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CAPÍTULO 1 –

FORÇAS, POTÊNCIA E
MICROPOLÍTICA

1- Incidências de forças no território


2- Relação entre potência e afetos
3- Proposições de digrama e poder de resistir
4- Conceito de agenciamento ao contrário de estrutura
5- Micropolítica e método Esquizoanalítico
“NÃO HÁ VIDA SEM
RELAÇÃO DE
FORÇAS”
As forças são o fundamento e unidade básica de todos os processos
TRAÇAR AS LINHAS
O PROCESSO DE SUBJETIVAÇÃO Deleuze e Guattari – Linha de Fuga
SEGUNDO A ESQUIZOANÁLISE https://razaoinadequada.com/2021/06/
https://www.scielo.br/j/psoc 14/deleuze-e-guattari-linha-de-fuga/
/a/dgLDtXKSwqS85RSQSJpRrZP/?format=pdf&lang=
pt
#:~:text=Segundo%20Deleuze%20e%20Guattari%2C
%20somos,no%20sentido%20forte%20do%20termo.

“Segundo Deleuze e Guattari, somos formados por três tipos de linhas: (a) dura, (b) maleável e (c) de
fuga. As linhas duras nos compõem através do estabelecimento de dualidades sociais, que nos
estratificam, no sentido forte do termo. São as grandes divisões na sociedade: rico ou pobre,
trabalhador ou vagabundo, normal ou patológico, homem ou mulher, culto ou inculto, branco ou negro,
etc. As linhas maleáveis possibilitam variações, ocasionando desestratificações relativas. E as de fuga
representam desestratificações absolutas, no sentido em que rompem totalmente com os limites das
estratificações estabelecidas”
LINHA DE
S E G M E N TA R I D A D E
RÍGIDA

“Nas linhas rígidas tudo parece contável e


previsto, o início e o fim de um segmento,
bem como a passagem de um segmento a
outro. São elas que estipulam os grandes
grupos molares, ou seja, as grandes
dualidades que regem a sociedade de forma
bem delimitada.”
São linhas de controle, normatização e
enquadramento, e através de seus
atravessamentos se busca manter a ordem e
evitar o que é considerado inadequado a
determinado contexto social instituído.
Apesar de essas linhas serem responsáveis
pelos grandes cortes duais, não são apenas
visíveis nos grandes segmentos molares da
sociedade, mas também nos
relacionamentos interpessoais.
LINHA DE
S E G M E N TA R I D A D E
RÍGIDA

A outra consideração é que nenhuma delas,


por si só, é boa ou ruim, pois é necessário
ressaltar que embora elas encerrem o desejo
em significações delimitadas, também
importa saber o que elas propiciam do ponto
de vista de sua experimentação. Dito de
outro modo, o problema das linhas duras é
seu princípio de fixação, de estancamento
do desejo em determinadas formas de vida,
e não necessariamente o tipo de experiência
que tais linhas favorecem, que pode ser boa
ou ruim.
As formas são os estratos, sendo estrato
tudo aquilo que é sedimentado, estabelecido
e dotado de uma estabilidade e rigidez no
qual o homem pode se fixar.
LINHA DE
S E G M E N TA R I D A D E
FLEXÍVEL

As linhas de segmentaridade maleável implicam


maior fluidez, apresentando funcionamento
rizomático. Com esse termo, que se opõe ao modelo
da árvore.
As linhas de segmentaridade maleável possuem
“impulsos e rachaduras na imanência de um rizoma,
ao invés dos grandes movimentos e dos grandes
cortes determinados”. Elas são, assim, mais
flexíveis, não buscando estratificar constantemente;
são da natureza de uma micropolítica, sendo menos
localizáveis e contendo fluxos e partículas que
escapam ao controle dos sistemas molares
macropolíticos. Elas avançam, na maioria das vezes,
sem que haja a percepção explícita de seu
movimento.
Para mostrar a diferenciação desses dois tipos de segmentos, Deleuze e
Guattari colocam que a cada um deles cabe uma espécie vigilante que procura
reproduzir a ordem: “o que eles vigiam são os movimentos, as manifestações
súbitas, as infrações, perturbações e rebeliões que se produzem no abismo”.

E lançam mão da comparação com dois instrumentos óticos para esse


exercício, as lunetas e os telescópios. As lunetas vigiam as grandes
dualidades que produzem e fazem passar linhas duras, elas observam e
recortam todas as coisas que encontram pela frente a fim de que se
enquadrem nos modelos do sistema dual. Já para as
microssegmentaridades existem os telescópios, menos numerosos, mas
capazes de ver os movimentos que se fazem em devir, subitamente e que
não se permitem codificar pelos sistemas duais, embora haja pressão
para isso a todo momento. Esses dois vigilantes são componentes do
funcionamento maquínico da sociedade, ambos fazem parte do controle
social, e, no entanto, os telescópios e as linhas moleculares parecem
oscilar. Por não se encaixarem nas dualidades há, de um lado, pressão
para que sejam sobrecodificados por linhas duras a todo momento, mas,
de outro, para que sigam os devires e se desestratifiquem, seguindo as
mudanças imperceptíveis, aproximando-se do modo de funcionamento do
terceiro tipo de linha: a de fuga.
LINHA DE FUGA
Linhas de fuga são linhas de ruptura,
verdadeiros rompimentos que promovem
mudanças bruscas muitas vezes imperceptíveis,
não sendo sobrecodificadas nem pelas linhas
duras e nem pelas maleáveis. São rupturas que
desfazem o eu com suas relações estabelecidas,
entregando-o à pura experimentação do devir,
ao menos momentaneamente. São linhas muito
ativas, imprevisíveis, que em grande parte das
vezes precisam ser inventadas, sem modelo de
orientação.
Como veremos mais à frente, muitas vezes as
linhas de fuga precisam ser realmente criadas
em nossas cartografias (termo que significa o
mapa de nossas relações, a geografia política
de nossas vidas), principalmente quando seu
potencial se encontra ameaçado por
estratificações exacerbadas.
RIZOMA

A rede complexa entre as linhas expressa a interconexão direta entre caos e cosmos.
Com base na Botânica, distinguem-se dois tipos de tramas que dramatizam o
entrelaçamento entre o caótico e o organizado, ou os planos de produção e de registro-
controle: o rizoma e a árvore. O rizoma é a trama vegetal de como se propagam os
fluxos e estratos no real: desordenadamente, para todos os lados, sem centro, tronco
principal e limites definidos. O rizoma é a figuração da lógica magmática e da
transgressão do ordenado, é a pura esquematização das multiplicidades.
"O rizoma procede por variação, expansão,
conquista, captura, picada. Oposto ao grafismo, ao
desenho ou à fotografia, oposto aos decalques, o
rizoma refere-se a um mapa que deve ser produzido,
construído, sempre desmontável, conectável,
reversível, modificável, com múltiplas entradas e
saídas, com suas linhas de fuga." (D&G Mil Platôs -
1)
O pensamento rizomático se move e se
abre, explode em todas as direções. Colher
conceitos na botânica já é fazer um rizoma
entre os saberes. Pesadelo do pensamento
linear, o rizoma não se fecha sobre si, é
aberto para experimentações, é sempre
ultrapassado por outras linhas de
intensidade que o atravessam. Como um
mapa que se espalha em todas as direções,
se abre e se fecha, pulsa, constrói e
desconstrói. Cresce onde há espaço, floresce
onde encontra possibilidades, cria seu
ambiente. Deleuze e Guattari trazem alguns
princípios do rizoma:
Pelos lindos do

PRINCÍPIOS DO RIZOMA

• Conexão e Heterogeneidade: o rizoma cresce se descentrando, conectando-se de forma


heterogênea. Exemplo: os links na internet. Uma palavra pode ligar-se a uma imagem, um
som, um vídeo, sem respeitar nenhuma regra pré-estabelecida.
• Multiplicidade: o rizoma é a multiplicidade tratada como sujeito que atravessa seus
objetos alterando-os. Exemplo: a marionete se move graças às linhas que a ligam à mão do
sujeito, mas o próprio sujeito só move o boneco ao preço de mover-se também.
• Ruptura: o rizoma pode ser rompido em qualquer ponto sem ser eliminado, ao contrário,
ele abre múltiplos caminhos a partir de suas interrupções. Exemplo: um contraponto entre
duas melodias, duas linhas que são obrigadas a modificar conforme se interrompem e
constituem a música em sua trama.
• Cartografia e Decalcomania: o rizoma é o princípio da cartografia porque não pode ser
decalcado, imitado por uma representação. Exemplo: um mapa de metrô tem múltiplas
entradas e saídas, permanecendo aberto a diversos usos segundo a necessidade de cada um.
ÁRVORE
A árvore, por outro lado, é a trama da lógica
identitária, na qual há um enraizamento
firme dos processos, um tronco comum que
articula suas diferentes ramificações, as
folhas, flores e frutos. As formações
arborescentes são a dramatização do cosmos
diante do caos e a idealização do projeto
iluminista de edificar um conhecimento
sólido e bem enraizado.
A questão não é opor árvore e rizoma
como bem e mal, mas pensar que o são
modelos epistemológicos diferentes.
De um lado, o pensamento orientado e
mediado por uma unidade; do outro
lado, a multiplicidade se efetuando
como processo. A questão é o modelo
arbóreo é dominante e se coloca com
força tal que o rizomático é
desqualificado. O que Deleuze e
Guattari estão dizendo é que para
entender a multiplicidade, o rizoma
talvez seja uma maneira mais
interessante de pensar.

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