Você está na página 1de 4

Agrupamento de Escolas de Arcozelo – Ponte de Lima

Ano letivo 2022_2023


Filosofia _ Trabalho de pares A TEORIA DA JUSTICA DE JOHN RAWLS
10º ano Turma _
Tempo

2 aulas de 90 minutos para realização das seguintes tarefas

1 aula de 90 para apresentação dos trabalhos realizados

Competências a adquirir e desenvolver

 Aprendizagem autónoma;

 Desenvolvimento de capacidades no domínio da pesquisa e investigação;

 Desenvolvimento métodos mais eficazes de trabalho em grupo;

 Cooperação e entreajuda com colegas e grupos;´

Procede a uma leitura atenta dos textos que se seguem e procura preencher a tabela….

O raciocínio de John Rawls

O raciocínio de Rawls é o seguinte: suponha que nos reuníamos, tal como agora, para escolher os princípios que deverão reger a nossa
vida coletiva – para escrever um contrato social. Que princípios escolheríamos? Provavelmente teríamos dificuldades em chegar a
acordo. Pessoas diferentes iriam preferir princípios diferentes, que refletissem os seus diversos interesses, crenças morais e religiosas, e
posições sociais. Algumas pessoas são ricas e outras são pobres, algumas têm poder e bons contactos, outras nem tanto. Algumas são
membros de minorias raciais, étnicas ou religiosas; outras não.
Poderíamos chegar a um compromisso. Mas mesmo o compromisso provavelmente iria refletir o poder de negociação superior de
algumas pessoas em relação às outras. Não há razão para presumir que um contrato social estabelecido desta maneira seria um acordo
justo.
Agora considere uma experiência mental: suponha que quando nos reunimos para escolher os princípios não sabemos que posição
iremos ter na sociedade. Imagine que escolhemos sob um «véu de ignorância» que nos impede temporariamente de saber seja o que
for sobre quem somos especificamente. Não sabemos qual é a nossa classe ou sexo, a nossa raça ou etnia, as nossas opiniões políticas
ou convicções religiosas. Nem sabemos quais são as nossas vantagens e desvantagens – se somos saudáveis ou débeis, se temos um
curso superior ou a escolaridade obrigatória, se nascemos numa família unida ou num lar desfeito. Se ninguém soubesse nenhuma
destas coisas, escolheríamos, com efeito, a partir de uma posição original de igualdade. Como ninguém estaria numa posição de
negociação superior, os princípios com que concordaríamos seriam justos.
É esta a noção de contrato social de Rawls – um acordo hipotético numa posição original de igualdade.
Rawls convida-nos a perguntar que princípios nós – enquanto pessoas racionais e com interesses pessoais – escolheríamos se nos
encontrássemos nessa situação. Não parte do princípio de que somos todos motivados pelo egoísmo na vida real, apenas que
púnhamos de lado as nossas convicções morais e religiosas para realizar a experiência mental. Que princípios escolheríamos?
Antes de mais, argumenta que não escolheríamos o utilitarismo. Sob o véu da ignorância, cada um de nós pensaria, «Tanto quanto sei,
posso acabar por ser membro de uma minoria oprimida». E ninguém haveria de querer correr o risco de ser o cristão lançado aos leões
para gáudio da multidão. Nem escolheríamos um princípio puramente laissez-faire e libertário que desse às pessoas o direito de ficar
com todo o dinheiro que ganhassem numa economia de mercado. «Posso acabar por ser o Bill Gates», pensaria cada pessoa, «mas
também posso acabar por ser um sem-abrigo. Por isso, é melhor evitar um sistema que me pudesse deixar na penúria e sem ajuda.»
Rawls considera que do contrato hipotético nasceriam dois princípios de justiça. O primeiro concede liberdades básicas iguais a todos
os cidadãos, como a liberdade de expressão e de religião. Este princípio tem prioridade em relação a considerações de utilidade social
e de bem-estar geral. O segundo princípio diz respeito à igualdade social e económica. Embora não exija uma distribuição igual de
rendimento e riqueza, permite apenas as desigualdades sociais e económicas que beneficiem os membros mais desfavorecidos da
sociedade.
M. J. Sandel, Justiça. Fazemos o que devemos?, Presença, 2011, pp. 150-151.

O contrato social e a equidade

A posição natural e socialmente diferenciada dos sujeitos permitiria que o resultado do contrato [social] fosse mais vantajoso para as
posições mais fortes, fosse qual fosse o critério dessa força, de tal maneira que o contrato social permitiria a legitimação das
desigualdades sociais e a perpetuação das situações de injustiça social (crítica comummente dirigida ao contratualismo [de John
Locke]). (…) Influenciado pela conceção kantiana da igualdade, Rawls não aceita que um acordo equitativo inclua aquelas
desigualdades. Não apenas porque no resultado do acordo os princípios de justiça expressariam desigualmente os interesses de todas
as partes, mas, sobretudo, porque as desigualdades naturais e sociais são imorais: ninguém é responsável pela posição social em que
nasce, nem pelos seus talentos naturais. Se, em contrapartida, o contrato integrar esta diferença natural e social, a distribuição inicial
dos bens será mais

maio_2023 Profª Levina Alves


Agrupamento de Escolas de Arcozelo – Ponte de Lima
Ano letivo 2022_2023
Filosofia _ Trabalho de pares A TEORIA DA JUSTICA DE JOHN RAWLS
10º ano Turma _

vantajosa para as posições mais fortes (…). A equidade é, pois, equivocamente descrita se se referir a um acordo estabelecido após
negociação entre pessoas com posições sociais e naturais iniciais diferenciadas. Razão pela qual (…) Rawls questiona, em função da sua
própria conceção da equidade — a igual posição na escolha dos princípios de justiça. (…) Elevar a um nível superior a teoria do
contrato consiste em determinar que a escolha contratual apenas pode ser uma fonte legítima, porque moral, da legislação pública
comum, se for estabelecida numa posição original. Posição que (…) elimina os acasos da distribuição natural de qualidades e as
contingências sociais como vantagens na busca de benefícios económicos e políticos, e permite, através da equidade das
circunstâncias, que os princípios sejam resultado da exclusão dos aspetos da realidade social que parecem arbitrários de um ponto de
vista moral.

R. Queiroz, Justiça Social e Estabilidade, INCM, 2009, pp. 27-28.

Equidade e justiça

A justiça como equidade constitui a designação da teoria rawlsiana da justiça distributiva, distinta, por exemplo, da teoria utilitarista ou
perfecionista. Se a teoria utilitarista funda a distribuição dos bens sociais no princípio da utilidade, advogando que uma distribuição
justa é aquela que proporciona a maior felicidade possível ao maior número possível de pessoas, e a teoria perfecionista justifica a
justiça da distribuição em função do aumento dos valores da excelência e da cultura, o princípio da perfeição, a justiça como equidade
determina a justiça da distribuição em função do ideal de equidade (…), ínsita nos dois princípios de justiça. Em «Justice as Faimess»,
publicado em 1958, Rawls distingue a justiça da equidade, enunciando que se a justiça é uma noção moral primitiva que emerge
quando o conceito de moralidade é imposto aos agentes mutuamente interessados (…), a equidade é um conceito fundamental para a
justiça que se relaciona com as distribuições retas entre os que cooperam entre si, tal como quando falamos em jogos equitativos (…),
competição equitativa (…), ou negociações equitativas.

E acrescenta, a questão da equidade emerge quando:

a) Pessoas livres, que não exercem autoridade umas sobre as outras, estão associadas numa atividade conjunta e estabelecem entre si
as regras que as definem e que determinam as respetivas partilhas dos (…) benefícios. Neste estabelecimento o reconhecimento mútuo
da igualdade interpessoal faz com que o conceito de equidade seja fundamental para a justiça;

b) Os participantes no estabelecimento das regras não sentem que alguém está numa posição vantajosa (…).

c) Um número de pessoas participa numa prática e restringe a sua liberdade, tendo direito a uma conformidade similar por parte dos
que beneficiam com a sua submissão.

R. Queiroz, Justiça Social e Estabilidade, INCM, 2009, pp. 23-24.

Visiona o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=smORkkuePm0

Objecções de Michael Sendel & Robert Nozick


Um empenho público mais vigoroso nos nossos desacordos morais podia proporcionar uma base mais forte e não mais fraca para o
respeito mútuo. Em vez de evitar as convicções morais e religiosas que os nossos concidadãos trazem para a vida pública, devíamos
tratar delas de forma mais direta - umas vezes desafiando-as e contestando-as, outras escutando-as e aprendendo com elas. Não há
qualquer garantia de que a deliberação pública sobre questões morais complicadas resulte, numa dada situação, em acordo - ou
sequer em apreço pelas opiniões morais e religiosas dos outros.
Michael Sandel (2011), Justiça. Fazemos o que devemos? Presença, pp. 278-279.

Um dos motivos principais de Nozick para formular as suas perspetivas libertaristas foi combater as ideias de Rawls (...). O busílis da sua
argumentação é apresentado clara e sucintamente no prefácio de Anarquia, Estado e Utopia. E é que «Os indivíduos têm direitos, e há
coisas que nenhuma pessoa ou grupo Ihes pode fazer (sem violar os seus direitos)». Os direitos são tão fortes que obrigam à
consideração dos limites do poder do Estado relativa mente aos indivíduos. Nozick centra-se por isso na questão da legitimidade do
Estado. A sua conclusão é também clara e (...); é que «um Estado mínimo, limitado às simples funções de proteção contra a força, o
roubo, a fraude, o cumprimento de contratos, etc., tem justificação; e que qualquer Estado mais alargado irá violar os direitos das
pessoas a não serem obrigadas a fazer coisas, e não tem justificação; e que o Estado mínimo é inspirador e também correto»>.
Anthony C Grayling (2020). Uma história da filosofia. Edições 70, p. 527.

maio_2023 Profª Levina Alves


Agrupamento de Escolas de Arcozelo – Ponte de Lima
Ano letivo 2022_2023
Filosofia _ Trabalho de pares A TEORIA DA JUSTICA DE JOHN RAWLS
10º ano Turma _

Tendo em conta os textos acima e a teoria da justiça de John Rawls procura responder…..

Conceitos nucleares:
Contratualismo

Véu de ignorância O véu de ignorância garante a equidade da atuação dos fundadores da sociedade.
Desconhecendo as situações específicas na sociedade, os seus ocupantes e os seus lugares,
seremos imparciais na escolha de princípios justos e iguais para todos.
Posição Original A posição da igualdade original corresponde ao estado natural na teoria tradicional do
contrato social. Esta posição original não é, evidentemente, concebida como uma situação
histórica concreta, muito menos como um estado cultural primitivo. Deve ser vista como
uma situação puramente hipotética, caracterizada de forma a conduzir a uma certa conceção
de justiça.
Equidade

Princípios da justica Princípio da liberdade : Princípio da Princípio da diferença:


igualdade de As desigualdades
A igualdade na atribuição dos direitos e oportunidades: económicas e sociais são
deveres básicos, bem como a máxima As desigualdades aceitáveis apenas se
liberdade para cada indivíduo que não não serão resultarem em vantagens
ponha em causa uma liberdade igual para aceitáveis se compensadores para
todos. decorrerem de todos e, em particular,
oportunidades que para os membros mais
são dadas a uns, desfavorecidos da
mas não a outros. sociedade.
Regra Maxinim Maximização do mínimo de bens sociais primários que cada indivíduo pode obter.
Os bens sociais primários, para Rawls, são aquilo de que as pessoas precisam enquanto
cidadãs livres e iguais e enquanto membros cooperativos da sociedade.
A regra maxinim permite:
 Maximizar todas as oportunidades;
 Fazer a escolha como se o pior nos fosse a acontecer;
 Jogar pelo seguro, evitando correr riscos.
Principais objecções apontadas à teoria da
justiça de John Rawls

maio_2023 Profª Levina Alves


Agrupamento de Escolas de Arcozelo – Ponte de Lima
Ano letivo 2022_2023
Filosofia _ Trabalho de pares A TEORIA DA JUSTICA DE JOHN RAWLS
10º ano Turma _

maio_2023 Profª Levina Alves

Você também pode gostar