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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL:

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL


os princípios que regem o Direito Penal, importante lembrar que o princípio é o fundamento de
uma norma jurídica. Ou seja, são os pilares que sustentam o Direito e que não estão definidas
em nenhum Lei.
Eles inspiram os legisladores ou outros agentes responsáveis pela criação da norma, a
tratarem de certos assuntos por causa de certos motivos.

PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA: O Estado e o Direito não são fins e sim meios para a
realização da dignidade humana.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E ANTERIORIDADE: A lei deve ser anterior ao fato ocorrido, o


qual é passível de sanção penal por parte do Estado.
Conforme inciso XXXIX, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988 (CF): “Não há crime sem
lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE: Proíbe que normas posteriores ao fato em questão


causem prejuízos ao acusado. Decorre do princípio da anterioridade, ou seja, a lei penal não
atinge fatos do passado, a não ser quando for em benefício do agente.
Artigo 2º do Código Penal: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória”.

PRINCÍPIO DA EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL: Em alguns casos, a lei penal, mesmo


após sua revogação, continua regulando atos cometidos durante a sua vigência ou retroage
para alcançar acontecimentos anteriores à sua entrada em vigor. Isso se dá quando for em
benefício do agente.

PRINCÍPIO DA ALTERIDADE: O Direito Penal não incriminará aquele que praticar atitude que
não ofenda o bem jurídico.
Por esse princípio, não é possível punir a autolesão, por exemplo, não podendo o agente
cometer crime contra si mesmo.

PRINCÍPIO DA CONFIANÇA: Parte do pressuposto de que todos os indivíduos ajam de


acordo com as regras e normas existentes.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: O Direito Penal não deve se ocupar com fatos irrisórios ou
bagatelas. Não deve ser acionado por conta de fatos sem relevância jurídica, os chamados
fatos atípicos.
Ou seja, só pode ser punido o ato que causar lesão efetiva e relevante ao bem jurídico.

PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: Só a lei pode determinar quais condutas serão tipificadas
como crimes.

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: O direito penal só deve intervir quando nenhum


outro ramo do Direito puder dar resposta efetiva à sociedade, atuando como última instância.

PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: O Direito Penal somente é chamado a tutelar as


lesões de maior gravidade para os bens jurídicos.

PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE: Para que haja crime, é necessário que


haja lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico.

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: A imposição da sanção penal para cada


agente deve ser analisada e graduada individualmente, ainda que todos respondam pela
mesma infração.

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: Nenhuma pena passará da pessoa do


condenado. Nesse sentido, o pai não pode ser preso em razão de infração cometida pelo filho.
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE: É inconstitucional qualquer pena ou consequência que atente
contra a dignidade humana. Por isso proibe-se penas cruéis e infamantes, utilização de tortura
e maus-tratos.

PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM: Aplicável em matéria de eficácia de lei penal no tempo,
ou seja, a lei a ser aplicada é a lei vigente ao tempo do fato.

PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: A norma especial afasta a aplicação da norma geral.

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: A norma mais ampla (primária) absorve a menos ampla


(secundária).
A norma será considerada principal quando descreve um grau maior de lesão ao bem jurídico.
Resta, assim, a aplicação da subsidiária somente quando a principal não incidir.

PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO: O fato mais grave absorve outros menos graves. Isso quando
estes funcionam como meio necessário ou fase normal de preparação ou execução, ou mero
exaurimento de outro crime.

PRINCÍPIO NE BIS IN IDEM: Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. A pena
cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas.
Ou nela é computada, quando idênticas.

LEI PENAL NO TEMPO


Para Luiz Antônio de Souza (2014), ao período compreendido entre a publicação de uma Lei e
sua vigência dá-se o nome de vacatio legis. Na falta de estipulação expressa, a regra é
a vacatio legis de 45 (quarenta e cinco) dias.
Dessa forma, tem-se que a lei penal passa a vigorar na data indicada em seu conteúdo. Em
caso de omissão, 45 dias após sua publicação no território nacional e em 03 meses no
estrangeiro. A Lei penal também pode ser temporária, com prazo de vigência descrito em seu
conteúdo.
Quando leis penais que tratam do mesmo assunto, mas de modo diverso, sucedem-se no
tempo, havendo necessidade de decidir qual é a aplicável temos um Conflito Intertemporal.
A questão será resolvida pela junção de dois princípios: o da irretroatividade da lei mais severa
e o da retroatividade da lei mais benéfica.
Sobre os crimes permanentes e continuados temos a Súmula 711 do STF que dispõe:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência” STF
Não sabe o que é crime permanente ou crime continuado? Veja o que diz Luiz Antônio de
Souza (2014):
“Crime permanente é aquele cujo momento consumativo se alonga, protrai-se, perdura
no tempo.
Crime continuado é quando o agente pratica 2 ou mais crimes da mesma espécie em
condições semelhantes, sendo os crimes subsequentes tidos como uma continuação
do primeiro.” Luiz Antônio de Souza

TEMPO DO CRIME E LUGAR DO CRIME


Existem várias teorias acerca do momento (tempo) do crime, mas o Código Penal Brasileiro
adotou a teoria da atividade, que dispõe: “Considera-se praticado o crime no momento da ação
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”.
Aos crimes cometidos em território nacional será aplicada a legislação pátria. Além disso,
Código Penal prevê a territorialidade por extensão.
Ou seja, crimes cometidos no estrangeiro em alguns locais são considerados extensão do
território nacional (CPB – § 1º do artigo 5º). Veja quais são esses locais:
• Embarcações e Aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem.
• Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Além disso, é possível que alguém cometa um crime fora do território nacional e, ainda assim,
responda pela lei brasileira. Como?
A esse fato damos o nome de extraterritorialidade, com previsão no artigo 7º do CP.
Entre as hipóteses estão os seguintes crimes:
• Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
• Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público;
• De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.

FATO TÍPICO
O Crime é um fato típico que atenta contra a lei moral. É um ato antijurídico passível de
sanções penais previstas em lei.
São elementos do fato típico:
1. Conduta;
2. Resultado;
3. Nexo causal ou relação de causalidade;
4. Tipicidade.

CONDUTA: ação que é praticada por ser humano, é um ato voluntário e consciente. É a
maneira do ser humano agir em sociedade, com determinada finalidade. Depende da
voluntariedade, consciência, dolo ou culpa e ação ou omissão.
RESULTADO: delitos penais geram consequências jurídicas. Portanto, para que haja crime é
necessário que o resultado da conduta esteja previsto em lei.
NEXO DE CAUSALIDADE: é o elo entre a conduta e o resultado pretendido pelo agente
praticante da ação. Estabelecer nexo de causalidade nada mais é do que identificar qual é a
conduta que deve responder por um resultado.
TIPICIDADE: é o fato praticado que está previsto no CP. Se enquadra plenamente na
descrição penal. Trata-se de estabelecer a ligação fato-tipo (contido na norma penal
incriminadora), ou seja, é ligar a conduta praticada por alguém ao tipo penal.

CRIME CONSUMADO E TENTADO


CRIME CONSUMADO: quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Ou
seja, quando a conduta do agente encontra integral correspondência com o tipo penal previsto
em lei.
CRIME TENTADO: quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Ilicitude (ou antijuridicidade) é a contradição do fato com o ordenamento jurídico, constituindo
a lesão de um interesse penalmente protegido.
As causas legais de exclusão da ilicitude estão no artigo 23 do Código Penal. Quando o agente
pratica o fato baseado em cada uma dessas circunstâncias, não há crime. Entenda cada uma
delas:
Estado de Necessidade: considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Legítima Defesa: entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Cumprimento do Dever Legal: é toda obrigação direta ou indiretamente derivada de lei em
sentido amplo. E se alguém age cumprindo estritamente esse dever legal, não poderá
responder por crime.
Exercício Regular de Direito: se o ordenamento jurídico atribui determinado direito a alguém
e esse o exerce regularmente, não haverá crime, estando excluída a ilicitude da conduta.

EXCESSO PUNÍVEL
Na modalidade culposa, o agredido, após cessar a injusta agressão, age de forma negligente,
imprudente ou imperita e, dessa forma, dá continuidade à sua “defesa”. Já na modalidade
dolosa, o agredido decide por vontade livre e consciente continuar a “defesa” após cessada a
injusta agressão.

CRIMES CONTRA A PESSOA


São aqueles que mais imediatamente afetam a pessoa (ente humano). Os bens físicos ou
morais que eles ofendem ou ameaçam estão intimamente consubstanciados com a
personalidade humana. Tais são: a vida, a intangibilidade corpórea (integridade corporal), a
honra e a liberdade do indivíduo.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


São aqueles que atentam diretamente contra o patrimônio de uma pessoa ou organização.
Considera-se patrimônio de uma pessoa física ou organização os seus bens, o poderio
econômico e, entre outros, a universalidade de direitos que tenham expressão econômica para
seu proprietário.

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA


São aqueles que possuem como sujeito passivo (ou vítima), o coletivo, pois não há
necessariamente uma vítima em específico, pode - se dizer, então, que estes crimes atuam
diretamente contra o Estado.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


São os crimes tipificado com praticados por agente públicos.
Os crimes são:
Peculato: Crime que consiste na subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro
público ou de coisa móvel apreciável, para proveito próprio ou alheio, por funcionário público
que os administra ou guarda; abuso de confiança pública. Pena: Reclusão, de dois a doze
anos, e multa.
Modificação ou alteração não autorizada de sistemas de informações: Consiste na
conduta de "modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de
informática sem autorização ou solicitação da autoridade competente". Pena: detenção, de
03 (três) meses a 02 (dois) anos, e multa.
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento: É um crime que só pode ser
praticado por quem tenha a guarda do documento. Além de ser um crime próprio, é também de
mão própria, porque exige do criminoso um perfil especial. Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos, se
o fato não constitui crime mais grave
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas: Este delito refere-se às pessoas
políticas que lidam com verbas públicas obtidas por tributos ou multas. Pena: Detenção,
de 1 a 3 meses, ou multa
Concussão: É a atitude de uma pessoa que tem ou vai assumir um cargo público, e
utiliza esse cargo de alguma forma para exigir, para si ou para outro, algum tipo de
vantagem indevida. O crime de concussão se parece muito com o crime de
Corrupção Passiva, tema já tratado aqui no direito fácil. Pena: Reclusão, de dois a oito
anos, e multa
Excesso de Exação: é um crime típico do funcionário público contra a administração
pública, definido no Código Penal como um subtipo do crime de concussão. Se dá quando
um funcionário público exige um pagamento que ele sabe, ou deveria saber, que é
indevido. Pena: Reclusão, de 3 a 8 anos, e multa ou; Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa
(em próprio proveito)
Corrupção Passiva: é um dos crimes praticados por funcionário público contra a
administração em geral. A corrupção pode ser de dois tipos: ativa, quando se refere ao
corruptor; ou passiva, que se refere ao funcionário público corrompido. Pena: Reclusão, de
2 a 12 anos, e multa

INQUÉRITO POLICIAL

ORIGEM
Grécia antiga (Atenas) – apuração probidade individual e familiar dos magistrados Roma –
“inquisito” poder dado à vítima pelo magistrado para investigar o crime “O surgimento do
inquérito no direito brasileiro se deu com a reforma processual de 1871, por meio da Lei nº
2.003, cujo regulamento nº 4.828, em seu art. 42, estabelecia que o inquérito consiste na
realização de “todas as diligências necessárias para o descobrimento dos factos criminosos, de
suas circunstâncias e dos seus autores e cúmplices”. Por meio da reforma processual de 1871,
o processo penal brasileiro rompeu com o “policialismo judiciário” que havia se instalado 30
anos antes, em 1841, e que atribuía funções judiciárias à polícia. Assim, com a reforma
processual, a polícia assumiu funções puramente investigatórias, desenvolvidas no âmbito
desse procedimento que passou a se chamar inquérito policial”.

NATUREZA
Trata-se de uma instrução provisória, preparatória e informativa, em que se colhem elementos
por vezes difíceis de obter na instrução judiciária, como auto de flagrante, exames periciais,
entre outros.

CONCEITO
O inquérito policial é um procedimento administrativo informativo, destinado a apurar a
existência de infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de
elementos suficientes para promovê-la.

FINALIDADE
Seu destinatário imediato é o Ministério Público (nos crimes de ação penal pública) ou o
ofendido (nos crimes de ação penal privada), que com ele formam a sua opinio delicti para a
propositura da denúncia ou queixa. Por outro lado, o inquérito tem como destinatário mediato o
Juiz, que nele também pode encontrar fundamentos para julgar.
O inquérito policial não se confunde com a instrução criminal. Por essa razão, não se aplicam
ao inquérito os princípios do processo penal, nem mesmo o contraditório, pois o inquérito não
tem finalidade punitiva, mas apenas investigativa. O que se assegura, unicamente, é a
possibilidade da vítima e do indiciado fazerem requerimentos ao delegado, as quais poderão
ou não ser atendidos.

CARACTERÍSTICAS
O inquérito policial é: obs: sempre de caráter INQUISITIVO

• DISCRICIONÁRIO: a polícia tem a faculdade de operar ou deixar de operar dentro de


um campo limitado pelo direito. Por isso, é lícito à autoridade policial deferir ou indeferir
qualquer pedido de prova feito pelo indiciado ou pelo ofendido (art. 14/CPP), não
estando sujeita a autoridade policial à suspeição (art. 107/CPP). O ato de polícia é
autoexecutável, pois independe de prévia autorização do Poder Judiciário para a sua
concretização jurídico material.
• ESCRITO: porque é destinado ao fornecimento de elementos ao titular da ação penal.
Todas as peças do inquérito serão, em um só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade (art. 9º /CPP).
• SIGILOSO: pois só assim a autoridade policial pode providenciar as diligências
necessárias para a completa elucidação do fato sem que lhe seja posto empecilhos
para impedir ou dificultar a colheita de informações, com ocultação ou destruição de
provas, influência sobre testemunhas etc. Por isso, dispõe a lei que "a autoridade
assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade" (art. 20/CPP). Tal sigilo não se estende ao Ministério Público,
que pode acompanhar os atos investigatórios, nem ao Poder Judiciário. O advogado só
pode ter acesso ao inquérito policial quando possua legimitatio ad procedimentum e,
decretado o sigilo, em segredo de Justiça, não está autorizada sua presença a atos
procedimentais, diante do princípio da inquisitoriedade que norteia nosso Código de
Processo Penal quanto à investigação. Pode, porém, manusear e consultar os autos
findos ou em andamento (art. 7º, XIII e XIV, do EOAB). Diante do art. 5º, LXIII, da CF,
que assegura ao preso a assistência de advogado, não há dúvida que poderá o
advogado, ao menos nessa hipótese, não só consultar os autos de inquérito policial,
mas também tomar as medidas pertinentes em benefício do indiciado. Com a edição
da súmula vinculante nº 14, garantiu-se ao advogado o amplo acesso aos elementos
de prova colhidos durante o procedimento investigatório, desde que já documentados,
a fim de que o seu representado possa exercer seu direito de defesa.
• INDISPONÍVEL: porque uma vez instaurado regularmente, em qualquer hipótese, não
poderá a autoridade arquivar os autos (art. 17/CPP).
• OBRIGATÓRIO: na hipótese de crime apurável mediante ação penal pública
incondicionada, a autoridade deverá instaurá-lo de ofício, assim que tenha notícia da
prática da infração (art. 5º, I, do CPP).

INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL


O inquérito policial pode começar:

• de ofício, por portaria ou auto de prisão em flagrante;


• requisição do Ministério Público ou do Juiz;
• por requerimento da vítima;
• mediante representação do ofendido.

CARACTERÍSTICAS

CARÁTER INQUISITIVO: A investigação é conduzida pela autoridade policial com


discricionariedade e segundo sua conveniência. Não há contraditório. “... quer agindo
discricionariamente, quer atuando estritamente vinculada à lei, mantém a autoridade policial ao
réu, como objeto de investigação, e não como sujeito ou titular de direitos.” (José Frederico
Marques)

FUNDAMENTO
O inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não podendo ficar a
cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja atribuída ao ofendido. Parte do
princípio da legalidade ou obrigatoriedade da ação penal pública.

TITULARIDADE
O inquérito policial é um procedimento administrativo que tem como objetivo a apuração da
existência de uma infração para preparar uma possível ação penal. O objetivo é encontrar
indícios de autoria e materialidade do crime.

GRAU DE COGNIÇÃO
No processo penal há três diferentes níveis de cognição, segundo se busque um juízo de
possibilidade, de probabilidade ou de certeza.
Já para o início de uma ação penal, é necessário tão somente um juízo de probabilidade, que
seria o predomínio das razões positivas que afirmam a existência do delito e sua autoria.

VALOR PROBATÓRIO
Há duas correntes:

1ª CORRENTE: apenas uma peça meramente informativa, o qual coloca o Ministério Público
ao par do fato delituoso.
2ª CORRENTE: o juiz pode basear o seu livre convencimento nas peças do inquérito, no
entanto, existe necessidade de que o mesmo tenha sido bem elaborado, com os atos
investigatórios realizados de maneira legal, sem falhas e omissões. As provas colhidas na fase
policial, porém, serviram de base ao livre convencimento do juiz, no entanto, não poderão
entrar em contradição com as provas colhidas na instrução.

FORMAS DE INSTAURAÇÃO
O inquérito policial é instaurado quando existe a notícia de um crime (vítima ou terceiro
informa) e em casos de flagrante delito. Este não será instaurado nos crimes de ação pública
condicionada a representação ou privada quando não houver iniciativa do ofendido.

NOTITIA CRIMINIS
A Notitia Criminis é o meio pelo qual a autoridade policial toma ciência de um delito e, em
consequência, instaura o inquérito policial. O conhecimento se dá através de denúncia
anônima, notícias ou informações da própria polícia, ou ainda quando um juiz faz uma
requisição para a sua instauração.
DELATIO CRIMINIS
Trata-se de uma espécie de notitia criminis, consubstanciada pela comunicação de uma
infração penal feita à autoridade policial por qualquer pessoa do povo.

NOTITIA CRIMINIS X DELATIO CRIMINIS


Consiste na faculdade a qualquer do povo de levar à Autoridade Policial uma notitia criminis,
sendo vedado o anonimato. E há a Delatio Criminis Postulatória quando além da
comunicação de um fato supostamente criminoso há a solicitação de providências do Estado-
Investigação para punir o seu responsável.

PROCEDIMENTO INVESTIGATIVOS
Diante da notitia criminis, a autoridade policial deverá instaurar o inquérito policial para
investigação do crime. A existência de causa excludente de antijuridicidade não impede a
instauração. A antijuridicidade só poderá ser apreciada após a denúncia, ou quando da
oportunidade para seu oferecimento, não sendo lícito antes disso trancar-se o inquérito policial
sob alegação de que a prova nele produzida induz a inexistência de relação jurídico-material,
em verdadeiro julgamento antecipado do indiciado.

INDICIAMENTO
Indiciamento nada mais é do que o juízo de valor da Autoridade Policial sobre determinada
infração penal atribuindo-a ao investigado que, a partir desse momento, passa a figurar a
condição de "indiciado". Numa definição mais técnica indiciar é atribuir a autoria (ou
participação) de uma infração penal a uma pessoa.
garantias do investigado.
O Inquérito Policial garante ao investigado direito de não ser submetido a um processo criminal
infundado. Trata se de uma arma contra as ações penais temerárias atendendo aos
mandamentos constitucionais

CONCLUSÃO
Esgotado o prazo previsto, ou antes disso, se concluídas as investigações, o inquérito
policial será encerrado e encaminhado ao juiz. A autoridade fará minucioso relatório do que
tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.

PROVA
A prova é o ato que busca comprovar a verdade dos fatos, afim de instruir o julgador. Busca
reconstruir um fato passado, através das provas, buscando a verdade dos fatos.
É todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua
finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. Elemento de prova: todos
os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz (Tourinho).

PRESERVAÇÃO DO LOCAL DE CRIME


A correta e fidedigna preservação do local de crime possui vital importância no que concerne à
investigação criminal, em decorrência de ter o potencial de apresentar a materialidade do
delito, fornecendo elementos relevantes para se chegar à sua autoria, a partir de
conhecimentos multidisciplinares, com envolvimento da atividade prática e profissional do
policial militar, que normalmente, é o primeiro profissional a chegar ao local, do perito criminal,
que possui conhecimento científico, e, também, do delegado de polícia que coordena essa
equipe, com seus conhecimentos de técnica de investigação e jurídicos, muito necessários ao
esclarecimento do evento criminoso.

REQUISITOS E ÔNUS DA PROVA

REQUISITOS: Os requisitos para a admissibilidade da prova emprestada no processo penal


são: a existência das mesmas partes em ambos os processos, o mesmo fato probando, o
respeito a disciplina normativa que rege a produção probatória e o respeito ao contraditório
no processo emprestante.
ÔNUS: De acordo com o art. 156 do CPP, “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer,
sendo, porém, facultado ao juiz de ofício.
Vê-se, pois, que é equivocada a alegação no sentido de que o ônus da prova criminal cabe ao
autor.
NULIDADE DAS PROVAS
A nulidade no Processo Penal pode ser conceituada como um defeito jurídico que torna
inválido ou destituído de valor de um ato ou o processo, total ou parcialmente. ... O Código
de Processo Penal, regula as nulidades nos artigos 563 a 573.

DOCUMENTOS DA PROVA
A prova documental, na própria redação do caput do art. 232 do Código de Processo Penal,
seriam “documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares”.

RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS


Trata-se de diligência cuja finalidade é verificar se o reconhecedor tem condições de afirmar
que a pessoa ou coisa a ser reconhecida já foi vista por ele em ocasião pretérita, identificando
ou não a pessoa ou objeto

ACAREÇÃO
A acareação é um procedimento previsto tanto no Código de Processo Civil quanto no Código
de Processo Penal, cuja finalidade é a apuração da verdade, por meio do confronto entre
partes, testemunhas ou outros participantes de processo judicial, que prestaram informações
prévias divergentes.

INDÍCIOS
Segundo o Código de Processo Penal, considera-se indício a circunstância conhecida e
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra
ou outras circunstâncias.

BUSCA E APREENSÃO
A busca e apreensão é uma medida cautelar que tem como objetivo colher provas para
o processo penal afim de se chegar à verdade material. A maioria dos doutrinadores
consideram busca e apreensão como um único instituto.

RESTRIÇÃO DA LIBERDADE
A restrição da liberdade é uma medida nas ações penais, mas que devem ser aplicadas
motivadamente. Ou seja, precisam atender às condições legais e às finalidades do sistema
penal, não obstante devam observar os direitos e garantias fundamentais.

PRISÃO EM FLAGRANTE
A prisão em flagrante delito é uma das espécies de prisões processuais. Ou seja, uma das
medidas assecuratórias do processo. Contudo, é preciso, antes, observar as configurações do
flagrante delito, como exposto no Código de Processo Penal. Do mesmo modo, é preciso
identificar quem é o sujeito competente para a efetivação da prisão e qual o procedimento a ser
seguido.

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