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Objectivos específicos
Universidade Aberta
Teoria Política
Em seguida, são indicadas as ideias base que deveria ter abordado e desenvolvido na
resposta às questões colocadas na actividade formativa.
Grupo I
Na teoria da justiça proposta por Rawls, não só o conceito de justo é anterior ao
conceito de bem, como o autor não pretende veicular uma concepção de bem.
Porquê?
De acordo com Rawls, o conceito de bem (em sentido amplo) remete para o conjunto
de fins que cada pessoa pretende alcançar e para as ligações que estabelece com as
outras pessoas e as lealdades que mantém com diferentes grupos e associações, as
quais lhe permitem constituir um referencial de entendimento da sua relação com o
mundo (Rawls, O Liberalismo Político, Lisboa: Editorial Presença, p. 47). Este
referencial é designado por Rawls como «doutrina abrangente razoável».
Tendo em conta a diversidade que caracteriza as sociedades modernas, não existe
uma concepção única de bem, mas uma pluralidade de doutrinas abrangentes, as
quais são simultaneamente incompatíveis e razoáveis (Rawls, O Liberalismo Político, p.
15). Como não existem critérios neutrais (ou que mereçam o acordo unânime) que
permitam estabelecer, por exemplo, que uma doutrina abrangente é «a verdadeira»
ou é «a melhor», a adopção de uma delas pelo Estado apenas seria possível através do
uso opressivo do poder (Rawls, O Liberalismo Político, p. 62).
Por este motivo, a estrutura básica da sociedade edificada por Rawls tem na sua base
uma situação de acordo inicial em que os participantes estão sob um «véu de
ignorância», o que significa que como estes desconhecem os seus atributos e talentos
naturais, a sua posição, classe ou estatuto social na sociedade, os princípios de justiça
escolhidos não beneficiariam ou prejudicariam ninguém em particular, sendo antes o
resultado de uma escolha equitativa (Rawls, Uma Teoria da Justiça, pp. 33-34).
Universidade Aberta
Teoria Política
Deste modo, na teoria da justiça, o conceito de justo é anterior ao de bem, pelo que
algo só será bom se estiver de acordo com os princípios da justiça (Rawls, Uma Teoria
da Justiça, p. 305).
Grupo II
O conceito woke tem sido utilizado, recentemente, no debate público para designar
algumas reivindicações políticas associadas, em particular, a questões identitárias.
Embora o seu conteúdo seja vago e pouco preciso, com múltiplas e diferentes
utilizações, ele designa originariamente um movimento focado em colocar questões de
justiça racial e social nos Estados Unidos da América.
Os princípios fundamentais de liberalismo são capazes de assegurar a igualdade racial
e social? Justifique.
Universidade Aberta
Teoria Política
O pensamento liberal está alicerçado numa ideia de neutralidade das instituições face
às concepções de bem de cada pessoa, o que originariamente é expresso na utilização
do véu da ignorância, mas esta neutralidade tem sido questionada, argumentado-se,
por exemplo, que a escolha de uma língua oficial ou dos dias de descanso não é
neutral. Como tal, as instituições reflectem a adesão a uma determinada concepção de
bem e com isso determinadas pessoas ou grupos podem ser beneficiados face a
outros, pelo que a igualdade seria formal e abstracta. É ainda necessário clarificar o
entendimento que se tem sobre a igualdade de oportunidades e verificar como ela
pode ser assegurada em sociedades em que, por exemplo, o racismo ou o patriarcado
são sistémicos.
Universidade Aberta
Iniciado em Quinta, 4 Abril 2024, 21:34
Estado Terminada
Completado Quinta, 4 Abril 2024, 21:35
em
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Pergunta 1
Correta
Na construção da teoria da justiça como equidade, Rawls adoptou uma «concepção de bem» específica.
Verdadeiro
Falso
Certo. Como a sociedade democrática contemporânea é caracterizada pelo pluralismo, uma teoria de justiça não pode
adoptar uma «concepção de bem» em particular.
Pergunta 2
Correta
Em Rawls, os «bens sociais primários» são aqueles que resultam da natureza, como o ar ou a água, e devem estar
disponíveis para todas as pessoas.
Verdadeiro
Falso
Certo. Os «bens sociais primários» são aqueles que são produzidos e distribuídos pelas instituições sociais, como é o caso
das liberdades, das oportunidades e da riqueza.
Uma das duas condições do segundo princípio da justiça de Rawls é que as desigualdades económicas e sociais só são
aceitáveis se resultarem para o maior benefício das pessoas menos favorecidas da sociedade.
Verdadeiro
Falso
Certo. O segundo princípio aceita a possibilidade de desigualdades económicas e sociais, mas estas só serão admissíveis se
resultarem do exercício de cargos e funções abertos a todos em igualdade equitativa de oportunidades e se forem para o
maior benefício das pessoas menos favorecidas.
Pergunta 4
Correta
Na posição original, as partes não devem estar debaixo de um véu de ignorância, pois precisam de ter capacidade
argumentativa para ajudar a encontrar as melhores soluções para os problemas concretos.
Verdadeiro
Falso
Certo. A posição original é uma abstracção criada para fundamentar a escolha de uma concepção de justiça imparcial e que
não adopte nenhuma concepção de bem em particular; deste modo, as partes devem estar debaixo de um véu de
ignorância, ou seja, devem desconhecer as circunstâncias particulares em que estão, de modo a evitar que as suas
escolhas as possam favorecer, o que seria injusto.
Correta
O «consenso de sobreposição» supõe que todas as «doutrinas abrangentes» estejam de acordo quanto à concepção de
justiça.
Verdadeiro
Falso
Certo. O consenso de sobreposição significa que a concepção de justiça molda os juízos das doutrinas abrangentes quanto
à estrutura básica da sociedade; deste modo, embora as pessoas tenham distintas doutrinas abrangentes elas têm uma
concepção de justiça que é comum.
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John Rawls e a teoria da justiça revisitada 667
Revista de Derecho
de la Pontificia Universidad Católica de Valparaíso
XXXIV (Valparaíso, Chile, 1er Semestre de 2010)
[pp. 667 - 697]
Roberto Bueno*
Universidad Federal de Uberlândia, Brasil
Resumen Abstract
Hace cuarenta años, Rawls ofreció Forty years ago, Rawls presented a
una compleja teoría sobre la justicia que complex justice theory that even now
aún ahora merece ponderación crítica deserves critical pondering, given its
atendido el potencial que ella ofrece potential to be applied to the political
para ser aplicada al mundo político y and legal Latin American World. This
jurídico de Latinoamérica. El presente article deals with some of the develop-
artículo discute algunos de los conceptos ment concepts of the theory about Rawls’
formativos de la teoría sobre la justicia justice and of the original positions
de Rawls y de las posiciones originales arising from it.
de que ella parte. Keywords: Rawls – Justice Theory -
Palabras clave: Rawls – Teoría de la Primary goods – Principles of Justice.
justicia – Bienes primarios – Principios
de justicia.
** Abreviaturas: Mill, J. S., Sobre la libertad = Mill, John Stuart, Sobre la liber-
tad (Buenos Aires, Espasa-Calpe, 1991); Rawls, J., Teoría = Rawls, John, Teoría de
la justicia México (Fondo de Cultura Económica, 1993).
1
Rawls, J., Teoría, pp. 19-23.
2
Grondona, Mariano, Os pensadores da liberdade. De John Locke a Robert Nozick
(São Paulo, Mandarim, 2000), p. 148.
3
Rawls, J., Teoría, p. 19.
4
Rawls, J., Teoría, p. 19.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 669
5
Bidet, Jacques, John Rawls et la Théorie de la Justice (Paris, Presses Universitaires
de France, 1995), p. 14.
6
Höffe, Otfried, Justiça política (São Paulo, Martins Fontes, 2006), p. 16.
7
Rawls, J., Teoría, p. 21.
8
Rawls, J., Teoría, p. 21.
670 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
9
Carnelutti, Francesco, Teoria generale del Diritto (Roma, Foro Italiano, 1940),
p. 41.
10
En The Philosophical Review, 60 (Abri1 de 1951) 2.
11
Rawls, John, La justicia como equidad (2ª edición, Madrid, Tecnos, 1999), p.
61.
12
Bobbio, Norberto, O final da longa estrada. Considerações sobre a moral e as
virtudes (Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 2005), pp. 11-13.
13
Rousseau, Jean-Jacques, Discurso sobre el origen y los fundamentos de la desigual-
dad entre los hombres y otros escritos (Madrid, Tecnos, 1990), p. 170.
14
Hume, David, Tratado de la naturaleza humana (Madrid, Tecnos, 1992), p.
659.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 671
15
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 91.
16
Autor que transita em linha paralela à de Rawls e, por isto mesmo, insuspeito
de corroborar suas teses, Hayek dedica todo o VIII capítulo de um de seus livros
para sublinhar a importância do conceito de justiça; “como fundamental ponto de
partida de qualquer esquema legal [assim] como de sua adequada limitação” [Hayek,
Friedrich August von, Legislación, Derecho y libertad. El espejismo de la justicia social
(Madrid, Unión editorial, 1988), II, p. 119].
17
Maffettone, Sebastiano, Utilitarismo e teoria della giustizia (Napoli, Biblio-
polis, 1983), p. 13.
672 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
Rawls, J., Teoría, p. 23. Não resta dúvida de que fora apenas por este aspecto
18
22
Desde logo, não é o escopo desse trabalho aprofundar nessa questão mas inte-
ressaria explorar a questão de como a publicidade reforça o papel do indivíduo, e não
o das relações coletivas (e quando a publicidade foca o grupo o faz tendo em mira a
decisão do indivíduo) que tem lugar em sociedade. Interessaria tabular em um tra-
balho interdisciplinar envolvendo a psicologia, a sociologia e a ciência política, entre
outros ramos do saber, qual o impacto das peças publicitárias na formação da perce-
pção do hiperdimensionamento da figura do indivíduo na sociedade e da formação
de uma sociedade hedonista radical.
23
Day, John, John Rawls, A Theory of Justice, en Forsyth, Murray - Keens-Soper,
Maurice, The Political Classics. Green to Dworkin (New York, Oxford University
Press, 1996), p. 221.
24
Day, J., John Rawls, cit. (n. 23), p. 221.
25
Hayek, F.-A., Legislación, Derecho y libertad, cit. (n. 16), p. 131. Desde logo,
Rawls não poderá passar ao largo de argumentos desse tipo e muito embora não esta-
beleça o debate aberto com a obra hayekiana em seus trabalhos, isto sim, encontra-se
implícito em seu pensamento assim como em todos os seus interlocutores uma série
de problemas levantados pelo mestre vienês (1899-1992). Desde logo, do ponto de
vista cronológico não teria existido impedimento para o estabelecimento do diálogo
entre ambas obras. Não tendo sido direto, como apontei, ocorrei por via dos discí-
pulos de Hayek e de sua alimentação à teoria liberal através de seus trabalhos, aliás,
é justamente em seu período de maturidade em que encontram-se localizadas suas
preocupações com a economia política, com filosofia política e com a filosofia do
direito, consagrando seu pensamento econômico como voltado às grandes questões
sócio-políticas. Talvez o marco dessas preocupações políticas possa ser dado com seu
clássico e muito popular livro Road to serfdom (1944), obras que conta com diversas
traduções para o português. Uma delas é Hayek [véase: Hayek, F.-A., Caminho da
servidão (1ª edición, Rio de Janeiro, Bibliex Cooperativa, 1994]. Para uma brevíssi-
ma e bem colocada biografia de Hayek ver http,//www.institutoliberal.org.br/gale-
ria_autor.asp?cdc=928
674 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
26
Rawls, John, El liberalismo político (México, Fondo de Cultura Económica,
1996), p. 29.
27
Rawls, J., Teoría, p. 23.
28
A este respeito o ator é bastante claro quando formula já nas primeiras linhas de
Uma Teoria da Justiça que “a justiça é a primeira virtude das instituições sociais [...]
não importa que as leis e as instituições estejam ordenadas e sejam eficientes, se forem
injustas elas têm de ser reformadas ou abolidas” (Rawls, J., Teoría, p. 19). Neste sen-
tido discorda Parekh, Bhikhu, Repensando el multiculturalismo. Diversidad cultural
y teoría política (Madrid, Istmo, 2005), p. 137, argumentando que a justiça “não é
a primeira das virtudes sociais porque parte de um conjunto de outras virtudes nas
quais está inserida, e porque sua existência não é, senão, uma das muitas condições
prévias necessárias para garantir a estabilidade social e política”.
29
Rawls, J., Teoría, p. 23.
30
Como diz Day, J., John Rawls, cit. (n. 23), p. 239, trata-se aqui de um clássi-
co do “egalitarianism”, mas não de um igualitarismo absoluto, o qual, desde logo,
renega.
31
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 28, é direto quando sustenta uma posição an-
tropológica menos pessimista ou realista do que a de Rawls, mais proclive ao hobbe-
sianismo. Segundo Mill “não há necessidade intrínseca de que qualquer ser humano
seja um interessado egoísta, divorciado de todo o sentimento ou cuidado que se não
centre na sua própria e miserável individualidade”. Mas ao que Mill liga tal compor-
tamento socialmente interessado? Segundo o autor, ainda que em graus desiguais de
interesse, é possível esperar que os indivíduos nutram verdadeiro interesse pelos des-
tinos da sociedade, isto é, apresentem-se genuinamente ocupados com o bem público
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 675
desde que se lhe possa qualificar como um “ser humano rectamente educado” (Ibíd.).
Aqui há dois pressupostos intrínsecos à tese de que parte o argumento milliano. O
primeiro, filosófico, inextricavelmente ligado às promessas do Iluminismo quanto
ao desenvolvimento moral do ser humano. O outro pressuposto, de que a educação
não apenas exerce um papel determinante nas opções morais do ser humano como,
ainda, que o fato de que ele realmente tenha interesse nos assuntos públicos é algo
realmente virtuoso. O que dizer, então, de uma opção moral e política de desinte-
resse pelos assuntos públicos? Poderíamos de alguma forma desestimular tal tipo de
concepção de vida e forma de experiência vital? Parece difícil aceitar esta proposta.
Rawls, John, Political Liberalism (New York, Columbia University Press, 1993), p.
xvii, com certeza, no âmbito de sua proposta de consenso por sobreposição não ar-
gumentará de forma similar. As exclusões de formas de vida que propõe não tem por
objetivo atingir enormes planícies axiológicas, antes pelo contrário, apenas aqueles
que se demonstrem ampla e irreconciliavelmente como não razoáveis, irracionais ou,
como chega a dizer, “loucas”.
32
Habermas, Jürgen, Escritos sobre moralidad y eticidad (1ª edición, Barcelona,
Paidós y otras,1991), p. 161.
33
Dworkin, Ronald, Los derechos en serio (Barcelona, Ariel, 1989), p. 241
676 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
Oliveira, Nythamar Fernandes de, Rawls (Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor,
34
2003), p. 15.
35
Rawls, J., Political Liberalism, cit. (n. 31), p. xvii.
36
Nozick, Robert, Anarquía, Estado y utopía (1ª edición, México, Fondo de
Cultura Económica, 1997), p. 319.
37
Berlin, Isaiah, Cuatro ensayos sobre la libertad (Madrid, Alianza, 1996), p.
194.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 677
Rawls, J., Teoría, p. 23. Neste primeiro momento, fica posta esta primeira
38
39
Rawls, J., Teoría, p. 23.
40
Parekh, B., cit. (n. 28), p. 139.
41
Forsyth, Murray - Keens-Soper, Maurice, Bhikhu, Repensando el multicultu-
ralismo, cit. (n. 28), p. 139.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 679
42
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 83.
43
Mill, J. S., Sobre la libertad,p. 88.
44
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 88.
45
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 93.
680 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
de Janeiro, Paz e Terra, 1969, p. 13. Por outro lado, é interessante sublinhar que
Jaguaribe é autor que dialogou com a cultura norte-americana dos anos sessenta e,
por conseguinte, não passou distante de uma série de doutrinas que, direta ou indi-
retamente, dialogaram com o pensamento de Rawls, muito embora não tivesse ainda
surgido sua obra máxima quando da publicação deste livro de Jaguaribe, cuja edição
nacional foi publicado tão somente em 1969 e cuja primeira edição encontrou lugar
em Stanford, onde o pensador brasileiro trabalhava à época, em 1967. Não obstante
certa possibilidade de acercamento, resta todavia por sublinhar a nítida maior proxi-
midade de Jaguaribe do pensamento de esquerda. O que se depreende deste seu pe-
ríodo sessentista é que se apresenta mais próximo, por exemplo, do desenvolvimento
perpassado por certa planificação econômica, antes do que por um maior grau de
atuação das forças de mercado (Jaguaribe, H., ibíd., p. 17). O autor não nega o que
chama de “desenvolvimento espontâneo”, conceito aproximado ao da mão invisível
smithiana. Contudo, sua tese é de que esta é uma “hipótese estatisticamente remota”
(Jaguaribe, H., ibíd., p. 17). A inclinação à esquerda de Jaguaribe é exposta em sua
preferência pelo modelo intervencionista (dirigista moderado?) do típico modelo de
Estado francês e alemão, dos quais diz que, ao menos, pode admitir-se que suas
economias sofreram alguma dose de condicionamento político (Jaguaribe, H., ibíd.,
p. 18).
47
Este é um ponto que deve ficar bastante claro, pois se trata de dois tipos bastan-
te diversos de liberalismo. O liberalismo de Hayek, conhecido como neoliberalismo
e, por outro lado, o de Rawls, cujo liberalismo tem o sentido que desfruta a expressão
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 681
nos EUA, a saber, o corte das filosofias políticas que inspiram o pensamento demo-
crata norte-americano.
48
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 88.
49
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 88. Acerca de uma possível área de diálogo
do utilitarismo com a teoria da justiça rawlsiana uma obra bastante útil é a de Ma-
ffettone, S., Utilitarismo, cit. (n. 17).
50
Rawls, J., Teoría, p. 23.
51
Grondona, Mariano, Os pensadores, cit. (n. 2), p. 146.
52
A este respeito cabe acrescer que a igualdade torna-se incompatível com o des-
envolvimento e progresso econômico bem antes desta curva que termina em esta-
bilização que revela a plenitude da igualdade, cujo exemplo histórico são os países
socialistas, que embora longe de configurar uma sociedade plenamente igualitária
fizeram ruir seus respectivos sistemas econômicos.
682 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
meramente guiados por seus instintos ou, ainda, conforme uma pauta
egoística. Sua suposição é de que os homens são seres morais e daí deriva
a possibilidade de que possam realizar escolhas com transcendência moral
e retratando instituições de convívio que reflitam a moralidade intrínseca a
todos os cidadãos, resguardando-lhes direitos essenciais como a liberdade e
a dignidade, tomada esta em sentido amplo que abrange direitos diversos,
tais como a educação, a igualdade de oportunidades, etc.
Como recorda Waldron, a justiça social não é apenas algo que podemos
fazer por nós próprios mas, isto sim, que temos de realizar em conjunto53
e uma ação em conjunto demanda que tenhamos valores compartilhados
desde os quais possamos tornar os valores uma prática política concreta.
Esta ideia ilustra que devemos valorar os aspectos distributivos inerentes
aos debates que se põem na estrutura básica da sociedade, algo a que vai
unido o conceito de justiça – observe-se tratar de algo aristotélico54 – ao
qual cabe designar direitos e deveres e definir as vantagens sociais segundo
os termos de justiça concebidos.
53
Waldron, Jeremy, The Dignity of Legislation (Cambridge, Cambridge Univer-
sity Press, 1999), p. 89.
54
Há algo de aristotélico na argumentação rawlsiana, ainda que ele não adote
exata ou explicitamente algumas posições do Estagirita. Véase: Aristóteles, Moral a
Nicômaco (Buenos Aires, Espasa-Calpe, 1952), pp. 155-161.
55
Khaldun, Ibn, Os prolegômenos ou filosofia social (São Paulo, Instituto Brasilei-
ro de Filosofia, 195), I, p. 207.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 683
à vida humana. Mesmo quando temos bens que garantem a vida, dá-se
o fenômeno da insaciabilidade dos bens necessários ao espírito. Em seu
tempo Hume recordava que “nunca se tem uma quantidade tal de bens
que satisfaçam a cada um de nossos desejos e necessidades”56.
Desde logo, a pergunta que emerge é porque importar-se em alguma
medida com a satisfação dos cidadãos? Isto tem a ver com a busca da feli-
cidade? Se tem, deve ela ser puramente individual, dirigida pelo governo
ou apenas parametrizada por ele? Mill, por exemplo, sugere que todos têm
direito à felicidade mas, para que isto se torne real, há de ser materializado
“o direito igual a todos os meios de a alcançar”57. Quando Rawls põe em
pauta a elaboração de listagem com bens primários (primary goods) visa
atacar o problema que se centrará na abordagem que Mill reserva à felici-
dade, e que a tradição, de Locke a Jefferson e aos “Founding Fathers” de
uma ou outra forma também se preocupara. Rawls o faz, como diz Day,
para promover a distribuição eqüitativa na sociedade desses bens primários
que o conjunto da sociedade auxiliar na produção58.
Mas Rawls ao ocupar-se do tema evita a determinação do sentido
substantivo da felicidade, o que efetivamente seria incongruente com uma
teoria moral abrangente (“comprehensive moral doctrine”) como a que
defende em seus escritos de maturidade. Sua perspectiva é a de promover a
distribuição desses bens primários ou básicos para todos de sorte que seus
planos de vida ou concepções de bem possam ser realizadas por cidadãos
que, em sua totalidade, na qualidade de livres, possuem capacidade moral
para nutrir uma concepção do bem59. Enfim, se trata daquilo que Day diz
ser as coisas que todas as pessoas especialmente valorizam para atingir seus
fins60, concepções essas que são variáveis no decorrer da vida conforme os
fins que são igualmente alteráveis.
A teoria rawlsiana parte de um conjunto de princípios de justiça ela-
borados racionalmente e em definitivo, a sociedade empírica haverá que
contar com o apoio dos cidadãos concretos. Isto dependerá em boa parte
não apenas da racionalidade dos atores que colocaram os princípios de
justiça que são aplicados sobre a estrutura básica sobre a qual vivem os
cidadãos concretos mas, em boa parte, também devido à aderência desses
cidadãos históricos, algo que depende fundamentalmente de como, com
56
Hume, David, Tratado de la naturaleza humana (Madrid, Tecnos, 1992), p.
656.
57
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 95.
58
Day, J., John Rawls, cit. (n. 23), p. 230.
59
Rawls, J., El liberalismo político, cit. (n. 24), p. 51.
60
Day, J., John Rawls, cit.(n. 23), p. 230.
684 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
61
A definição dessas três etapas encontra-se em diversos trechos da obra de Rawls.
Apenas a título exemplificativo ver Rawls, J., Justiça e democracia (São Paulo, Mar-
tins Fontes, 2000), p. 153.
62
Rawls, J., Political Liberalism, cit. (n. 29), p. 41.
63
Rawls, J., Justiça e democracia, cit. (n. 61), p. 165. A este respeito devemos
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 685
observar ainda que as duas faculdades morais (as quais Rawls denominaria “os dois
casos fundamentais”, aparecem na seção VII do artigo As liberdades básicas e sua
prioridade) são a capacidade de ser razoável e a capacidade de ser racional (Rawls, J.,
Justiça e democracia, cit. (n. 57), p. 162-163).
64
Rawls, J., Justiça e democracia, cit. (n. 61), p. 165.
65
Encontro-me proclive a admitir que a liberdade é tanto um bem-meio (instru-
mento apto a que alcancemos diversos objetivos) como um bem-fim (desfrutável em
si mesma) do qual não podemos abrir mão quando temos em vista um projeto de
vida ao qual apreciamos, seja ela qual for, e temos em vista seu cumprimento.
686 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
para a sua teoria da justiça como eqüidade66 que, por sua vez, o utilitarismo
não possui e que, quiçá, possa entender-se como sendo o seu tendão de
Aquiles enquanto teoria da justiça.
Em síntese, pode ser dito que bens sociais primários são todos aqueles
conferidos pela sociedade bem organizada e, portanto, justa, a partir da
compreensão de que nenhum indivíduo pode viver sem eles e que devem,
portanto, recebê-los de forma eqüitativa seu processo de distribuição. En-
fim, “na teoria da justiça como eqüidade [...] as liberdades básicas iguais
para todos são as mesmas para cada cidadão [...]”67, cuja importância fica
marcada pelo fato de realizar-se sua tarefa protetora já nos arranjos sociais
iniciais através dos princípios de justiça.
Sem embargo, desde uma perspectiva histórica e teórica, se trata menos
de aceitar que a sociedade atribua direitos do que em compreender que
eles provém do entendimento de que os homens os conquistaram através
da evolução das relações sociopolíticas. Por outro lado, e com o intuito
de melhor caracterizar os bens sociais primários, pode ser dito que eles
constituem todos aqueles que, em oposição aos que natureza pode atribuir
diretamente aos homens, tais como certa dosagem de inteligência (ou grau
de habilidade mental específica, de força física, etc., eles estão alicerçados
firmemente em uma teoria que vislumbra a necessidade de que o homem
intervenha no processo legislativo de sorte a corrigir disfunções e injustiças
socialmente provocadas e moralmente insustentáveis.
Uma vez que, com disse Rousseau, “o espírito tem suas necessidades
assim como o corpo e ambas são o fundamento da sociedade”68. Tal espécie
de abordagem teórica se sustenta em determinados princípios, os quais
aparecem na teoria da justiça como eqüidade de Rawls. Nela sobressai,
por exemplo, o quanto são aceitáveis a utilização dos princípios de justiça
como instrumentos para a realização de qualquer plano racional de vida
que considere igualmente o mesmo respeito pelos planos alheios (e/ou
concorrentes) de vida racional as quais os demais indivíduos se propon-
ham realizar69.
66
Interessa recuperar neste momento a advertência que com muita propriedade
realizou Bittar acerca da completa distinção existente entre o conceito de eqüidade
em seu sentido clássico, aristotélico, e tal como ele aparece em Rawls. Segundo o
jusfilósofo pátrio, em Aristóteles o conceito se encontra relacionado como sendo
um “corretivo da lei”, isto é, “como algo superior a um tipo de justiça, à justiça legal
(dikaíou nomimón), e utilizada como corretivo da mesma (“epanpthoma nomímou
dikaíou”)” [en Bittar, Eduardo Carlos Bianca, Curso de ética jurídica. Ética geral e
profissional (2ª edición, São Paulo, Saraiva, 2004), p. 38]).
67
Mill, J., Justiça e democracia, cit. (n. 57), p. 177.
68
Rousseau, J.-J., Discurso, cit. (n. 13), p. 7.
69
Pode-se objetar a este trecho (embora não tenha por escopo neste momento
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 687
desenvolver tal possibilidade analítica) que Rawls retoma uma articulação lógica de
inspiração aristotélica, a saber, que o “bom” (ao menos aquilo que Rawls considera
bom e/ou desejável, a saber, uma sociedade livre e todas as instituições necessárias)
deriva da aplicação prática do conceito de razão. Isto não está longe do que propõe
Aristóteles quando diz que “a virtude moral é uma disposição relativa à eleição, e a
eleição é um desejo deliberado, o raciocínio tem que ser verdadeiro e o desejo reto
para que a eleição seja boa” (Aristóteles. Moral a Nicômaco, cit. (n. 54), p. 90).
70
Rawls, J., Teoría, p. 24.
71
Rawls, J., Teoría, p. 24.
72
Desde logo, minha primeira referência teórica entre os críticos da “justiça so-
cial” ou “distributiva” é Hayek. O autor não mostra-se tímido em suas críticas a esse
conceito. Em resumidas contas, o autor sintetiza a ótica ameaçadora através da qual
seu liberalismo observa o avanço desse conceito, “[...] ameaça destruir essa específica
forma de interpretar a lei que converteu o direito em eficaz salvaguarda da liberdade
individual” [Hayek, F.-A., Legislación, Derecho y libertad, cit. (n. 16), p. 119]. Des-
de logo, um liberal da estirpe de Hayek não poderia deixar de se contrapor a um
conceito eminentemente redistributivista como o de justiça social. Muito embora
não tenha sido oportunizado o seu debate com a obra rawlsiana é de se supor o nível
de esforços que poderia ter empregado para contrapor-se à influência do pensamento
rawlsiano.
688 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
73
Hayek, F.-A., Legislación, Derecho y libertad, cit. (n. 16), p. 131.
74.
Hayek, F.-A., Legislación, Derecho y libertad, cit. (n. 16), p. 131.
75
Rawls, J., Political Liberalism, cit. (n. 29), p. 172.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 689
autor em seu sistema. A verdade é que Rawls o considera mas, logo após,
termina por excluí-lo devido a que aos indivíduos, com seus fins e ações
racionais “não lhes resultaria insuportável saber ou dar-se conta de que
outros tem uma quantidade maior de bens sociais primários [...]”76. Isto
ocorre porque a eles o que realmente interessa é que cada um possui um
plano de vida que é próprio suficiente para si, e o alcançá-lo lhe basta, sem
mais77. Os indivíduos possuem um sentimento seguro do próprio valor (e
querem realizá-lo) assim como de seu plano de vida racional. Isto faz com
que não desejem de abandonar qualquer dos seus objetivos, ainda que os
outros disponham de mais meios para satisfazer os seus78. ainda que isto
não implique elidir a idéia de que e encontrem sujeitos à mudança de
planos, objetivos e/ou valores.
Essas linhas recém postas expõem uma reflexão rawlsiana algo dis-
tanciada de uma filosofia como a que caracteriza boa parte da sociedade
moderna, vale dizer, consideravelmente hedonista, quando não hedonista
radical, todavia, ela é maximizadora não apenas de seus desejos como
também potencializadora do sentimento de inveja, o que torna ainda
mais difícil satisfazer seus desejos. Daí os conflitos que o próprio Rawls,
de fato, não desconheceu, pois, assim como fora ressaltado por Hobbes,
eles se apresentam como inevitáveis em sociedade.
Rawls não se descuida da necessidade de proceder a uma listagem dos
bens primários na teoria da justiça como eqüidade. Já em seu artigo As
liberdades básicas e sua prioridade, Rawls volta ao tema e anuncia cinco
categorias de bens primários, a saber: i) As liberdades básicas (dentre as
quais, a de pensamento e a de consciência); ii) Liberdade de movimento e
a livre escolha da ocupação; iii) Os poderes e suas prerrogativas das funções
e dos postos de responsabilidade; iv) A renda e a riqueza, consideradas
em seu valor de troca; v) As bases sociais do respeito próprio79. O que se
vislumbra aqui é uma interessante listagem mas que, como diz o autor,
não pode comprometer-se com a extensão sob pena de provocar o debili-
tamento da proteção das liberdades mais essenciais80.
76
Rawls, J.. Political Liberalism, cit. (n. 29), p. 170.
77
De minha parte, não compartilho da visão de que mesmo o mais racional
dentre os indivíduos históricos possua um plano de vida com limites tão claros a
perseguir e que seu contentamento dê-se, inexoravelmente, com atingi-los, sem o
acréscimo de outros, por não falar em trocas ou substituições de objetivos, algo deri-
vado das alternativas que a dinâmica da vida impõe assim como aos valores que lhe
subjazem.
78
Rawls, J., Teoría, p. 171.
79
Rawls, J., Justiça e democracia, cit. (n. 61), p. 166-170.
80
Rawls, J., Justiça e democracia, cit. (n. 61), p. 152.
690 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
Desde logo, uma das críticas que podem ser opostas ao apresentado
no parágrafo acima subjaz à atuação dos indivíduos deliberantes na po-
sição original é o expressivo, e qualitativamente considerável, volume de
informações às quais não têm acesso devido à operatividade do véu da
ignorância81. Sendo assim, como esses indivíduos representativos pode-
riam discernir não só os interesses como os valores morais desejáveis pelo
conjunto dos representados na posição original? Efetivamente, do que se
trata é da observância da existência de características e/ou necessidades e
valores mínimos compartilhados por todos quanto almejem a proteção de
seus interesses, o desenvolvimento histórico da sociedade em que esteja
inserido assim como a busca e afirmação de seu(s) plano(s) de vida.
O não conhecimento dos representados e de inúmeros outros aspectos
do mundo empírico que lhes envolve não é obstáculo suficientemente forte
para impedir a elaboração da supracitada lista de bens primários. Rawls
propõe um conceito de pessoa sobre o qual os seres deliberantes se apóiam
no sentido de elaborar a listagem desses bens primários. O que efetiva e
positivamente permitirá que os parceiros na posição original elaborem
tal lista é a estrutura geral dos projetos de vida racionais (que encontra
limitações quanto à sua admissibilidade tão somente no que concerne
aos propósitos atentatórios aos princípios de justiça) das pessoas – esses
sim conhecidos pelos seres racionais deliberantes envoltos sob o véu da
ignorância na posição original –, os quais contém e expressam dados gerais
sobre a psicologia humana (mas não conhecem detalhes sobre sua própria)
tanto quanto sobre o funcionamento das instituições82.
83
Rawls, J., Teoría, pp. 19 y 28.
84
Rawls, J., Teoría, p. 159.
85
Rawls, J., Teoría, p. 23.
86
Rawls, J., Teoría, p. 23.
87
Rawls, J., Teoría, p. 23.
88
Ver Parekh, B., cit. (n. 28), p. 144.
692 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
A esse respeito o autor foi bastante claro ao dizer que “nossas necessidades e
89
nossos prazeres trocam de objeto ao longo do tempo” (Rousseau, J.-J. Discurso, cit.
(n. 13), p. 21).
90
Rawls, J., Teoría, p. 28.
91
Véase: Kant, Emmanuel. Fundamentación de la metafísica de las costumbres
(México, Fondo de Cultura Económica, 1989).
92
Smart, J. C. - Williams, Bernard. Utilitarismo. Pro e contra (Madrid, Tecnos,
1981), p. 62, por exemplo, sustentan que os homens são o “resultado da herança e
do meio ambiente”.
93
Parekh, B., cit. (n. 28), p. 136.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 693
94
Parekh, B., cit. (n. 28), p. 136. Segundo este autor, ibíd., p. 136: “isto se aplica
especialmente às sociedades profundamente divididas cujos membros não apenas
não conseguem colocar-se de acordo sobre a natureza, os critérios e os limites da
justiça como geram novas fontes de tensão quando tentam debates sobre o tema”.
95
Maffettone, S., Utilitarismo, cit. (n. 17), p. 18.
96
Pilon, Almir José, Liberdade e justiça. Uma introdução à filosofia do direito em
Kant e Rawls (Porto Alegre, Sergio Antonio Fabris, 2006), p. 69.
694 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
V. Considerações finais
Ao fim e ao cabo, sempre cabe ponderar que, com diz Mill, que a his-
tória social e das instituições que lhe conformam “deixam sucessivamente
de ser considerados como necessidades primárias da existência social para
passarem à categoria de injustiças e tiranias universalmente estigmatizadas.
Assim aconteceu com as distinções entre escravos e homens livres, nobres
e servos [...]”103. Sendo assim, essas estruturas cujos conteúdos morais
nos causam repelência não devem, contudo, deixar de ser entendidas em
perspectiva.
97
Rawls, J., Teoría, p. 11.
98
Rawls, J., Political Liberalism, cit. (n. 29), p. 195.
99
Parekh, B., cit. (n. 28), p. 314.
100
Rawls, J., Political Liberalism, cit. (n. 29), p. 196.
101
Véase: Day, J., John Rawls, cit. (n. 23).
102
Ibíd., p. 236.
103
Mill, J. S., Sobre la libertad, p. 5-96.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 695
Podemos entender algumas limitações que lhes sejam postas para tor-
nar factível sua efetivação. Nestes temos, a proposta de estrutura básica
apresenta-se concebida por Rawls para operar no marco de uma “moder-
na democracia constitucional”104, a qual sempre propôs como objeto de
seus estudos105 o que, por conseguinte, desautoriza a que a crítica ao seu
trabalho seja pautada por outros parâmetros é, no mínimo, cometer uma
impropriedade.
Desencorajar doutrinas antagônicas como essas que defendem institutos
como a escravidão pressupõe uma firme convicção e difusão de que esses
valores não podem ser compartilhados por uma sociedade bem organizada
que apenas pode encontrar seu perfeito desenvolvimento naquilo que Rawls
denomina de moderna democracia constitucional.
Em outro trecho de sua obra Rawls remarca que a estrutura básica
deve ser entendida como “the way in which the major social institutions
fit together into one system, and how they assign fundamental rights and
duties and shape the division of advantages that a rises through social
cooperation. Thus the political constitution, the legally recognized forms
of property, and the organization of the economy, and the nature of the
family, all belongs the basic structure”106. Será na posição original quando
os indivíduos deliberantes ocupar-se-ão da escolha dos princípios de justiça
que efetivamente protejam as diversas concepções do bem e, em sentido
amplo, que garantam as condições políticas e sociais necessárias para o
desenvolvimento107.
Neste contexto e com o objetivo de auxiliar a alcançar o objetivo, é
concebida a estrutura básica da sociedade como uma “organização que
maximiza os bens primários à disposição dos menos favorecidos para que
eles utilizem as liberdades básicas que estão à disposição de todos”108.
Os princípios de justiça irão projetar-se sobre a estrutura básica da
sociedade devido à necessidade de ordenar as principais instituições sociais
de sorte que a interrelação entre todos permita o objetivo de cooperação.
A operatividade do conceito de justiça depende, portanto, de como eles
estarão articulados na estrutura básica da sociedade e dos efeitos práticos
– de justiça como eqüidade – que possam surtir. Em seus termos, Rawls
explica-nos que a justiça na sociedade bem organizada depende, fundamen-
talmente, de como “[...] se atribuem os direitos e deveres fundamentais e
104
Rawls, J., Political Liberalism, cit. (n. 29), p. 11.
105
Oliveira, Nythamar Fernandes de, Rawls, cit. (n. 34), p. 21.
106
Rawls, J., Political Liberalism, cit. (n. 29), p. 258.
107
Rawls, J., Justiça e democracia, cit. (n. 61), p. 175.
108
Rawls, J., Justiça e democracia, cit. (n. 61), p. 177.
696 Revista de Derecho XXXIV (1er Semestre de 2010) Roberto Bueno
Bibliografía
109
Rawls, J., Teoría, p. 23.
John Rawls e a teoria da justiça revisitada 697
Júlio Esteves
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro)
1
Cf. Utilitarianism II, Indianapolis, 1971
2
Cf. A Theory of Justice, Harvard, 1971, p.22
3
Id.ibid., p.24
4
Id.ibid., p.27
5
Id.ibid., p.190
quais negaríamos inescrupulosamente satisfação. Pelo contrário, devemos ter até mesmo
um certo “respeito”, “consideração” e “escrúpulos” para com eles, exatamente na
medida em que temos respeito por nós próprios, caso queiramos ser maximamente
felizes.
Ora, não vejo nenhuma razão para supor que o utilitarista esteja
comprometido com aquela concepção empobrecida da prudência individual, tal como
aquela concebida por Rawls. Assim, o utilitarista poderia muito bem sustentar que, do
mesmo modo que cada qual deve ter um certo respeito e consideração pelos seus
próprios interesses e necessidades, procedendo a uma distribuição justa na satisfação
dos mesmos, já que isso tende a produzir um máximo de satisfação no todo, também
aquele hipotético observador imparcial deve se regular por um princípio de harmonia e
de distribuição justa de satisfação entre os membros da sociedade, respeitando-os e
considerando-os igualmente. Pois, se é verdade que um indivíduo que não considera
igualmente todas as suas esferas de interesse tende a sofrer conseqüências
desagradáveis, a longo prazo, o que pensar de uma sociedade que passa por cima dos
interesses de alguns de seus membros e que deixa insatisfeita toda uma camada da
população?
O que estou querendo dizer é que o utilitarismo traz consigo
embutido um princípio de justiça distributiva, o que não é, evidentemente, a opinião de
Rawls e de alguns outros autores importantes nos quais ele busca apoio, como, por
exemplo, William Frankena. Em seu livro sobre ética, Frankena faz uma exposição do
utilitarismo, procurando evidenciar a sua incapacidade de decidir por si só questões de
justiça distributiva. Assim, Frankena nos convida a imaginar a seguinte situação.
Suponhamos que 2 ordenamentos políticos distintos tenham como resultado final a
mesma soma de utilidade, ou seja, produzam a longo prazo a mesma proporção de bem
em comparação com o mal também produzido, para a coletividade como um todo. Ora,
nesse caso, o utilitarista teria de dizer que ambos produzem o mesmo saldo moral e não
teria base para preferir um ao outro. Contudo, pode muito bem acontecer que cada um
deles distribua a quantidade de bem produzido de uma maneira a cada vez diferente. De
um lado, um dos ordenamentos políticos concederia todo o bem produzido a um grupo
relativamente pequeno de pessoas, e isso sem qualquer mérito por parte dessas pessoas,
mas sim somente pelo fato, p. ex., delas serem indivíduos adultos do sexo masculino.
De outro lado, o outro ordenamento político distribuiria o bem produzido de uma
maneira mais igualitária entre um segmento maior da população. Ora, intuitivamente,
estaríamos inclinados a dizer que o primeiro ordenamento é injusto, rejeitando-o e
colocando-nos a favor do segundo. Contudo, isso é algo que o utilitarismo não poderia
fazer. Pois, como diz Frankena, se o utilitarismo está interessado somente na
maximização do bem ou da felicidade, considerações sobre justiça na distribuição do
bem têm de ser para ele completamente estranhas e indiferentes. O utilitarismo não
poderia, portanto, fazer jus às nossas intuições morais pré-filosóficas, pois “o critério
para determinar o certo e o errado não é a mera utilidade, mas também a justiça”.6
Penso que, em resposta a essa objeção, o utilitarista poderia
argumentar que a situação descrita por Frankena simplesmente não pode ocorrer. Ou
seja, o utilitarista poderia sustentar que, como a justiça na distribuição do bem
produzido pelo trabalho social é condição da harmonia do todo, é impossível que 2
ordenamentos jurídico-políticos produzam a mesma quantidade de felicidade e a
distribuam desigualmente. E, em apoio ao utilitarismo, podemos aduzir o seguinte
argumento, que parecerá a nós brasileiros corresponder inteiramente às nossas intuições
morais pré-filosóficas.
Alguns setores da esquerda no cenário político nacional têm se
esforçado no sentido de mostrar para as nossas elites dirigentes e econômicas as
vantagens que uma melhor distribuição da renda entre a população traria para elas
próprias. Com efeito, as nossas elites gastam uma verdadeira fortuna com segurança,
ruas interditadas, prédios cercados por muros cada vez mais altos, convertendo-se em
prisioneiros em suas próprias casas; compram automóveis importados caríssimos, sendo
obrigados a blindá-los e a enclausularem-se dentro deles nos intermináveis
engarrafamentos de nossas grandes cidades. E tudo isso para quê? Como se sabe, apesar
de todo esse aparato de segurança e de todo o sobressalto de sua vida cotidiana, os ricos
continuam sendo assaltados e seqüestrados. Por isso, os setores mais esclarecidos da
esquerda procuram fazer com que as elites compreendam que, se a fortuna que elas
gastam com segurança e seguradoras fosse revertida para a educação dos menos
6
Cf.Ethics, Prentice Hall, 1963, p. 41
7
Id.ibid., p. 14
deontológicas, como a de Kant, por exemplo, defendem que o que é justo, obrigatório e
moralmente bom não é função das suas conseqüências. Segundo Kant, mentir é algo
mau em si mesmo, independentemente das conseqüências, assim como manter uma
promessa é algo moralmente aprovável em si mesmo, em quaisquer circunstâncias. Na
verdade, estou fazendo uma simplificação da teoria de Kant, pois, para ele, a única coisa
que pode ser chamada de boa em todas as circunstâncias e independentemente das
conseqüências é uma boa vontade, no sentido em que dizemos de uma pessoa que ela
tem uma boa intenção. Contudo, para nossas finalidades o que interessa é que, enquanto
uma moral teleológica sustenta que nada tem um valor moral em si mesmo e que a
avaliação moral é sempre relativa a fatores extrínsecos, a saber, os fins em vista ou as
conseqüências, uma moral deontológica sustenta que há certas coisas que possuem um
valor intrínseco, que há pelo menos uma coisa que é boa (ou má) em sentido absoluto,
i.e. em si mesma.
Ora, segundo Rawls, uma das razões pelas quais o utilitarismo se
mostrou tão atraente durante muito tempo residiria justamente no fato dele apresentar a
estrutura de uma teoria moral teleológica. Com efeito, diz Rawls, no utilitarismo, “o
bem (the good) é definido independentemente do justo (the right), e então o justo (the
right) é definido como aquilo que maximiza o bem (the good)”.8 Segundo Rawls o
importante é que, de acordo com o que ele chama de uma teoria moral teleológica em
sentido clássico, o bem ou o que é moralmente bom seja definido independentemente
do justo. Assim, por exemplo, o utilitarismo definiria a promoção da felicidade como
sendo o que é moralmente bom, sem ter de fazer qualquer referência ao que é justo. “Ao
passo que, conclui Rawls, se a distribuição de bens for também considerada como um
bem, talvez um bem de ordem superior, e se a teoria nos orienta a produzir o máximo de
benefícios (incluindo, entre outros, o bem da distribuição dos bens), já não teremos uma
teoria teleológica em sentido clássico”.9
Ora, esse argumento de Rawls é simplesmente decepcionante. Ele
decide arbitrariamente que uma teoria teleológica em sentido clássico é aquela que
define o bem independentemente de qualquer referência ao justo, para sustentar sua tese
de que o utilitarismo, por ter uma tal estrutura teleológica, é insensível a questões sobre
8
Cf. A Theory of Justice, p.24
o justo e não pode incluir a justiça distributiva na sua definição do bem (no caso, a
maximização da felicidade). Ou seja, Rawls parece querer resolver seu problema com o
utilitarismo mediante meras definições: o utilitarismo é uma teoria teleológica e, como
tal, não pode incluir considerações de justiça na sua teoria do bem. Diante disso, penso
que o utilitarista poderia com razão retrucar: “quem disse que o utilitarismo quer ser
uma teoria teleológica nesse tal sentido clássico arbitrariamente definido por Rawls?” O
utilitarista poderia então prosseguir e afirmar que a sua definição do bem como
consistindo na maximização da felicidade coletiva inclui como uma cláusula elíptica, ou
seja, não mencionada, esse bem maior, a saber, a justiça na distribuição desse bem que é
a felicidade, já que, como vimos, o modo como a felicidade é distribuída afeta a sua
produção. Se isso tem como implicação que o utilitarismo não possa mais ser rotulado
como “teoria moral teleológica em sentido clássico”, é algo irrelevante para nós e para
os defensores dessa doutrina.
Assim, contra Rawls, sou levado a afirmar que o utilitarismo traz
embutido princípios de justiça distributiva. Porém, poder-se-ia objetar que essa ligação
entre o princípio da maximização da felicidade e o da justiça é muito contingente.
Poder-se-ia retrucar que, a não ser que nos coloquemos já de saída num ponto de vista
que privilegia a justiça como algo que possui uma primazia em si, e não num ponto de
vista em que a justiça aparece como algo secundário e derivado, a saber, como um
meio para maximizar a felicidade, como seria o caso do utilitarista, não teremos
nenhuma garantia de que as conseqüências serão justas. Pois poderíamos conceber
situações em que a justiça não afetaria a maximização da felicidade, por conseguinte,
situações em que a divisão justa não estaria no interesse prudencial dos privilegiados na
partilha dos bens sociais. Voltando às nossas elites, poderíamos supor, por exemplo, que
elas se mudassem para a Suíça, o que, aliás, deve ser o sonho de muitos de seus
componentes, de tal modo que pudessem manter aqui a desigualdade social e
econômica, sem terem de sofrer as conseqüências decorrentes de serem ilhas de
felicidade cercadas por um mar de infelicidade.
Essa objeção ao utilitarismo que, até onde eu saiba, não é
desenvolvida pelo próprio Rawls, tem uma grande plausibilidade. Ela encontra sua
9
Id.ibid., p.25
inspiração básica na teoria kantiana do valor moral das ações. Segundo Kant, para que
uma ação tenha valor moral autêntico, não é suficiente que ela esteja exteriormente
conforme ao que é exigido pelos princípios morais. Para ilustrar sua tese, Kant dá como
exemplo um comerciante que trata todos seus clientes, indistintamente, com
honestidade, de modo que até mesmo uma criança pode fazer compras com ele sem ser
lesada. Sem dúvida, o comportamento desse comerciante está plenamente conforme ao
dever, mas isso não significa que por isso mesmo possua valor moral. Pois pode muito
bem ocorrer que o verdadeiro motivo de seu comportamento honesto seja o receio de
perder a clientela, caso alguém viesse a descobrir que ele lesara uma criança. Se foi esse
o caso, o que ocorreu é que ele seguiu o nosso já conhecido princípio da prudência
pessoal, refreando o impulso de lesar a criança, do qual resultaria um pequeno lucro
adicional, para poder obter um lucro muito maior com a totalidade da clientela, a longo
prazo. Eis por que Kant sustenta que uma ação só tem valor moral autêntico, se foi feita
exclusivamente por dever, se teve como motivo única e exclusivamente a consciência
do dever. Pois o motivo moral, a consciência do dever, só pode levar a ações morais, ao
passo que o princípio da prudência ou como também se diz, da esperteza pessoal, pode
levar algumas vezes, por acaso, a ações conformes ao dever, como no exemplo citado,
mas, em outras circunstâncias, a ações contrárias ao dever, por exemplo, se o mesmo
comerciante tivesse a certeza de que poderia lesar a criança sem ser descoberto por seus
clientes.10
Analogamente, um Estado que se coloca já de saída do ponto de
vista da justiça, que tem como motivação única e exclusivamente a consciência do
dever da justiça, só pode dar origem a instituições justas, ao passo que um Estado que
se regula pelo princípio utilitarista da prudência coletiva pode, contingentemente, dar
origem a instituições justas, mas, ocasionalmente, também a instituições injustas,
dependendo apenas do grau em que se supuser que a distribuição da felicidade possa
afetar a sua produção.
Penso que essa objeção seria plausível, mas ainda gostaria de dizer
algo a favor do utilitarista. Este último poderia continuar se aferrando à tese de que há
uma ligação necessária, e não contingente, entre a justiça na distribuição da felicidade e
10
Cf. Fundamentação da Metafísica dos Costumes, trad. De Paulo Quintela, in: “Os Pensadores’, ed.
a produção da mesma. Ele poderia alegar, por exemplo, que mesmo na longínqua Suíça,
as nossas elites continuariam preocupadas com seus bens aqui no Brasil, preocupadas
com a possibilidade de uma sublevação popular ou de estarem sendo roubadas pelos que
gerenciam seus negócios; por isso, talvez elas tivessem de vir vez por outra ao Brasil, o
que seria desagradável, sem mencionar o fato de que teriam trocado a vida de
prisioneiros em suas próprias casas aqui no Brasil por uma vida de exilados no
estrangeiro. Definitivamente, diria o utilitarista que reflete racionalmente sobre o que é
a felicidade, essas elites não conseguem seguir o mero princípio da prudência pessoal e
não enxergam que uma melhor distribuição dos bens sociais vem ao encontro de sua
verdadeira felicidade.
Essa já seria uma boa resposta. Porém, mais importante ainda é que
o utilitarista poderia acrescentar que, curiosamente, a própria teoria da justiça proposta
por Rawls partilha da tese segunda a qual haveria uma ligação necessária entre a
prudência e a justiça. Pois a pretensão de Rawls é exatamente derivar os princípios da
justiça a partir de considerações prudenciais. Para compreender o que quero dizer,
precisamos tecer breves considerações sobre a teoria da justiça proposta por Rawls, que,
como disse antes, consiste numa retomada do contratualismo clássico.
O que os contratualistas tinham em mente era mais ou menos o
seguinte. Embora nenhum de nós tenha tido a possibilidade de escolher a sociedade em
que iria nascer e viver, uma sociedade justa seria aquela em que cada qual, se tivesse
tido essa possibilidade, teria escolhido nascer e viver. Para que uma sociedade seja justa
nesse sentido de poder obter a aceitação e reconhecimento de todos igualmente, é
preciso que as leis dessa sociedade emanem de seus membros como se cada qual tivesse
sido legislador, como se tais leis tivessem brotado autonomamente de cada vontade,
expressando a vontade geral. A teoria do contrato social é a simulação de uma situação
hipotética, na qual os indivíduos reunidos criariam uma legislação fundamental,
constitucional e justa de um Estado, na qual estaria manifesta a vontade geral.
Rawls retoma essa idéia com seu conceito de “posição originária”.
Para ilustrá-lo, vou desenvolver uma metáfora sugerida por ele próprio.11 Suponhamos
que numa festa de aniversário a mamãe encarregue o Joãosinho de partir e dividir o
11
Cf. A Theory of Justice, §§ 14,87
ponto de vista moralmente neutro, mais exatamente, pelo ponto de vista da prudência
racional, em que cada qual estaria voltado somente para os seus próprios interesses, sem
se preocupar com os interesses dos demais.13 E a tese de Rawls é que, desde que
colocado sob as condições ideais do “véu da ignorância”, esse ponto de vista puramente
prudencial e moralmente neutro daria origem, necessariamente, a princípios de um
Estado moralmente legitimado e, por isso, justo. Ora, e não é justamente essa a tese do
utilitarista? Pois o utilitarista não sustenta também que uma distribuição justa da
felicidade é algo que está necessariamente no interesse próprio prudencial das nossas
elites econômicas e que elas só não enxergam isso, porque não são tão espertas e
sagazes quanto o Joãosinho da nossa história? Com efeito, o utilitarista também diria
que, sob certas condições ideais semelhantes às propostas por Rawls, a observância de
princípios de prudência na busca da maximização da felicidade desembocaria
necessariamente num interesse pela justiça na distribuição da mesma.
Desse modo, o utilitarismo não é insensível a questões de justiça.
Aliás, não deve ser à toa que os representantes mais ilustres dessa escola filosófica
sempre defenderam na vida prática instituições políticas justas e democráticas, como o
próprio Rawls o reconhece. Entretanto, não gostaria de dar a impressão de que eu esteja
de acordo com o utilitarismo. Pelo contrário, tendo a concordar com uma outra linha de
argumentação crítica desenvolvida por Rawls contra o utilitarismo, que nem ele nem os
seus comentadores distinguem com suficiente clareza da desenvolvida acima. De acordo
com essa outra linha de crítica, o utilitarismo deveria ser rejeitado não por ter problemas
com a justa distribuição da felicidade, mas sim por julgar que um Estado seria
legitimado justamente na medida em que distribui a felicidade. Pois, como escreve
Rawls, o utilitarismo passa por cima do fato de que “cada pessoa possui uma
inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um
todo pode ignorar”.14 Ao erigir a maximização da felicidade como sendo aquilo cuja
promoção o Estado deve garantir, o utilitarismo deixa em aberto a possibilidade de ter
12
Id. Ibid. p.94.
13
Cf. Id.ibid., pp. 13-4: “One feature of justice as fairness is to think of the parties in the initial situation
as mutually disinterested.(...) They are conceived as not taking an interest in one another’s interests.(...)
Moreover, the concept of rationality must be interpreted as far as possible in the narrow sense, standard in
economic theory, of taking the most effective means to given ends. (...) one must try to avoid introducing
into it any controversial ethical elements”.
de considerar legítima uma ditadura militar, por exemplo, desde que ela fosse capaz de
promover um máximo de bem-estar para a coletividade, em comparação com outros
ordenamentos políticos alternativos, ainda que para isso estivesse passando por cima
dos direitos e, sobretudo, das liberdades individuais. Ou seja, o problema com o
utilitarismo é que ele toma a felicidade como bem supremo e incondicionado, em nome
da qual tudo mais poderia ser negociado e sacrificado, ao passo que a nossa concepção
de justiça parece tomar a liberdade como sendo o bem maior, incondicional e
irrenunciável. Pois como escreve Rawls, “numa sociedade justa as liberdades da
cidadania igual são consideradas invioláveis; os direitos assegurados pela justiça não
estão sujeitos à negociação política ou ao cálculo dos interesses sociais”.15
14
Id. Ibid. p.4.
15
Id. Ibid. p.4.
Introdução
2 Ver a análise das principais críticas feitas à teoria da justiça de Rawls realizada por Munoz-Dardé,
2000.
3 Sobre debate entre os comunitaristas e os liberais ver o trabalho de Avineri & de-Shalit, 2001.
4 Este é o problema central apresentado por Michael Sandel, a saber, a teoria da justiça como eqüi-
dade de Rawls opera com uma concepção de sujeito moral como um eu completamente dissocia-
do de suas experiências contingentes. Para Sandel, uma pessoa com essas características seria
incapaz de realizar escolhas morais, porque lhe faltariam a experiência e a motivação, invalidando
sua capacidade de escolha. A concepção de pessoa que está contida na posição original não dá
conta de inserir referências ao mundo empírico, revelando uma concepção de sujeito completa-
mente desencarnado, sendo uma concepção formal, abstrata e distanciada das contingências e,
sendo assim, incapaz de identificar as motivações necessárias (Sandel, 1982, p.20-8).
5 Essa crítica é estabelecida principalmente por Michael Walzer em seu livro Spheres of Justice,
apontando que toda teoria da justiça que se pretende filosófica e na qual se percebe a presença
do filósofo que sai da caverna para descobrir princípios universais incorre em um fundamental
erro, pois não respeita a cultura própria de uma comunidade política, criando um mecanismo ar-
tificial que não condiz com a realidade política da comunidade real. Para Walzer, a teoria de jus-
tiça rawlsiana erra quando pretende que as práticas da comunidade política sejam examinadas a
partir da razão abstrata do filósofo e pensadas a partir de padrões abstratos e utópicos por ele
construídos e identificados como princípios (Walzer, 1983, p.15-6).
6 O que está em questão é uma forte crítica a uma concepção individualizada e atomizada de pes-
soa, em que os direitos individuais estariam acima dos interesses da sociedade. Para Charles
Taylor, as teorias liberais de justiça, em especial a teoria da justiça como eqüidade de Rawls, ao
afirmarem a prioridade na escolha de fins por parte dos indivíduos, estariam afirmando os direitos
individuais em sobreposição aos direitos da sociedade. Essa interpretação ressalta que a teoria
liberal concebe a pessoa atomisticamente, sendo incapaz de explicar de forma adequada a ques-
tão da sociabilidade humana. A questão apontada é que o cerne das teorias liberais encontra-se
nos direitos individuais e, sendo assim, as instituições liberais não possuem capacidade de ava-
liação da importância do apoio em relação às capacidades humanas que tornam possível a esco-
lha individual. Para Taylor, as instituições deveriam estar preocupadas em garantir que o contex-
to social e político sirva de modelo para auxiliar no desenvolvimento das capacidades que
possibilitam a escolha individual (Taylor, 1985, p.187-210).
Modelo Deontológico/Teleológico
7 Esta crítica é realizada por Alasdair MacIntyre, em After Virtue, afirmando que não é possível es-
perar que a investigação a respeito das estruturas sociais aconteça a partir de um ponto de vista
desinteressado e imparcial e afastado da comunidade, e que isto possa servir como paradigma
com valor moral positivo. A questão é a afirmação de uma razão prática como uma atividade orde-
nada que leve em consideração a perspectiva da comunidade que compartilha crenças sobre bens
e disposições inseridos em práticas compartilhadss comumente (cf. MacIntyre, 1985, p.426-7).
8 Para MacIntyre, a teoria da justiça como eqüidade de Rawls não contribui em nada com o objetivo
de reconstrução da comunidade, insistindo em um projeto que está condenado ao fracasso abso-
luto, isto é, a um projeto que está centrado em um indivíduo racional atomizado que se sobrepõe
à sociedade, em que os interesses individuais antecedem ao estabelecimento de laços morais en-
tre si, sendo independente dessa criação, o que implica assumir uma ética antiperfeccionista que
impõe uma prioridade do justo sobre o bem (cf. MacIntyre, 1985, p.419).
9 Sobre o papel do conseqüencialismo na teoria da justiça como eqüidade ver Pogget, 1995, p.253
e Vita, 2000, p.32-3.
10 Segundo Harsany, na posição original sob o véu da ignorância, a melhor escolha racional em con-
dições de incerteza deve encontrar-se em um princípio de maximização da utilidade média e não
o princípio da diferença defendido por Rawls. Ver Harsany, 1995, p.594-606.
11 TJ §3, p.11: “For given the circumstances of the original position, the symmetry of everyone’s re-
lations to each other, this initial situation is fair between individuals as moral persons that is as
rational beings with their own ends and capable, I Shall assume, of a sense of justice.
12 Clark Wolf interpreta que as duas faculdades morais (senso de justiça e concepção de bem) são
elementos cruciais para a concepção de cidadãos como livres e iguais, sendo que a capacidade
de senso de justiça é necessária para possibilitar a cooperação social. Ver Wolf, 2000, p.105.
13 Na interpretação de Kenneth Baynes, a posição original não representa a situação de escolha ba-
seada simplesmente em uma noção neutra de racionalidade, e isto porque ela pressupõe uma
concepção de sociedade bem-ordenada (well-ordered society) e pessoa (person) que possui uma
compreensão do que é justo. Ver Baynes, 1992, p.125-35.
14 Adina Schwartz defende o posicionamento que a teoria da justiça como eqüidade é mais teleoló-
gica do que Rawls gostaria de admitir. Isto porque há premissas teleológicas que subjazem à po-
sição original sob o véu da ignorância, como se mostra pela presença dos juízos particulares de
justiça (our judgments of justice) no método do equilíbrio reflexivo (reflective equilibrium).
Schwartz, 1973, p.294-8.
15 Charles Taylor defende a idéia de que toda teoria que estabelece a prioridade do justo em relação
ao bem, encontra-se fundamentada em uma concepção de bem, pois o que estabelece a obriga-
toriedade de estabelecer certos procedimentos é uma certa compreensão da vida humana em
uma doutrina antropológica e, sendo assim, em uma concepção específica de bem (Taylor, 1988,
p.33-56).
16 Stéphane Chauvier aponta que o motivo para introduzir uma noção como a de bens primários pos-
sui uma dupla exigência de neutralidade e de compatibilidade com a responsabilidade individual
que pesa sobre a teoria liberal de justiça social. Ver Chauvier, 2004, p.70.
17 Paul Ricoeur defende a idéia de que a teoria deontológica usada por Rawls não é desprovida de
perspectivas teleológicas, pois na posição original, embora não se saiba sobre sua concepção de
bem, já se sabe que os indivíduos preferem ter mais bens sociais em relação a ter menos. Ver em
Ricoeur, 1990, p.557.
Modelo Procedimental/Substancial
18 Ver o texto de Samuel Freeman sobre a congruência do direto (right) e bem (good) e seus limites
em “Congruence and the Good of Justice” (Freeman, 2003, p.277-315).
19 Em Justice as Fairness (JF), Rawls trata da noção de consenso sobreposto e conclui afirmando
que (1) não há garantia de que a justiça como eqüidade possa alcançar o apoio de um consenso
sobreposto, dadas as visões abrangentes existentes em sociedade, mas (2) quer articular uma
concepção de justiça para um regime constitucional que seja defensável em si mesma e também
que possa ser endossada por todos (JF I, §11, p.37-8). Rawls, 2001.
20 Brian Barry defende o argumento de uma circularidade não-viciosa em Rawls, em que o critério
da aceitabilidade razoável de princípios confere uma certa substância à idéia de igualdade fun-
damental ao mesmo tempo em que deriva dessa mesma idéia. É a idéia de uma sociedade bem-
ordenada como sendo aquela que a igualdade humana fundamental é reconhecida pela partes.
Ver Barry, 1995, p.8.
21 PL V, 5.3, p.192: “Justice as fairness is not procedurally neutral. Clearly its principles are substan-
tive and express far more than procedural values, and so do its political conceptions of society
and person, wich are represented in the original position”.
22 Analisando a circularidade de TJ, em que, nas partes da Theory e Institutions, utiliza-se da justiça
como princípio e, na parte que trata dos Ends, trata da justiça como virtude, percebe-se uma cir-
cularidade que aponta para uma aproximação entre a ética deontológica e a ética das virtudes.
Isso porque o princípio da justiça passa a ser compreendido enquanto uma virtude moral, entre-
tanto, esta virtude não vai além de sua função orientadora, o que não resulta em uma fundamen-
tação tradicional da esfera da justiça. Creio que é possível pensar em uma complementaridade
entre uma ética dos princípios e uma ética das virtudes, interpretando a virtude moral como uma
outra face do princípio moral que possui a função de lhe confirmar a validade.
25 A teoria da justiça como eqüidade se ocupa dos princípios que vão orientar a estrutura básica da
sociedade e não as escolhas de nível privado, princípios esses que se constituem como objeto de
uma teoria de justiça social.
26 PL VII, 9, p.285: “A purely procedural theory that contained no structural principles for a just so-
cial order would be of no use in our world, where the political goal is to eliminate injustice and to
guide change toward a fair basic structure. A conception of justice must specify the requisite
structural principles and point to the overall direction of political action”.
27 Habermas, 1995. A primeira objeção de Habermas é a dúvida se o esquema da posição original é
adequado para assegurar a imparcialidade de princípios de justiça deontológicos. Em segundo
lugar, destaca que Rawls deveria separar as questões de aceitação. Fica a suspeita de que a neu-
tralidade de sua concepção de justiça política frente às concepções de mundo invalidaria a pre-
tensão de validade cognitiva. Em terceiro lugar, para Habermas, essas duas decisões estratégicas
têm como conseqüência uma construção de um Estado de direito que coloca os direitos básicos
liberais sobre o princípio democrático de legitimação, invalidando sua tentativa de conciliação
entre as liberdades dos modernos e as liberdades dos antigos.
28 Segundo Álvaro de Vita não é necessário recorrer ao mecanismo contratual da posição original
para assegurar a validade dos princípios de justiça em uma sociedade bem-ordenada, mas, que é
a própria sociedade bem-ordenada que oferece a validade a respeito dos princípios de justiça
através da tradição democrática que oferece consensos básicos a respeito da justiça. Cf. Vita,
1993, p.34-5.
29 Nythamar de Oliveira argumenta na mesma direção, afirmando que o procedimento contratual de
inspiração kantiana utilizado por Rawls possibilita a articulação entre uma concepção substanti-
va de justiça e uma concepção procedimental de justiça a partir da própria concepção de “socie-
dade democrática liberal”, significando a noção de sociedade e de sua estabilidade. Ver em Oli-
veira, 1999, p.174. É importante ressaltar que a teoria da justiça como eqüidade defende uma co-
originilidade entre a autonomia pública e privada, estabelecendo uma complementaridade entre
a liberdade dos antigos e a liberdade dos modernos.
30 O que está em questão, para Rawls, é a elaboração de uma teoria política e não-metafísica que
engloba posições universais com preocupações particulares. Esta é a interpretação de Cathérine
Audard, ao analisar a autonomia doutrinal em Rawls, apontando que o trabalho do filósofo é o de
construir uma teoria da justiça que seja plenamente autônoma e adaptada às condições da demo-
cracia, a fim de que os princípios de justiça sejm adotados pelos cidadãos livres e iguais, racio-
nais e razoáveis. Ver Audard, 2004, p.21.
31 Segundo Loparic “(...) cabe reexaminar, parece-me, o sentido em que se pode continuar falando
em filiação kantiana da filosofia prática de Rawls” (Loparic, 1998, p.85).
32 Ver o capítulo “L’universalisme et la diverité des peuples”, em que Bertrand Guillarme analisa as
características do universalismo na teoria da justiça como eqüidade rawlsiana e seu respeito pe-
las culturas locais e diversidade. (Guillarme, 1999, p.258-88).
33 Norman Daniels interpreta que em PL, a justiça como eqüidade está baseada em um ponto de
vista político independente “freestanding view”, em que é possível o consenso sobreposto sobre
doutrinas abrangentes. Ver Daniels, 2000, p.136-7.
SILVEIRA, Denis Coitinho. John Rawls Theory of Justice: between liberalism and co-
munitarism. Trans/Form/Ação, (São Paulo), v.30(1), 2007, p.169-190.
■ ABSTRACT: The aim of his article is to characterize the John Rawls’s theory of
justice as fairness developed in A Theory of Justice (1971), Political Liberalism
(1993), Replay to Habermas (1995) and Justice as Fairness: A Restatement
(2001), with a view to identifying the convergent points between deontological
conception with teleological characteristics and identify a substantive concep-
tion of justice, not purely procedural, which is universalist albeit not transcen-
dental, making possible an approach between communitarian and liberal ethical
theories.
■ KEYWORDS: justice as fairness, deontological/teleological, procedural/substan-
tive, John Rawls.
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wls. Lanham and Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 2000, p.127-154.
o medo da incomensurabilidade
Os funcionamentos e as capacidades são diversos, como de fato devem ser, porque tratam de
diferentes aspectos de nossa vida e nossa liberdade. Esse é, naturalmente, um fato comum e corrente,
mas existe uma tradição tão longa, em partes da economia e da filosofia política, tratando uma
característica supostamente homogênea (como a renda ou a utilidade) como a única “coisa boa” que
poderia ser facilmente maximizada (quanto mais, melhor) que há certo nervosismo em enfrentar um
problema de avaliação envolvendo objetos heterogêneos, assim como a avaliação das capacidades e dos
funcionamentos.
A tradição utilitarista, que trabalha no sentido de reduzir todas as coisas valiosas a algum tipo de
magnitude supostamente homogênea de “utilidade”, contribuiu bastante para essa sensação de
segurança em “contar” exatamente uma coisa (“aqui há mais ou menos?”), e também ajudou a gerar a
suspeita sobre a tratabilidade de “julgar” as combinações de muitas coisas boas distintas (“esta
combinação é mais ou menos valiosa?”). E, no entanto, qualquer problema sério de avaliação social
dificilmente poderia escapar da acomodação de pluralidades de valores, como tem sido discutido,
sobretudo por Isaiah Berlin e Bernard Williams.13 Não podemos reduzir tudo o que temos razão para
valorizar a uma magnitude homogênea. Na verdade, há muita diversidade dentro da própria utilidade
(como Aristóteles e John Stuart Mill observaram), mesmo que se tenha decidido ignorar, na avaliação
social, qualquer coisa distinta da utilidade.i
Se a longa tradição do utilitarismo, com sua suposição da utilidade homogênea, contribuiu para essa
sensação de segurança derivada de uma homogeneidade comensurável, o uso maciço do produto
nacional bruto (pnb) como o indicador da condição econômica de uma nação também fez sua contri‐
buição nesse sentido. As propostas para emancipar os indicadores econômicos da dependência exclusiva
do pnb tendem a gerar a preocupação de que, se tivermos diversos objetos para julgar, não teremos a
sensação de tranquilidade que acompanha a mera verificação de alta ou queda do pnb. Mas os
exercícios sérios de avaliação social não podem evitar, de uma ou outra forma, tratar da valorização dos
diversos objetos que podem competir por atenção (além de se complementar entre si, em muitos casos).
T. S. Eliot foi perspicaz ao observar (em “Burnt Norton”) que “a espécie humana não consegue suportar
muita realidade”,14 mas a humanidade deveria ser capaz de enfrentar um pouco mais de realidade do
que o retrato de um mundo em que só há uma coisa boa.
A questão tem sido por vezes associada à da “incomensurabilidade” — um conceito filosófico muito
utilizado que parece despertar ansiedade e pânico entre alguns especialistas em avaliação. As
capacidades são claramente não comensuráveis, pois são irredutivelmente diversas, mas isso não nos diz
muita coisa sobre quão difícil — ou fácil — seria julgar e comparar diferentes combinações de
capacidades.15
O que é exatamente a comensurabilidade? Dois objetos distintos podem ser considerados
comensuráveis se são mensuráveis em unidades comuns (como dois copos de leite). A
incomensurabilidade está presente quando várias dimensões de valor são irredutíveis umas às outras.
No contexto da avaliação de uma escolha, a comensurabilidade requer que, na avaliação de seus
resultados, possamos ver os valores de todos os resultados relevantes em exatamente uma dimensão —
medindo o significado de todos os resultados distintos em uma escala comum —, de modo que para
decidir o que seria melhor fazer não precisemos ir além de “contar” o valor total nessa métrica
homogênea. Dado que os resultados são todos reduzidos a uma dimensão, só precisamos verificar o
quanto de “uma única coisa boa”, à qual cada valor é reduzido, cada respectiva opção fornece.
Decerto não é provável que tenhamos mais problemas para escolher entre duas alternativas: cada
uma das quais oferece exatamente a mesma coisa boa, mas uma oferece mais do que a outra.
Concordamos que esse seja um caso trivial, mas a crença de que sempre que o problema de escolha não
for tão trivial teremos “muita dificuldade” para decidir o que devemos sensatamente fazer parece
particularmente fraca (é tentador perguntar, quão “caprichoso” você pode chegar a ser?). Com efeito, se
a contagem de um conjunto de números reais é tudo o que poderíamos fazer para raciocinar sobre o
que escolher, então não haveria muitas opções que pudéssemos escolher de forma sensata e inteligente.
Se estivermos decidindo entre a compra de diferentes cestas de mercadorias, ou escolhendo o que
fazer em um feriado, ou decidindo em quem votar em uma eleição, estaremos inescapavelmente
envolvidos em avaliar as alternativas com aspectos incomensuráveis. Qualquer pessoa que tenha ido às
compras sabe que tem de escolher entre os objetos não comensuráveis — as mangas não podem ser
medidas em unidades de maçãs, nem o açúcar ser reduzido a unidades de sabão (apesar de eu ter
ouvido alguns pais me dizerem que o mundo seria muito melhor se fosse assim). A
incomensurabilidade dificilmente constitui uma descoberta notável no mundo em que vivemos. E não
precisa, por si só, tornar muito difícil fazer escolhas sensatas.
Por exemplo, submeter-se a uma cirurgia e desfrutar de uma visita a um país estrangeiro são duas
realizações nada comensuráveis, mas uma pessoa pode não ter muito problema em decidir qual seria a
mais valiosa em sua situação, e esse juízo pode naturalmente variar de acordo com o que ela sabe sobre
seu estado de saúde e quais são seus outros interesses. Às vezes a escolha e a ponderação podem ser
difíceis, mas não há aqui nenhuma impossibilidade geral de fazer escolhas arrazoadas baseadas em
combinações de objetos diversos.
Fazer escolhas com recompensas incomensuráveis é como falar em prosa. Em geral, não é
particularmente difícil falar em prosa (mesmo que M. Jourdain em O burguês fidalgo, de Molière,
pudesse se maravilhar com nossa destreza para realizar uma façanha tão exigente). Mas isso não nega o
reconhecimento de que falar pode às vezes ser muito difícil, não porque se expressar em prosa seja, por
si só, árduo, mas porque essa fala fica difícil, por exemplo, quando somos arrebatados pelas emoções. A
presença de resultados incomensuráveis apenas indica que as decisões envolvendo alternativas não
serão triviais (redutível apenas a contar os “mais” e os “menos”), mas não indica, de forma alguma, que
seja impossível — ou mesmo que deva sempre ser particularmente difícil.
Acredito que essa advertência contra a visão de alguém como mero membro de um grupo ao qual
pertence (Marx protestava aqui contra o Programa de Gotha, do Partido Operário Alemão, que
considerava os trabalhadores “apenas como trabalhadores”) é particularmente importante no atual
clima intelectual em que os indivíduos tendem a ser identificados como pertencentes a uma só categoria
social com exclusão de todas as outras (“nada mais se vê neles”), como um muçulmano ou cristão ou
hindu, um árabe ou judeu, um hutu ou tutsi, ou um membro da civilização ocidental (quer a vejamos
inevitavelmente em choque com outras civilizações ou não). Os seres humanos individuais, com suas
diversas identidades plurais, suas múltiplas filiações e suas diversas associações são criaturas
essencialmente sociais, com diferentes tipos de interações sociais. As propostas para ver uma pessoa
apenas como membro de um grupo social tendem a basear-se em uma compreensão inadequada da
amplitude e complexidade de qualquer sociedade no mundo.r