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A teoria da justiça de John Rawls

Trabalho elaborado por:


Maria Inês Vieira
Nº 17
10º B

Professora: Cristina Antunes


Disciplina: Filosofia
Índice
Introdução________________________________________ 3
Desenvolvimento:
Problema da justiça social_____________________________4
Teoria de John Rawls________________________________4
Posição original e véu da ignorância____________________5
Princípios da justiça__________________________________6
Rejeição do utilitarismo_______________________________7
Objeção libertista: R. Nozick___________________________7
Objeção comunitarista: Sandel________________________8
Conclusão________________________________________9
Webgrafia________________________________________10
Introdução:
Neste trabalho eu vou falar sobre o problema da justiça social e sobre a Teoria da
Justiça de John Rawls para tentar solucionar este problema. Irei falar um pouco sobre
o que defende, os seus princípios, alguns conceitos importantes e algumas objeções
que se opõe a esta teoria.
Desenvolvimento:
Problema da justiça social:
O que é uma sociedade justa? De acordo com o libertarismo, uma sociedade justa é
aquela que tem respeito total pela liberdade de cada um para fazer o que bem
entender com os seus bens e com a sua pessoa. Por outro lado, o igualitarismo é uma
perspetiva política que defende que a justiça social implica a distribuição em partes
iguais dos bens sociais primários (liberdades, oportunidades, rendimentos, riqueza,
etc.). O liberalismo igualitário defende que para uma sociedade ser justa se deve
procurar conciliar a prioridade da liberdade, com a importância da igualdade de
oportunidades e com a importância do papel do Estado na distribuição de bens e
serviços.

Teoria de John Rawls


John Rawls nasceu a 21 de fevereiro de 1921, em
Baltimore, e além de ter sido um grande filósofo, foi
também professor de filosofia política na Universidade de
Harvard e autor do livro “Uma Teoria de Justiça”.
Para tentar resolver o problema da justiça social, Rawls,
apresentou uma teoria, a teoria da justiça de John Rawls.
Esta teoria enquadra-se no liberalismo igualitário. A
sociedade é, para Rawls, uma associação de pessoas que Livro “Uma Teoria da
reconhecem caráter vinculativo a um determinado Justiça”, de John Rawls

conjunto de regras e atuam de acordo com elas. Essas regras


existem para fixar um sistema de cooperação entre todos para benefício de todos. Por
isso, numa sociedade existe uma certa identidade de interesses, pois todos têm a
ganhar com a cooperação. No entanto, também existe conflito de interesses, pois as
pessoas não são indiferentes à forma como são distribuídos os benefícios acrescidos
que resultam da sua colaboração, já que, para prosseguirem os seus objetivos, todos
preferem receber uma parte maior dos mesmos. Para resolver este conflito são
necessários princípios ou regras que nos ajudem a escolher qual será a melhor forma
de organizar a sociedade, isto é, a melhor forma de repartir esses benefícios. Desta
forma, o papel da justiça na sociedade não se resume à reposição das irregularidades e
a castigar os criminosos. A função da justiça é muito mais profunda, é a de definir a
atribuição de direitos e deveres e a de distribuir os encargos e os benefícios da
cooperação social.
Rawls é também apologista do contratualismo, ou seja, defende que as regras da
moralidade resultam de uma espécie de contrato ou acordo hipotético entre agentes
racionais e informados. O contratualismo é também uma doutrina que considera o
Estado ou a sociedade como o resultado de um contrato entre cidadãos livres.
A posição original e o véu da ignorância
A versão do contratualismo proposta por Rawls tem a particularidade de caracterizar
de uma forma muito especial a posição original. A posição original é uma situação
hipotética, em que todos os indivíduos estão cobertos por um véu de ignorância. Nesta
posição não existe uma sociedade formada e temos que escolher, em conjunto com
outras pessoas, quais serão as leis básicas da sociedade que iremos criar. Ou seja,
temos que fazer um contrato social e chegar a um acordo sobre os princípios básicos
dessa sociedade, incluindo quais os direitos e os deveres que as pessoas terão, como
será distribuída a riqueza e como será o governo. De acordo com Rawls para que as
escolhas dos membros da sociedade sejam as mais justas possíveis para todos, é
necessário que as pessoas desconheçam a sua situação, em relação a todos os
atributos e necessidades que possam ter, é necessário que estejam cobertos por um
Véu de Ignorância. Não é permitido que os indivíduos tenham informações sobre o seu
sexo, a sua nacionalidade, as suas características individuais, a sua classe social, os seus
projetos de vida, as suas aspirações, etc. Aqui, todos os participantes estariam numa
posição semelhante e seriam imparciais. Ao serem imparciais os indivíduos iriam
propor princípios que beneficiassem todos e não só o seu grupo social, ou o seu
género, ou a sua religião, pois isso seria uma incógnita. Assim, a Teoria da Justiça de
John Rawls é muitas vezes associada à expressão “justiça como equidade”. Ser
equitativo significa ser imparcial e respeitador da igualdade dos direitos de cada um.
Visto que na posição original estão todos no mesmo ponto, Rawls defende que a
distribuição dos “bens sociais primários” numa sociedade, como é o caso da liberdade,
das oportunidades, do rendimento e da riqueza, deve ser igual para todos, mas se a
igualdade das oportunidades e da liberdade for salvaguarda, então pode haver
desigualdades na distribuição do rendimento e da riqueza, desde que isso deixasse
todos numa posição melhor.

Regra maximin
Os indivíduos ao estarem cobertos de um Véu de ignorância tendem a seguir a regra
maximin. John Rawls considera que em casos de incerteza e ignorância, como é o caso
desta posição original, devemos seguir a regra de maximin. Esta regra defende que
quando não temos certezas dos resultados associados a uma escolha, nem
conhecemos as probabilidades associadas a cada um destes resultados, é racional
supor que esses resultados são todos igualmente prováveis e escolher como se o pior
nos fosse acontecer.
Os princípios da justiça
Na ótica de Rawls, uma sociedade justa deve seguir os seguintes princípios:
1. Princípio da Igualdade de Liberdade:
Este princípio defende que a sociedade deve assegurar a máxima liberdade
para cada pessoa, compatível com uma liberdade igual para todos os
outros. Ou seja, a sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada
pessoa, mas como vulgarmente se diz, tendo consciência que a liberdade de
cada um termina onde começa a liberdade do outro. Numa posição
original, onde não sabemos qual vai ser o nosso sexo, ou a nossa religião,
ou as nossas características físicas é importante que tenhamos uma
sociedade em que todos tenhamos liberdades iguais e que diferentes
grupos de pessoas não tenham diferentes liberdades.

2. A) Princípio da Oportunidade Justa:


Este princípio defende que as desigualdades económicas e sociais devem
estar ligadas a postos e posições acessíveis a todos, em condições de
igualdade de oportunidades. Defende que as desigualdades na distribuição
da riqueza só são aceitáveis se estas resultarem de uma efetiva igualdade
de oportunidades. As posições sociais mais elevadas (os salários mais
elevados, por exemplo) devem estar ao alcance de todos, um indivíduo que
nasça numa família rica deve ter as mesmas oportunidades do que outro
que nasça numa família pobre, pois ninguém é moralmente responsável
pela circunstância do seu nascimento. Este princípio justifica-se porque as
pessoas não são moralmente responsáveis pela lotaria social, ou seja, não
são moralmente responsáveis pelas condições em que nascem. Esta lotaria
deve ser minimizada. Visto isto, para Rawls o Estado deve garantir o acesso
a todos à educação, à cultura e aos cuidados básicos de saúde.

2. B) Princípio da Diferença:
De acordo com Rawls, na posição original as pessoas adotariam o princípio
da diferença para regular a distribuição da riqueza. O princípio da diferença
defende que uma sociedade justa deve promover a distribuição igual da
riqueza, a não ser que a existência de desigualdades socioeconómicas gere
o maior benefício para todos, em especial para os mais desfavorecidos.
Assim, este filósofo acredita que na posição original não seria escolhido
uma distribuição igualitária de riqueza. A desigualdade é mais justa, dentro
de certas condições. Este princípio justifica-se visto que as pessoas não são
moralmente responsáveis pela lotaria natural, ou seja, não são moralmente
responsáveis pelos talentos, capacidades, etc. com que nascem. Esta lotaria
deve ser minimizada. Rawls defende que o Estado deve redistribuir a
riqueza, através da cobrança de impostos aos indivíduos mais ricos (por
exemplo), para garantir as mínimas condições aos mais desfavorecidos.
Na opinião de Rawls, o princípio da liberdade tem prioridade sobre todos os outros, ou
seja, a seu ver uma melhoria na igualdade de oportunidades não deve acontecer à
custa de uma menor liberdade. O princípio da oportunidade justa tem prioridade sobre
o Princípio da Diferença pois para Rawls a promoção da posição dos mais favorecidos
não deve implicar sacrifício nas oportunidades.

A rejeição do utilitarismo
John Rawls opõe-se ao utilitarismo de Stuart Mill. Para o Utilitarismo o melhor
resultado é aquele que traz felicidade a um maior número de pessoas possível. No
entanto, em algumas circunstâncias, pode acontecer que a maneira de maximizar a
felicidade seja impondo um sofrimento considerável a um ou a alguns membros de
uma sociedade. Por exemplo, se estivermos num grupo de cem pessoas e noventa e
cinco de nós podem ficar mais felizes se escravizarem os restantes cinco, forçando-os a
realizar tarefas desagradáveis, mas que libertam os restantes noventa e cinco para
concretizar tarefas mais agradáveis e recompensadoras, então isto está a contribuir
para uma maior felicidade, mas não estamos a ser justos.
Na posição original de Rawls, o utilitarismo seria uma máxima a evitar, pois este não
nos garante que as nossas liberdades individuais não seriam sacrificadas em nome da
maior felicidade. Numa posição em que todos estão cobertos por um véu de
ignorância, dificilmente alguém iria pôr os interesses dos outros à frente dos seus.

Objeção libertista: R. Nozick


Nozick critica a teoria da justiça de John Rawls, pois para este é impossível defender
consistentemente e simultaneamente o Princípio da Liberdade e o Princípio da
Diferença. Para os libertistas as pessoas são livres e devem fazer o que bem lhes
entender com os seus bens (desde que sejam adquiridos de forma legítima) e com a
sua pessoa. O princípio da diferença viola a liberdade individual e os direitos de
propriedade. Nozick defende um liberalismo em que as desigualdades podem ser
muito profundas. A existência de pessoas muito ricas na mesma sociedade em que
vivem pessoas muito pobres para ele nada tem de injusto, desde que a riqueza seja
adquirida de forma legal. Para Nozick cobrar impostos sobre o salário obtido através
da realização de um trabalho, é ficar com o resultado do esforço associado a esse
trabalho, ou seja, é forçar alguém a trabalhar para que necessidades de outros sejam
satisfeitas. Assim, as funções do Estado devem restringir-se ao mínimo indispensável: a
defesa perante ameaças externas (exército), a segurança dos cidadãos e dos seus bens
(polícia) e o cumprimento dos contratos e das leis (tribunais).
Objeção comunitarista: M. Sandel
O comunitarismo opõe-se tanto ao liberalismo de Nozick como à teoria da justiça de
Rawls. Os comunitaristas consideram que o indivíduo se define sobretudo pela sua
pertença a uma comunidade. Isto é, existe uma influência muito grande da
comunidade sobre o indivíduo, este só é o que é em função da comunidade onde se
insere. Por isso, ao defender o véu da ignorância, Rawls, está a defender que a escolha
dos princípios de justiça seja feita de forma egoísta e por interesses pessoais, visto que
os indivíduos da posição original não estão inseridos em nenhuma comunidade. Para
Sandel o bem comum tem prioridade sobre as liberdades individuais e os princípios da
justiça deverão ser tomados em função de uma ideia de bem comum e não de um
exercício abstrato e hipotético.
Conclusão:
Com este trabalho eu concluo que o objetivo da teoria da justiça de John Rawls é
responder à pergunta “o que é uma sociedade justa?”. Em suma, a teoria da justiça de
Rawls defende que uma sociedade justa é aquela que garante uma série de liberdades
básicas, iguais para todos, que permite a desigualdade, mas apenas na medida em que
esta beneficie os mais desfavorecidos e na condição de que exista igualdade de
oportunidades. Rawls acredita que a maneira mais justa de definir os princípios de
uma sociedade, é estando numa posição original, onde os indivíduos estão cobertos
por um véu de ignorância. Concluo também que nem todos os filósofos concordam
com a teoria de John Rawls e que, por isso, há algumas objeções a esta teoria.
Com este trabalho fiquei a conhecer a teoria de John Rawls e fiquei a perceber em que
é que esta consistia e também aprendi vários conceitos novos que desconhecia. Este
trabalho levou me também a refletir sobre se a sociedade onde habito é uma
sociedade justa e sobre o que é justo ou injusto.
Webgrafia:
http://www.paginasdefilosofia.net/john-rawls-uma-introducao-a-sua-
teoria-da-justica/
https://www.rtp.pt/play/estudoemcasa/p7885/e551494/filosofia-area-
de-integracao-10-e-11-ano
https://filosofianaescola.com/politica/teoria-da-justica-de-rawls/
https://www.studocu.com/pt/document/ensino-secundario-portugal/
filosofia/resumo-sobre-rawls/9729228
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5509/Um-conceito-de-
Justica-atraves-da-perspectiva-de-https://atalopessoajr.jusbrasil.com.br/
artigos/413307707/john-rawls-x-robert-nozick-um-debate-sobre-justica-
social-direitos-libertarios-e-cobranca-de-tributosJohn-Rawls
https://pedagogias.webnode.pt/_files/200000130-c6b22c7ac6/Rawls-
Equidade.pdf
https://dicionario.priberam.org/

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