
praticada.
Aula 13.1
Ilicitude
1) Conceito
É a contradição entre a conduta praticada pelo agente e o ordenamento
jurídico, pela qual a ação ou omissão típicas tornam-se ilícitas.
2) Terminologia
Ilicitude ou antijuricidade?
A maioria da doutrina trata ilicitude e antijuricidade como sinônimas. No
entanto, tecnicamente devemos utilizar a palavra “ilicitude”.
3) Divisão
• Ilicitude Formal: é a mera contradição entre o fato e o ordenamento
jurídico, sem qualquer preocupação quanto à efetiva
perniciosidade social da conduta.
• Ilicitude Material (ou substancial): é o conteúdo material do fato,
que viola valores fundamentais para manter a paz social. É a
contrariedade do fato em relação ao sentimento comum de justiça
(injusto).
4) Teorias
4.1. Teoria Indiciária da Ilicitude (“ratio cognoscendi”) Marx Ernst
Mayer, 1915.
O fato típico é presumidamente ilícito.
Todo fato típico tem um caráter indiciário da ilicitude, ou seja, constatada
a tipicidade de uma conduta, passa a incidir sobre ela uma presunção de
que ela seja ilícita.
Trata-se uma presunção “juris tantum”.
É a teoria adotada pelo CP.
c) Requisitos:
O consentimento do ofendido deve ser:
Expresso;
Livre
Moral e de acordo com os bons costumes;
Anterior à consumação do delito; Emanado de pessoa capaz.
Aula 13.2
Estado de Necessidade
1) Previsão Legal
2) Conceito:
Causa de exclusão da ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever
legal de enfrentar uma situação de perigo atual, a qual não provocou por
sua vontade, sacrifica um bem jurídico ameaçado por esse perigo para
salvar outro, cuja perda não era razoável exigir.
3) Natureza Jurídica:
Causa de exclusão da ilicitude
O Estado de Necessidade é um direito ou uma faculdade?
Nelson Hungria – “faculdade”
Aníbal Bruno – “direito”
a) Unitária:
b) Diferenciadora
De acordo com esta teoria deve ser feita uma ponderação entre os
valores dos bens e deveres em conflito.
Dessa forma, sendo os bens jurídicos desiguais, há exclusão da
antijuricidade, e tem-se estado de necessidade justificante; quando os
bens são iguais, há exclusão apenas da culpabilidade, tem-se, neste
caso, estado de necessidade exculpante.
A teoria diferenciadora foi adotada pelo CPM (arts. 39 e 43), mas não
é aceita pelo Código Penal comum.
5) Requisitos
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
1) O perigo deve ser atual: “atual” é a ameça que se está verificando no exto
momento em que se sacrifica o bem jurídico. É o perigo presente, que
está acontecendo.
Pode ser gerado por:
Fato humano
Comportamento animal
Fato da natureza
Ainda, o perigo atual não tem destinatário certo.
XXXXXXXXXXXX
Aula 14.1
Culpabilidade
1) Introdução:
O conceito da culpabilidade depende da teoria adotada, ou seja, se a
culpabilidade é ou não substrato do crime.
Conceito bipartido: pressuposto de aplicação da pena.
Conceito tripartido: elemento do crime.
2) Conceito
É o juízo de reprovabilidade (ou censura), o qual recai sobre a formação
e a manifestação da vontade do agente.
Trata-se de um juízo relativo à necessidade de aplicação da sanção penal.
3) Teorias
4) Elementos da culpabilidade
Imputabilidade
Potencial consciência da ilicitude
Exigibilidade de conduta diversa
Elementos Dirimentes
5) Da imputabilidade penal
5.1. Conceito:
É a capacidade de imputação
É o conjunto de condições pessoais que conferem ao sujeito ativo a
capacidade de discernimento e compreensão, para entender seus atos e
determinar-se conforme esse entendimento.
Em outras palavras, é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e
de determinar-se de acordo com este entendimento.
5.2. Momento de análise:
a) Biológico
Leva-se em conta apenas o desenvolvimento mental do agente
(doença mental ou idade), independentemente se tinha, ao
tempo da conduta, capacidade de entendimento ou
determinação.
Assim, basta ser portador de anomalia psíquica para ser
inimputável.
b) Psicológico
Esse critério considera apenas se o agente, ao tempo da
conduta, tinha capacidade de entendimento e
autodeterminação, independentemente de sua condição mental
ou idade.
Dessa forma, não precisa ser portador de anomalia psíquica
para ser inimputável.
c) Biopsicológico
Considera-se inimputável aquele que, em razão de sua
condição mental, era, ao tempo da conduta, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinarse
de acordo com esse entendimento.
Assim, não basta ser portador de anomalia psíquica para ser
inimputável.
Aula 14. 2
a) Menoridade – art. 27
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial.
Critério: Biológico.
Não interessa a capacidade de entendimento e
autodeterminação do menor. Basta ser menor de 18 anos.
Presume-se absolutamente a não capacidade do agente. A
imputabilidade se dá no dia do 18º aniversário, pouco
importando o horário do nascimento.
2º momento conduta
Atenção!!
Aula 14.3
Previsão Legal:
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Classificação:
a) Evitável (vencível ou inescusável): quando, apesar da falta de
consciência da ilicitude, constata-se que o agente possuía condições
de ter adquirido tal conhecimento.
Consequência: causa de diminuição de pena. Diminuição de um sexto
a um terço.
Requisitos:
a) Coação moral
b) Irresistibilidade da coação
Deve ser compreendida como aquela em que o coagido não pode desistir,
o que deve ser analisado no caso concreto.
Se a coação for resistível?
Quando se concluir ser resistível a coação, ambos respondem pelo fato –
coator e coagido.
No entanto, o coagido com uma atenuante (art. 65, III, c, primeira fugura).
Requisitos:
a) Ordem oriunda de superior hierárquico
Ordem de superior hierárquico é a manifestação de vontade do titular
de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado, no
sentido de que realize uma conduta.
b) Ordem não seja manifestamente ilegal
Significa não claramente (evidentemente) ilegal. Há uma aparência de
legalidade.
Aula 15.1
Concurso de Pessoas
1) Previsão Legal:
3) Teorias:
4) Requisitos:
a) Pluralidade de agentes culpáveis;
b) Relevância causal das condutas
c) Vinculo subjetivo
d) Unidade de infração penal.
ex: “A” e “B” resolvem matar “C”, sem que um saiba da conduta do outro.
Efetuam disparos quando “C” estava voltado para a casa. Assim, aquele
que efetuar o disparo moral responde por homicídio consumado, enquanto
o outro responderá por tentativa.
6) Autoria
Quem é o autor?
Pela teoria objetivo-formal, somente é considerado autor aquele que
pratica o verbo, isto é, o núcleo o tipo penal.
Autor é aquele que realiza a conduta principal, entendida como tal aquela
descrita na definição legal. Em contrapartida, o participe será aquele que,
sem realizar a conduta principal, concorre para o resultado.
Aula 15.2.
Zaffaroni
7) Partícipe
É aquele que, sem praticar o verbo do tipo, concorre de algum modo para
a produção do resultado.
Modalidades de participação:
Participação moral;
Participação material
Em resumo:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço.
A conduta do participe tem natureza acessória, pois não realiza o núcleo do tipo
penal. Sem a conduta principal, praticada pelo autor, a atuação do participe, em
regra, é irrelevante.
9) Circunstâncias Incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Atenção: infanticídio (art. 123, CP) tudo é elementar. Embora estado puerperal
seja uma característica só da mãe, ela se comunica a todos os coautores ou
participes que venham a auxiliar ou matar junto com a mãe o recém-nascido.
Aula 16.1
1) Introdução
a) Permitidas
Restrição limitação
b) Proibidas
Aula . 16.2
6) Regimes Penitenciários
6.3. Aberto:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
O código penal elegeu alguns critérios, que devem ser observados na sua ordem
de importância:
7.1. Reclusão:
a) se a pena imposta for superior a 8 anos: inicia o seu cumprimento em regime
fechado;
Atenção:
RECLUSÃO DETENÇÃO
Súmulas importantes:
Aula 17.1
1) Introdução
3) Natureza Jurídica
4) Características
4.1. Substutividade
4.2.Autônomia
São penas autônomas, existem por conta própria (art. 44, CP).
“Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do
art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída,
ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.”
6) Requisitos
O art. 44 do CP elenca os requisitos necessários indispensáveis para que o juiz
possa levar a efeito a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva
de direitos.
Os requisitos dividem-se em objetivos e subjetivos e são cumulativos.
Caso todos os requisitos estiverem presentes no caso concreto, o juiz não pode
negar a substituição (STF – RHC 100.657).
No caso de concurso de crimes deve ser considerada a pena total aplicada (STJ
– HC 289.110).
Embora estes crimes sejam cometidos com violência ou grave ameaça admitem
a substituição por pena alternativa, pois se trata de infrações de menor potencial
ofensivo, as quais comportam transação penal e imposição de pena não privativa
de liberdade.
b) Princípio da Suficiência
O STJ tem ido além dessa proibição não permitindo nenhuma pena restritiva de
direitos em crime praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher –
STJ HC n. 19.446 (inf 804).
8) Crimes Hediondos
É possível a aplicação? Apenas na hipótese do art. 33, p.4º, da lei 11.343/06.
10.1. Obrigatória
10.2. Facultativa
Aula 18.1
Pena de Multa
1) Previsão Legal
Art. 49 a 52, CP
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um
trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem
superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
Da mesma forma que a pena privativa de liberdade, a pena de multa deve buscar
os fins de prevenção e retribuição. Assim, o valor deve ser eficaz para atingir tal
finalidade.
Aula 19.1
Medidas de Segurança
3) Finalidade
Preventiva prevenção especial
A ideia é evitar que o agente volte a delinquir.
Reclusão internação.
Art. 17. O juiz competente para a execução da medida de segurança, sempre que
possível buscará implementar políticas antimanicomiais, conforme sistemática da Lei nº
10.216, de 06 de abril de 2001.
Duas correntes:
1ª) o tempo de cumprimento não pode ultrapassar 30 anos (STF – 1ª
turma – HC 107.432);
2ª) o tempo de cumprimento não pode ultrapassar o limite máximo
cominado em abstrato para o crime praticado (STJ – S. 527: “O tempo de
duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo
da pena abstratamente cominada ao delito praticado.”
Código Penal:
Art. 97, § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo
fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se
o determinar o juiz da execução.
Aula 20.1
Dosimetria da Pena
1) Introdução
O cálculo da pena no Código Penal está previsto no art. 68, o qual adotou
o chamado critério trifásico de aplicação da pena.
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59
deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
4.1. Culpabilidade
No art. 59 a palavra culpabilidade tem a função de fator de graduação da
pena.
A expressão “culpabilidade” quer significar o juízo de reprovação exercido
sobre o autor do fato típico e ilícito.
4.2.Antecedentes
São os dados relativos ao passado do réu no âmbito criminal.
O que são “maus antecedentes”?
4.4. Personalidade
São as razões do crime, como ódio, amor, cupidez, inveja, cobiça, ciúmes,
etc.
5. 2.Circunstâncias Atenuantes
6.1. Espécies: