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Direito penal 1

O direito penal ou direito criminal é a disciplina de direito público que regula o


exercício do poder punitivo do Estado, tendo por pressuposto de ação delitos (isto é,
comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social,
afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da
sociedade) e como consequência

No âmbito do Direito Penal, o descumprimento das normas previstas no Código


Penal, levam a, basicamente, três sanções: 61 e ss do cp
a. Pena de prisão
b. Medida de segurança; ou
c. Multa

Função do direito penal

A natureza do Direito Penal pode ser aferida no momento da apreciação da conduta


humana. Tal ação pode ser apreciada sob dois aspectos: o direito penal visa a proteger
os bem jurídicos fundamentais (todo valor reconhecido pelo direito) e a Manutenção
da paz social
Suas funções básicas são:
a) Proteção dos bens jurídicos
Bens jurídicos são os valores ou interesses do indivíduo ou da coletividade,
reconhecido pelo Direito. A proteção dos bens jurídicos se dá por meio da intimação
coletiva (prevenção geral), ou por meio de compromissos éticos assumidos pelos
cidadão para viver em sociedade;
No crime de furto, por exemplo, o resultado é representado pela ofensa ao bem
jurídico. "patrimônio";
No homicídio, há lesão ao bem jurídico "vida humana";
Na coação, uma violação à liberdade individual.

Essa seria a tríade fundamental de bens jurídicos é tutelados coativamente


pelo Estado: vida, liberdade e propriedade.

Além de proteger os bens jurídicos vitais para a sociedade, também existe o


entendimento de que o direito penal garante os direitos da pessoa humana frente ao
poder punitivo do Estado.
b) Manutenção da paz social
A paz social é aquele preservada pelo Estado a fim de garantir segurança, igualdade e
harmonia entre a população. Tal paz social deve estar presente na vida de todos.
Esta forma de encarar as funções do direito penal vem da tradição liberal, como
explicitada pelo penalista espanhol 

Fontes do direito penal


O Estado é a fonte material do direito penal, uma vez que é o legislador quem cria as
normas penais; essas normas, por sua vez, são dadas a conhecimento por meio de leis,
denominadas fontes formais imediatas do direito penal.

Dentro do chamado direito material, aquele derivado das leis, essas são as fontes


primordiais do direito penal, ideia é reforçada pelo chamado "princípio da reserva
legal""Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei".
No Código Penal, nullurn crimen sine lege, nulla poena sine lege "Não há crime
sem lei escrita anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal".
As principais fontes do direito penal são o Código Penal e o Código de Processo
Penal de cada país, bem como a legislação penal complementar.

Entre as fontes auxiliares, estão::


 doutrina (conjunto de teses e correntes jurídicas defendidas por juristas e
estudiosos do Direito) e a
 jurisprudência (conjunto de decisões judiciais concretas, formando os precedentes
judiciais), acumuladas em determinada jurisdição.

As fontes secundárias do direito penal são:


 os costumes;
 a analogia;
 a equidade;
 os princípios gerais do Direito; e
 os tratados e convenções internacionais.

Princípios do direito penal


 Princípio da Legalidade (art1 do Cp): Esse princípio é baseado no artigo 1º do
Código Penal, que diz que há a exigência de uma lei defina a prática de um ato
reprovável como crime. Princípio da Legalidade: Limita o poder punitivo do
Estado, não havendo crime, caso não haja lei que defina a infração penal e lhe
imponha uma pena. Ou seja, o Estado não podera punir o indíviduo, caso o ato
praticado por ele não for considerado crime perante a lei

O Princípio da Legalidade do direito penal assenta na ideia de que também o


direito penal está sujeito a limites que visam evitar uma intervenção do Estado
arbitrária ou excessiva no domínio da definição dos crimes e das penas.

Numa acepção mais geral, o princípio da legalidade em matéria criminal pode


analisar-se essencialmente sob três perspectivas,
 o princípio da legalidade propriamente dito que se reconduz em boa medida à
reserva de lei (nullum crimen sine lege), a proibição de retroactividade
(nullum crimen sine lege proevia)
 alguns autores designam de princípio da tipicidade, de que deriva, como
corolário mais significativo do ponto de vista da aplicação do direito, proibição
de analogia.
 Devido Processo Legal: Um juiz não pode condenar um acusado qualquer, de
maneira arbitrária, pois quem praticou o crime tem o direito de ter um julgamento
justo. Apenas após o julgamento e todo processo legal é que poderá ser definido o
destino do criminoso.
 Princípio da Inocência: Diz que todo cidadão é inocente, até que se prove o
contrário. Ou seja, o individuo é considerado inocente enquanto a Justiça não o
considera culpado.
 Retroatividade da Lei mais Benéfica: Uma lei penal pode retroagir apenas se for
para benefício do réu. Entretanto, em caso contrário, se a lei se tornar mais
severa, não será aplicada ao réu.
 Direito à Defesa: Diz que qualquer pessoa tem direito à defesa,
independentemente do crime praticado e das suas circunstâncias. Caso a pessoa
não tenha como pagar pela sua defesa, o Estado a proporcionará.
 Princípio da Intervenção Mínima: O Direito Penal deve intervir de maneira
mínima na sociedade. Se recorre a ele apenas quando os meios de controle estatal
e jurídicos não forem suficientes.
 Princípio da Culpabilidade: Diz que só ha crime se o ato causar reprovabilidade
 Princípio da Humanidade: O Estado é vedado de aplicar penas cruéis, como a
capital e a prisão perpétua, pois essas sanções atingem a dignidade da pessoa
humana. Prioriza-se a ressocialização do condenado através da execução penal, e
não a sua degradação.
 Princípio do in dúbio pro reo: Caso haja dúvida sobre a acusação da prática de
uma infração penal, o acusado, em seu julgamento final, deverá ser absolvido.
Quando não houver provas suficientes, acata-se a interpretação mais favorável ao
réu.
 Princípio da Igualdade: Este princípio prioriza a igualdade material acima da
formal, buscando a não discriminação e proibindo diferenças de tratamento, como
está prescrito na Constituição da republica.
 Princípio da Efetividade: O Direito Penal, quando na sua intervenção, deve
sempre ser eficaz e agindo de maneira preventiva e, se necessário for,
repreensiva.
 Princípio da Proporcionalidade: Diz que pena aplicada deverá ser proporcional a
prática antijurídico cometida. Ou seja, a punição para o indivíduo deve ser na
mesma proporção do crime praticado por ele.
 Princípio do ne bis in idem: Segundo este principio, o individuo não poderá ser
julgado ou punido mais de uma vez pelo mesmo crime

Definição estrutural do direito penal Direito penal

È o conjunto de normas que apresenta determinada estrutura – fazem corresponder a


uma certa situação de facto, o crime, uma determinada sanção, a pena, no seu sentido
mais rigoroso e característico.

Um exemplo: “quem matar outrem será punido com pena de prisão de oito a dezasseis
anos” → revela de forma óbvia a estrutura referida:

 Previsão (descrição de uma situação de facto) = “quem matar outrem”

Estatuição (consequência jurídica da prática do facto) = “é punido com …” Contudo,


na parte geral do Código Penal, esta estrutura não é tao óbvia e por
Interpretação e integração da lei penal

ANALOGIA E INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA

Enquadramento Teórico: Diz-se que o Direito penal não tem lacunas, por isso diz-se
que tem carácter fragmentário, é uma ordem jurídica completa ou fechada - proibição
de integração da lei penal.

A Proibição da Analogia:
Consiste no método de interpretação jurídica utilizado quando , diante da ausência de
revisão especifica na lei aplica-se uma disposição legal que regula casos idênticos ,
semelhantes ou da controvercia ( disputa polemica referente a accao proposta)

-Estatuindo expressamente, não que não é permitido o recurso à analogia para


qualificar um facto como crime, definir um estado de perigosidade ou determinar a
pena ou a medida de segurança que lhes corresponde.

Fundamentos desta proibição:

 Exclusividade da elaboração da lei penal pelo Parlamento ou do Governo com


autorização Reserva de lei ( assembleia da republica)

 Se os tribunais pudessem utilizar a analogia, formulariam normas incriminadoras


que deixariam de ser objeto de controlo democrático, ( divida, )

 Razões de segurança jurídica Em DP está em causa a sanção mais agressiva do


direito

 possibilidade de encarceramento do agente É necessário que sejam muito bem


definidos os pressupostos para tal, não podem ficar ao critério do juiz Há uma
grande necessidade de proibir expressamente o arbítrio

 O agente tem de saber de antemão, de forma muito precisa, o que é que constitui
crime Manifestação direta
Estado de Direito Democrático

 uma das suas manifestações é a segurança e a confiança jurídica

Teoria geral da lei penal

Conceitos e elementos da infração penal

Infração penal é toda conduta previamente tipificada pela legislação como ilícita,


imbuída de culpabilidade, isto é, praticada pelo agente com dolo ou, ao
menos, culpa quando a Lei assim prever tal possibilidade.

O Estado tem o poder dever de proibir e impor uma sanção a quem a praticar.


As infrações penais são subdivididas em 
 crimes 
  contravenções,

Sendo consideradas crimes as infrações às quais a Lei preveja sanção com pena
de reclusão ou de detenção, não importando se cominada com pena de multa, seja de
forma alternativa, seja cumulativo.

Conceito formal de crime


crime é tudo aquilo que o legislador considera legitimamente como tal. Contudo, de
acordo com o conceito formal de crime, o crime é uma ação típica, ilícita, culposa e
punível.
Temos, portanto, de averiguar:) se esta cabe ou não num tipo legal de crime (se
couber, temos uma ação típica);
 Tipica se esta cabe ou não num tipo legal de crime (se couber, temos uma ação
típica);
 Se é ilícita (se A dispara sobre B e este morre, há uma ação que preenche um tipo
legal, mas pode ser que B tivesse uma arma apontada a A – e aí, apesar de A ter
praticado uma ação típica, ela não é ilícita, por ter ocorrido ao abrigo da legítima
defesa, causa de exclusão de ilicitude);
 Se é culposa;
 Se é punível.

Direito penal e outros direitos sancionatórios


Uma outra maneira de esclarecer o conceito de direito penal é olhar não para os casos
nucleares, mas para a periferia e observar as fronteiras. Desde logo, o direito penal é
um direito sancionatório. Outros ramos sancionatórios do direito há: o direito civil e o
administrativo, muitas vezes, preveem sanções específicas para certos ilícitos. Mas é
relativamente fácil distinguir o direito penal desses outros direitos sancionatórios. No
direito civil, a base da sanção não é o crime, mas sim o ilícito civil. Só há um ilícito
penal quando estão em causa os bens jurídicos essenciais ou indispensáveis à vida em
sociedade.

Diferenças entre crime e contravenção


A contravenção é uma infração considerada de menor gravidade que o crime. Esse
julgamento pode variar ao longo do tempo pelo legislador, consoante a evolução da
sociedade.
Dentre os tipos, o crime é considerado a infração penal mais grave, podendo cominar
pena de reclusão e detenção de 3 dias -30 anos, podendo, a ação penal ser pública,
semi-publica ou particular.

Conceito material de crime


Contravencoes e trangressoes são sancoes puniveis com penas pecuniarias denominda
multa e medidas de segurança que não são convertidas em prisões. Em termos
materiais,
porém, a distinção está na ideia de que as sanções têm um fundamento diferente.
Passamos a um
conceito material de contraordenação.
O que tem de acontecer para que determinado comportamento seja considerado
contraordenação (e não crime)?

Há três posições principais:


1. critério quantitativo - a diferença entre crime e contraordenação está na gravidade;
2. critério qualitativo - a diferença entre crime e contraordenação será de natureza
material;
3. critério misto – a diferença será qualitativa ou quantitativa consoante o termo de
comparação (se
estivermos perante direito penal primário, a diferença será qualitativa; já se
estivermos perante
direito penal secundário, a diferença será quantitativa).

Finalidade das penas


Para que é que deve servir sujeitar uma pessoa a uma restrição da sua liberdade
durante anos? Que finalidade pode ter o Estado com isso? Uma finalidade, sem
dúvida, é a finalidade da prevenção do crime.
Aplica-se uma pena para prevenir a prática de outros crimes pela sociedade em geral
(a chamada prevenção geral).

Princípios da necessidade e subsidiaridade do direito penal


O principio da solidariedade trás compreensão de que o direito penal não cria
condutas ilícitas por si próprias , autónomas , ele vem apenas robustecer , utilizando-
se da sua violenta intervenção a proteção dispensada a bens jurídicos fundamentais ja
tutelados pelos outros ramos de direito.

Princípio da necessidade da pena


Quando é que a intervenção penal é necessária? Quando se revela indispensável para
criar as condições mínimas essenciais à vida em sociedade.
Se demonstra que a intervenção penal é essencial para haver uma coexistência
pacífica entre os indivíduos numa sociedade, então é necessária.

Princípio da proporcionalidade
Outro princípio (interligado com o anterior) é o princípio da proporcionalidade. Mas o
princípio da proporcionalidade em sentido amplo inclui o princípio da proibição do
excesso, e, portanto, implica o princípio da subsidiaridade.

Fins das penas


Importa agora estudar a parte da estatuição( consequencia) da norma penal – a sanção
penal
Interessa, portanto, discutir para que serve a aplicação da pena, i.e., o que legitima o
Estado a aplicar penas. Há uma diferença com a questão que estivemos a ver. Através
das penas, o direito visa
alcançar algo – o seu fim último. Pode falar-se em várias teorias: teoria preventiva e
teoria retributiva

Princípio da humanidade das penas


Se o tribunal concluir que a suspensão da execução é mais benéfica, em termos de re-
socialização, do que a execução da pena, tem de optar pela suspensão da pena.
Mas há outro princípio intimamente relacionado com os fins das penas e que deve ser
visto à luz desta matéria: o princípio da humanidade das penas. O princípio da
humanidade das penas resulta, desde logo, da dignidade da pessoa humana e do
princípio da necessidade – isto é, face ao princípio da dignidade da pessoa humana,
não são possíveis nem defensáveis penas desumanas. E face ao princípio da
necessidade da pena, resulta que as penas desumanas não são Necessárias

1 - PRINCÍPIO DA CULPA nas penas


Desde logo, há que referir o princípio da culpa. Este princípio pode ser sintetizado
numa frase: “não há pena sem culpa”. medida da pena não pode ultrapassar a medida
da culpa. Repare-se que isso não significa que toda a culpa tenha de ser punida; a
medida da pena pode estar abaixo da medida da culpa, só não podendo estar acima.

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