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DESOBEDIÊNCIA CIVIL

O ato de desobediência civil é a


forma que os indivíduos têm de
combater a atuação ilegítima de um
Estado
Segundo Rawls a
Um ato público, quem o pratica deve
desobediência civil
dar conhecimento aos outros
habitantes do estado

Ato não violento, não recorre à força


nem interfere com a liberdade do outro

Ato de natureza política, visa alterar


decisões políticas ou leis injustas

Ato realizado no enquadramento da lei


em vigor
1º quem propõe a desobediência
deve apelar ao sentido de justiça,
cooperação e comunitarismo dos
seus concidadãos

Em que circunstâncias é
legítimo um habitante de um 2º o ato praticado deve estar
estado praticar um ato de enquadrado no direito e nas
desobediência? normas jurídicas que definem o
estado e o seu funcionamento

3º deve estar disposto a aceitar as


consequências da violação da lei
Podemos questionar a legitimidade da
desobediência ao argumentar que a violação da
lei pode provocar o desrespeito sistemático pela
autoridade do estado, colocando em perigo a
estabilidade social

Rawls diz que não há problema , pois a


desobediência reporta apenas a
situações onde se procura corrigir
injustiças dentro de um estado
democrático tendencialmente justo
Como é possível uma
sociedade justa?
Usamos frequentemente a palavra
justiça no nosso discurso comum

Quando dizemos que a nota atribuída pelo


professor foi injusta

EX.

Quando dizemos que é injusta a decisão de dar


uma mesada ao irmão mais velho e não agir de
igual forma com o mais novo
Retributiva

Desde Aristóteles,
a palavra justiça
entende-se em
dois sentidos

Destributiva
Justiça retributiva: refere-se às punições e castigos
que o Estado inflige a quem comete crimes e
infracções.

Justiça distributiva
Refere-se ao que cada qual vai receber o que é
devido quer em termos de encargos necessários
ao funcionamento da sociedade e do Estado quer
em termos de benefícios (saúde, educação…)
Atenção
A aplicação deste princípio
implica problemas

Se partirmos da conceção de Locke de que todos os homens possuem direitos, tais


como o direito à vida, à liberdade e à propriedade, rapidamente nos damos conta
que milhões de seres humanos não têm esses direitos assegurados.

Atenção às seguintes situações


Situação 1

Mais de 200 milhões de pessoas têm apenas um dólar por dia para
satisfazer as suas necessidades diárias.
Existe um bilião de adultos analfabetos no mundo.
Cerca de 180 milhões de crianças continuam ainda hoje sem ter a
possibilidade de ir à escola

Todas estas pessoas têm um aspeto em comum. Qual?


R:

Ao nascerem, confrontam-se imediatamente com


uma situação de desigualdade social e económica
para a qual não contribuíram e da qual poderão não
conseguir sair
Situação 2

Apesar de ter um emprego estável e um bom nível de rendimento, o João,


emigrante Cabo-Verdiano viu recusada a sua candidatura ao arrendamento de um
apartamento num prédio que ficava mais próximo do seu local de trabalho.

Desde que ficou grávida, a Maria não consegue encontrar emprego.

A Joana viu recusada a sua promoção com o argumento de que falta com
frequência para apoiar os filhos que estão doentes.

Qual o problema que está patente nestes três casos?


R:

Milhões de pessoas são discriminadas, hoje em dia, em


função de fatores como a raça e o género e são impedidas de
ter oportunidades iguais no acesso à habitação, emprego,
educação, saúde, apenas porque têm uma cor de pele
diferente ou porque são mulheres.
Situação 3

Desde muito nova que a Inês revelou capacidades excecionais para a


matemática e um enorme interesse pela física. Hoje, dirige uma empresa
que fabrica novos materiais e aufere um ordenado muito acima da média.
O Carlos nasceu com uma enorme capacidade auditiva. Para além de se ter
tornado um dos maestros mais conhecidos com apenas 20 anos, dirige hoje
uma das orquestras mais famosas do mundo.

As desigualdades desta situação são justa ou


injustas?
R:

Estas desigualdades não parecem injustas,


pois resultam de talentos naturais diferentes e
de escolhas que nada têm de incorreto.
A posição original, o véu da ignorância e
uma conceção de justiça como equidade

Contratualista.

Porquê?

Ponto de
partida de Porque sendo racionais as pessoas são
Rawls capazes de entender e aceitar os argumentos
que apelem ao seu sentido de justiça

Logo, são capazes de celebrar um contrato que


registe os princípios de justiça que devem reger as
estruturas básicas da sociedade.
A aceitação do contrato provoca um
acordo voluntário, no qual todos aceitam
uma distribuição benéfica para todos dos
bens sociais resultantes da cooperação
social.
Depois de conhecerem a sua situação
específica, o estatuto social da sua
família, as suas limitações e a
organização do seu país, têm dificuldade
em ser imparciais

logo

Dificilmente deixarão de definir princípios que, de


alguma forma, possam maximizar as suas vantagens
ou minimizar as suas desvantagens.

Como superar esta


dificuldade?
R: Através de uma experiência intelectual
que consiste

Em colocar todos numa


situação de igualdade
para garantir a sua
imparcialidade

através da
Posição original que visa alcançar a
máxima equidade na definição dos
princípios de justiça

Em que consisie a
posição original?
Posição
original

Coloca os possíveis contraentes


dos princípios de justiça sob um
“véu de ignorância”, ou seja, uma
situação em que desconhecem a
sua condição específica.

Ler Texto Nº 1
Vamos estudar neste autor o problema da:
Justiça social a que também se dá o nome de justiça distributiva

Questões
importantes

 O que é uma sociedade justa?


 Que papel deve o estado desempenhar na promoção e
construção de uma sociedade justa?
 Será que é legítimo corrigir as desigualdades económicas
através da redistribuição da riqueza que a sociedade produz?
 Será que o estado tem o direito de tirar a uns para dar aos
outros?
 Como se deve proceder para realizar a justiça social?
Os princípios que devem ser realizados para que tenhamos
uma sociedade justa:

Princípio da liberdade igual: é aquele que rejeita que, em


nome da construção de uma sociedade justa, se sacrifiquem as liberdades
individuais, pois não há sociedade justa se não respeitarmos todas as
liberdades. O estado deve garantir a todos as liberdades básicas de forma
igual (direito à liberdade de expressão, direito de voto, direito à
propriedade privada…), ou seja, ninguém deve ter mais liberdade do que
os outros para conduzir a sua vida, realizar os seus projetos e ambições
pessoais.
Este princípio tem precedência sobre todos os outros, pois a liberdade
não pode ser sacrificada em nome do bem-estar da maioria.
Os princípios que devem ser realizados para que tenhamos
uma sociedade justa:

Princípio da igualdade de oportunidades: é


aquele em que cada um deve ter as mesmas oportunidades de acesso
às várias funções e posições sociais.
Neste princípio o estado deve promover a igualdade de oportunidades
através:
Políticas sociais que assegurem a possibilidade de realizar os nossos
objetivos profissionais, apesar de termos condições económicas
desfavoráveis de forma a que o sucesso de cada um dependa apenas
do empenho pessoal e não de outros fatores.

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Os princípios que devem ser realizados para que tenhamos
uma sociedade justa:

Princípio da diferença: é aquele cujo propósito é o de


regular e corrigir as desigualdades ao defender que a riqueza
deve ser distribuída de forma desigual desde que essa
desigualdade permita que os menos favorecidos fiquem o
melhor possível.
No princípio da diferença é importante haver uma certa
equidade, pois esta equivale a uma distribuição desigual dos
bens básicos que deve favorecer quem se encontra em pior
situação por razões económicas, físicas ou intelectuais.
Por outras palavras, justifica-se que algumas pessoas ganhem
acima da média, desde que essa desigualdade beneficie os
menos desfavorecidos da sociedade.
Como se justifica moralmente a desigualdade segundo Rawls:

Duas razões:
1ª se beneficiar todos os membros da sociedade, em especial os
menos favorecidos.
2ª Se for uma condição necessária e suficiente para incentivar uma
maior produtividade

Nota: Rawls diz que a desigualdade económica é um incentivo ao aumento da


produtividade global da sociedade, pois há mais recursos a serem distribuídos por
aqueles que se encontram em situação menos vantajosa. Ex. Os impostos
A posição original, o véu da ignorância e uma
conceção de justiça como equidade

Contratualista.

Porquê?

Ponto de
partida de Porque sendo racionais as pessoas são
Rawls capazes de entender e aceitar os argumentos
que apelem ao seu sentido de justiça

Logo, são capazes de celebrar um contrato que


registe os princípios de justiça que devem reger as
estruturas básicas da sociedade.
R: possuindo conhecimentos mínimos sobre o
funcionamento das sociedades

Texto

É dado como adquirido que [as partes] conhecem os factos


gerais da sociedade humana. Compreendem os assuntos políticos e
os princípios da teoria económica; conhecem as bases da organização
social e das leis da psicologia humana. Na verdade, presume-se que
as partes conhecem os factos gerais que afetam a escolha dos
princípios da justiça.
John Rawls
Objetivo da teoria da justiça

Determinar os princípios a partir dos quais se possam organizar, de forma


justa, as instituições sociais básicas, nomeadamente as que regem a
liberdade de pensamento, de concorrência no mercado e de propriedade
privada.

Contrato social

Homens livres e racionais determinam quais os


princípios de justiça

Posição original
Posição original
Os sujeitos têm
As partes que vão celebrar
conhecimentos básicos da s
o contrato encontram-se ociedade
sob um véu de ignorância , são racionais e têm uma
conceção fraca de bem

Princípios de justiça

Princípio da liberdade Princípio da diferença


igual para todos segundo a oportunidade justa

Cada pessoa deve ter As desigualdades


São aceitáveis
a maior quantidade económicas são
desigualdades
possível de liberdades aceitáveis se resultarem
económicas desde
compatível com igual do exercício de funções
que beneficiem os
quantidade de para as quais todos
mais
liberdade para os tiveram igual
desfavorecidos
outros oportunidade de acesso
Véu de ignorância

Os indivíduos desconhecem todos os aspetos que dizem


respeito às suas circunstâncias específicas, tais como as suas
capacidades, a organização da sociedade onde vivem e o
estatuto social e económico que possuem.
Os sujeitos possuem conhecimentos básicos da
sociedade
 
É dado como adquirido que [as partes] conhecem os factos
gerais da sociedade humana. Compreendem os assuntos
políticos e os princípios da teoria económica; conhecem as
bases da organização social e das leis da psicologia humana.
Na verdade, presume-se que as partes conhecem os factos
gerais que afetam a escolha dos princípios da justiça.

J. Rawls (1993). Uma teoria da justiça. Lisboa: Editorial Presença, p. 121


São racionais
 
Serem racionais significa que os sujeitos irão escolher os
princípios que poderão vir a concretizar o maior número
possível de desejos e que tenham maior probabilidade de
sucesso.
Possuem uma conceção fraca de bem
 
Devem tentar proteger as liberdades de que gozam,
aumentar as respetivas oportunidades e alargar os meios de
que dispõem para atingir os seus objetivos, sejam eles quais
forem.
 
J. Rawls (1993). Uma teoria da justiça. Lisboa: Editorial Presença, p. 125
Liberdades básicas, segundo Rawls
 
A liberdade política (o direito a votar e de ocupar uma
função pública) e a liberdade de expressão e de reunião; a
liberdade de pensamento e de expressão; a liberdade de
consciência e de pensamento; o direito à propriedade privada
e à proteção contra a prisão arbitrária.
J. Rawls (1993). Uma teoria da justiça. Lisboa: Editorial Presença, p. 68 (adaptado).
Crítica de Nozick a
J. Rawls

Segundo Nozick a aplicação estrutural deste princípio à organização da sociedade


implica uma interferência contínua do Estado no direito de propriedade dos
indivíduos, o que segundo Nozick seria injusto, pois sempre que uma parte da
sociedade aumente a sua riqueza em relação à outra parte, aplica-se o princípio
da diferença para repor o equilíbrio na distribuição da riqueza, aplicando
impostos mais altos a quem tem mais.

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