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E.E.

DE LELIVÉLDIA

FILOSOFIA

A teoria da justiça em John Rawls

Alunos: Nilvanete, Wellyton, Thiago, Ana Paula, Leilane, Daiane, Victor, Dayzi,
Sarah

LELIVÉLDIA
2023
Introdução
O que é uma sociedade justa?Essa é uma questão fundamental da
filosofia política. Filósofos importantes como Platão, Locke, Rousseau e
Kant dedicaram livros a esse tema. Essa questão também possui uma
importância prática, uma vez que as políticas adotadas por uma
sociedade estão relacionadas ao que seus membros pensam ser justo
ou injusto. Uma forma de perceber como isso é verdade é notando que
ideologias políticas opostas têm concepções de justiça diferentes.
Tome, por exemplo, o liberalismo, o socialismo, o conservadorismo ou
fascismo, cada um responde diferente a pergunta “o que é uma
sociedade justa?”.

A teoria da justiça de John Rawls (1921—2002) procura oferecer uma


resposta para essa pergunta. Em um livro publicado em 1971 chamado
‘’Uma teoria da justiça’’, o filósofo elaborou uma concepção muito
influente sobre a justiça. Mas talvez mais importante que sua teoria seja
o procedimento que usou para chegar até ela.

Em busca da imparcialidade
O ponto de partida da teoria da justiça de Rawls é o seguinte problema:
como evitar que nossas ideias sobre justiça sejam influenciadas por
nossa posição social? Muitas vezes, em questões relativas à
distribuição de bens sociais como a riqueza, as pessoas têm suas
opiniões contaminadas por sua posição social, condição econômica e
outras desigualdades individuais.

Por exemplo, um homem muito rico pode julgar injusto que o Estado
cobra um imposto elevado dos mais ricos e dos mais pobres. Ao
contrário, pensará que o justo é cobrar o mesmo valor de todos. Assim,
o que entendemos por justo ou injusto não parece ser uma verdade
objetiva, mas apenas a expressão de um desejo individual, ou seja, o
desejo de não ser prejudicado com impostos elevados.

Para evitar que nossas ideias sobre justiça sejam influenciadas por
nossa condição social, Rawls acredita que devemos ser imparciais. Essa
é uma expressão do direito. Quando o juiz diz que o réu é culpado ou
inocente com base mais na cor da sua pele ou condição econômica do
que nas evidências disponíveis, dizemos que ele não foi imparcial. Isso
é um problema grave, já que torna a decisão injusta. Não devemos
condenar alguém porque é negro, branco, judeu, pobre ou rico. O ideal é
que o juiz conduza o processo e tome sua decisão sem se deixar levar
por essas características pessoais.

Portanto, no direito, justiça significa, em parte, uma decisão imparcial.


Rawls também adota essa ideia como um ideal. Ou seja, para o filósofo,
uma sociedade justa é aquela que escolheríamos ao decidir como um
juiz, de forma imparcial.

O véu de ignorância
O conceito de véu de ignorância é um dos mais importantes na teoria da
justiça de Rawls. É ele que possibilita que pensemos de maneira
imparcial. Podemos imaginar esse véu como uma venda que, ao invés
de impedir que enxerguemos o que está em nossa frente, impede que
saibamos quem somos. Ou seja, a partir do momento em que nos
imaginamos com um véu de ignorância, já não sabemos se somos
negros ou brancos, ricos ou pobres, homens ou mulheres, quais nossas
habilidades naturais etc. Não conhecemos qualquer característica que
nos diferencie dos outros.

Rawls pensa que se uma pessoa ignora suas características individuais,


será imparcial, pois terá que pensar em si considerando que pode ser
várias pessoas diferentes. Faça esse experimento mental de se imaginar
por trás de um véu de ignorância. Imagine que você não sabe quem é
exatamente, mas sabe que vive numa sociedade plural. Imagine por um
instante que é possível que seja homem, mulher, negro, branco, pardo,
indígena, judeu, heterossexual, homossexual, transexual, rico, pobre,
classe média, enfim, se imagine na pele de diferentes pessoas. Por fim,
tente escolher o que seria justo pensado no que é melhor para si,
considerando que está por trás de um véu de ignorância.
Posição original
Rawls foi influenciado por um grupo de filósofos chamados de
contraculturalistas. Os contratualistas acreditavam que as leis de uma
sociedade são legítimas e justas apenas se todas as pessoas puderem
aceitar. Em outras palavras, ninguém tem obrigação de respeitar uma lei
com a qual não poderia concordar.

Rawls acredita que uma sociedade justa é aquela que adota leis que
foram escolhidas de forma imparcial e com as quais todas as pessoas
poderiam concordar. Para identificar quais são essas leis, ele pede que
nos imaginemos no que chama de posição original fazendo um contrato
social. A posição original é uma situação hipotética na qual não existe
uma sociedade formada e temos que escolher, em conjunto com outras
pessoas, quais serão as leis básicas da sociedade que iremos criar. Ou
seja, temos que fazer um contrato social: chegar a um acordo sobre os
princípios básicos dessa sociedade, incluindo quais direitos e deveres
as pessoas terão, como será distribuída a riqueza e como será o
governo.

Rawls pensa que esse contrato social deve ser feito por trás de um véu
de ignorância, para que ele seja imparcial. Isso quer dizer, como já
vimos, que as pessoas na posição original não sabem qual seu gênero,
classe, raça, religião etc.

Para o benefício dos menos favorecidos


A teoria da justiça de Rawls afirma que a diferença de riqueza só é justa
na medida em que beneficie os menos favorecidos. Ou seja, não é
igualitária nesse aspecto, já que aceita a desigualdade, mas dentro de
certas condições. Quais são essas condições?

Imagine uma sociedade totalmente igualitária. Essa não é uma


sociedade muito inovadora e dedicada à produção, pensa Rawls, porque
as pessoas não têm tanto incentivo para trabalhar. Por que alguém se
preocupa, por exemplo, em criar uma nova tecnologia se não irá ganhar
com isso nada além do que já ganha? Portanto, pensa o autor, se
permitir a desigualdade contribuir para aumentar a riqueza, haveria mais
riqueza para ser distribuída e mesmo os não tão favorecidos sairiam
ganhando. Sendo assim, de acordo com o princípio da diferença, um
pouco de desigualdade seria justa.

Igualdade equitativa de oportunidades


Por fim, Rawls acredita que, numa sociedade justa, a desigualdade deve
ser relacionada a cargos que qualquer pessoa possa acessar em
condição de igualdade equitativa de oportunidades.

Isso quer dizer, em primeiro lugar, que as profissões são acessíveis a


qualquer pessoa. Ninguém é proibido, por exemplo, de ser médico ou
professor com base em sua raça, gênero, religião. Desde que qualificada
para exercer a função, uma pessoa pode se candidatar a qualquer
profissão.

Em segundo lugar, quer dizer que deve haver uma igualdade real de
oportunidades, não apenas formal. Sabemos que a educação que uma
pessoa recebe e outros fatores influenciam nas oportunidades que terá
na vida. Assim, para que exista realmente igualdade de oportunidades,
todos devem ter acesso à educação com a mesma qualidade e até
mesmo coisas mais básicas, como alimentação e saúde.

Conclusão
O objetivo da teoria da justiça de Rawls era oferecer uma resposta à
questão “o que é uma sociedade justa?” que fosse, como vimos,
imparcial. Depois de conhecer o procedimento que Rawls propôs para
refletirmos sobre justiça e quais seriam as leis adotadas na posição
original, podemos ter uma visão geral de sua teoria.

Em resumo, podemos dizer que a teoria da justiça de Rawls defende que


uma sociedade justa.

Rawls acredita que essa é uma sociedade justa porque seria a escolhida
na posição original. Ou seja, ela é justa porque qualquer pessoa, ao
refletir de forma imparcial sobre o que é a justiça, optaria por essa
sociedade e não outra.
Referências
● John Rawls. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
● Nythamar de Oliveira. Rawls. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

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