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DIREITO PENAL I

Aula 1

Noções Gerais de Direito Penal


DEFINIÇÃO
Direito Penal - É a denominação trazida pela CF (art. 62, § 1º, I,
b):

“Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República


poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
[...]
b) Direito penal, processual penal e processual civil;”

Obs.: Expressão criticada por parte da doutrina (Ex. Basileu


Garcia)
DEFINIÇÃO
O conceito de Infração Penal pode variar de acordo com o
enfoque:
o Sociológico ou dinâmico: “mais um instrumento de controle
social de comportamentos desviados, visando assegurar a
necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica
dos membros do grupo;
o Material: “comportamentos considerados altamente
reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens
jurídicos indispensáveis à sua própria conservação e progresso.”
(Cunha e Prado); e
o Formal ou analítico: “Conjunto de normas que qualifica certos
comportamentos humanos como infrações penais (crime ou
contravenção), define os seus agentes e fixa as sanções (pena ou
medida de segurança) a serem-lhes aplicadas.” (Sanches Cunha).
CARACTERÍSTICAS
o Manutenção da paz social - Propicia a regular convivência
humana em sociedade por meio de normas que estabelecem
diretrizes (determinam ou proíbem determinados
comportamentos);

o Violadas as normas, surge o poder (dever) do Estado de aplicar


as sanções;

o O que diferencia a norma penal das demais é a consequência


jurídica;

o O Direito Penal deve ser aplicado de forma subsidiária e


racional para preservação dos bens mais relevantes.
CIÊNCIAS DO DIREITO PENAL
o Ciência - Organização de métodos de interpretação das normas
jurídicas. Correta aplicação das referidas normas;

o Manifestações sociais da conduta criminosa e condições


pessoais daquele que a pratica;

o Ciências penais - a delinquência como fato natural (apontar


causas – observação e experimentação);

o As ciências penais são integradas pela Criminologia e pela


Política Criminal.
CRIMINOLOGIA
o Criminologia - Ciência empírica (abarca o estudo do crime, da
pessoa do criminoso, da vítima e do comportamento da
sociedade);

o Causal-explicativa (retrata o delito enquanto fato – origens,


razão da existência, contornos e exteriorização);

o Engloba a biologia criminal, antropologia criminal, sociologia


criminal, etc.
CRIMINOLOGIA
o Ciência empírica (abarca o estudo do crime, da pessoa do
criminoso, da vítima e do comportamento da sociedade);

o Causal-explicativa (retrata o delito enquanto fato – origens,


razão da existência, contornos e exteriorização);

o Engloba a biologia criminal, antropologia criminal, sociologia


criminal, etc.
POLÍTICA CRIMINAL
o Trabalha as estratégias e meios de controle social da
criminalidade (caráter teleológico);

o Sugere e orienta reformas legislativas.


RESUMO
o Direito Penal – o crime enquanto norma.

o Criminologia – o crime enquanto fato.

o Política criminal – o crime enquanto valor.


RESUMO
FUNCIONALISMO
Movimento da atualidade, é uma corrente doutrinária que visa
analisar a real função do direito penal. Não há pleno consenso
sobre sua teorização, mas possui dois segmentos relevantes:
o Funcionalismo teleológico ou moderado (Claus Roxin): a função
do direito penal é assegurar bens jurídicos (valores indispensáveis
à convivência harmônica em sociedade), valendo-se de medidas
de política criminal; e
o Funcionalismo sistêmico ou radical (Günther Jakobs): a função
do direito penal é assegurar o império da norma (resguardar o
sistema), pois mostra que o direito penal existe e não pode ser
violado. O direito penal NÃO tem como função principal a
segurança de bens jurídicos, mas a garantia de validade do
sistema, uma vez que a sua atuação ocorre quando o bem
jurídico já foi violado.
FUNCIONALISMO
o Direito Penal do Inimigo: cuida de maneira própria daquele que
é considerado infiel ao sistema (não se aplica o direito, mas a
coação e repressão necessária aos que perdem o status de
cidadão);
o Prevalece o entendimento de que o Direito Penal assegura
bens jurídicos (Birnbaum, 1834), sem desconsiderar a missão
indireta (controle social e limitação do poder punitivo do Estado).
SELEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS
o Os bens jurídicos tutelados são selecionados a partir da
Constituição Federal (orienta o legislador e limita sua atuação).
CATEGORIAS DO DIREITO PENAL

o Direito Penal substantivo - direito material; e

o Direito Penal adjetivo - direito processual.

Obs.: Importante lembrar que o direito processual é um ramo


autônomo.
CATEGORIAS DO DIREITO PENAL

o Direito Penal objetivo ou jus poenale - conjunto de leis penais


em vigor no país; e

o Direito Penal subjetivo ou jus puniendi - direito de punir do


Estado – capacidade que o Estado tem de produzir e fazer
cumprir suas normas.
CATEGORIAS DO DIREITO PENAL
O Direito Penal subjetivo pode ser dividido em:
o Positivo - criar e executar as normas; e

o Negativo - capacidade de derrogar preceitos penais ou


restringir o alcance das figuras delitivas, atividade exercida de
forma preponderante pelo STF.

o O poder de punir não é incondicionado (limitações de modo,


lugar e tempo).

o O Estado é o titular do jus puniendi.


CATEGORIAS DO DIREITO PENAL

o A justiça privada é proibida, mas há exceção contida no art. 57


da Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio).

oDireito Penal de Emergência - a sensação de insegurança gera


uma demanda de criminalização que resulta em normas de
repressão, as quais, em muitos casos, afastam o caráter
fragmentário e subsidiário do direito penal – ignora as garantias
do cidadão e assume nítida feição punitivista.
CATEGORIAS DO DIREITO PENAL

o O legislador esquece da missão do direito penal e atua baseado


na opinião pública (cria novos tipos penais e/ou aumenta penas e
restrições de garantias, para devolver a sensação de
tranquilidade).

o Possibilita a criação de leis com função meramente


representativa (Direito Penal Simbólico).
CATEGORIAS DO DIREITO PENAL

o Direito Penal promocional (político ou demagogo) - visa


concretizar objetivos políticos, promovendo seus interesses.
Ferramenta de transformação social (Ex: mendicância era
infração penal).

o Direito de Intervenção (Winfried Hassemer) - O Direito Penal só


deve ser utilizado para a proteção de bens jurídicos individuais e
para coibir condutas que causem perigo concreto. Estaria entre o
direito penal e o direito administrativo.
CATEGORIAS DO DIREITO PENAL

o Direito Penal como Proteção de contextos da vida em sociedade


(Günther Stratenwerth) - enfoque máximo à proteção dos
interesses difusos, da coletividade (proteção das futuras
gerações). A proteção dos interesses individuais é relegada ao
segundo plano.

o Direito Penal garantista (modelo de Luigi Ferrajoli) - A


Constituição é o fundamento de validade de todas as normas
infraconstitucionais (respeito aos direitos fundamentais).
CATEGORIAS DO DIREITO PENAL

o O garantismo estabelece critérios de racionalidade e civilidade


à intervenção penal, uma vez que deslegitima normas ou formas
de controle social que se sobreponham aos direitos e garantias
individuais;

o Estabelece o objeto e os limites do direito penal nas sociedades


democráticas.
AXIOMAS
o Nulla poena sine crimine;
o Nullum crimen sine lege;
o Nulla lex (poenalis) sine necessitate;
o Nulla necessitas sine injuria;
o Nulla injuris sine acione;
o Nulla actio sine culpa;
o Nulla culpa sine judicio;
o Nullum judicio sine accusatione;
o Nullum accusatio sine probatione;
o Nulla probatio sine defensione.
PRIVATIZAÇÃO DO DIREITO PENAL

o Papel da vítima no âmbito criminal;

o Criação de institutos penais e processuais penais sob o enfoque


da vítima (o interesse da vítima prevalece sobre o poder de punir
do Estado);

o Exemplo: Lei 9.099/95 (Juizados Especiais).


VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
Idealizada por Jesús-María Silva Sánchez (trabalha com o tempo
que o Estado leva para punir o autor da infração):

o 1ª Velocidade - Infrações penais mais graves (penas privativas


de liberdade e procedimento garantista);

o 2ª Velocidade - relativizado (penas alternativas e procedimento


flexibilizado);

o 3ª Velocidade - penas privativas de liberdade e procedimentos


flexibilizados.

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