Você está na página 1de 31

A política criminal tem o objetivo de estabelecer e

Apostila de direito indicar ao poder público as medidas mais


adequadas de prevenção e combate ao crime.

penal Possui um caráter teleológico, pois busca cuidar


das estratégias e meios de controle social.
Também sugere ao poder público reformas na
Ciências Criminais legislação penal vigente.

As ciências criminais possuem dois componentes Normativas


de estudos:
Ciências criminais empíricas: estudam o “ser”, a Direito Penal
realidade e estabelece medidas de combate aos
É o ramo do direito que regulamenta o exercício do
crimes. São investigativas, não exatas e nem
poder punitivo do Estado, versando sobre as
rígidas. São elas a criminologia e a política
infrações penais, que são comportamentos
criminal.
considerados danosos à ordem social.
Ciências criminais normativas: estudam o “dever
Também tem o objetivo de garantir os direitos
ser”, ou seja, a forma como a sociedade deveria ser
fundamentais e evitar abusos do estado.
e cria/impõe regras de convívio social. São elas o
direito penal, direito processual penal e a Características
execução penal.
➢ Positivo
Empíricas ➢ Autônomo
➢ Público
Criminologia ➢ Sancionatório
➢ Constitutivo
Tem por objetivo o estudo os fatores determinantes ➢ Valorativo
do crime, auxiliando na compreensão do problema ➢ Coercitivo
do crime. Analisa autor e vítima, reúne É regido pelo código penal e outras leis penais.
informações sobre as infrações penais e a partir das
informações coletadas, realiza seu trabalho Direito Processual Penal
estudando a realidade da sociedade.
É o estudo da aplicação da jurisdição do direito
Além disso, a criminologia também analisa o
penal. Apresenta as ferramentas necessárias para a
funcionamento dos programas de prevenção do
realização e aplicação das sanções impostas pelo
crime e ressocialização do infrator.
direito penal.
É considerada uma ciência causal-explicativa, pois
No processo, impõe as regras de atuação das partes
retrata a infração enquanto fato, perquirindo suas
e do estado-juiz.
origens, razões de existência, contornos e formas
de exteriorização. É regido pelo código de processo penal e outras leis
penais.
Esse estudo se divide em quatro vertentes: delito,
delinquente, vítima e controle social. Estuda o Execução Penal
delito, assim como seu autor, sob aspectos
biológicos e sociológicos. Por isso é considerada Se apresenta após o trânsito em julgado e se dá
uma ciência interdisciplinar, porém é uma área sobre o cumprimento da pena. Ou seja, o poder
independente. Para ela, o delito não é somente um punitivo do Estado não se esgota com a prolação da
ato individual, mas um problema social. sentença, sendo necessário efetivar as decisões
contidas no julgado. É neste momento que a pena
Política Criminal
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
será cumprida. É regido pela Lei de Execução Categorias Do Direito Penal
Penal (Lei nº 7210/84).
Direito penal substantivo e adjetivo: substantivo
Direito Penal é o direito material, que cria as figuras criminais. O
adjetivo é o direito processual penal, que fixa as
Missão imediata: proteção aos bens jurídicos. normas de como o Estado deve agir para impor
Missão mediata: controle social e limitação do sanção a quem comete infração penal.
poder punitivo do Estado. Direito penal objetivo e subjetivo: o objetivo são
as leis penais em vigor no país. O subjetivo é o
Aspectos poder-dever do Estado de punir o infrator.
Formal: também chamado de estático é o conjunto O poder do Estado em punir sofre limitações
de normas que qualificam as infrações penais e fixa quanto ao modo (o Estado não pode punir como
as sanções a serem aplicadas. quiser, mas deve obedecer às regras de sanção),
espaço (o Estado só pode punir crimes cometidos
Material: se refere aos comportamentos
dentro de seu território) e o tempo (o poder de punir
considerados reprováveis em sociedade e que
não é eterno e pode prescrever).
afetem ou produzam perigo aos bens jurídicos.
Direito penal de emergência: é uma modalidade
Sociológico: também chamado de dinâmico. É o
que afasta o direito penal da sua função primordial
instrumento de controle social de comportamentos
e cria leis focadas em punição em vez da
desviados, buscando a necessária disciplina social.
prevenção. É uma forma de dar respostas rápidas à
O que diferencia uma norma penal das demais sociedade na tentativa de trazer uma segurança
normas é o tipo de consequência jurídica, já que no jurídica. Um exemplo é a lei nº 8.072/90 que
direito penal, a consequência é a pena ou a medida categoriza alguns crimes como hediondos.
de segurança.
Direito penal promocional: possui um caráter
Funcionalismo demagógico, pois é utilizado pelo Estado para
promover seus próprios interesses de
É o estudo sobre a real função do direito penal. É transformação social. Um exemplo é a lei de
dividido em dois tipos: mendicância, revogada em 2009. Vai contra o
princípio da intervenção mínima.
Funcionalismo Teleológico: também chamado de
moderado. Entende que a função do direito penal é Direito Penal de Intervenção: seria a utilização
a proteção dos bens jurídicos, que são os valores do direito penal somente para a proteção dos bens
que reputamos como importantes para a vida em jurídicos e as infrações coletivas com menor grau
sociedade e que são protegidos por lei. É este o ofensivo seriam tratadas por uma forma mais
entendimento que a doutrina brasileira adota. flexível, sem necessidade de privação de liberdade.

Funcionalismo Sistêmico: também chamado de Direito Penal Garantista: respeito máximo às


radical. Ele entende que a função do direito penal é garantias legais para evitar arbitrariedades do
assegurar o império da norma, dizendo que o Estado e proteger o réu, que é inocente até o
direito posto, existe e não pode ser violado. Ele trânsito em julgado. Estabelece os limites do direito
parte do princípio de que quando o direito penal é penal. As garantias são divididas em primárias
acionado, o bem jurídico já foi violado, então cabe (previne a violação das garantias) e secundária
ao DP fazer valer a norma. Desta linha, surge o (derivam da não observância das garantias
chamado direito penal do inimigo, que entende que primárias).
o que desrespeita a norma não oferece garantia de
Direito penal comum e especial: se for a justiça
que não vai cometer uma infração penal novamente
penal comum, trata-se da Federal ou Estadual. Se
e não deve ser considerado como cidadão, mas
for a justiça penal especial, trata-se da Militar ou da
combatido como inimigo.
Eleitoral.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


Fontes do Direito Penal Incriminadora: define as infrações penais e
comina as sanções. É estruturada da seguinte
É de onde o Direito Penal vem e como ele se revela. forma:
Se divide em: ➢ Preceito primário: onde está descrita a
conduta indevida
Fonte material ou de produção ➢ Preceito secundário: onde está descrita a
sanção.
É de onde surge a norma penal, o órgão
encarregado por essa produção, que é a União, Não incriminadora: também chamada de lei penal
como prevê o artigo 22 da Constituição Federal. no sentido amplo. Não tem a finalidade de criar
infrações penais e nem cominar sanções.
Fonte Formal Subdividem-se em

É o instrumento de exteriorização do Direito Penal, ➢ Permissivas: justificante (viabiliza que


ou seja, o modo como as regras são reveladas. uma conduta, a princípio indevida, seja
Classificam-se em: aceita por algum motivo. Exemplo:
legitima defesa.) e exculpante (elimina a
Imediata: a lei é a única fonte formal imediata do culpabilidade. Exemplo: embriaguez
direito penal, pois é o único instrumento normativo completa acidental).
capaz de criar lei penal. Porém, fala-se em lei ➢ Explicativa ou interpretativa: esclarece o
ordinária (metade mais um dos presentes – maioria conteúdo da norma.
simples) ou em lei complementar (metade de todos ➢ Complementar: delimita a aplicação das
os componentes – maioria absoluta). A CF também leis incriminadoras.
está no rol das fontes formais imediatas, apesar de ➢ Extensão ou integrativa: viabiliza a
não estabelecer diretamente as infrações penais, tipicidade de alguns fatos.
mas indica-as ao poder legislativo, chamadas de
mandado de criminalização. Além disso, os Norma Penal
tratados e convenções internacionais de direitos
humanos (que na pirâmide de Kelsen estão em Espécie do gênero norma jurídica, aquela que é
nível constitucional) são encarados como fonte imperativa e fixa sanção. Quando elaborada pelo
formal do direito penal. órgão legislativo competente, assume forma de lei.
Mediata: revelam o direito penal de forma A norma é pressuposto lógico da lei e esta é
indireta. É revelado pela doutrina, jurisprudência, revestimento formal daquela.
princípios gerais do direito e os costumes.

Características e classificação da lei


penal
A lei penal tem as seguintes características:
Exclusividade: somente a lei define infrações e
comina sanções penais.
Imperatividade: é imposta a todos.
No sentido técnico-jurídico, a lei é a fonte do
Generalidade: todos devem aceitar a lei penal. direito positivo, um meio ou instrumento de
produção de normas jurídicas, um modo de
Impessoalidade: se dirige a fatos e não a pessoas.
revelação ou exteriorização racional da norma. A
A lei penal é classificada das seguintes formas condição de norma jurídica é dada pela lei.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


A norma penal possui preceito jurídico obrigatório, Para resolver a antinomia, a doutrina aponta os
em forma de mandamento ou proibição e não se critérios:
confunde com a lei.
➢ Cronológico: a norma mais recentemente
Teoria de Binding editada revoga a anterior.
➢ Hierárquico: prevalece a hierarquia das
Binding diz que quando o criminoso pratica a normas de acordo com a pirâmide de
conduta descrita em lei, ele não viola a lei, mas sim Kelsen.
a norma penal. A crítica é de que a norma é ➢ Especialidade: a lei especial afasta a
conteúdo da lei. Quando a lei é violada, a norma aplicação da lei geral.
também é.
Concurso aparente de normas
Norma penal em branco
São casos em que em uma mesma conduta podem
Também chamada de “primariamente remetida”, ser aplicados, aparentemente, mais de uma norma
são aquelas que necessitam de um complemento penal. É aparente porque verdadeiramente não há
para que se possa compreender o âmbito de conflito de normas porque o ordenamento é
aplicação do seu preceito primário. Ou seja, harmônico.
necessita de um complemento para entender o
preceito primário. Princípios que regem o aparente
De divide em: conflito
Norma penal em branco homogênea: o seu Especialidade
complemento é oriundo da mesma fonte legislativa.
Pode ser homovitelina (complemento advindo do Quando a norma penal é especial em relação à uma
mesmo ramo do direito) ou heterovitelina norma geral, pois reune todos os elementos desta,
(complemento advindo de outro ramo do direito). acrescidos de mais alguns elementos, chamados
especializantes. A norma especial tem a finalidade
Norma penal em branco heterogênea: quando o de excluir a geral.
seu complemento vem de outra fonte. Por exemplo:
uma lei complementada por uma portaria. Por exemplo, o crime de infanticidio é especial em
relação ao homicídio.
Norma penal incompleta ou
Subsidiariedade
imperfeita
A norma principal deve ser aplicada em detrimento
Também chamada de secundariamente remetida ou da subsidiária. Uma norma subsidiária é a que
lei penal inversa ou ao avesso. Para saber a sanção prevê uma conduta que é componente da norma
imposta, o legislador nos remete a outro texto de principal.
lei. Pressupõe a existência de um tipo principal, que
criminaliza uma ofensa mais grave, e um tipo
Anomia e antinomia subsidiário, que criminaliza uma ofensa menos
grave, as duas ao mesmo bem jurídico.
Anomia é a ausência de normas para um assunto
em específico ou, quando existe, a sociedade não A norma subsidiária somente será aplicada quando
lhe dá o devido reconhecimento. não couber a aplicação da norma principal.
Também chamada de “soldado de reserva”.
Antinomia ocorre quando duas normas são
incompatíveis, pertencentes ao mesmo Pode ser:
ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de ➢ Expressa: quaando a norma, em seu
validade. próprio texto, condiciona a sua aplicação a
não aplicação de outra norma mais grave.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


➢ Tácita: quando a lei não prevê, mas fica Gramatical, filológica ou literal: considera o
subintendida a análise do acontecido para sentido literal das palavras.
ver se o fato não constitui crime mais grave.
Teleológica: busca a finalidade da lei, ou seja, o
Exemplo: o crime de dano é subsidiário
que levou a sua edição.
(menos grave) ao crime de furto com
destruição ou rompimento de obstáculo. Histórica: é a interpretação que avalia o contexto
histórico no momento da criação da lei.
Consunsão
Sistemática: interpreta a lei considerando todo o
Também conhecido como princípio da absorção.
sistêma jurídico, confrontando-a com outras leis e
Em resumo, para cometer um crime (crime fim), é
com os princípios gerais do direito.
necessário que se cometa outro crime (crime meio).
Progressiva: busca a interpretação da lei de acordo
Pode-se falar em consunção nas seguintes
com a evolução da sociedade, científica e jurídica.
hipóteses
Lógica: busca extrair a interpretação da lei de
➢ Crime progressivo: para cometer um
acordo com o raciocínio dedutivo.
crime, o agente passa por outro crime
menos grave, chamado crime de passagem. Quanto ao resultado
➢ Progressão criminosa: o agente quer
primeiro praticar o crime menos grave, mas Declarativa: o legislador disse exatamente o que
depois decide praticar o crime mais grave. pretendia, não ampliando e sem suprimindo o
➢ Antefáto impunível: são fatos anteriores, alcance da lei.
não obrigatórios, mas que estão na linha de
desdobramento da ofensa mais grave. Restritiva: restringe o alcance da lei por considerar
➢ Pós fato impunível: o agente, depois de que o texto foi além do que o legislador pretendia.
ofender o bem jurídico, incrementa a lesão. Extensiva: amplia-se o alcance da lei por
Por exemplo: destruir o objeto roubado. considerar que o legislador disse menos do que
desejava.
Interpretação da lei penal
Interpretação conforme a
Buscar o significado de um texto, delimitando o
alcance da lei. São formas de interpretação: constituição
Quanto ao sujeito que à interpreta A validade da norma infraconstitucional deve ser
buscada dentro da perspectiva constitucional, que
ou a origem tem um viés garantista.

Autêntica (ou legislativa): a interpretação é Extensiva: quando o interprete amplia o


fornecida pela própria lei. Subdivíde-se em: significado das palavras, considerante que o
legislador disse menos do que queria. Não pode ser
➢ Contextual: a própria lei fornece a feito para prejudicar o réu. Contudo, não se pode
interpretação afastar a interpretação extensiva se a interpretação
➢ Posterior: lei distinta e posterior que restritiva causar um escândalo por sua notória
fornece a interpretação. irracionalidade. Quando o legislador quer restringir
Doutrinária (ou científica): interpretação feita o alcance de uma norma, faz isso de forma
pelos estudiosos e que não é de observância expressa.
obrigatória.
Interpretação analógica
Jurisprudencial: significado dado às leis pelos
tribunais a medida que analisam o caso concreto. Quando o legislador da exemplos de crimes, mas
autoriza ao interprete a identificar outras situações
Quanto ao modo similares.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


A integração da lei penal é quando não há A segunda forma de resolução está no plano de
legislação que discipline um fato, mas pela sua concretude. Os princípios possuem maior abstração
semelhança com outro fato disciplinado, utiliza quando comparados com a lei. A lei é elaborada
outra lei “parecida”. para reger determinado fato e os princípios se
aplicam a um grupo indefinido de hipóteses.
Para utilizar a analogia, ela precisa ser favorável ao
réu e ter a certeza que existe uma lacuna penal a ser Princípios que informam o direito
preenchida.
penal
A analogia pode ser:
Analogia legis: analogia feita a partir de outro Dignidade da pessoa humana
dispositivo de lei. Está previsto na CF e faz da pessoa fundamento e
Analogia iuris: analogia com os principios gerais fim da sociedade e do Estado. Afirma a integridade
do Direito. física e espiritual do homem como aspectos
irrenunciáveis, garante a identidade e a integridade
Princípios do Direito Penal através do desenvolvimento da personalidade,
possibilita condições de existência mínimas,
Os princípios representam o alicerce do Direito autonomia individual limitando os poderes
Penal, limitando o poder punitivo do Estado e públicos e igualdade de todos perante a lei.
garantindo a manutenção das garantias
Exclusiva proteção dos bens jurídicos
fundamentais. São mandamentos vinculantes tanto
para o legislador quanto para o aplicador. O direito penal presta-se à proteção dos bens
jurídicos.
Os princípios interagem entre si, dialogam,
viabilizando a sistematização e harmonia do Princípio da intervenção mínima
ordenamento jurídico.
O direito penal só deve ser aplicado quando
Os princípios podem ser: estritamente necessário, ou seja, quando um ato
oferecer lesão ou perigo de lesão a um bem
Explícitos: quando positivados no ordenamento
jurídico.
jurídico.
Princípio da insignificância ou bagatela própria
Implícitos: não previstos em lei, mas podem ser
extraidos do ordenamento jurídico. Aplica-se quando a ofensa concretada seja incapaz
de atingir materialmente de forma relevante ou
Diferenças básicas entre princípio intolerável o bem jurídico. Não oferece
e lei. periculosidade social e o grau de reprovabilidade
do comportamento é reduzido.
São duas diferenças. A primeira tem a ver com a A insignificância pode ser
forma de resolução de conflitos. Se há um embate
de leis, somente uma prevalecerá, afastando as ➢ Própria: insignificância da lesão ou perigo
demais. É a regra do “tudo ou nada”. Ou uma lei é de lesão ao bem jurídico. A conduta é
válida ou não. formalmente típica, mas materialmente
atípica.
Nos princípios isso não acontece porque não existe ➢ Imprópria: a aplicação da pena torna-se
revogação de princípios. Invoca-se a desnecessária, considerando as
proporcionalidade e aplica-se os princípios em circuntâncias do caso concreto e o histórico
conjunto, na medida da sua compatibilidade. Os do autor.
princípios também possuem dimensão de peso ou
importância que as regras não tem. Quando à um Princípio da adequação social
conflito entre princípios, tem-se que levar em conta Apesar de uma conduta se amoldar ao modelo
a força de cada princípio. Nenhum princípio é legal, não será considerada típica se for
absoluto.
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
socialmente adequada ou reconhecida. Restringe o da existência de voluntariedade, dolo (intensional)
âmbito de abrangência do tipo penal e orienta o ou culpa (não intensional). A culpabilidade pode
legislador na seleção dos bens jurídicos a serem ser critério de medição de pena.
tutelados, descriminalizando condutas.
Princípio da Igualdade
Princípio da exteriorização ou materialização
Deriva-se do artigo 5º da CF. Refere-se à igualdade
do fato
formal e na material. Para todos os indivíduos com
O direito penal só pode criminalizar fatos, as mesmas características, devem prever-se,
vedando-se o direito penal do autor, que pune o através da lei, iguais situações ou resultados
individuo por seus pensamentos, desejos, aparência jurídicos ou, ainda, deve-se tratar de forma igual o
ou estilo de vida. que é igual e desigualmente o que é desigual.
Princípio da legalidade Princípio da individualização da pena
Limita o poder estatal de interferir na esfera das A pena é individual. Pode ser cominada pelo
liberdades individuais e é expresso na CF. É legislador, mas será aplicada pelo juiz. Deve ser
também expresso no artigo 1º do CP. observada em três momentos:
Possui três fundamentos: ➢ Definição da figura típica pelo legislador
➢ Imposição da pena pelo juiz
➢ Político: garantia constitucional dos
➢ Fase de execução da pena
direitos fundamentais do homem,
impedindo o poder punitivo arbitrário. Princípio da proporcionalidade
➢ Democrático: divisão de poderes,
Deve haver um equilíbrio entre o mal causado pelo
conferindo aos representantes do povo a
agente e a aplicação da pena.
missão de elaborar leis.
➢ Jurídica: lei prévia e clara produz efeito Vedação do “bis in idem”
intimidativo.
➢ Processual: ninguém pode ser processado
A legalidade deve ser compreendida sobre dois duas vezes pelo mesmo crime
aspéctos: ➢ Material: ninguém pode ser condenado
duas vezes pelo mesmo fato
➢ Formal: obediência aos trâmites
➢ Execuconal: ninguém pode cumprir a
procedimentais, fazendo da lei aprovada,
mesma pena mais de uma vez pelo mesmo
sancionada e publicada, uma lei vigente.
fato
➢ Material: para ser válida, a lei deve
respeitar a CF e os tratados internacionais Princípio da fragmentariedade
de direitos humanos.
O direito penal não deve ser utilizado para tutelar
Princípio da lesividade ou ofensividade qualquer situação, nem para proteger todo bem
jurídico. Somente deve ser empregado em se
Só serão punidos os fatos em que ocorra lesão ou
tratando dos ataques mais graves aos bens jurídicos
perigo de lesão aos bens jurídicos. Só será
mais relevantes.
criminalizado quando ofender a integridade dos
bens jurídicos de terceiros. Princípio da limitação das penas
Princípio da responsabilidade pessoal Não haverá pena de morte (salvo em casos de
guerra declarada), perpétua, de trabalho forçado, de
Somente o condenado terá que se submeter à
banimento ou cruéis, como dispõe a CF.
sanção que lhe foi aplicada.
Princípio da culpabilidade ou responsabilidade Lei Penal no Tempo
subjetiva
De acordo com o princípio da legalidade, descrito
Não basta que o fato seja materialmente causado no artigo 1º do Código Penal, em regra a lei penal
pelo agente, mas a responsabilidade penal decorre aplicada deve ser a vigente no tempo do crime e
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
não retroage. Entretanto, existem exceções fins de pena, devem ser tratados como
chamadas extra atividade que é quando é permitida crime único, majorando a pena. CRIME,
a retroatividade ou a ultratividade. Essas exceções CRIME, CRIME, CRIME.
só podem acontecer quando forem para beneficiar
A súmula 711 do STF diz que aplica-se a lei penal
o réu.
mais grave, ainda que prejudicial ao réu, se a sua
➢ Retroatividade: lei penal aplicada a fatos vigência é anterior à cessação da continuidade ou
anteriores a sua vigência. da permanência.
➢ Ultratividade: lei penal aplicada após a sua
ABOLITIO CRIMINIS
revogação.
Fato tratado como crime é descriminalizado. A lei
Tempo do crime retroage e cessão os efeitos penais e condenatórios.
É necessário definir quando um crime se considera NOVATIO LEGIS IN MELLIUS
praticado. Existem três teorias, mas o Brasil adota
a teoria da atividade no artigo 4º do CP. Nova lei que beneficia o réu. Pode ser aplicada
mesmo após a condenação. Lei retroage.
➢ Teoria da Atividade: o tempo do crime é
o da ação ou omissão, ainda que o resultado LEI MAIS BENÉFICA NO PERÍODO DE
seja posterior. VACATIO LEGIS
➢ Teoria do resultado: o tempo do crime é o Existem duas correntes:
momento do resultado.
➢ Teoria mista ou ubiquidade: pode ser o da ➢ Aplica-se a lei nova desde logo
ação ou o do resultado. ➢ No período de vacatio legis, a nova lei não
tem eficácia, prevalecendo a lei anterior.
Pelo princípio da coincidência, todos os elementos
do crime (fato típico, ilícito e culpável) devem estar O Brasil adota a segunda corrente.
presentes no momento do crime e o momento do Dúvida sobre qual lei é a mais benéfica
crime que definirá qual lei regerá o caso concreto.
O réu deve ser consultado para saber qual lei mais
Sucessão de leis no tempo
o favorece.
Quando há modificação da norma de conduta ou de Princípio da continuidade normativo-
suas consequências jurídicas entre a data do crime,
o julgamento e término do cumprimento da pena. típica
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA A conduta se mantém proibida, mas o conteúdo
criminoso se desloca para outro tipo penal. Se
Lei que não existia no momento da conduta e
difere da abolitio criminis.
depois foi editada incriminando-a. Não retroage.
NOVATIO LEGIS IN PEJUS Lei intermediária

Nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu. A lei mais benéfica não é a do momento do crime
Não retroage. e tampouco a última lei, mas uma lei intermediária.
Deve-se aplicar a lei mais favorável. Fala-se em
LEI POSTERIOR MAIS GRAVE EM CASO dupla extra-atividade.
DE CRIME PERMANENTE OU CRIME
CONTINUADO Combinação de leis penais
➢ Crime permanente: consumação se Faculdade conferida ao juiz para conjugar critérios
prolonga no tempo. CRIIIIIIIMEEEEE. mais favoráveis da lei anterior e da lei posterior.
➢ Crime continuado: dois ou mais crimes da
mesma espécie, praticados nas mesmas O STF é favorável a esta modalidade, mas o STJ é
condições de tempo, lugar e maneira de contrário, pois entende que o juiz estaria assumindo
execução, entre outras semelhanças. Para o papel do legislador.
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
Lei temporária e lei excepcional Aplica-se a lei do país de nacionalidade do autor,
sem importar com o local do crime, da vítima ou do
➢ Lei temporária: instituída por um prazo bem jurídico.
determinado, ou seja, a conduta só será
criminalizada na vigência da lei. Personalidade passiva
➢ Lei excepcional: editada em virtude de Aplica-se a lei penal da nacionalidade do ofendido.
uma necessidade estatal, a exemplo dos
crimes de guerra. Defesa

Ambas as leis são auto revogatórias e possuem Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem
ultratividade, ou seja, alcança fatos praticados jurídico, não importando o local da infração penal
durante a sua vigência, ainda que esta já esteja ou nacionalidade do sujeito ativo.
revogada. Justiça penal universal ou justiça cosmopolita
Retroatividade da norma penal em O agente fica sujeito à lei do país onde foi
Branco encontrado, não importando sua nacionalidade, do
bem jurídico ou o local do crime. Geralmente este
Alteração no conteúdo da lei, posterior a conduta princípio está nos tratados internacionais de
criminosa, que beneficia o agente. cooperação de repressão a determinados delitos de
alcance transnacional.
O STF entende que quando:
Representação ou bandeira
➢ Homogênea: sempre tem efeitos
retroativos. A alteração do complemento é Lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos
um quadro de normalidade. A situação que em aeronaves e embarcações privadas, quando
se buscava incriminar agora é irrelevante praticados no estrangeiro e ai não sejam julgados
para o DP. ou em alto mar.
➢ Homogênea sem excepcionalidade: se
revogada ou modificada, poderá conduzir
Princípio da territorialidade
também à descriminalização. Ocorreu em Artigo 5º CP
um quadro de normalidade. Retroage.
➢ Heterogênea com excepcionalidade: A adoção deste princípio não é absoluta pois
ocorreu em um quadro de anormalidade. Se existem convenções, tratados internacionais e
revogado ou modificado, não conduz à regras de direito internacional. Fala-se em
descriminalização. territorialidade temperada.

Lei penal no espaço Existe também a possibilidade de aplicação de lei


estrangeira a fato praticado em território brasileiro,
Fato que interessa dois ou mais países. O estudo das chamado intraterritorialidade, como por exemplo
leis penais no espaço busca apurar as fronteiras de a imunidade diplomática.
atuação da lei penal nacional, ou seja, quando ela Também existem as possibilidades em que a lei
pode ou não ser empregada. brasileira alcança condutas praticadas no
Princípios estrangeiro, que é o caso da extraterritorialidade.

Território Nacional
Territorialidade
Aplica-se a lei penal do local do crime, não Território físico
importando a nacionalidade do agente, da vítima ou Espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à
do bem jurídico. soberania do Estado além das 12 milhas marítimas
Personalidade ativa de largura e o espaço aéreo correspondente
Território por extensão, ficção, equiparação ou
flutuante
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
Embarcações e aeronaves brasileiras públicas ou a Alcança os crimes descritos no inciso I sem
serviço do governo e aeronaves privadas com depender do preenchimento de qualquer requisito.
bandeira brasileira, ou seja, registradas no Brasil. Não importa se o agente foi condenado ou
Para as aeronaves ou embarcações estrangeiras, absolvido no estrangeiro.
apenas quando privadas em território brasileiro.
Condicionada
Embaixada Alcança os crimes previstos no inciso II desde que
As embaixadas são invioláveis, mas não as condições do §2º sejam cumpridas.
constituem extensão do território do país que Hipercondicionada
representam. Se ocorrer crime no interior da
embaixada, aplica-se a lei brasileira, salvo em Artigo 7º § 3º CP
hipótese de imunidade diplomática ou algum Além das condições do § 2º, é preciso cumprir as
tratado de direito internacional a respeito. condições do § 3º.
Direito de passagem inocente Lei Penal em relação às pessoas
Lei 8.617/1993
Deriva de prerrogativas de função. É o conjunto de
Navio privado que utiliza do mar territorial precauções que rodeiam a função e que servem para
brasileiro como passagem para o seu destino sem proteger o seu exercício. Requer lei estabelecendo-
atracar no território. Se ocorrer algum crime, a lei a e alcança funções vinculadas às instituições
brasileira não será aplicada desde que não governamentais.
prejudique a paz, a boa ordem ou a segurança do
Brasil, devendo a passagem ser contínua e rápida.
Espécies

Lugar do crime IMUNIDADE DIPLOMÁTICA


Alcança:
Quando uma mesma infração se desenvolve em
dois ou mais países. É o chamado crime à distância. ➢ Chefes de governo ou estado estrangeiro e
Exemplo: bomba fabricada no Brasil e enviada para sua família, bem como membros da
explodir e matar vítima no Paraguai. comitiva.
➢ Embaixador e sua família.
A solução para saber onde o crime ocorreu é dada
➢ Funcionários do corpo diplomático e
pelo artigo 6º do CP. Adota-se a teoria da
famílias.
ubiquidade, hibrida ou mista.
➢ Funcionários das organizações
Sempre que por força da ubiquidade o fato se deva internacionais em serviço.
considerar praticado tanto no território brasileiro
Isso foi determinado pela convenção de Viena de
quanto no estrangeiro, será aplicável a lei
1961, que foi incorporada no ordenamento jurídico
brasileira.
pelo decreto 56.435/1965, art. 31, I.
Extraterritorialidade Os imunes devem obedecer a lei do país em que se
encontram, mas escapam de consequências
Casos em que a lei brasileira pode alcançar crimes
jurídicas e da intraterritorialidade. Esta
cometidos no estrangeiro. O artigo 7º, I e II e § 3º
inviolabilidade alcança prisão, residência,
estabelecem quais crimes ficam sujeitos a lei
documentos, correspondências e bens.
brasileira mesmo praticados no estrangeiro.
Imunidade parlamentar
A extraterritorialidade pode ser:
Artigo 53 CF/88
Incondicionada
Exclui a responsabilidade penal e civil. Para o STF,
Artigo 7º §1º CP
sua natureza é de fato atípico. Deve ter havido
vínculo entre opiniões, palavras e votos e o
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
exercício da função. Se o parlamentar estiver fora crime, quando idênticas – duas penas
do Congresso Nacional, precisa demonstrar privativas de liberdade.
vínculo entre sua manifestação e o exercício do
As hipóteses levam em consideração a
cargo.
qualidade da pena e a quantidade da pena
Relativa, formal, processual, adjetiva – artigo cumprida. É uma exceção ao princípio do non
53, § 1ºao § 8º CF/88 bis in idem.
Relativa ao foro especial (STF): da diplomação ao Eficácia da sentença penal estrangeira
fim do mandato. Apenas para crimes cometidos no
exercício do mandato e em razão dele. Artigo 9º CP
Relativa à prisão (artigo 53, § 2º CF/88): restrita à O Brasil reconhece a sentença penal estrangeira
prisão em flagrante por crimes inafiançáveis. nas seguintes hipóteses:
Relativa ao processo: possibilidade de sustação do ➢ Obrigar o condenado a reparação do
processo a pedido de partido político com dano, a restituição e outros efeitos
representação na casa legislativa, por maioria cíveis, mas depende de requerimento da
absoluta dos seus membros. Válido apenas para parte interessada.
crimes pós diplomação. Há também suspensão de ➢ Sujeitar o condenado à medida de
prescrição – artigo 53, § 3º ao § 5º CF/88. segurança – depende de tratado de
Norma relativa à condição de testemunha: extradição ou requisição do ministro da
parlamentares testemunhas, salvo em relação as justiça.
informações recebidas ou prestadas em razão do ➢ Sequestro de bens decorrentes de
exercício do mandato, resguardam o sigilo da fonte. lavagem de dinheiro – artigo 8º lei
Podem ajustar dia, local e horário para serem 9.613/98
ouvidos. A sentença estrangeira deve ser homologada no
As imunidades subsistem mesmo no estado de Brasil pelo STJ – artigo 105, I, i, CF/88. Ele
sítio, mas não quando o parlamentar pede licença. concede o cumpra-se para as sentenças
estrangeiras, mas deve-se provar que houve trânsito
Essas regras também são válidas para deputados em julgado no país proveniente – súmula 420 STF.
estaduais. Para vereadores, apenas no exercício do Sentença homologada constitui título judicial no
mandato e na circunscrição do município de acordo Brasil.
com o artigo 29, VIII, CF/88.
Essa análise do STJ verifica se a sentença cumpre
Pena cumprida no estrangeiro todos os requisitos do artigo 788 CPC e 15 LINDB.
Se dispensa homologação, bastando sua prova
Artigo 8º CP
pelos meios admitidos pelo Direito Penal, se a
É possível que o agente seja processado, julgado e sentença produz efeitos com relação a reincidência,
condenado tanto pela lei brasileira, quanto pela lei o sursi e o livramento condicional.
estrangeira, cumprindo no estrangeiro pena total ou
O artigo 963 CPC/15 não exige mais a prova que
parcial.
houve trânsito em julgado, mas que a pena seja
Hipóteses eficaz no país que ela foi proferida.

➢ Pena cumprida no estrangeiro atenua pena Contagem de prazo


imposta pelo Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas – pena privativa de Artigo 10º CP
liberdade e pena de multa. Os prazos penais são fatais e improrrogáveis e sua
➢ Pena cumprida no estrangeiro é computada contagem é a partir do dia do seu começo. Se o fato
na pena imposta no Brasil pelo mesmo ocorreu dia 19/03, o prazo começa a partir desta
data, independente do horário.
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
Da mesma forma, o prazo é improrrogável e se ➢ Reextradição: quando um país requerente
finda automaticamente no último dia, seja dia útil se torna requerido por um outro país, que
ou não. solicita a entrega do extraditado pelo país
que primeiro o solicitou.
Objetiva-se resguardar a liberdade da pessoa,
impondo-lhe regra mais favorável à contagem de Princípios
prazo.
QUANTO AO DELITO
Os prazos penais são de duração das penas, do
sursis, do livramento condicional, da prescrição, da Legalidade: o crime imputado ao extraditando
decadência, etc. deve estar previsto em tratado ou convenção. Mas
isso pode ser mitigado pelo princípio da
Um mês de prazo vai do dia do início até a véspera reciprocidade, ou seja, o país requerente promete
do mesmo dia do mês seguinte. Um ano de prazo dar o mesmo tratamento ao país requerido caso
vai do dia do início até a véspera do mesmo dia do ocorra situação igual.
próximo ano.
Especialidade: o extraditando não pode ser
Frações não computadas na pena julgado por fato diferente daquele que motivou a
sua extradição.
Artigo 11 CP
Identidade da norma: o fato que motivou a
Desprezam-se as frações de horas das penas
extradição também deve ser crime no país
privativas de liberdade e de centavos nas penas
requerido, não pode haver extinção da
pecuniárias.
punibilidade, em razão da prescrição, em algum
Legislação especial dos países.
QUANTO A PENA E A AÇÃO PENAL
Artigo 12 CP
Comutação: o Brasil só concede a extradição
Parte geral do CP – artigo 1º ao 120.
condicionada a não aplicação de pena de morte,
O CP é a legislação penal comum e há outras leis prisão perpétua ou pena corporal. Caso o país
penais tidas como especiais. A parte geral do CP é requerente aplique essas penas, deverá convertê-las
aplicada a toda a legislação penal especial, exceto em penas privativas de liberdade.
quando esta trouxer disposição contrária. Em caso
Jurisdicionalidade: busca impedir que o
de conflito aparente de norma, utiliza-se o princípio
extraditado seja julgado por tribunal de exceção.
da especialidade, subsidiariedade e consunção.
Non bis in idem: impede a concessão da extradição
Extradição quando o Brasil for competente para julgar o caso.
O requerente deve computar o tempo de prisão que
Artigos 81 a 99 lei 13.445/2017 no Brasil foi imposto, por força da extradição.
Obrigação feita pela solidariedade internacional na Reciprocidade: conveniência aos dois países,
luta contra o crime, em que um país entrega a outro, porque o delito deve ser punido onde foi praticado
alguém acusado ou condenado por um crime ou e porque retira do território nacional uma pessoa de
para que a pena seja executada. mau comportamento.
Pode ser:
Requisitos
➢ Ativa: em relação ao país que reclama
➢ Passiva: em relação ao país que concede Exame prévio do STF: artigo 102 CF/88. O
➢ Voluntária: quando o extraditando executivo irá avaliar (juízo de admissibilidade) se
concorda os requisitos estão presentes no pedido e mandará
➢ Imposta: quando há oposição do ao STF. Se o executivo não julgar procedente, o
extraditando pedido será arquivado. Se o STF deferir, o país
requerente tem 60 dias para retirar o acusado. Se o
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
STF indeferir, é em caráter definitivo. Enquanto há Artigos 50 a 53 lei 13.445/17
a avaliação, o extraditando poderá ficar preso
Saída do território de forma compulsória quando o
cautelarmente.
estrangeiro se encontra de forma irregular, seja
Existência de tratado com o Brasil ou porque ingressou sem visto, este expirou ou
reciprocidade entre os dois países. exerceu atividade remunerada. O deportado poderá
retornar assim que regularizar a sua situação.
Existência de sentença final condenatória
Ser o extraditando estrangeiro: o artigo 5ª, LI, Expulsão
CF/88 proíbe a extradição de brasileiro ato ou
naturalizado, mas para o naturalizado existem Artigo 54 lei 13.445/17
exceções: Saída compulsória do território nacional com
➢ Naturalização adquirida pós fato impedimento de reingresso por determinado
➢ Tráfico ilícito de drogas, exigindo sentença tempo.
penal condenatória com trânsito em Casos que não se admite expulsão
julgado.
➢ Extradição inadimitida pela legislação
O fato imputado deve constituir crime no Brasil
brasileira
e não contravenção penal. Artigo 82, II, lei
➢ Se tiver filhos ou pessoa brasileira sob sua
13445/17
tutela
Pena máxima para o crime imputado deve ser a ➢ Casado com brasileira
partir de dois anos e privativa de liberdade ➢ Ingressado no país até os 12 anos de idade
➢ Se for pessoa com mais de 70 anos que
O crime imputado ao extraditando não pode ser
reside no Brasil a mais de 10 anos.
político ou de opinião.
O extraditando não pode estar sendo Teoria geral do Delito
processado, nem pode ter sido condenado ou
absorvido pelo mesmo fato no Brasil Conceito clássico de delito – Von Liszts e
O Brasil tem que ser incompetente para julgar
Beling
a infração Movimento corporal (ação) que produz uma
O extraditando não pode ser submetido à modificação (resultado) no mundo exterior.
tribunal de exceção Aspecto objetivo: tipicidade e antijuricidade
Não pode estar extinta a punibilidade pela Aspecto subjetivo: culpabilidade
prescrição
Este conceito é derivado do positivismo científico,
O extraditando não pode ser refugiado dizendo que tudo se resolve exclusivamente no
O extraditando não pode ser casado com âmbito do direito, desconsiderando outras áreas.
brasileira ou ter filhos brasileiros. ELEMENTOS
Repatriação 1. ação – movimento corporal que causa um
resultado. É naturalística, objetivo-descritiva,
Artigo 49 lei 13.445/17 valorativamente neutro e não se busca conteúdo da
Determinação de saída compulsória do Brasil, vontade.
quando ocorre a devolução da pessoa em situação 2. tipicidade – é o caráter externo da ação. São fatos
de impedimento de adentrar ao território. Volta ao descritos na lei e nele não há nenhum elemento
país de procedência ou naturalidade. subjetivo do delito.
Deportação
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
3. antijuricidade – é objetivo-normativa, valorativa As lesões menos graves devem ser tratadas por
e formal. Há valoração da negativa da ação ao outros ramos do direito.
aspecto objetivo (resultados internos indesejáveis).
Agregou-se ao conceito de culpabilidade a aferição
Também há um juízo formal, ou seja, a conduta é
da real necessidade de aplicação da pena.
típica e não há causa de justificação (excludentes
de ilicitude). A teoria também contribuiu no âmbito do injusto
penal (tipicidade e antijuricidade). A análise da
4. culpabilidade – aspecto subjetivo, natureza
conduta dolosa/culposa, do nexo de causalidade e
descritiva (se limitava a comprovar a existência de
do resultado deve ser feita junto com a aferição da
um vínculo subjetivo entre o autor e o fato. Surge
criação de um risco proibido ou do aumento do
formas de culpabilidade dolosa e culposa.
risco em razão de uma conduta impetrada. O
Conceito neoclássico de delito sistema jurídico não deve se alicerçar apenas em
dados, mas aos fins do DP.
Sofreu influência de Kant. Conceito de delito
voltado para os fins pretendidos pelo direito e Conceito analítico de crime
perspectivas valorativas que o embasam.
Formal: crime é toda ação ou omissão proibida por
A ação deixou de ser puramente naturalística, já lei sob a ameaça de penal.
que por ela não dava para explicar os crimes
Material: crime é a ação ou omissão que contraria
omissivos, os culposos e os tentados. A tipicidade
valores ou interesses do corpo social, exigindo sua
ganhou elementos subjetivos e normativos. A
proibição com ameaça de pena.
antijuricidade passou a ter conteúdo material, ou
seja, exigência de danosidade social. A Crime é a ação típica, antijurídica e culpável (teoria
culpabilidade ganha ideia de reprovabilidade (ação tripartida).
de vontade contrária a um dever). Continuava
sendo aspecto subjetivo do crime, mas passou a ter ✓ Fato típico: ação/conduta (dolosa ou
conteúdo normativo. culposa; comissiva ou omissiva), resultado,
nexo de causalidade e tipicidade.
Conceito de delito no finalismo ✓ Antijuricidade: contrariedade da conduta
em relação ao ordenamento jurídico,
Nasceu da oposição à teoria causal e a separação afastadas pelas excludentes de ilicitude.
entre a vontade e seu conteúdo. Eliminou a ✓ Culpabilidade: imputabilidade, potencial
separação desses aspectos e do próprio injusto, consciência da ilicitude e exigibilidade de
transformando o injusto naturalístico em injusto conduta diversa.
pessoal. Deslocou dolo e culpa da culpabilidade
Conduta é o comportamento humano, voluntário e
para a ação e a culpabilidade permaneceu apenas
consciente dirigido a um fim.
com o conteúdo normativo.
FUNÇÕES DA CONDUTA
Com o dolo e a culpa na conduta, tornou-se mais
fácil identificar crime doloso e crime culposo. A Função de elemento básico ou unitário:
culpabilidade tornou-se “puramente normativa”, necessidade de que o conceito de conduta seja
permitindo aferir a censura do comportamento. suficientemente amplo para que compreenda todas
as formas de comportamento relevantes para o DP.
Funcionalismo ou teoria teleológica –
Roxin Função de elemento de união: enlace todas as fases
do juízo jurídico-penal.
Esta teoria confere relevância a função do DP para Função limitadora: exclui as condutas irrelevantes
estabelecer políticas penais que permitam o alcance para o DP.
do seu objetivo, que é a proteção dos bens jurídicos.
O direito penal deve ser aplicado de maneira O resultado não pertence à conduta, mas ao tipo. A
subsidiária, ou seja, apenas quando todas as ação (viola uma proibição) e a omissão (descumpre
medidas se mostrarem ineficazes na tutela dos BJ.
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
uma ordem) constituem duas formas básicas do CONSEQUÊNCIAS DO FINALISMO
fato punível.
1. dolo e culpa são incluídos no injusto penal, na
Teorias da Ação conduta.
2. conceito pessoal de injusto.
Teoria causal-naturalística da ação
Desvalor pessoal da ação (derivado de dolo e
Movimento corporal voluntário que causa culpa), gerando um resultado consistente na ofensa
modificação no mundo exterior (desvalor do ou perigo de ofensa ao BJ.
resultado). Integram-na a manifestação da vontade,
Diferente da teoria causal, onde o injusto é
o resultado e a relação causal. O conteúdo da
naturalístico: importa a modificação produzida no
vontade, dolo e culpa, estão na culpabilidade.
exterior quando se analisa a conduta.
A ação se fraciona assim:
A culpabilidade é meramente normativa.
✓ Processo causal “externo” e objetivo (ação
e resultado) Teoria social da ação – Schimidt,
✓ Processo causal interno (conteúdo da Maurach, Jescheck e Wessels
vontade – dolo e culpa)
Busca o sentido social da ação. A direção da ação
Nesta teoria importa o que foi causado pelo querer de forma objetivamente genérica e não individual,
do agente, não importa se os efeitos deste querer como ocorre no finalismo. A ação como conduta
são conteúdo da vontade, pois este só importam na socialmente relevante, dominada ou dominável
culpabilidade. Interessa se o sujeito atuou pela vontade humana e dirigida a um resultado.
voluntariamente e não o que quis.
Sedimentou o distanciamento da teoria causal, pois
Teoria final da ação considerou a vontade final incerta na ação. Corrigiu
o subjetivismo unilateral do finalismo, que corre o
Colocou fim à separação entre “vontade” e seu
risco de se esquecer do desvalor do resultado, na
“conteúdo” e entre os aspectos objetivos e
medida em que somente se destaca a ação. O
subjetivos. A ação humana entendida como
finalismo realça a ação em relação ao fenômeno
exercício da atividade final, pois toda ação é guiada
humano interno. A teoria social da ação acrescenta
por um querer. A finalidade é vidente e a
um sentido social para aquele anteriormente
causalidade é cega. A vontade é fundamental para
apresentado pelo finalismo, de natureza individual.
a consecução do fim.
A direção final tem duas fases: Ausência de ação
✓ Subjetiva (intelectiva): interna. Não se pune a simples vontade criminosa. Deve
Antecipação do fim que se quer realizar, haver a execução da ação. Casos de ausência de
seleção dos meios para alcançar o fim e ação:
consideração dos efeitos concomitantes.
✓ Objetiva (ocorre no mundo real): 1. coação física irresistível: o agente é mero
externa. Execução da ação dominada pelo instrumento idealizador da vontade do coator
fim desejado. Tentativa caso não atinja o (artigo 22). Coação física exclui a ação e coação
fim desejado. moral exclui a culpabilidade.

Compreende somente as consequências que o autor 2. movimentos reflexos: estímulo ao sistema


considera unidos para a obtenção do fim, mas ficam nervoso. Não há vontade.
de fora aquelas que o agente confiou que não se 3. estado de inconsciência: ausência de consciência
reproduziriam. Nos crimes culposos, os fins são gera falta de vontade.
irrelevantes para o DP. Não são os meios
escolhidos ou a forma de utilização que definem a Sujeitos da ação
conduta típica.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


Sujeito ativo: quem pratica o ato descrito como O resultado pode ser jurídico (normativo) ou
crime (execução total ou parcial do tipo) por naturalístico (material).
vontade própria).
Naturalístico
Pessoa jurídica como sujeito ativo: não pode
figurar como sujeito ativo, exceto nos casos de Modificação do mundo exterior decorrente da
crimes ambientais (artigo 225 CF/88). Falta conduta do agente. Efeito da conduta do agente.
capacidade de ação e culpabilidade, que são Apenas crimes materiais pressupõem a realização
próprios do ser humano. Os dirigentes se do resultado naturalístico.
responsabilizam pessoalmente.
Crimes materiais: consumação no resultado, que é
Sujeito passivo: titular do BJ atingido ou necessário.
ameaçado. Pode ser o Estado, a coletividade, a
Crimes formais: consumação na conduta e
pessoa jurídica e a pessoa física.
resultado desnecessário.
Omissão Crimes de mera conduta não têm resultado. Crimes
tentados não possuem resultado naturalístico. Os
Infração às norma mandamentais, ou seja, não fazer crimes omissivos próprios não exigem o resultado
o que foi ordenado. O agente não faz o que pode e naturalístico para a sua consumação. Nos crimes de
deve fazer. perigo, o próprio perigo é o resultado naturalístico.
1. omissivo próprio: são de mera conduta. Não se Há crimes sem resultado naturalístico e nestes o
atribui resultado derivado da conduta. fato típico será constituído apenas pela conduta e
Desobediência a uma norma mandamental que pela tipicidade, inexistindo nexo de causalidade e
determina a prática de uma conduta que não é resultado. Em crimes de resultado duplo há a
realizada, quando possível cumpri-la sem risco conduta e mais de um resultado.
pessoal. Eventual resultado proveniente desta Jurídico
conduta é irrelevante para a sua consumação.
2. crime omissivo impróprio (comissivo por É a lesão ou exposição a perigo do BJ. O perigo
omissão): são crimes de resultado, não há uma pode ser concreto (risco real) ou abstrato (risco
causalidade fática, mas jurídica, em que o omitente, presumido pelo legislador). Quando ocorre
podendo e devendo, não impede o resultado. São violação ao conteúdo da lei penal incriminadora,
elementos desta modalidade de omissão: estará presente o resultado jurídico. Todo crime
possui resultado jurídico. Os crimes que lesionam
✓ Abstenção de atividade que a norma impõe mais de um BJ são chamados de “pluriofensivos”.
✓ A superveniência do resultado típico em
decorrência da omissão Relação de causalidade
✓ Exigência da situação geradora do dever
jurídico de agir Decorre da integração entre causa e efeito, é um dos
elementos do fato típico e tem a ver com os crimes
Desobediência à norma proibitiva a todos – norma de resultado (artigo 13). Causa é toda ação ou
de dever de primeiro grau: não garantir a não omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido e
ocorrência de um resultado – norma de dever de como ocorreu. Causa seria a soma das condições
segundo grau. produtoras de um resultado.
PRESSUPOSTOS DO CRIME OMISSIVO
Juízo hipotético de eliminação
IMPRÓPRIO
✓ Poder de agir Método que suprime mentalmente certo fato ou
✓ Evitabilidade do resultado comportamento do contexto fático para ver se sem
✓ Dever de impedir o resultado ele o resultado não teria ocorrido e como ocorreu.
O fato ou comportamento deve-se mostrar
Resultado indispensável para o resultado. Entretanto, este

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


resultado leva ao infinito, daí tem-se a necessidade outro fato acontece antes do
de estabelecer limites a esse raciocínio. comportamento avaliado
✓ concausa concomitante absolutamente
Limitações à teoria da conditio sine qua independente: o outro comportamento ou
non outro fato é simultâneo ao comportamento
avaliado
1. a causalidade deve ser aferida junto com o ✓ concausa superveniente absolutamente
vínculo subjetivo – a causalidade relevante é aquela independente: o outro comportamento ou
possível de ser mentalizada antecipada. Daí se diz outro fato é posterior ao comportamento
que a cadeia causal está limitada pelo dolo e pela avaliado
culpa. Se não for orientada pelo dolo ou pela culpa,
Nas três hipóteses, usando-se a exclusão hipotética,
será acidental, não caracterizando crime.
o resultado não se alteraria. O agente responde
2. concausas – dependentes ou independentes apenas pelo seu dolo. Inexiste a relação de
causalidade.
a) dependentes: originam-se na conduta praticada e
se inserem no desdobramento causal natural da Concausa relativamente independente: as causas
conduta, ou seja, faz parte do seu curso normal. A se conjugam para produzir o evento final, mas
relação de dependência entre os fatos antecedentes isoladamente consideradas, não ocasionariam o
e os subsequentes que caracterizam a causa resultado como aconteceu. O outro comportamento
dependente. A causa dependente é marcada por ou outro fato podem ter acontecido antes, durante
dois fatores: ou depois do comportamento avaliado. Nos casos
da concausa superveniente relativamente
✓ Origina-se da conduta inicial, sem a qual
independente, podem ocorrer duas hipóteses:
não existiria.
✓ Atua com absoluta dependência da causa a) concausa que produziu resultado por si só: há
anterior. uma nova condição que provoca um novo nexo de
causalidade. A nova causa atua como se tivesse
As causas dependentes não excluem o nexo causal,
agido sozinha. Há uma causa superveniente que
mas o integram.
atua de maneira imprevisível em relação à conduta
b) causas independentes: inesperado, não faz parte avaliada. A vítima somente estava no local em que
do curso normal da conduta. Podem ser absolutas o segundo fato ocorreu em decorrência do primeiro
ou relativamente independentes. O assunto relativo fato ou comportamento.
ao nexo causal ganha mais importância quando o
b) concausa que não produziu resultado por si só: o
resultado não é efeito de um só comportamento ou
agente também responderá pelo resultado. O
um outro fato. Quando se identifica mais de uma
resultado se insere na linha de desdobramento
causa concorrendo para um resultado, falam-se em
físico da conduta. Há o encadeamento causal e há
concausas. São espécies de concausas:
o nexo de causalidade. Não há uma nova condição
Concausa absolutamente independente: a causa que provoca um novo nexo de causalidade.
efetiva do resultado não se origina, direta ou
As concausas dependentes e as concausas
indiretamente, do comportamento avaliado. Existe
supervenientes relativamente independentes que
um outro comportamento ou outro fato que por si
não produzem resultado por si só, levam o autor da
só produziu de maneira absolutamente
conduta avaliada a responder pelo resultado final.
independente o resultado examinado. A concausas
pode ter sido dada antes (preexistente), durante Evolução do conceito de tipo
(concomitante)ou depois (superveniente) do
comportamento avaliado. Eliminando-se Fase da independência – Beling
mentalmente o comportamento avaliado, o
resultado teria se dado da mesma forma. Função descritiva, separada da antijuricidade e da
✓ concausa preexistente absolutamente culpa. Função: definir delitos. Ausência de
independente: o outro comportamento ou
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
elementos normativos e subjetivos. Juízo de outros. Não há possibilidade de analogia e tem-se o
tipicidade: adequação típica. injusto penal.

Fase da “ratio cognascendi” da Juízo de tipicidade: adequação entre a conduta


praticada e a conduta descrita na lei. Se não há essa
antijuricidade – Mager 1915
adequação, fala-se em atipicidade.
Não tem apenas função descritiva (indício da A adequação típica (juízo de tipicidade) pode ser:
antijuricidade. Função indiciária. Elementos
normativos no tipo e o primeiro pressuposto da ✓ imediata: o fato se amolda perfeitamente
pena. no modelo legal
✓ mediata: para fazer o encaixe, é necessário
Fase da “ratio essendi” – Mezger 1931 fazer o emprego de uma norma de caráter
extensivo.
Incluiu-se a tipicidade na antijuricidade. Crime
como ação tipicamente antijurídica e culpável. A Funções do tipo
tipicidade é a razão de ser da antijuricidade.
Relaciona-se com a teoria dos elementos negativos Indiciária: a adequação típica leva à presunção de
do tipo. antijuricidade. Indício de uma conduta ilícita.

As causas de justificação são incorporadas no tipo, Garantista: tudo que não corresponder a um
da qual seriam elementos negativos implícitos – determinado tipo de injusto será penalmente
negam o comportamento ilícito. irrelevante.

Fase defensiva – Beling 1930 Diferenciadora do erro: o dolo do agente deve


abranger todos os elementos constitutivos do tipo
Elementos independentes e harmônicos do crime. penal.
Manteve o papel descritivo da tipicidade. Tipo de
Identificadora do BJ: a análise do tipo propicia a
delito: todas as características internas e externas
identificação do BJ que se busca proteger.
de cada figura legal.
Todos os delitos-tipo são descritivos. Elementos estruturais do tipo
Figura reitora (figura ideal): modelo conceitual Objetivos-descritivos: identificados pela simples
extraído do acontecimento externo. Retrato de que constatação sensorial.
se espera do sujeito diante da conduta-tipo. Com
isso, se explica a criminalização da “tentativa” e da Objetivos-normativos: são elementos que não se
“participação”. limitam a descrever a conduta indevida, mas
implicam um juízo de valor. Serve para buscar um
Fase do finalismo significado jurídico ou extrajurídico para uma
palavra ou expressão ou antecipar a valoração da
Tipos dolosos e culposos. Dolo e culpa na conduta. ilicitude.
Realidade complexa.
Subjetivos: busca entender o que o sujeito
Parte objetiva – componente causal imaginou quando realizou o comportamento.
Parte subjetiva – componente final que dirige o Subjetivo geral: sujeito atuou de forma voluntária
componente causal. (dolo) e consciente no ato do núcleo do tipo.
Tipo: modelo abstrato que descreve o Subjetivo especial: enquanto o dolo deve se
comportamento indevido. materializar no fato típico, o elemento subjetivo
Função limitadora e individualizadora da conduta especial especifica o dolo, sem necessidade de se
relevante. Cada tipo com elementos e concretizar. A ausência do elemento subjetivo
características próprias que os distinguem dos especial descaracteriza o tipo subjetivo e faz não
existir conduta penalmente relevante.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


O elemento subjetivo especial comporta situações mero desejo, pois faz com que o agente realize a
diferentes, que podem ensejar delitos de: conduta descrita na lei penal.
✓ intenção: agir com ânimo, finalidade ou Em regra, toda infração é dolosa e em alguns casos
intenção adicional de obter um resultado. descritos em lei, admite-se a forma culposa (artigo
Há uma finalidade que vai além da 18, § único, CP).
realização do tipo. “com o fim de” “com o
Se não existe a consciência dos elementos, não
intuito de”.
existe o dolo. Pode-se estar diante de um crime
✓ Tendência: o sujeito deve conferir à ação
típica um sentido subjetivo não expresso no culposo.
tipo, mas deduzível. Exige-se o elemento
subjetivo especial, mas ele não fica
Teorias sobre o delito
evidenciado na redação do tipo.
Teoria da vontade
Tipicidade formal e conglobante Dolo é a vontade livre consciente de querer praticar
a infração penal.
Tipicidade formal + tipicidade conglobante =
tipicidade Teoria do assentimento
A conglobante exige que a conduta seja anormal no
Atua com dolo o agente que presume ser possível
ordenamento como um todo.
um resultado lesivo a partir de sua conduta, mesmo
Antinormativo: conduta anormal no ordenamento não o querendo de forma direta, não se importa com
como um todo e que não seja ordenada ou sua ocorrência e assume o risco de produzi-lo.
fomentada.
Teoria da representação
Material: seleciona o BJ que o DP irá proteger.
Princípio da insignificância. Fala-se em dolo quando o agente prevê o resultado
possível (não desejado) e prossegue, não porque
Tipo doloso assumiu o risco, mas por acreditar, sinceramente ou
levianamente, ser capaz de evita-lo.
Artigo 18, I, CP Teoria da probabilidade
Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a
Basta que o sujeito considere provável a
realizar a conduta prevista no tipo penal
reprodução do resultado, trabalha com dados
incriminador.
estatísticos e dolo eventual.
DOLO = consciência + vontade
O Brasil adotou a teoria da vontade quanto ao dolo
Consciência direto (quis o resultado) e a teoria do consentimento
ao dolo eventual (assumiu o risco de produzi-lo).
Momento intelectual do dolo. O agente deve saber
aquilo que ele faz e alcança/atinge os elemento Espécies de dolo
objetivos do tipo. Deve haver consciência sobre as
circunstâncias de fato necessárias para se Dolo direto
configurar figura típica. Ausência de consciência
O agente quer cometer a conduta descrita no tipo e
leva ao erro de tipo e exclui o dolo.
a pratica visando um resultado. Seu querer abrange
Vontade todos os elementos objetivos previstos no tipo
penal. O dolo direto pode ser:
Elemento volitivo do tipo. É o querer livre de a) Primeiro grau: em relação aos resultados
qualquer coação. A consciência dos elementos pretendidos e aos meios escolhidos.
objetivos do tipo penal. A vontade vai além do b) Segundo grau: tem relação com os efeitos
colaterais (resultados indesejados)
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
representados como necessários ou necessariamente se reflete na lei. Resulta de uma
inevitáveis. premeditação. Pode aparecer como causa de
diminuição de pena ou atenuante.
Dolo indireto
Já o dolo de ímpeto é o que surge por impulso, sem
Não há vontade específica de produzir determinado prévia racionalização ou planejamento.
resultado. Pode-se dividir em eventual ou
alternativo Dolo de perigo: crimes que a consumação se
verifica apenas com a existência de um risco. O
a) Eventual: o agente visualiza mais de um agente atua com vontade consciente de criar essa
resultado e direciona sua conduta para situação. Pode ser perigo abstrato ou perigo
atingir um deles, mas não quer diretamente concreto. Se a lesão ao BJ vier a acontecer, o
produzir o outro resultado, entretanto aguente responde pelo crime de dano culposo.
continua agindo, assumindo o risco de
produzi-lo. Tipo culposo
b) Alternativo: o agente visualiza mais de um
resultado e direciona sua vontade (aspecto Artigo 18, II, CP
volitivo) de maneira alternada,
interessando-lhe qualquer um dos Conduta humana voluntária que produz um
resultados possíveis, seja em relação ao resultado antijurídico não querido, mas provável e
resultado ou em relação à pessoa. excepcionalmente previsto, que podia ser evitado.

Alternatividade objetiva: tem a ver com o Requer:


resultado. O agente quer um resultado ou outro,
1. conduta humana voluntária
contentando-se com qualquer deles. Misto de dolo
direto com dolo eventual. Ex: matar ou ferir. 2. inobservância de um dever objetivo de cuidado
(negligência, imprudência ou imperícia)
Alternatividade subjetiva: tem a ver com a
pessoa. O agente se contenta em atingir qualquer 3. resultado lesivo não querido (é preciso um
pessoa. Misto de dolo direto e dolo eventual. resultado naturalístico)

Característica do dolo 4. nexo de causalidade


5. previsibilidade
1. abrangência de todos os elementos
objetivos do tipo. ✓ Objetiva: se leva em consideração como
uma pessoa comum agiria na mesma
2. atualidade, ou seja, está presente no situação. Se tivesse uma conduta diferente
momento da ação. que alterasse o resultado, seria previsível.
3. possibilidade de influenciar o resultado, ✓ Subjetiva: possibilidade do agente prever a
ou seja, produzir o evento típico. ocorrência do resultado pela análise das
suas características pessoais.
Dolo: elemento subjetivo e elemento subjetivo ✓ Objetivo-subjetivo: o juiz verifica como
especial. Nem todo tipo penal exige um elemento um homem médio comportaria e depois
subjetivo especial. considera as condições do sujeito no caso
Dolo geral: hipótese de erro sucessivo ou concreto.
“aberratio causae”. O autor acredita ter 6. tipicidade
consumado o crime, mas na verdade o resultado
somente se produz por uma conduta posterior, no O crime culposo é um tipo aberto, pois não há
qual visava encobrir o fato. Responde na forma descrição completa e perfeita da figura típica. São
dolosa. complementados pelo julgador ou pela doutrina no
caso concreto.
Dolo de propósito e dolo de ímpeto: dolo de
propósito é a vontade, pensado e premeditado. Não Espécies de culpa
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
Inconsciente e consciente: inconsciente quando o Material: com a produção do resultado
agente deixa de prever o resultado e consciente naturalístico.
quando ele prevê o resultado, mas acredita que este
Formal e de mera conduta: com a conduta (ação
não acontecerá.
ou omissão).
Imprópria: o agente acredita estar agindo
Culposo: com a produção do resultado
acobertado por uma excludente de ilicitude, mas
naturalístico.
está equivocado.
Habitual: reiteração dos fatos, demonstrando um
Obs: não se admite compensação de culpas, mas
estilo de vida, algo cotidiano.
pode ocorrer concorrência de culpas. Não se cogita
tentativa em crime culposo. Permanente: a consumação se estende no tempo
até que o comportamento cesse.
Exclusão da culpa
Omissivo próprio: no local e no momento que o
✓ Caso fortuito ou força maior agente poderia e deveria agir, mas não agiu.
✓ Princípio da confiança
Omissivo impróprio: com a produção do
✓ Erro profissional
resultado de dano ou perigo com a inatividade.
✓ Risco tolerado

Agravação pelo resultado Tentativa


Crime qualificado pelo resultado é o delito que Realização incompleta da conduta indicada no tipo
possui um fato base e um evento subsequente penal. Há prática de ato de execução, mas o sujeito
(resultado) que torna a pena maior em razão da não chega à consumação por circunstâncias
gravidade objetiva, existindo entre eles um nexo de independentes da sua vontade. O movimento
ordem física subjetiva. O crime qualificado pelo criminoso cessa na fase da execução.
resultado seria o gênero do qual é espécie o crime
preterdoloso. Iter criminis – caminho do
antecedente consequente exemplo
dolo dolo Artigo 157 § crime
3º, II
dolo culpa Artigo 129 §3º Fase interna: idealização
culpa culpa Artigo 250 §2º
c/c artigo 258 Fase externa: preparação execução e consumação.
Obs: não se admite culpa no antecedente e dolo no
consequente, nem dolo de perigo no antecedente e Fases
dolo de dano na consequente.
COGITAÇÃO
Elaboração mental da conduta criminosa até se
firmar a vontade cujo a concretização constituirá o
crime. A lei penal não alcança.
Consumação
PREPARAÇÃO
Quando o tipo penal está inteiramente realizado, ou Arma-se dos instrumentos necessários, procura o
seja, quando o fato concreto se submete ao tipo local ideal, elege a vítima. Em regra, não são
abstrato da lei penal. São preenchidos todos os puníveis, pois falta tipicidade e antijuricidade.
elementos objetivos do tipo.
EXECUÇÃO
Momentos consumativos

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


Atos dirigidos diretamente à prática do crime. Punibilidade da tentativa
Quando o autor inicia a realização da conduta
descrita no tipo penal. Teoria subjetiva: a vontade do agente é completa,
CONSUMAÇÃO perfeita. Imperfeito é o delito. O agente deve sofre
a mesma pena do crime consumado.
Quando se reúnem todos os elementos
constitutivos do tipo penal. Teoria objetiva: a repressão se justifica pelo início
da execução do crime, pois o bem jurídico foi
Diferença entre atos preparatórios e exposto a perigo. A tentativa é punida de forma
mais branda. Em regra, pelo artigo 14 § único CP,
executórios se pune a tentativa com a pena prevista na lei penal,
diminuída de 1/3 a 2/3.
Crime material: o elemento diferencial é o
momento que o bem jurídico é posto em perigo Infrações que não se admite forma tentada
pelo atuar do agente. O crime se define
materialmente como lesão ou ameaça a bem Culposa: não existe sem o resultado. Se o resultado
jurídico. não acontece, não há crime. Na tentativa há
intenção sem o resultado esperado. No crime
Critério objetivo-formal: o começo da execução
culposo há resultado sem intenção.
se dá quando o sujeito inicia a realização da
conduta nuclear do tipo. É a predominante no Preterdoloso: o resultado vai além do que deseja o
Brasil. agente. Se a tentativa fica aquém do resultado
desejado, ela é impossível nos delitos
Natureza e tipicidade da tentativa preterdolosos.

A tentativa não é um tipo penal autônomo. É tipo Omissivo próprio: não exige um resultado
ampliado, aberto e incompleto, é norma de naturalístico. Se o agente não age quando se devia,
extensão por natureza. Conjuga-se o tipo com o consuma-se o delito.
artigo 14 CP. Unissubsistente: impossibilidade de
fracionamento dos atos de execução.
Habitual: só se caracteriza pela prática reiterada
Elementos da tentativa dos atos.

Possui tudo que caracteriza o crime, menos a De atentado: não é possível tentativa de tentativa.
consumação. Contravenção penal: artigo 4º LCP.
1. início da execução: ação que penetre na fase
Desistência voluntária
executória do crime.
2. não consumação do crime por circunstâncias Artigo 15, primeira parte, CP.
independentes da vontade do agente. Iniciada a realização da conduta típica, o agente
3. dolo em relação ao crime total. VOLUNTARIAMENTE interrompe a execução,
quando ainda poderia prosseguir. Basta que seja
Espécies de tentativa voluntária e não precisa ser espontânea. É a
tentativa abandonada.
Imperfeita: o agente não consegue praticar todos
os atos necessários à consumação por interferência Somente é possível nas hipóteses que poderiam
externa. levar à tentativa imperfeita. É impunível. O agente
só responderá pelos atos já praticados.
Perfeita: o agente realiza todos os atos necessários
para obter o resultado, mas não o atinge. Arrependimento eficaz

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


Artigo 15, segunda parte, CP. Teorias
Após o agente ter esgotado todos os meios
necessários e suficientes que dispunha, o agente Sintomática: o agente demonstra ser perigoso,
arrepende-se e evita o resultado. Basta que seja merecendo ser punido, ainda que o crime se mostre
voluntário, ainda que não espontânea. O êxito da impossível de ser consumado.
atividade impeditiva do resultado é indispensável, Subjetiva: havia vontade consciente de praticar o
caso contrário, responde pelo crime consumado. crime, portanto o agente deve sofrer a mesma pena
Não responderá por tentativa. Somente responderá cominada à tentativa, ainda que o crime seja
pelos atos já praticados. impossível.
Objetiva: crime é conduta e resultado. A execução
Tentativa branca deve ser idônea, ou seja, trazer potencialidade do
evento. Se for inidônea, tem-se crime impossível.
Quando o agente utiliza todos os meios que tinha a
seu alcance, mas não consegue sequer atingir a a) Objetiva pura: não há tentativa, mesmo
pessoa ou coisa contra qual deveria recair a sua que a inidoneidade seja relativa. Se houver
conduta. Considera-se dolo do agente. ineficácia do meio ou impropriedade do
objeto (absoluta ou relativa), inexiste
Natureza jurídica da desistência responsabilidade penal.
voluntária e arrependimento eficaz. b) Objetiva temperada: não há tentativa
apenas na absoluta ineficácia ou
Causa de extinção de punibilidade impropriedade do objeto. Se a ineficácia ou
impropriedade forem relativas, o agente
É renúncia do estado ao poder de punir em relação responde pelo ato, ainda que na forma
à conduta inicialmente desejada e que fez se iniciar tentada. Teoria adotada pelo CP.
a execução.
Elementos do crime impossível
Teoria menos aceita porque pressupõe a causa de
punição, que seria a tentativa e aqui a tentativa não ✓ Início da execução
existe. ✓ Dolo na consumação
✓ Não há consumação por circunstâncias
alheias a vontade do agente
✓ Resultado absolutamente impossível de ser
alcançado.
Exclusão da adequação típica O que torna diferente da tentativa é o último
elemento.
O fato, em relação à conduta inicialmente desejada,
é atípico porque a vontade do agente é que Espécies
determinou a cessação da atividade criminosa e não
“o fato alheio a sua vontade”, o que consagraria Ineficiência absoluta do meio: falta
tentativa, que não existe. É a teoria predominante. potencialidade causal, pois os instrumentos são
ineficazes. Deve ser inteiramente ineficaz.
Exemplo: envenenamento com substância não
Crime Impossível letal.
Artigo 17, CP. Também chamado de tentativa Impropriedade absoluta do objeto: a pessoa ou
inidônea, tentativa inadequada ou quase crime. coisa (objeto material) não serve para a
consumação do delito. A idoneidade do objeto se
O agente ingressa na fase executória, mas o
verifica tanto peças circunstâncias que ele se
comportamento é inapto para consumação do
encontra, quanto sobre a sua existência. Deve ser
delito, quer em razão dos meios, quer por falta do
objeto material.
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
absolutamente impróprio. Exemplo: tentativa de Erro de tipo invencível, escusável,
aborto em mulher que não está grávida.
justificável, inevitável
Crime Putativo Erro ao qual se sujeitaria qualquer pessoa com
Existe apenas no imaginário do agente, que supõe diligência normal, dadas as suas particularidades.
estar praticando uma conduta típica, mas o fato em Afasta dolo e culpa, pois não há vontade e
si não constitui crime. O agente vente uma erva consciência, deixando de haver conduta
cuja comércio não é proibido, acreditando ser tipicamente relevante.
maconha. Erro de tipo vencível, inescusável,
justificável, evitável
Arrependimento posterior
O agente, com um pouco mais de diligência,
Artigo 16, CP. poderia evita-lo. Responderá a título de culpa, se
Se diferencia do arrependimento eficaz, em que o prevista a forma culposa.
autor consegue evitar o resultado. O
arrependimento posterior pressupõe o crime
Apresenta duas formas principais
consumado. Neste caso, a pena é diminuída de 1/3
Essencial
a 2/3, e é um estímulo à reparação do dano ou
restituição em favor da vítima. Recai sobre todos os dados elementares,
circunstâncias ou qualquer outro que se agregue à
Requisitos figura típica. Pode ser evitável ou inevitável.
✓ Crime praticado sem violência ou grave a) Erro ao relacionar uma elementar: a
ameaça pessoa subtrai coisa alheia móvel pensando
✓ Reparação do dano ou restituição da coisa ser sua. Não responderá pelo furto.
✓ Deve ocorrer antes do recebimento da b) Erro relacionado a uma qualificadora:
denuncia ou queixa. Se depois, haverá sujeito induz a própria filha, sem saber do
apenas atenuante. grau de parentesco, a satisfazer lascívia de
outrem. Responde pelo artigo 227, mas sem
Prevalece o entendimento de que a reparação feita
a qualificadora do §1º.
por um dos agentes favorece todos os outros.

Erro de tipo Acidental

Artigo 20, CP Erro não recai sobre elementares ou circunstâncias


do crime, mas sobre dado secundário irrelevante da
Falsa percepção ou falta de percepção da realidade. figura típica. Não exclui dolo e o agente responde
Recai sobre elementares, circunstâncias ou pelo crime.
qualquer dado que se agregue a determinada figura
típica. a) Erro sobre o objeto: o agente subtrai uma
pulseira de latão pensando ser ouro
Ocorre quando alguém não conhece, ao cometer o b) Erro sobre a pessoa: ofende-se “A”
fato, um fato que pertence ao tipo penal. pensando ser “B”.
Exemplo: agente que subtrai coisa alheia pensando c) Erro na execução: erro na
ser própria. operacionalização da conduta criminosa.

Consequências
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
d) Resultado diverso do esperado: por erro, Incide sobre a potencial consciência sobre a
o resultado recai sobre outra pessoa. ilicitude do fato, ou seja, sobre o caráter proibitivo
Responde na forma culposa. da norma. O agente atua sem consciência da
e) Aberração na causa do resultado: o ilicitude, o que exclui a culpabilidade. Ocorre por
agente acredita ter consumado o delito, mas ignorância ou por representação imperfeita ou falsa
só se consuma por uma ação posterior que da realidade. Implica atenuante.
visa encobrir o primeiro fato.
O erro de proibição pode ser:
Descriminantes putativas
Inevitável, invencível desculpável ou
O agente atua supondo encontrar-se em uma
escusável
situação de excludente de ilicitude que justificaria
a sua conduta. O agente atua ou se omite sem ter a consciência da
Efeitos ilicitude, e não é possível lhe exigir que tenha esta
consciência. Afasta a culpabilidade.
1. Erro invencível ou escusável: afasta o dolo e a
Evitável, vencível, indesculpável,
culpa
inescusável
2. Erro vencível ou inescusável: responde de
forma culposa, se houver previsão. O agente tinha ou poderia ter consciência da
ilicitude. Acarreta a diminuição de pena de 1/6 a
Teoria extremada da culpabilidade 1/3. São consideradas características pessoais do
agente.
Todo erro que recai sobre uma excludente de
ilicitude é erro de proibição. A doutrina classifica o erro de proibição em três
espécies:
Teoria limitada da culpabilidade
a) Erro de proibição direto: recai sobre o
Se o erro recai sobre uma situação fática, é erro de conteúdo proibitivo, ou seja, o agente não
tipo permissivo (artigo 20 §1º CP). conhece ou não compreende o seu âmbito
de incidência. O agente acredita que sua
Se recai a existência ou sobre os limites da causa conduta não é proibida.
de justificação é erro de proibição (artigo 21). b) Erro de proibição mandamental: o
indivíduo não compreende o caráter
Erro determinado por terceiro reprovável de sua conduta omissiva, ou
Artigo 20 § 2º CP seja, acredita não estar obrigado a agir.
c) Erro de proibição indireto ou erro de
Há uma terceira pessoa que induz o agente a erro. permissão: é uma suposição errônea sobre
Pode haver punição ou não, conforme se trate de uma excludente de ilicitude. O agente sabe
erro vencível ou invencível. que a conduta é típica e supõe estar agindo
nos limites da excludente de ilicitude, mas
Erro sobre a pessoa se excedeu.
Artigo 20 § 3º CP
Ilicitude
Foi alvo de comentário quando da análise do erro
acidental. Relação de antagonismo entre a conduta do agente
e o ordenamento jurídico. Uma conduta é ilícita
Erro de proibição (antijurídica) quando, além de prevista no
ordenamento jurídico, é contrária a este.
Artigo 21, CP
Pela doutrina

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


Formal: contrariedade entre a conduta e a norma TEORIAS
Material: a conduta possa implicar em uma lesão 1. unitária: todo estado de necessidade é o
ou ameaça de lesão ao BJ. justificante. É adotada pelo CP.

Causas de exclusão de ilicitude – Artigo 23 2. diferenciadora: estabelece que existem duas


espécies de estado de necessidade: justificante
Situações que tornam uma conduta típica em lícita. (afasta a ilicitude) e o exculpante (afasta a
Também chamadas de causas de justificação ou culpabilidade). O justificante ocorre quando o BJ
excludentes de antijuricidade. preservado tem valor superior ao que foi
sacrificado. O exculpante ocorre quando o BJ
✓ Legitima defesa preservado tem valor igual ou menor ao que foi
✓ Estado de necessidade sacrificado. Entretanto, prevalece na doutrina que o
✓ Estrito cumprimento do dever legal justificante se verifica quando o BJ preservado tem
✓ Exercício regular do direito valor superior ou igual ao sacrificado.
Existem também as causas supralegais para excluir O CP, ao se referir ao estado de necessidade,
a ilicitude. O nosso direito adota o consentimento considera apenas o JUSTIFICANTE.
do ofendido como uma causa supralegal excludente
de ilicitude. REQUISITOS DO ESTADO DE
NECESSIDADE
Só posso admitir o consentimento do ofendido se:
1. PERIGO ATUAL: o perigo deve ser atual, ainda
✓ O ofendido tiver capacidade de consentir que o dano seja iminente (vai acontecer em
✓ O BJ sobre o qual recai a conduta deve ser seguida). Exige-se que se esteja diante de uma
disponível situação de risco presente, ainda que resultado
✓ A ofensa deve estar entre aquelas tidas futuro. Exclui-se perigo pretérito, remoto ou futuro.
como congruentes com os valores éticos e
sociais da dada comunidade É indiferente que o perigo tenha sido causado por
✓ O consentimento deve preceder a conduta ação humana ou natural.

Elementos objetivos e subjetivos das A situação de perigo não pode ser causada por
vontade do agente. O agente não pode ter dado
causas de justificação causa, seja dolosamente ou culposamente, à
situação que deu causa ao estado de necessidade.
Objetivos: expressas ou implicitamente
determinadas em lei. Tem predominado na doutrina que só não pode
invocar o estado de necessidade quem deu causa à
Subjetivos: conhecimento que o agente tem das
ação de forma dolosa.
causas que justificam seu comportamento,
guiando-se por essa consciência, voluntariamente. 2. EVITABILIDADE DO DANO OU
O agente atua com consciência das causas de INEVITABILIDADE DA CONDUTA
justificação.
O comportamento deve ser absolutamente
Ambos elementos devem estar presentes. inevitável para salvar o direito próprio ou de
terceiro que está sob risco.
Estado de necessidade
Reside a questão em duas vertentes:
Artigo 24
✓ O agente tinha como evitar o dano,
Há conflito entre bens que, teoricamente, estão deixando de praticar a conduta?
amparados pelo ordenamento jurídico. Em virtude ✓ O agente podia ter escolhido opção menos
da situação em que se encontram, um prevalecerá danosa?
em detrimento do outro. Em suma: existem dois
BJs em perigo e um deverá se sacrificar para No estado de necessidade, impõe-se sempre a
proteger outro. solução menos grave.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


3. RAZOABILIDADE DO SACRIFÍCIO DO Estado de necessidade agressivo: o agente, ao agir,
BEM – Artigo 24 § 2º sacrifica um BJ de terceiro alheio à situação de
necessidade.
Teoria unitária. Entretanto, se o BJ preservado tiver
valor menor do que o sacrificado, não há que se Legitima defesa
falar em excludente de ilicitude. Haverá uma
diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Artigo 25
4. INEXISTÊNCIA DO DEVER LEGAL DE O cidadão não tem como recorrer à defesa do
ENFRENTAR O PERIGO – artigo 24 § 1º Estado para proteger o seu BJ.
Enquanto o perigo comportar enfrentamento, quem O que diferencia a legitima defesa do estado de
tem o dever de confrontá-lo não pode alegar estado necessidade é a existência de uma injusta agressão.
de necessidade. A doutrina e a jurisprudência
entende que não somente o dever legal, mas um Possibilidade de reação direta do agredido em
dever contratual. defesa de um interesse. A LD defende qualquer BJ
tutelado por lei que, presente seus requisitos, não
EX: bombeiro se recusa a apagar fogo por medo. seja possível contar com a defesa do Estado.
Entretanto, isso necessita de bom senso. Espécies
5. CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO
1. autêntica ou real: quando a injusta agressão está
JUSTIFICANTE
realmente ocorrendo.
A ação do agente deve ser SUBJETIVAMENTE
2. putativa: a situação de agressão acontece
conduzida pela vontade de salvamento. Aquele que
somente no imaginário do agente.
sacrifica o bem alheio, faz isso com intuito de
salvamento. Elementos
OBS: São necessários todos os 5 elementos
1. INJUSTA AGRESSÃO
ESPÉCIES DE ESTADO DE NECESSIDADE
Conduta humana que ofende ou ameaça BJ. Há
1. QUANTO À TITULARIDADE uma conduta positiva (comissiva) ou negativa
(omissiva) que põe em risco ou ameaça a um BJ.
✓ Próprio: o BJ preservado é de um dos Independe da consciência da injusta agressão pelo
sujeitos envolvidos no conflito agressor.
✓ Terceiro: o BJ preservado envolvido
pertence a terceiro. Só pode ser invocado É cabível a LD ainda que decorra de agressão
quando o BJ preservado for um bem injusta, porém não criminosa.
indisponível.
Nem toda provocação constitui agressão injusta
2. QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO DO apta a ensejar LD. Deve haver razoabilidade entre
AGENTE a provocação e a reação.
Real: a situação de perigo existe Se não houver injusta agressão, não há excludente
de ilicitude. Se diferencia de injusta provocação,
Putativo: o agente imagina a situação de perigo, que não caracteriza legitima defesa. Pode acarretar
mas ela é inexistente. Não exclui a ilicitude. uma atenuante.
3. QUANTO AO TERCEIRO QUE SOFRE A 2. AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE
OFENSA
Agressão atual é a que está acontecendo no
Estado de necessidade defensivo: o agente, ao agir, presente. A agressão iminente é a de um futuro
sacrifica um BJ do próprio causador da situação. próximo. Não se deve existir espaço de tempo
relevante entre a agressão e a reação.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


Legitima defesa preordenado: não existe agressão Não é possível compatibilizá-las porque o EN não
atual ou iminente, mas o titular do BJ (que foi é fruto de uma agressão injusta e o agente não
prometido de ser lesado) não tem como esperar a agride BJ alheio. A agressão proporcionada pelo
proteção do Estado. É um meio termo entre a LD e EN é justa.
uma hipótese que não caracterizaria a mesma.
Excepcionalmente se admitiria a LD porque o Excesso nas excludentes de ilicitude (artigo
Estado não teria como socorre-lo. Situação 23 § único)
admitida pela doutrina. Entretanto, uma outra
parcela da doutrina entende que não seria uma A doutrina classifica o excesso em:
infração penal, não pela LD, mas pela ✓ Doloso: o agente cessou a injusta agressão,
inexigibilidade de conduta diversa (afasta a mas foi além e continuou agredindo.
culpabilidade). ✓ Culposo: exagero resultante da falta do
Situação também peculiar é quando a vítima age dever de cuidado objetivo ao repelir a
pós agressão injusta ter cessado. A doutrina agressão. “Erro de cálculo”. Responde na
entende que a solução mais justa é estender a forma culposa pelo ato praticado.
percepção da LD. ✓ Acidental: irrelevante penalmente porque
decorre de caso fortuito ou força maior.
3. USO MODERADO DOS MEIOS Agente não responde pelo excesso.
NECESSÁRIOS ✓ Excesso exculpante: causa supralegal de
São aqueles disponíveis que sejam eficazes e exclusão. A situação gera na vítima um
suficientes para fazer cessar a injusta agressão. estado de pânico e age irracionalmente.
Deve haver proporcionalidade entre o BJ que se
Estrito cumprimento do dever legal
quer proteger e a reação contra o agressor. O
objetivo único de quem reage é fazer cessar a O CP não o define. Se direciona ao funcionário
agressão. Cessada a agressão, deve se cessar a público, no exercício da sua profissão, que no
reação. exercício das suas funções, é obrigado pela própria
4. PROTEÇÃO DE DIREITO PRÓPRIO OU DE lei a violar um BJ, nos limites que a lei autoriza.
TERCEIRO
Exercício regular do direito
Se admite, no caso de terceiro, se o BJ for
indisponível. Condutas do cidadão que atua em conformidade
com aquilo em que a lei lhe autoriza.
5. CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO
JUSTIFICANTE Ofendículos
Elemento subjetivo. É indispensável que se
Arame farpado, cerca elétrica... tudo que
demonstre que esta reação ocorreu com o único
colocamos em nosso patrimônio visando protege-
intuito de proteger o BJ.
lo. A natureza jurídica é de legitima defesa
Legitima defesa recíproca preordenada (Nelson Hungria) ou exercício regular
do direito (Anibal Bruno).
Não é cabível, pois a agressão não pode ser injusta,
ao mesmo tempo, para duas partes distintas e Culpabilidade
opostas.

Legitima defesa putativa e legitima É o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre
a conduta típica e ilícita praticada pelo agente.
defesa autêntica
✓ Imputabilidade – impossível imputar
É possível compatibilizá-las. ✓ Potencial consciência da ilicitude –
excludente é o erro de proibição
Legitima defesa x estado de necessidade ✓ Exigibilidade de conduta diversa

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


O autor tinha consciência que a sua conduta é Realça a imputabilidade, que é a capacidade do ser
contrária ao ordenamento jurídico? humano de entender o caráter ilícito do fato (se
tinha consciência do erro) e se determinar de
O autor poderia ter atuado em conformidade com o
acordo com este entendimento.
direito?
A culpabilidade consiste na relação psíquica entre
Se a resposta for sim para as duas perguntas,
o autor e o crime. Dolo e culpa se confundem com
afirma-se que a conduta é reprovável e que há
a culpabilidade.
culpabilidade.
Dolo normativo = vontade de agir, sabendo que o
A culpabilidade é o elemento do crime que lida
comportamento é ilícito.
com a reprovabilidade de uma conduta.
2 TEORIA PSICOLÓGICA NORMATIVA
Existem duas teorias:
Reinhart Frank. Século XIX.
✓ Bipartida: crime é o fato típico e ilícito
✓ Tripartida: crime é o fato típico, ilícito e A imputabilidade deixou de ser pedra fundamental
culpável da culpabilidade e se tornou apenas um elemento.
Deixa de ser mero vínculo entre o agente e o fato.
A teoria tripartida foi a adotada no nosso
ordenamento. Nesta perspectiva, a culpabilidade ganha o
elemento exigibilidade de conduta diversa
1. TEORIA DO LIVRE ARBÍTRIO
3. TEORIA NORMATIVA PURA
Gênese na Escola Clássica (século XVII,
Liberalismo). Visa proteger o homem da Dolo (dolo natural) e culpa deixam a culpabilidade
arbitrariedade e da crueldade do Estado. e migram para a conduta. É neste momento que
surge a potencial consciência da ilicitude.
Esta diz que deve-se responsabilizar uma pessoa
porque ninguém é obrigado a praticar um ato 4. TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE
criminoso, foi opção do agente e por isso esta
Para ela, o artigo 20 é espécie do erro de tipo e o 21
conduta deve ser reprovada.
é o erro de proibição.
As penas seriam um merecido castigo para quem
praticou uma conduta criminosa. Culpabilidade formal e culpabilidade
2. DETERMINISMO material
Gênese na Escola Positiva. Visava proteger a ✓ Formal: censurabilidade do crime se houver
sociedade contra o criminoso. Busca identificar imputabilidade, potencial consciência da
critérios capazes de definir um criminoso. A ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
criminologia ganha maior relevância porque Plano abstrato.
buscam entender o crime e seus fatores. Para o ✓ Material: censura realizada no caso
determinismo, o ser humano comete crimes, não concreto.
por escolha, mas por fatores biológicos e externos
que atuam sobre essa pessoa. Culpabilidade do fato e do autor
O crime não é fruto de uma escolha e sim de uma ✓ Fato: reprovação de conduta humana,
determinação prévia. levando em conta o que ela fez.
✓ Autor: reprova o homem como ele é e não
Teorias da culpabilidade
pelo que fez.
1. TEORIA PSICOLÓGICA DA
CULPABILIDADE
Imputabilidade
Von Liszt e Beling. Predominante no século XIX. Possibilidade de se imputar o injusto ao agente.
Dois elementos:
Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas
✓ Intelectual: capacidade de entender o
caráter ilícito do fato
✓ Volitivo: capacidade de se determinar de
acordo com esse entendimento.
1. INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA
MENTAL
Artigo 26. Caráter biopsicológico.
Existe o caso do semi imputável, no caso do agente
ser parcialmente capaz, ou seja, a pessoa tem
consciência da ilicitude, mas por alguma doença
mental ela é levada a praticar o ato. Caráter
psicológico.
O inimputável receberá uma absolvição imprópria 1. não acidental
e o semi imputável receberá uma diminuição de a) voluntária: a pessoa consumiu a droga porque
pena. quis, sabendo que poderia se embriagar ou
2. INIMPUTABILIDADE POR IMATURIDADE intoxicar. Não isenta o agente de pena, mesmo que
NATURAL esteja completamente embriagado.

No caso de menores de 18 anos. Artigo 27. Critério b) culposa: fruto de negligência ou imprudência.
biológico. Estará sujeito à medida socioeducativa. 2. acidental, fortuita ou involuntária
Emoção e paixão Caso fortuito (o sujeito desconhece que a
substância é tóxica) ou força maior (a pessoa é
Artigo 28, I, CP
obrigada a ingerir a substância tóxica).
Não excluem a imputabilidade:
✓ Se completa: exclui a imputabilidade –
Diferença básica: duração do sentimento. artigo 28, § 1º CP
✓ Se incompleta: diminuição de pena – artigo
Emoção: perturbação afetiva passageira, que gera 28, § 2º CP.
impulso. Ex: ira, alegria, medo...
3. patológica
Paixão: tende a se arrastar no tempo,
predominando sobre a atividade psíquica e produz Doentia, no caso de dependência da droga. O
alteração de conduta. Ex: amor, ciúmes... legislador trata como doença mental. Tratada no
artigo 26.
Embriaguez
4. preordenada
artigo 28, II, CP
O sujeito se embriaga propositalmente para
Intoxicação aguda que gera perturbação cometer um crime. Haverá um agravante de pena.
psicológica gerada pelo uso de drogas.
Potencial consciência da ilicitude
Diagnostico: exame clínico, exame laboratorial e
testemunhas. Possibilidade que o agente tem para compreender o
ESPÉCIES DE EMBRIAGUEZ caráter reprovável da sua conduta. Meio termo
entre o conhecimento formal (viola a norma penal)
e material (entendimento que a conduta é imoral).
A causa que a exclui é o erro de proibição – artigo
21. O agente pratica uma conduta acreditando ser
lícita, mas é ilícita.

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas


1. inevitável 5. cumprimento estrito da ordem
O agente não tinha consciência da ilicitude em Efeitos:
situação que não era possível lhe exigir Afasta a culpabilidade do subordinado
consciência. O erro de proibição inevitável
funciona como excludente da culpabilidade. O mandante responde pelo resultado

2. evitável Se ordem ilegal, ambos respondem pelo crime

O agente poderia entender que a sua conduta é Causas supralegais de exclusão da


reprovável. Acarreta diminuição de pena.
culpabilidade
Exigibilidade de conduta diversa 1. CLAUSULA DE CONSCIÊNCIA
Expectativa da sociedade acerca da prática de uma Agente, por motivo de consciência ou crença,
conduta diversa daquela que foi adotada pelo autor. prática fato previsto como crime, desde que não
viole direitos fundamentais.
Implica na possibilidade que tinha o agente de, no
momento da ação ou 2. DESOBEDIÊNCIA CIVIL
da omissão, agir de acordo com o direito,
considerando-se a sua particular Atos de insubordinação com intuito de invalidar a
condição de pessoa humana, ou seja, a ordem estabelecida por ser injusta ou precisar de
possibilidade, determinada pelo mudanças.
ordenamento jurídico, de atuar de uma forma 3. SITUAÇÃO GENÉRICA
distinta e melhor do que
aquela a que o sujeito se decidiu. Mãe viúva deixa filho sozinho para trabalhar, por
não ter condição de pagar uma babá.
Exclusão da exigibilidade de conduta
diversa Coculpabilidade
1. coação irresistível – artigo 22 O agente não errou sozinho. Existem muitos fatores
que contribuem para que o agente pratique aquele
É a moral e não a física (a física afasta a conduta ato. A sociedade e o Estado possuem
por ausência de dolo ou culpa). A moral afasta a responsabilidade. Pode levar ao afastamento da
culpabilidade pela não exigibilidade de conduta culpabilidade por inexigibilidade de conduta
diversa. O coagido atua como mero instrumento na diversa.
mão do coator.
2. obediência hierárquica – artigo 22
Ordem não manifestamente legal. Funcionário
público prática infração penal para o cumprimento
de uma ordem de um superior.
Dois pilares:
✓ impossibilidade de conhecer a ilegalidade
da ordem
✓ inexigibilidade de conduta diversa
Requisitos:
1. ordem não manifestamente legal
2. ordem originária de autoridade competente
3. relação de direito público
4. três envolvidos: mandante, executor e vítima

Fernanda Amaral Fajardo – PUC Minas

Você também pode gostar