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O problema da organização

de uma sociedade justa


Ética, Direito e Política
Sumário
1. Definição dos conceitos basilares da filosofia política: ética, estado e política.

2. O problema da justificação do Estado: por que razão devemos obedecer à sua autoridade?

3. O problema da organização de uma sociedade justa: a relação entre liberdade e justiça social.

4. Introdução ao pensamento de John Rawls: a teoria da justiça como equidade.


Ética, Direito e Política

Direito: O conjunto de normas e leis que apoiadas no poder coercivo Ética: É um dos ramos de estudo da

(imposição de penas e punições) do Estado que as elabora e institui, filosofia que estuda os fundamentos
da ação moral.
regulam o comportamento dos membros de uma sociedade.

Política: O termo política deriva da palavra grega polís que designa “cidade”. Este é, na

conceção grega, o lugar por excelência da convivência e realização humanas, onde se

concentra a civilização – em contraposição com o que está fora da cidade, que é o lugar dos

bárbaros. Falar de Estado é para Aristóteles falar de cidades-estado porque no seu tempo as

principais cidades gregas eram Estados independentes com governo próprio.


O problema da justificação do Estado: por que razão devemos
obedecer à sua autoridade?
O conceito de Estado designa uma forma de organização política. Cabe

ao Estado o exercício do poder político; tem o poder de fazer leis e das

aplicar.

O filósofo francês Montesquieu considerava que todo o homem que

detém o poder tende a abusar dele, pelo que a separação de poderes

(legislativo, executivo e judicial) é a única forma de impedir esses

abusos, no que é no fundo, um mecanismo de pesos e contrapesos.

Esta separação de poderes é uma das caraterísticas fundamentais do que

denominamos como sendo um Estado de Direito.


Para que exista Estado e para que este subsista, quem obedece deve
aceitar a autoridade dos que mandam.
Mas porque devemos obedecer? Há justificação para isso?

1. Justificação naturalista de
Aristóteles (O Estado como
forma natural de os indivíduos
organizarem a sua vida em
sociedade). “O homem é
naturalmente um animal
político”
2. Thomas Hobbes, John Locke e
Jean-Jacques Rosseau e a
justificação contratualista do
Estado (Estado Natural versus
Estado Político)
O problema da organização de uma sociedade justa: a relação entre
liberdade e justiça social

“O mundo está cheio de desigualdades- dentro dos países e entre os países. Algumas crianças nascem

em lares confortáveis e prósperos e crescem bem alimentadas e bem-educadas. Outras nascem pobres,

são malnutridas e nunca têm acesso a uma educação e tratamento médico suficientes. É claro que isto

é uma questão de sorte: não somos responsáveis pela classe económica ou social ou pelo país em que

nascemos. A questão consiste em saber quão más são as desigualdades que não são culpa das pessoas

que sofrem. Deverão os governos servir-se dos seus poderes para tentarem reduzir as

desigualdades deste género, pelas quais as vítimas não são responsáveis?”

Thomas Nagel, O que quer dizer tudo isto? Uma iniciação à Filosofia, Gradiva, 1997, p.71
“Ministério Público investiga. Afinal, o que está em causa no
caso das gémeas brasileiras?
Inquérito "não corre sobre pessoa determinada", mas MP quer
conhecer processo que envolveu as crianças tratadas no Santa
Maria com um dos medicamentos mais caros do mundo. Em
relação a eventual intervenção do Presidente da República, se
tal se confirmar, a ação teria de ser votada no Parlamento e a
investigação correria no Supremo.”
Fonte: Diário de Notícias

Urgências do Hospital Beatriz Ângelo com 20 horas de


espera
A unidade hospitalar de Loures está a atravessar uma grave
crise devido à grande afluência de doentes.
As urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, estão com
uma previsão de espera de 20 horas para o atendimento de
doentes com pulseira amarela, noticiou a SIC Notícias esta
sexta-feira.
Fonte: Diário de Noticias (15 de Dezembro de 2023)
Como organizar uma sociedade justa?

Para responder a esta pergunta, entraremos no campo da Filosofia Política:

• Será justa uma sociedade com imensas desigualdades?

• Será justa uma sociedade totalmente igualitária?

• Que critérios devemos adotar para definir o que é justo?


John Rawls (1921-2002) “A sociedade é bem
ordenada quando não
só é concebida para
⮚ John Rawls foi um filósofo norte-americano, aumentar o bem dos
respetivos membros
considerado por muitos como sendo um influente mas quando é
pensador político contemporâneo. Desenvolveu também efetivamente
regida por uma
um importante trabalho no campo da filosofia conceção pública da
política. justiça”

⮚Liberal igualitário (as liberdades básicas do


indivíduo não podem ser sacrificadas em nome
de princípios distributivos, mas concede que,
⮚Grandes Obras:
sendo o individuo racional e razoável, estará 1) Uma Teoria da Justiça (1971)
aberto à cooperação com os outros 2) Justiça como Equidade (1985)
⮚Contratualismo.
A teoria da justiça como equidade de John Rawls

“Começo por descrever o papel da justiça na cooperação em sociedade e por uma breve

apreciação do objeto primeiro da justiça, a estrutura básica da sociedade. Apresento depois a

ideia central de justiça como equidade, uma teoria da justiça que generaliza e eleva a um nível

superior de abstração a tradicional conceção de contrato social.” John Rawls, Uma Teoria da

Justiça, Editorial Presença, 2017, p.27.


Justiça como equidade Liberdade

Posição original Princípios da Justiça

Véu da Ignorância Diferença + Igualdade de


oportunidades
A teoria da justiça como equidade de John Rawls
O que Rawls pretende mostrar é que a justiça é a primeira virtude, ou seja, o alicerce moral que permite avaliar se uma

sociedade está bem organizada. Assim, o propósito de Rawls é perceber como as instituições sociais distribuem os

direitos e deveres, porque as consequências desta distribuição são profundas e poderão gerar desigualdades entre os

indivíduos.

Quais serão então as condições necessárias para sociedade justa?

Exercício:

1) Imagina e descreve como seria a tua sociedade ideal.

2) Consideras que essa sociedade que imaginas-te seria justa?

3) Será possível existir uma sociedade justa?

4) O que é necessário para conseguirmos ter essa sociedade?


Sumário
1. Distinção entre igualdade e equidade.

2. Explicitação dos conceitos de véu da ignorância e de posição original.

3. Trabalho de grupos.

4. A regra maximin.
A teoria da justiça como equidade de John Rawls

A conceção apresentada por Rawls é designada pelo próprio como “justiça como equidade”, dado que a escolha dos

princípios de justiça que devem servir de base à sociedade são obtidos a partir de uma situação hipotética inicial, uma

experiência mental, em que nenhum individuo é favorecido em relação a qualquer outro e em que Rawls nos incita a

imaginar quais os princípios organizadores de uma sociedade justa.

A esta situação equitativa Rawls chama “posição original”

É nesta posição original que serão escolhidos os princípios da justiça. De modo a garantir a imparcialidade e a

racionalidade na escolha destes princípios, os contratantes encontram-se sob o véu da ignorância.


Leitura do texto da
página 227-228.
A teoria da justiça como equidade de John Rawls

Para poder ajuizar acerca dos critérios da sociedade justa,


os indivíduos devem colocar-se na posição original;

• Isto é, devem colocar-se numa situação hipotética


em que desconhecem a posição que irão ocupar
dentro da sociedade;

• Nesta posição original, os indivíduos estão cobertos


Uma Teoria da Justiça (1971)

por um véu de ignorância: ignoram hipoteticamente


a sua classe social e etnia, bem como as suas
características psicológicas, projetos de vida, etc.
A teoria da justiça como equidade de John Rawls

Cobertos pelo véu da ignorância, os sujeitos desconhecem:

• A sua situação de classe ou estatuto social;

• Os seus talentos naturais, como a inteligência, a força e outras qualidade;

• A situação política e económica da sua sociedade;

• O nível de civilização e cultura que a sociedade conseguiu alcançar.

Deste modo, o véu da ignorância garante a equidade da atuação dos fundadores da sociedade. Desconhecendo as
situações específicas na sociedade, os seus ocupantes e os seus lugares, seremos imparciais na escolha de
princípios justos e iguais para todos.

Exercício: Imagina que estás coberto pelo véu da ignorância. Como escolherias que fosse a sociedade em que
habitas?
A teoria da justiça como equidade de John Rawls

Podemos afirmar que Rawls defende uma teoria da justiça como equidade;

• Esta distingue-se da mera igualdade, que seria “o mesmo para todos”;

• A equidade baseia-se nos princípios da isenção e da imparcialidade;

Ao não conceber a justiça como igualdade total, Rawls admite a existência de desigualdades

económicas, desde que isso beneficie a sociedade no geral e que seja acompanhada de liberdade

individual e de oportunidades para todos.

https://www.youtube.com/watch?v=H0CTHVCkm90
Trabalho de Grupo

Em pequenos grupos (2 a 4 pessoas), respondam às seguintes perguntas:

1. Identifica o tipo de justiça defendido por John Rawls.

2. Que método é que Rawls adota para definir os critérios de uma sociedade

justa?

3. Para Rawls, uma sociedade deve ser totalmente igualitária?


Posição Original e o Véu de Ignorância

“Esta posição original não é, evidentemente, concebida como uma situação histórica concreta [...]. Deve ser vista
como uma situação puramente hipotética, caracterizada de forma a conduzir a uma certa conceção da justiça.
Entre essas características essenciais está o facto de que ninguém conhece a sua posição na sociedade, a sua
situação de classe ou estatuto social, bem como a parte que lhe cabe na distribuição dos atributos e talentos naturais,
como a sua inteligência, a sua força e mais qualidades semelhantes. Parto inclusivamente do princípio de que as
partes desconhecem as suas conceções do bem ou as suas tendências psicológicas particulares. Os princípios da
justiça são escolhidos a coberto de um véu de ignorância. Assim se garante que ninguém é beneficiado ou
prejudicado na escolha daqueles princípios pelos resultados do acaso natural ou pela contingência das circunstâncias
sociais.”

John Rawls. (2001 [1971]). Uma Teoria da Justiça. Trad. Carlos Pinto Correia. Lisboa: Editorial Presença, pp. 33-34 .
A regra maximin

• No momento da escolha dos princípios que vão orientar a sociedade, Rawls defende que as partes
deste contrato vão considerar que o mais racional é escolher tendo em consideração a pior situação
possível, adotando assim a regra maximin.

• A regra maximin estabelece que devemos escolher a opção que maximize a pior situação possível;

• Debaixo do véu de ignorância, não sabemos em que situação iremos viver, pelo que devemos escolher
uma sociedade em que os mais desfavorecidos estejam melhor.

“Maximização do mínimo de bens sociais primários que cada indivíduo pode obter.”
Classes Sociais

Rendimentos

o Segundo Rawls, devemos escolher a Sociedade 3;


o Embora a Sociedade 1 seja a que tem maiores rendimentos, se formos da classe C estaremos pior do que nas outras
duas;
o Também não devemos escolher a Sociedade 2, porque, embora seja a mais igualitária, os indivíduos da classe mais
baixa continuam com menos rendimentos do que na Sociedade 3 e a sociedade como um todo tem muito menos
rendimentos.
Sumário
1. Os princípios da justiça:

1.1. O princípio da igualdade das liberdades.

1.2. O princípio da igualdade de oportunidades.

1.3. O princípio da diferença.

2. A rejeição do utilitarismo.
Os Princípios da Justiça

“Primeiro
Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais extenso sistema de liberdades básicas que seja
compatível com um sistema de liberdades idêntico para as outras.

Segundo
As desigualdades económicas e sociais devem ser distribuídas de modo a que,
simultaneamente:
a) Decorram de posições e funções às quais todos têm acesso;
b) Se possa razoavelmente esperar que elas sejam em benefício de todos (especialmente dos
membros menos favorecidos da sociedade).”

John Rawls. (2001). Uma Teoria da Justiça. Trad. Carlos Pinto Correia. Lisboa: Editorial
Presença, p. 68 (adaptado).
Os Princípios da Justiça

Dito de outra maneira, os princípios são:

1) Princípio da Igualdade de Liberdades;

2a) Princípio da Oportunidade Justa;

2b) Princípio da Diferença;

• Hierarquicamente, Rawls pensa a prioridade destes princípios pela ordem em que surgem

– ou seja, o primeiro princípio é o mais importante, e assim sucessivamente.


O Princípio da Igualdade de Liberdades

Este princípio estabelece que todos os indivíduos de uma sociedade devem ter igual acesso ao
maior número possível de liberdades;

Por exemplo, liberdade de expressão, liberdade de religião, liberdade de reunião, liberdade de


viajar, etc.

No entanto, estas liberdades nunca podem coincidir com outras liberdades já asseguradas;

Por exemplo, não pode haver a liberdade de ser dono de escravos, pois isso implica que
existiriam pessoas sem direito à liberdade.
O Princípio da Igualdade de Liberdades

Para Rawls as “liberdades básicas” são:

• Liberdade política (direito ao voto e à ocupação de um cargo público);

• Liberdade de expressão e reunião;

• Liberdade de pensamento e consciência;

• Liberdades da pessoa (proibição da agressão física e da opressão psicológica);

• Direito à propriedade privada;

• Proteção quanto à detenção arbitrária.


O Princípio da Igualdade de Oportunidades

Este princípio estabelece que algumas diferenças na distribuição dos rendimentos dos

indivíduos são justificadas, caso haja igualdade na oportunidade de acesso;

• Isto significa que há empregos e funções que devem ser mais pagos do que outros, mas

o Estado deve garantir que qualquer pessoa tem acesso a essas posições,

independentemente da sua posição socioeconómica à partida.

• Por exemplo, um médico tem um rendimento superior a um motorista de camiões, devido

ao tempo que levou a formar-se, às responsabilidades que tem em mãos, etc.


O Princípio da Igualdade de Oportunidades

Este princípio deve combater a injustiça provocada pela lotaria social – ou seja, deve promover

as mesmas oportunidades para todos, independentemente se nasceram numa família rica ou

pobre, instruída ou não instruída, etc.

Conclusão: As desigualdades não serão aceitáveis se decorrerem de oportunidades que são

dadas a uns, mas não a outros.


O Princípio da Diferença

Este princípio estabelece que a desigualdade de rendimentos pode ser justificável, desde

que isso beneficie os menos favorecidos;

• Por exemplo, no caso de haver uma camada da população muito rica e uma muito pobre,

é justificável que o Estado aumente os impostos às pessoas ricas, de modo a dar uma

vida justa às pessoas mais pobres.


O Princípio da Diferença

Este princípio deve também minimizar os efeitos da lotaria natural;


• Todos os indivíduos nascem com diferentes características genéticas, aptidões e talentos
(sejam elas físicas ou psicológicas);
• Tendo em conta que o mercado tende a beneficiar algumas características em vez de
outras, deve haver uma correção desta desigualdade.

Conclusão: As desigualdades económicas são aceitáveis apenas se resultarem em vantagens


compensadoras para todos e, em particular, para os membros mais desfavorecidos da
sociedade.
Rejeição do Utilitarismo

A teoria da justiça de Rawls é incompatível com o utilitarismo, uma vez que se torna

incompatível com o princípio da maior felicidade;

Isto é, tendo em conta que o utilitarismo olha apenas para a felicidade geral, podia dar-se o caso

de haver uma sociedade muito desigual, desde que isso contribuísse para o bem-estar geral;

Assim, no utilitarismo não estariam reunidas as condições de justiça afirmadas por Rawls,

uma vez que o utilitarismo desconsidera a importância das desigualdades.


Sumário
1. Críticas ao pensamento de John Rawls:

1.1. A crítica de Nozick (libertarismo)

1.2. A crítica de Sandel (comunitarismo)

2. Exercícios de consolidação dos conteúdos lecionados.


Críticas à teoria de Rawls

1) O libertarismo de Nozick 2) O comunitarismo de Sandel


O libertarianismo de Nozick

Segundo Robert Nozick, o Princípio da Liberdade não é


compatível com o Princípio da Diferença;
• Nozick discorda do Princípio da Diferença, pois considera
que este restringe a liberdade individual;
• O Estado, ao distribuir dos mais favorecidos para os menos
favorecidos, está a interferir na propriedade privada dos
Robert Nozick (1938 – 2002)
indivíduos, o que para Nozick é inaceitável.
• Nozick será a favor da conceção de um Estado Mínimo.
O libertarianismo de Nozick

Para Nozick, não deve haver nenhum padrão na distribuição


dos bens: o Estado não pode interferir, nem nos rendimentos,
nem na propriedade dos indivíduos;

• Nesse sentido, Nozick opõe-se firmemente a qualquer


cobrança de impostos, que considera um roubo;

• Para Nozick, os impostos são equivalentes a trabalho Anarquia, Estado e Utopia (1974)

forçado, pois considera que são horas de trabalho gastas para


benefício de outra pessoa que não o próprio.
O comunitarismo de Sandel

Segundo Michael Sandel, as teses de Rawls e Nozick são


demasiado individualistas;

Sandel discorda do uso do véu de ignorância, pois considera-


o demasiado abstrato e irrealista;

Para Sandel, a abstração de Rawls está desligada dos laços


comunitários em que assenta a sociedade;
Michael Sandel (1953)

Deste modo, o véu de ignorância apenas permite evitar a pior


condição possível, e não permite estabelecer verdadeiros
princípios de justiça.
O comunitarismo de Sandel

Para Sandel, tendo em conta que vivemos em comunidade,


o bem comum deve estar acima das escolhas
individuais;

Isto é, visto vivermos em sociedade, as nossas escolhas


individuais são já socialmente determinadas, pelo que o
critério da justiça deve emanar da comunidade;
O Liberalismo e os Limites da Justiça (1982)

Por isso, Sandel defende que o Princípio da Liberdade


não deve ser o mais prioritário entre os princípios de
justiça.
“O homem é o lobo
do homem.”
Thomas Hobbes

Exercícios
manual: pp. 282-
284
3. De acordo com a teoria da justiça de John Rawls,
1. Segundo John Rawls, a conceção de justiça fundamenta-se na
(A) as desigualdades económicas são aceitáveis sob certas
(A) partilha da mesma noção de bem comum por todos os
condições.
cidadãos.
(B) uma igual liberdade é suficiente para assegurar a justiça
(B) distribuição igualitária de bens por todos os cidadãos.
social.
(C) partilha dos mesmos princípios de justiça por todos os
(C) toda e qualquer desigualdade entre os indivíduos deve
cidadãos.
ser suprimida.
(D) distribuição utilitarista do mérito por todos os cidadãos.
(D) o direito a dispormos do que ganhamos ou adquirimos é
absoluto.
2. Em John Rawls, é condição necessária da aplicação do
princípio da diferença a 4. De acordo com Rawls, o véu de ignorância garante
(A) igualdade equitativa de oportunidades. (A) que nenhum sujeito se encontra na posição original.
(B) anulação do princípio da liberdade. (B) que a posição original tem um carácter hipotético.
(C) igualdade de mérito e de talento. (C) a equidade na criação de uma sociedade igualitária.
(D) conservação dos direitos adquiridos. (D) a equidade na escolha dos princípios da justiça.
5. Na teoria de John Rawls, o conceito de «véu de ignorância»
(A) permite conceber o estado natural do homem antes da
sociedade.
(B) significa que os cidadãos estão cobertos de preconceitos.
(C) significa a posição original na história humana.
(D) permite conceber cidadãos capazes de julgar
imparcialmente.

6. Em Uma Teoria da Justiça, Rawls defende que


(A) a justiça é independente da distribuição da riqueza, mas não da
liberdade.
(B) a justiça consiste apenas em todos terem idênticas oportunidades e
expectativas.
(C) as distribuições desiguais da riqueza são proibidas pelo princípio
da diferença.
(D) o princípio da liberdade tem prioridade sobre os outros princípios
da justiça.
7. Rawls defende que, na posição original, a escolha dos princípios 8. A crítica de Nozick à teoria da justiça de
Rawls põe em causa
da justiça seguiria a estratégia maximin. Suponha que há 100
(A) o princípio da diferença.
unidades de bem-estar para distribuir por três pessoas. Seleciona a
(B) o princípio da liberdade.
opção que apresenta o modelo de distribuição que está mais de
(C) a existência de direitos de
acordo com a estratégia maximin. titularidade.
(A) Na melhor das hipóteses, pode receber-se 65 unidades de bem- (D) a existência de direitos invioláveis.
estar e, na pior, pode receber-se 15.
(B) Na melhor das hipóteses, pode receber-se 60 unidades de bem-
estar e, na pior, pode receber-se 20.
(C) Na melhor das hipóteses, pode receber-se 80 unidades de bem-
estar e, na pior, pode receber-se 5.
(D) Na melhor das hipóteses, pode receber-se 45 unidades de bem-
estar e, na pior, pode receber-se 15.
9. Lê o texto.
Quando os dois princípios [da justiça] são cumpridos, as liberdades básicas de cada sujeito estão garantidas e, de
um modo definido pelo princípio da diferença, cada sujeito é beneficiado pela cooperação social. Deste modo, é
possível explicar a aceitação do sistema social e dos princípios que ele cumpre através da lei psicológica segundo a
qual as pessoas tendem a amar, proteger e apoiar aquilo que defende o seu próprio bem. Dado que o bem de todos
é defendido, todos estarão inclinados a defender o sistema. Quando o princípio de utilidade é cumprido, […] não
existe a garantia de que todos beneficiem. A obediência ao sistema social pode obrigar a que alguns, em particular
os menos favorecidos, devam renunciar a benefícios para que um bem maior esteja à disposição do conjunto.
Assim, o sistema não será estável, a não ser que aqueles que sofrem os sacrifícios maiores se identifiquem com
interesses mais amplos do que os que lhes são próprios. Tal não é fácil de obter.
J. Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001, p. 149 (adaptado)
No texto anterior, Rawls apresenta razões a favor dos dois princípios da justiça por si defendidos e contra o
princípio de utilidade. Explicite as razões de Rawls.
Uma das finalidades do princípio da diferença, proposto por Rawls, é
(A) dar as mesmas liberdades a todas as pessoas.
(B) eliminar todas as diferenças sociais.
(C) reduzir os efeitos da lotaria social.
(D) preservar algumas diferenças individuais.

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