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CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – CFSD 2023

Disciplina: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


EMENTA
• Princípios do Direito Penal; Conceito Analítico de Crime;
Lei Penal no Tempo; Tempo do Crime; Lugar do Crime;
Excludentes de Ilicitude; Iter criminis: crime tentado,
consumado e exaurido; Crime Impossível; Crime Doloso
e Culposo;
Crimes em espécie:
• Título I - Dos Crimes contra a Pessoa (Dos Crimes
contra a Vida; Das Lesões Corporais; Dos Crimes contra
a Honra, Dos Crimes contra a Liberdade Individual, Dos
Crimes contra a Inviolabilidade do Domicílio)
• Título II - Dos Crimes contra o Patrimônio (Do Furto; Do
Roubo e da Extorsão; Do Dano; Da Apropriação
Indébita; Da Receptação)
Crimes em espécie:
• Título XI – Dos Crimes contra a Administração Pública
(Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a
Administração em Geral; Dos Crimes Praticados por
Particular contra a Administração em Geral)
Conceito de Processo Penal; Princípios fundamentais:
Princípio do contraditório e da ampla defesa; Integridade
física e moral do preso, uso de algema e indevida
exposição; Direito ao silêncio; Direito à identificação dos
responsáveis pela sua prisão.
Conceito de Inquérito Policial; Ação Penal, conceitos e
espécies; Prisão em flagrante: funções, fases e espécies
de flagrante; Procedimento Comum Sumaríssimo: previsão
constitucional dos Juizados Especiais Criminais,
Competência dos Juizados Especiais Criminais, Termo
Circunstanciado e Situação de flagrância nas infrações de
menor potencial ofensivo.
Legislação Penal Especial: Lei nº 11.343/2006, artigos 28,
33 e 35 (Tráfico de Drogas); Lei nº 13.869, artigos 1º ao 3º,
13, 15, 16 e 22 (Abuso de autoridades); Lei nº 10.826/2003,
artigos 12 ao 20 (Estatuto do Desarmamento);
Princípios do Direito Penal
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

Princípio da legalidade: Não há crime sem lei anterior que o defina (princípio de reserva legal).
Não há pena sem prévia cominação legal (princípio da anterioridade).
Princípio da dignidade humana: o direito penal possui a função de descrever as condutas que
são definidas como crime, além de prescrever penas para quem nelas incorrer. Ocorre que é
necessário também frear o Estado em seu afã de punir, principalmente quando nos deparamos
diante de uma situação que causa comoção social.
Princípio da legalidade: não há crime sem lei que defina o fato como infração penal, e não há
pena sem cominação legal, trata-se de real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das
liberdades individuais.
Princípio da anterioridade: Em regra a lei penal é aplicada apenas à fatos posteriores à vigência
da norma penal.
Princípio da irretroatividade: decorre do princípio da anterioridade, ou seja, a lei penal não
atinge fatos passados
Obs.: Quando a norma for mais benéfica ao agente, é permitida a retroatividade da norma.

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Princípio da extra atividade da lei penal: Extra atividade é a possibilidade de a lei penal, depois
de revogada, continuar a regular fatos ocorridos durante a vigência (ultra atividade) ou retroagir
para alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor (retroatividade).

Princípio da alteridade: através deste princípio não é possível punir crimes cometidos contra si
mesmo.

Princípio da intervenção mínima: o Direito é a ultima ratio, ou seja, direito penal só deve
intervir quando nenhum outro ramo do Direito puder dar resposta efetiva à sociedade.

Princípio da lesividade: para que haja crime, é necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a
bem jurídico.

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Princípio da insignificância ou bagatela: só pode ser punido o ato que causar lesão efetiva e
relevante ao bem jurídico.

Princípio da individualização da pena: cada agente deve responder pela prática dos seus atos
individualmente, mesmo que que todos respondam pela mesma infração.

Princípio da responsabilidade pessoal: nenhuma pena passará da pessoa do condenado.

Princípio da humanidade: são proibidas penas cruéis e infamantes, utilização de tortura e


maus-tratos.

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Princípios da aplicação de normas

Princípio da especialidade: a norma especial afasta a aplicação da norma geral.


Princípio da subsidiariedade: A norma subsidiária descreve um grau menor de violação de um
mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos amplo e menos grave, que definido como delito
autônomo é também compreendido como parte da fase normal de execução de crimes mais
grave.
Assim, sendo cometido o fato mais amplo, duas normas incidirão, a que define o fato e a que
descreve apenas parte dele. A norma primária, que descreve o ‘todo’, absorverá a menos ampla
(a subsidiária), tendo em vista que, esta ‘cabe’ dentro da primeira.
Princípio da consunção: o fato mais grave absorve outros menos graves, quando estes
funcionam como meio necessário ou fase normal de preparação ou execução, ou mero
exaurimento de outro crime.
Princípio da alternatividade: Princípio aplicado quando a norma descreve várias formas de
realização da figura típica, onde a ação de uma ou de todas configura crime. São os chamados
tipos alternativos, que descrevem crimes de ação múltipla.

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Princípio ne bis in idem ou non bis in idem
Este princípio preconiza que ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Desta
forma, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Contagem de prazo
O art. 10 do CP estabelece a regra de contagem de prazo: “O dia do começo inclui-se no
cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. Portanto,
para os prazos de natureza penal deve ser incluído no cômputo, necessariamente, o dia do
começo.

Frações não computáveis da pena


Conforme previsão do art. 11 do CP, desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas
restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro (centavos).

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Conceito Analítico de Crime
INFRAÇÃO PENAL

Infração penal é gênero, sendo suas espécies: a) crime ou delito e b) contravenção.

Como diferenciar crime de contravenção?


De acordo com o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, “Considera-se crime a infração
penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente”.

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Conceito de crime

Há 3 conceitos aceitos de crime: conceito material; conceito formal; e conceito analítico.

● Conceito material: é a lesão ou exposição a perigo de bens jurídicos fundamentais para a vida
em sociedade;
● Conceito formal: é a conduta abstrata descrita no tipo.
● Conceito analítico (ou estratificado): enquanto alguns afirmam que crime é fato típico,
antijurídico e culpável (teoria tricotômica ou tripartida), outros entendem que crime é fato
típico e antijurídico, colocando a culpabilidade como pressuposto para a aplicação da pena
(teoria dicotômica ou bipartida).

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Sujeito ativo do crime: É aquele que, de forma direta ou indireta, realiza a conduta descrita no
tipo penal.
Coautoria x Coparticipação: Coautoria: Quando há mais de um autor. Coparticipação: Mais de
um partícipe (sujeito ativo que praticou indiretamente a forma do tipo penal).
Crime próprio x Crime de mão própria: Crime próprio: Quando o tipo penal exige um sujeito
ativo dotado de qualidade especial. Crime de mão própria: É necessário que o agente pratique
pessoalmente o crime.

Sujeito passivo
O sujeito passivo pode ser:
● sujeito passivo constante ou formal: é sempre o Estado por ser o responsável pelo
ordenamento penal e titular do ius puniendi;
● sujeito passivo eventual ou material: é o titular do bem jurídico penalmente protegido.

Objeto do crime
É o bem visado no momento do comportamento humano.

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FATO TÍPICO
São elementos fato típico: conduta; resultado; nexo causal ou relação de causalidade;
tipicidade.
Conduta: É a ação ou omissão humana, voluntária e consciente, dolosa ou culposa, dirigida a
determinada finalidade.
• Voluntariedade: A voluntariedade é requisito essencial da conduta. Sem voluntariedade não há
conduta tipicamente relevante.
• Consciência: Somente atos realizados de forma consciente merecem reprovação penal. Desta
forma, a conduta de quem age sem consciência será atípica.
• Dolo ou culpa: A conduta, para ser típica, deve ser dolosa ou culposa. Isso se deve à teoria finalista
da ação, adotada pelo Código Penal brasileiro. Não havendo dolo ou culpa por parte do agente, a
conduta será atípica.
• Crimes praticados por ação: são aqueles em que o núcleo do tipo determina um comportamento
positivo, um “fazer”. São os denominados crimes comissivos.
• Crimes praticados por omissão: são aqueles em que o agente deixa de fazer algo que a lei
determina” (dever jurídico de agir) e “que deveria ser feito no caso concreto”. São os denominados
crimes omissivos.

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Resultado

São duas as teorias aplicáveis ao resultado:


Teoria naturalística: para essa teoria, resultado é a transformação que a conduta criminosa
provoca no mundo exterior.
Teoria jurídica ou normativa: para essa teoria, resultado é a lesão (dano) ou ameaça de lesão a
um bem jurídico penalmente tutelado pelo ordenamento, ou seja, o resultado é aferido pela
ofensividade ou lesividade que a conduta apresenta a um bem jurídico.

Assim, podemos concluir: há crime sem resultado naturalístico, todavia, não há crime sem
resultado jurídico. Por essa razão que os crimes de bagatela são considerados atípicos penais,
pela ausência de resultado juridicamente relevante.
De acordo com a teoria naturalística (quanto ao resultado naturalístico), os crimes podem ser
materiais, formais ou de mera conduta.

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Crimes materiais: são aqueles que descrevem conduta e exigem produção de resultado
naturalístico para se aperfeiçoarem, ou seja, a consumação só é atingida com a produção do
resultado.
Crimes formais: são aqueles que descrevem conduta e resultado (o resultado está no tipo);
todavia, não se exige a produção do resultado para a consumação.
Crimes de mera conduta: são aqueles em que o legislador apenas descreve o comportamento
(a conduta), não existindo resultado naturalístico que o vincule.

De acordo com a teoria jurídica ou normativa (quanto ao resultado jurídico ou normativo), os


crimes podem ser de dano e de perigo.
Crimes de dano ou de lesão: aperfeiçoam-se com a efetiva lesão do bem jurídico.
Crimes de perigo: aperfeiçoam-se com a ocorrência da mera probabilidade de dano, ou seja, a
consumação se dá com a simples criação do perigo (que pode ser concreto – precisa ser
comprovado – ou abstrato, ou seja, presumido, quando não necessita demonstração).

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Nexo de causalidade
É o vínculo estabelecido entre conduta e resultado naturalístico. Estabelecer nexo de
causalidade nada mais é que identificar qual é a conduta ou as condutas que deverão responder
por um resultado naturalístico.

Teoria da equivalência dos antecedentes causais


O Código Penal adotou, no art. 13, caput, segunda parte, a teoria da equivalência dos
antecedentes causais (ou conditio sine qua non): “...Considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido”. Ou seja, é considerada causa de um crime toda conduta
que contribui para a produção do resultado.

Superveniência de causa relativamente independente (art. 13, § 1º, do CP)


A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou

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Tipicidade

Tipicidade nada mais é que estabelecer a ligação fato-tipo (contido na norma penal
incriminadora), ou seja, é ligar a conduta praticada por alguém ao tipo penal.
Se isso ocorrer, o fato é típico, senão, o fato se revela atípico. Assim, podemos conceituar
tipicidade como o enquadramento da conduta praticada pelo sujeito ativo à definição típica
legal. Esse processo, pelo qual se faz a ligação fato-tipo, denomina-se adequação típica.

Fato típico doloso


O art. 18, I, do CP assinala que o crime será doloso “quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo”.

Fato típico culposo


O art. 18, II, do Código Penal assinala que o crime será culposo “...quando o agente deu causa
ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
Só ocorre a forma culposa se houver previsão expressa.
A culpa pode ser graduada em grave, leve ou levíssima, para fins de aplicação da pena.
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APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Lei Penal no Tempo


Princípio tempus regit actum: A lei a ser aplicável é a lei vigente ao tempo do fato (tempus regit
actum).
Vacatio legis: É o lapso temporal existente entre a publicação de uma lei e a sua vigência. Na
ausência de uma previsão diversa, a regra para o período de vacatio legis é de 45 dias. Durante
o período de vacatio legis a lei não pode ser exigida, mas desde a sua publicação se torna
conhecida por todos.

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Conflito intertemporal (ou conflito de leis penais no tempo): O conflito intertemporal ocorre
quando leis penais que tratam do mesmo assunto, mas de maneira diferente, sucedem-se no
tempo, havendo necessidade de decidir será aplicável. Para resolver este conflito deve-se ter
em mente que a lei mais benéfica sempre será aplicada ao réu.

Ex.: Se um crime é cometido sob a vigência de uma lei "A" e logo após essa é revogada por uma
lei "B", no caso "B" sendo mais benéfica, por qual o réu iria responder?
Sendo "B" mais benéfica, ela retroage para beneficiar o réu.
Se a "A" fosse mais benéfica, no Direito Penal, o réu continuaria respondendo por ela. O réu
responde pela lei vigente à época do crime, até que exista lei mais benéfica, pela qual passará
a responder.

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As hipóteses de conflito intertemporal presentes na doutrina são:

a) Abolitio criminis: Ocorre quando a lei posterior descriminaliza conduta antes considerada
crime. Ou seja, uma conduta que anteriormente era considera crime deixa de ser crime em
razão da vigência de nova lei. É causa extintiva de punibilidade.
b) Novatio legis incriminadora: Ao contrário da hipótese anterior, uma conduta que
anteriormente seria considerada lícita passa a ser tipificada como crime.
c) Novatio legis in mellius: Ocorre quando uma nova lei mantém a tipificação ilícita da conduta,
mas traz um tratamento mais benéfico para o agente da conduta. Mesmo havendo sentença
condenatória transitada em julgado a norma mais favorável retroage em benefício do réu.
d) Novatio legis in pejus: Ocorre quando uma nova lei passa a tratar de forma mais gravosa a
conduta delitiva. Nesse caso, aplicar-se-á o princípio da irretroatividade da lei mais severa,
valendo a previsão da regra anterior mais benéfica ao agente.
Obs.: A lei que mesmo revogada é aplicada é chamada ultra-ativa.

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Crimes Permanentes e Crimes Continuados
Crime permanente é aquele cujo ato consumativo se estende no tempo. Quando o agente,
mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes
ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços
(art. 71 do CP).
Ocorrendo conflito de leis penais no tempo em crimes continuados, aplica-se a Súmula 711 do
STF:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.

Conflito aparente de normas


O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras
descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende
regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada à hipótese.

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Leis temporárias e leis excepcionais
Conforme o Art. 3º do CP: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante
sua vigência”.
Ou seja, são normas editadas para regular situações transitórias e, portanto, vigoram por
período predeterminado.

Tempo do crime
São três as teorias sobre o momento do crime no tempo:
● atividade;
● resultado;
● mista ou ubiquidade.
O Código Penal adotou a teoria da atividade no art. 4º, qual seja: considera-se praticado o crime
no momento da conduta (ação ou omissão), não importando o momento do resultado.

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Lugar do crime
São três as teorias acerca do lugar do crime:
● atividade;
● resultado;
● ubiquidade ou mista.
A teoria adotada pelo Código Penal, em seu art. 6º, é o da teoria da ubiquidade ou mista: lugar
do crime é aquele em que ocorreu qualquer dos momentos do iter criminis conduta ou
resultado.

Lei penal no espaço


Em regra, aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional. É o princípio da territorialidade.

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Territorialidade por extensão
Prevê o art. 5º, § 1º, do CP: “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar”.

Extraterritorialidade
Conforme previsão do art. 7º do CP, é possível que alguém cometa um crime fora do território
nacional e responda pela lei brasileira. A esse fenômeno damos o nome de extraterritorialidade.

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Excludentes de Ilicitude
Iter criminis: crime tentado, consumado e exaurido;
Crime Impossível; Crime Doloso e Culposo;
Conceito de iter criminis

O iter criminis é o caminho do crime, ou seja, o roteiro que é percorrido até culminar com a
consumação do delito. Divide-se em duas fases, a interna — que é o aspecto psicológico do
crime — e a externa — quando o agente exterioriza sua intenção.

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Conceito de iter criminis

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Conceito de iter criminis

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Crime consumado e tentado

Considera-se o crime consumado quando no ato reúne-se todos os elementos de sua definição.
O crime é tentado quando, iniciada a sua execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Exemplos:
EVENTO MAIOR: determinado agente planeja matar uma vítima com 10 (dez) disparos de arma
de fogo e, após erguer e apontar contra ela a arma carregada (conjunto de atos que
denominaremos “exemplo maior”), acontecem alguns eventos menores, que serão analisados
abaixo.
1) após o evento maior, o agente é surpreendido por um policial militar, que o joga ao chão
antes mesmo de efetuar qualquer disparo;
2) 2) após o evento maior, o agente efetivamente pratica os 10 (dez) disparos, mas nenhum
deles atinge a vítima;
3) após o evento maior, o agente começa a disparar 5 (cinco) vezes e é prontamente impedido
de prosseguir por um policial militar, mas os 5 (cinco) disparos efetivamente atingem a
vítima, que é prontamente socorrida e recupera-se.
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Crime exaurido

É considerado o crime exaurido quando


ocorre o esgotamento completo do tipo
penal. Lembrando que crimes que foram
exauridos podem ter uma punição maior.

Exemplo:

O crime do art. 159 diz que é crime:


Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate, como já
vimos, para que esse crime seja consumado
não é necessário que haja pagamento de
qualquer vantagem, entretanto, se assim
ocorrer, esse crime será considerado
exaurido.
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Crime impossível

É considerado crime impossível quando,


mesmo que o agente tenha a intenção de
causar o resultado criminoso, o meio que
ele utiliza é absolutamente ineficaz ou
impróprio para causar aquele fim
pretendido.

Exemplos:
Roubo com uso de faca de papel, envenenar
com substância que não seja venenosa,
atirar sem balas.
Atirar em um morto, provocar aborto em
quem não está grávida.
O artigo prevê que, no caso de crime
impossível, não se pode punir nem mesmo a
tentativa.
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Fato típico doloso
O art. 18, I, do CP assinala que o crime será doloso “quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo”.

O Código Penal adotou a teoria da vontade para o dolo direto (ocorre o dolo direto quando o agente
prevê e quer o resultado) e a teoria do assentimento ou do consentimento em relação ao dolo
eventual (ocorre o dolo eventual quando o agente prevê e assume o risco do resultado).

Fato típico preterdoloso


Denomina-se crime preterdoloso ou preterintencional aquele em que o agente quer um resultado
(dolosamente), mas este vai além (o agente acaba produzindo um resultado mais grave, não
desejado, a título de culpa). Ex.: lesão corporal seguida de morte – art. 129, § 3º, do CP. Dolo na
conduta antecedente e culpa na conduta consequente.

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Fato típico culposo
O art. 18, II, do Código Penal assinala que o crime será culposo “...quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. Ocorre a forma culposa se houver previsão
expressa.

Espécies de culpa
Temos duas espécies de culpa: inconsciente (culpa sem previsão ou propriamente dita) e consciente
(também chamada culpa com previsão):
● culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado que era previsível;
● culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas não o quer nem assume o risco de produzi-lo,
acreditando, levianamente, que irá evitá-lo ou que o resultado não ocorrerá.
Exemplo: 'A', com a intenção de matar 'B', convence 'C' a acelerar seu carro em uma curva, pois sabe
que naquele instante 'B' por ali passará de bicicleta. O motorista atinge velocidade excessiva e
atropela o ciclista, matando-o. 'A' responde por homicídio doloso (CP, art. 121), e 'C' por homicídio
culposo na direção de veículo automotor;

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Iter criminis: crime tentado, consumado e exaurido;
Crime Impossível; Crime Doloso e Culposo;
Crimes em espécie:
Título I - Dos Crimes contra a Pessoa (Dos Crimes
contra a Vida; Das Lesões Corporais; Dos Crimes
contra a Honra, Dos Crimes contra a Liberdade
Individual, Dos Crimes contra a Inviolabilidade do
Domicílio)
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime
impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
Título I - Dos Crimes contra a Pessoa (Dos Crimes
contra a Vida; Das Lesões Corporais; Dos Crimes
contra a Honra, Dos Crimes contra a Liberdade
Individual, Dos Crimes contra a Inviolabilidade do
Domicílio)
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) (Vide Lei 14.717, de 2023)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição:
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime
envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de:
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença
que implique o aumento de sua vulnerabilidade;
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
III - 2/3 (dois terços) se o crime for praticado em instituição de educação básica
pública ou privada. (Incluído pela Lei nº 14.811, de 2024)
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
(Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de
quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo,
a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o
resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
...
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
(Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
(Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
...

§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código:
(Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Dos Crimes contra a Honra
Dos Crimes contra a Liberdade Individual
Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de
lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a
execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Dos Crimes contra a Liberdade Individual
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Perseguição
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe
a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou,
de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Dos Crimes contra a Liberdade Individual
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do
art. 121 deste Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 3º Somente se procede mediante representação.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica
e autodeterminação: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não
constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE
DO DOMICÍLIO
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o
emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
...
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas
dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou
outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali
praticado ou na iminência de o ser.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE
DO DOMICÍLIO

§ 4º - A expressão "casa" compreende:


I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta,
salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Título II - Dos Crimes contra o Patrimônio (Do
Furto; Do Roubo e da Extorsão; Do Dano; Da
Apropriação Indébita; Da Receptação)
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para
outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um
terço, se o crime é praticado durante o
repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é
de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços,
ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a
energia elétrica ou qualquer outra que
tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
...
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração
for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº
13.654, de 2018)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal


circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.


(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou


isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei
nº 13.654, de 2018)

VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;


(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído


pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de


artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;


(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído


pela Lei nº 13.654, de 2018)
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de
25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº
8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072,
de 25.7.1990)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,
facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos;
(Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia
móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um
terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador,
síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou
profissão.
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
...
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia
como própria;
...
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo
ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
RECEPTAÇÃO

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou


alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira,
receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)

Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,


montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto
de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela
Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor
e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime
de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
...
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista
ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
Receptação de animal
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a
finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda
que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título,
em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto
neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Título XI – Dos Crimes contra a Administração
Pública (Dos Crimes Praticados por Funcionário
Público contra a Administração em Geral; Dos
Crimes Praticados por Particular contra a
Administração em Geral)
Ilícito Penal E Administrativo
Sob o ponto de vista jurídico, não se deve confundir o poder disciplinar da
administração com o poder punitivo do Estado, realizado por meio da justiça
penal.
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna da
administração e, por isso mesmo, só abrange as infrações relacionadas com o
serviço;
a punição criminal é aplicada com finalidade social, visando à repressão de
infrações penais, o que é realizado fora da administração ativa.
É possível um fato praticado pelo funcionário configurar, ao mesmo tempo,
um ilícito administrativo e um ilícito penal, porque a esfera penal, para atuar,
depende de exigências mais específicas.
Crimes Funcionais
O primeiro Capítulo refere‑se aos delitos praticados por funcionário público
contra a Administração em geral. Tais crimes são próprios, só podem ser
praticados por funcionário público*. São, por isso, chamados de “crimes
funcionais”. Os crimes funcionais podem ser divididos em próprios e impróprios:
• Crime funcional próprio: é aquele em que a ausência de qualidade de
funcionário torna atípica a conduta. Exs.: prevaricação, peculato culposo.
• Crime funcional impróprio: é aquele em que, ausente a qualidade de
funcionário, a conduta será punida como delito de outra natureza. Exs.:
peculato‑apropriação, peculato‑furto.
Concurso De Pessoas/Agentes

Como a qualidade de funcionário público é elementar dos crimes funcionais,


comunica‑se ao demais participantes na forma dos arts. 29 e 30 do CP.
Para o direito administrativo, o conceito de funcionário público é bastante
restrito, consistindo em mera espécie de agente administrativo, o qual, por sua
vez, pertence a um gênero mais amplo, qual seja: agente público. Assim, no
âmbito administrativo, o conceito mais amplo é de agente público, sendo este
qualquer pessoa que exerça, a qualquer título, ainda que transitoriamente e
sem remuneração, função pública.
Para efeitos penais, dispõe o art. 327, caput, do Código Penal que
“considera‑se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública”.
O conceito de funcionário público alcança, assim, todas as espécies de agentes
públicos. É irrelevante se o vínculo com a administração é remunerado ou não,
definitivo ou transitório. São funcionários públicos todos os que
desempenham, de algum modo, função na administração direta ou indireta do
Estado.
O particular tem que saber e conhecer essa elementar do outro agente para
que se configure o concurso.
• Cargo público: é o posto criado por lei com denominação própria e
remuneração específica, ocupado por servidor com vínculo estatutário. Exs.:
escrevente, oficial de justiça.
• Emprego público: é o posto criado por lei, com denominação própria e
remuneração específica, ocupado por servidor com vínculo contratual
(celetistas). Exs.: mensalistas, trabalhadores temporários etc.
• Função pública: é conceito residual, abrangendo todos aqueles que
prestam serviços à Administração, embora não ocupem cargo ou emprego
público.
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
• No peculato‑apropriação o núcleo do tipo é o verbo apropriar‑se. O
agente dispõe da coisa como se dela fosse dono (exs.: venda do bem,
consumo).
• No peculato‑desvio a conduta é de desviar. O agente dá à coisa
destinação diversa da devida, em proveito próprio ou alheio (exs.:
emprestar o dinheiro da repartição para a sogra, pagar por
mercadoria não adquirida ou por serviço não prestado etc.).
• Nas duas hipóteses é pressuposto do crime que o agente tenha a
posse legítima do objeto, em razão do cargo. Se não a tiver, o crime
será de peculato‑furto ou furto comum. É necessário também que a
posse tenha sido obtida de forma lícita; do contrário, o crime será
outro.
• No peculato‑furto a conduta típica é de subtração, o agente não tem
a posse do objeto material, mas o subtrai ou concorre para que seja
subtraído, valendo‑se de facilidade proporcionada pela qualidade de
funcionário. Ausente a facilidade mencionada pelo dispositivo, o fato
configurará furto comum. O sujeito furtou como qualquer um
poderia furtar. Objeto material do peculato é o dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, que esteja na
guarda, custódia ou vigilância do Estado.
• Tipo subjetivo
• O crime é punido a título de dolo. Exige‑se, ainda, da mesma maneira
que no crime de furto comum, o fim de apoderamento definitivo, a
intenção de não restituir o objeto material (animus rem sibi
habendi) .
• Não há crime de peculato, portanto, na utilização momentânea de
coisa infungível, sem animus domini, que em seguida é reposta
intacta, pelo agente, ao local de onde a retirou. É o chamado
“peculato de uso”, que configura mero ilícito administrativo (exs.:
levar o computador da repartição para casa, durante o fim de
semana; utilizar‑se de veículo oficial em proveito particular – no
tocante ao veículo, desde que o combustível seja reposto). A
jurisprudência não tem admitido a figura do peculato de uso de coisa
fungível (ex.: dinheiro). O uso de bem fungível, ainda que com a
intenção de posterior devolução, já configura crime de peculato, na
modalidade desvio.
• Atenção: Isso pode ser cobrado em prova
• Atenção para a Responsabilidade dos Prefeitos do DL 201/67
• O peculato‑apropriação consuma‑se no momento em que o sujeito
inverte o título da posse , passando a agir como dono do bem.
• O peculato‑desvio consuma‑se no momento em que o sujeito dá à
coisa destinação diversa da regular, ainda que não obtenha o
proveito próprio ou alheio. Mas observe:
• – Não há peculato se o desvio ocorre em proveito da própria
administração pública. O fato pode, eventualmente, configurar o
crime de emprego irregular de verbas públicas (art. 315 do CP).
• Peculato culposo (art. 312, § 2o)
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede


à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior,
reduz de metade a pena imposta.
• PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM (art. 313 do CP)
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício
do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

• (Também conhecido como peculato‑estelionato ou peculato impróprio). O


núcleo do tipo é apropriar‑se, que é o mesmo do peculato‑apropriação. A
diferença é que, neste crime, a coisa vem às mãos do agente por erro de
outrem.
• O erro pode versar sobre:
• I) a coisa que é entregue ao funcionário;
• II) a pessoa a quem é feita a entrega;
• III) a obrigação que dá causa à entrega;
• IV) a quantidade da coisa devida.
• Só se caracteriza o crime em face do erro espontâneo daquele que entrega
a coisa. Se o erro foi provocado pelo funcionário, o crime será de
estelionato. O crime consuma‑se com a inversão da posse, ou seja, quando
o criminoso passa a agir como dono da coisa. No caso específico de
vencimentos pagos a maior a funcionário público, a jurisprudência
dominante tem entendido que o crime só se caracteriza quando este,
chamado a devolver o valor excedente, deixa de fazê‑lo.
• CONCUSSÃO (art. 316 do CP)
• Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

• 1. Informações Gerais
• Pune‑se aquele que “exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função, ou antes de assumi‑la, mas em razão dela,
vantagem indevida”. O bem jurídico protegido, primariamente, é a probidade
da administração e, secundariamente, há proteção patrimonial. Em razão
desta proteção patrimonial, diz‑se que a concussão é uma extorsão praticada
por funcionário público, com abuso de autoridade.
• Consubstancia‑se no verbo exigir, isto é, ordenar, reivindicar, impor como
obrigação o pagamento de uma vantagem que não é devida. Como já vimos,
trata‑se de uma extorsão, só que praticada não mediante o emprego de
violência ou grave ameaça, mas valendo‑se o agente do cargo que ocupa
(metus publicae potestatis).

• Objeto Material: É a vantagem indevida (presente ou futura).


• Elemento Normativo: A vantagem exigida deve ser indevida, isto é, ilícita,
não autorizada por lei. Caso o funcionário público abuse do seu poder para
exigir o pagamento de vantagem devida, poderá ocorrer o delito de abuso
de autoridade (art. 4o, h, da Lei no 4.898/1965) e não concussão.
• Tem por sujeito ativo o funcionário público, ainda que esteja de
férias, licença etc., mas somente haverá crime de concussão se a
exigência se der em razão de sua função, ou seja, trata‑se de conduta
funcional, razão pela qual se a exigência for feita em outras
condições, desvinculadas da função do agente, há crime de extorsão.
Sujeito passivo principal é o Estado. Secundariamente também é
vítima o particular, uma vez que se protege seu patrimônio e sua
liberdade individual.
• O crime é praticado a título de dolo, consubstanciado na vontade
livre e consciente de exigir, em razão da função, vantagem indevida.
É necessário que o agente tenha ciência de que a vantagem é
indevida, pois, do contrário, se erroneamente supor sua
legitimidade, não haverá crime (erro de tipo). Para a configuração do
delito o tipo exige também uma finalidade subjetiva, contida na
expressão “para si ou para outrem”. Se a vantagem for para a própria
administração, pode haver crime de excesso de exação ou abuso de
autoridade.
Consumação E Tentativa
Consuma‑se com a mera exigência da vantagem indevida, independentemente de sua efetiva
obtenção. O recebimento da vantagem é mero exaurimento, tratando‑se, portanto, de crime
formal. Considera‑se feita a exigência no momento em que a vítima dela toma conhecimento,
ainda que por interposta pessoa. Importante lembrar que não há flagrante quando a vítima
combina de entregar o dinheiro dias após a exigência. Não há sequer que se aplicar a Súmula
no 145 do STF.
Súmula 145
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.

Admite‑se a tentativa na hipótese em que o crime é plurissubsistente, como, por exemplo, no


caso de a exigência ser feita por escrito, e não chegar ao conhecimento da vítima; contudo,
será inadmissível se o crime for unissubsistente (ex.: exigência oral), pois ou a exigência é feita
e o crime está consumado, ou não é feita, não havendo que se falar em crime.
• CORRUPÇÃO PASSIVA (art. 317 do CP)
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pune quem solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função, ou antes de assumi‑la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceita promessa de tal vantagem. O fator diferenciador entre a
corrupção passiva e a concussão é o núcleo dos tipos, pois no delito em tela
não há exigência, mas mera solicitação, recebimento ou aceitação. O
dispositivo visa proteger o funcionamento normal da administração pública, de
acordo com os princípios de probidade e moralidade.
a) Corrupção ativa ou passiva – a corrupção não é crime
necessariamente bilateral, pois nem sempre a configuração da
corrupção passiva dependerá do delito de corrupção ativa e vice‑versa.
Assim, o oferecimento da vantagem indevida pelo particular configura,
por si só, o delito de corrupção ativa (art. 333), independentemente de
aceitação pelo funcionário. Por outro lado, se este último solicita
vantagem indevida ao particular, este ato basta para configurar a
corrupção passiva. Vejamos ainda:
▪Existência concomitante de ambos os crimes – a corrupção será
bilateral quando o funcionário recebe ou aceita a vantagem indevida
(art. 317), posto ser pressuposto que antes tenha ocorrido o delito de
corrupção ativa, com o oferecimento ou promessa pelo particular (art.
333). O crime de corrupção passiva se configura ainda que o estranho
à administração pública (extraneus) seja penalmente inimputável.
b) Corrupção própria ou imprópria – sabemos que na corrupção
passiva o funcionário, em troca de alguma vantagem, pratica ou deixa
de praticar ato de ofício para beneficiar alguém. Assim, a corrupção
pode ser:
▪ Própria – quando o ato a ser praticado for ilícito ou injusto.
▪ Imprópria – quando o ato a ser praticado for lícito, justo.
c) Corrupção antecedente ou subsequente – há corrupção antecedente
quando a vantagem indevida é entregue antes da ação ou omissão do
funcionário; por outro lado, há corrupção subsequente quando a
entrega da vantagem é posterior à atuação do funcionário.
• Cuidado com esse tipo de pegadinha, ainda que o corruptor seja
Menor (Inimputável), persistirá o crime de corrupção passiva.
Trata‑se de crime de ação múltipla, sendo três as condutas típicas
possíveis:
a) Solicitar – significa pedir.
b) Receber – significa entrar na posse. Ao contrário da modalidade
anterior, aqui é condição essencial que haja corrupção ativa anterior
(oferecer vantagem indevida – art. 333).
c) Aceitar promessa – basta que o funcionário concorde com o
recebimento da vantagem. Ainda não há o efetivo recebimento dela.
Aqui também é imprescindível ter havido corrupção ativa anterior.
• O objeto material do crime em tela é a vantagem indevida, que pode
ser de cunho patrimonial, moral, sentimental, sexual etc . O tipo
também contém um elemento normativo: a vantagem deve ser
indevida, isto é, não autorizada legalmente.
• Cuidado redobrado nesse ponto: Quando se diz vantagem, não se
está restringindo à vantagem PATRIMONIAL.
Sujeitos ativo e passivo
• Sujeito ativo: Trata‑se de crime próprio, só podendo ser cometido pelo funcionário
público em razão da função. Pode haver participação do particular, assim como pode
este praticar corrupção ativa anterior, tratando‑se, neste caso, de exceção à teoria
unitária do concurso de agentes (art. 29). Vejamos algumas regras especiais:
a) Fiscal de rendas – caso exija, solicite ou receba vantagem indevida, ou aceite
promessa de tal vantagem para deixar de lançar ou cobrar tributo, ou cobrá‑los
parcialmente, pratica o crime previsto no art. 3o, II, da Lei no 8.137/1990. Como se
percebe, tal delito abrange os verbos da corrupção passiva e da concussão.
b) Testemunha, perito, tradutor ou intérprete judicial (oficiais ou não) – o falso
testemunho ou falsa perícia realizada, mediante suborno, em processo judicial ou
administrativo, ou em juízo arbitral, configura o delito do art. 342, § 2o. O indivíduo
que deu, ofereceu ou prometeu o dinheiro ou a vantagem responde pelo crime do
art. 343.
c) Jurado – pode ser sujeito ativo de corrupção passiva (art. 445 do CPP).
• Sujeito passivo: é o Estado. O extraneus (estranho) também pode ser
sujeito passivo na hipótese em que não pratica o crime de corrupção
ativa.
* Lembrar da AP-470
• Consumação E Tentativa
• Consuma‑se o crime no momento da solicitação, do recebimento ou da
aceitação da promessa. Trata‑se de crime formal, não sendo exigido que o
funcionário realize ou deixe de realizar qualquer ato. Considera‑se
exaurimento a prática do ato ou a omissão do funcionário, todavia, em sede de
corrupção passiva, o exaurimento funciona como causa de aumento de pena,
nos termos do art. 317, § 1o. Admite‑se a tentativa, como no caso, por
exemplo, da solicitação feita por carta que se extravia antes de chegar ao
conhecimento da vítima.
• PREVARICAÇÃO (ART. 319 DO CP)
• Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal :
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
• 1. Informações Gerais
• Sujeitos Do Crime

• Sujeito ativo é o funcionário público. Admite‑se a coautoria e a participação.


Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, a pessoa eventualmente
prejudicada pela conduta.
• Atenção para pegadinha... Satisfazer Interesse ou sentimento pessoal é
diferente de vantagem.
• São Três As Condutas Típicas:
• 1) retardar, indevidamente, ato de ofício;
• 2) deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
• 3) praticar ato de ofício contra disposição expressa em lei.
• Nas duas primeiras hipóteses, a conduta é omissiva. Na terceira, é comissiva.
Nas condutas de “retardar” e “deixar de praticar” exige‑se o elemento
normativo indevidamente, isto é, contrariamente ao Direito, infringindo dever
funcional. Exs.: retardar a expedição de certidão, para prejudicar um inimigo;
Delegado que deixa de instaurar Inquérito porque não quer trabalhar demais.
Na conduta de “praticar” exige‑se o elemento normativo contra disposição
expressa em lei. Trata‑se de norma penal em branco, que depende de
complementação por outra norma jurídica. Ex.: Delegado que arquiva
diretamente um Inquérito, deixando de encaminhá‑lo ao Fórum.
• Tipo Subjetivo
• O crime é punido a título de dolo. Exige‑se, ainda, um elemento subjetivo
específico, consistente no fim de satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Ausente tal finalidade específica, o descumprimento do dever funcional
caracterizará mero ilícito administrativo.
• Não foi prevista a modalidade culposa. Assim, o simples atraso no serviço,
ausente o dolo, não configura o crime de prevaricação.

• Consumação E Tentativa
• O crime é formal. Consuma‑se com a omissão, o retardamento ou a
realização do ato de ofício, independentemente da efetiva satisfação do
interesse ou sentimento. A tentativa é admissível na conduta comissiva, mas
não nas omissivas.
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (art. 320 do CP)

• Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência , de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
• Atenção para esse ponto... Normalmente é aqui que o examinador procura te confundir,
trocando essa palavra (Indulgência) por outras que não tem o mesmo sentido normativo.
• Sujeito ativo é o superior hierárquico do funcionário infrator. Ausente tal relação hierárquica, não
haverá crime. O dispositivo não instituiu a delação obrigatória no serviço público. O art. 320 só é
aplicável quando o funcionário tinha o dever de punir o subordinado ou de levar o fato ao
conhecimento de quem de direito.
• São duas as condutas típicas: 1) deixar o funcionário de responsabilizar o subordinado que
cometeu infração no exercício do cargo; 2) não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente, quando lhe faltar competência para punir o funcionário.
• A infração mencionada no dispositivo pode ser de natureza administrativa ou penal.

• Não há crime se a omissão do superior refere‑se à falta disciplinar ou infração penal que não
guarde relação com o exercício do cargo, ainda que estas possam ser sancionadas
administrativamente. Exs.: embriaguez habitual, agressão contra o cônjuge etc.
• ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (art. 321 do CP)
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

• Sujeitos Do Crime
• Sujeito ativo é o funcionário público. Admite‑se a coautoria e a participação.
Sujeito passivo é o Estado.

• Tipo objetivo
• A conduta típica consiste em patrocinar interesse privado perante a
Administração, valendo‑se da qualidade de funcionário.
Patrocinar é defender, favorecer. O patrocínio pode ocorrer perante o próprio órgão em
que o sujeito desempenha as suas funções, ou em outra esfera da Administração.
Interesse privado é qualquer vantagem a ser obtida pelo particular, legítima ou ilegítima.
Se a vantagem for ilegítima, o crime será qualificado, na forma do art. 321, parágrafo
único.
O crime é punido a título de dolo, vontade de patrocinar interesse privado perante a
Administração.
Consumação E Tentativa
O crime é formal. Consuma‑se com a prática de algum ato indicativo do patrocínio de
interesse alheio, independentemente da efetiva obtenção do interesse visado.
A tentativa é admissível.
VIOLAÇÃO DE SIGILO PROFISSIONAL (art. 325 do CP)
• Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais
grave.

§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou
banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
• Sujeito ativo é o funcionário público. Não responde pelo crime o particular a
quem é feita a divulgação do segredo, salvo se tiver atuado como partícipe do
crime, induzindo ou instigando o funcionário.
• Como o dever de sigilo permanece mesmo após o encerramento da função,
também pode responder pelo crime o funcionário aposentado ou em
disponibilidade, já que não desvinculado totalmente de seus deveres para
com a Administração. Entretanto, de acordo com a posição majoritária na
doutrina, não pode figurar como sujeito ativo o funcionário exonerado ou
demitido, por haver cessado seu vínculo jurídico com o Estado .

• Sujeito passivo é o Estado e a pessoa eventualmente prejudicada pela


conduta.
• Objeto material do crime é o fato que deva permanecer em segredo, por
determinação legal ou por imposição da autoridade.
• Para a configuração do crime, é necessária a existência de um interesse
público na manutenção do segredo. Tratando‑se de interesse exclusivamente
privado, a divulgação configurará o crime de violação de segredo profissional
(art. 154).
• Cuidado... Fácil do Examinador formular uma questão pra induzir o candidato
ao erro.
• É necessário que o sujeito tenha conhecimento do fato sigiloso em razão do
cargo por ele exercido. Não haverá crime se tomou conhecimento do fato por
outros meios.
• É pacífico o entendimento de que não haverá crime se houver justa causa para
a divulgação do segredo. Exs.: comunicação de crime à autoridade policial ;
defesa em processo judicial ou administrativo.
• Por óbvio que se o “segredo” constituir ilícito penal, a comunicação à
autoridade policial não será considerada crime.
• Consumação E Tentativa
• O crime consuma‑se com a revelação ou a facilitação da revelação, isto é,
quando terceira pessoa toma conhecimento do fato que deveria permanecer
em segredo. É suficiente que a revelação seja feita a uma única pessoa. Não é
necessário que o fato chegue ao conhecimento de um número indeterminado
de pessoas. Não haverá crime, porém, se a pessoa a quem é feita a divulgação
já tinha conhecimento do segredo .

• O crime é formal. Consuma‑se com a revelação ou a facilitação,


independentemente da ocorrência de algum dano. Se, porém, a conduta gerar
dano para a Administração ou para terceiro, o crime será qualificado, na forma
do § 2o do art. 325.

• A tentativa é admissível, salvo nas condutas omissivas e na revelação verbal.


DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
GERAL
• RESISTÊNCIA (art. 329 do cp)
• Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
• A resistência é contra a execução do ato legal. Se o emprego for anterior ou
posterior à execução do ato, outro crime poderá configurar‑se (ameaça, lesão
corporal). Já na hipótese em que a violência for empregada com o fim de fuga,
após a prisão ter sido efetuada, o crime será o previsto no art. 352.
• Trata‑se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Pode
ser sujeito ativo tanto a pessoa que sofre a execução do ato, como terceiros
alheios ao ato que empreguem violência ou ameaça contra o funcionário.
• Sujeito passivo primário é o Estado. Também é vítima o funcionário público
competente para a execução do ato legal ou terceiro que o auxilia (particular).
• Consuma‑se no momento em que ocorre a violência ou a ameaça. Trata‑se de
crime formal, não se exigindo que o agente efetivamente impeça a execução do
ato. A não realização do ato seria, em tese, exaurimento do crime, todavia, nos
termos do § 1o do art. 329, o Código trata esse fato como qualificador (“se o
ato, em razão da resistência, não se executa: pena – reclusão, de 1 a 3 anos”).

• A tentativa é perfeitamente admissível.


• DESOBEDIÊNCIA (art. 330 do CP)

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.


• Sujeitos do crime
• O crime é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Em regra, o crime
é praticado por particular. Todavia, o funcionário público também poderá
figurar como sujeito ativo do crime, desde que a ordem não guarde relação
com o exercício de sua função. Em tal hipótese, o funcionário age como se
particular fosse. Se, porém, a ordem desobedecida estiver relacionada às
funções do funcionário, não haverá desobediência, mas, eventualmente,
prevaricação. Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, o funcionário
que emitiu a ordem desobedecida.
• Tipo Objetivo
• O núcleo do tipo é o verbo “desobedecer”, que significa descumprir, não
atender. Para a configuração do crime, é indispensável a existência de uma
ordem emitida por funcionário, não bastando a mera solicitação ou pedido.
Assim como na resistência, é necessário aqui também que a ordem seja legal
e que o funcionário seja competente para executá‑la.
Ordem ilegal não se cumpre
• Tipo Subjetivo
• O crime é punido a título de dolo. Não se exige elemento subjetivo
específico. O engano quanto à ordem a ser cumprida exclui o dolo. Também
não se verifica o crime quando o agente foge para evitar sua prisão, sem
violência ou ameaça. Trata‑se de conduta motivada pela busca da liberdade,
e não pela vontade de desobedecer.
• Questões especiais
• Autoacusação = como ninguém é obrigado a fazer prova contra si próprio,
não se configura o crime de desobediência, por exemplo:
• a recusa do agente em submeter‑se ao teste do bafômetro,
• do fornecimento de material grafotécnico,
• da cessão de sangue para exame de paternidade ou de dosagem alcoólica etc.
Tratando‑se, porém, de identificação datiloscópica, para a qual há previsão
expressa em determinadas hipóteses, a eventual recusa do agente poderá
configurar crime.
• Da mesma forma, o sujeito que descumpre ordem de parada, dada por
guarda de trânsito, receberá uma multa administrativa, mas não responderá
por crime de desobediência, em face da falta de previsão expressa no Código de
Trânsito.
• DESACATO (ART. 331 DO CP)
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

1. Informações Gerais
Dispõe o art. 331: “Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela: pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa”. A objetividade
jurídica deste delito é o prestígio da administração pública. Não se trata de
crime contra a honra do funcionário, mas sim contra a administração pública.
Consubstancia‑se no verbo desacatar, que consiste na prática de qualquer ato ou
emprego de palavras que causem vexame, humilhação. Assim, pode ser
praticado mediante violência (lesão ou vias de fato), gestos etc. (cuspir no rosto,
puxar o cabelo, atirar papéis, jogar urina). É, contudo, imprescindível que a
ofensa se dê na presença do funcionário público, razão pela qual não há desacato
se a ofensa é feita por meio de carta, telefone, petição subscrita por advogado
etc. (nesses casos pode haver crime contra a honra).
• Trata‑se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Vejamos duas situações especiais quanto ao sujeito passivo:
• a) Funcionário público – segundo o entendimento majoritário (inclusive do STJ),
pode ele ser sujeito ativo do crime de desacato ainda que no exercício da
função.
• b) Advogado – o art. 133 da CF lhe garante imunidade funcional quanto aos
crimes contra a honra. Pelo fato de o desacato não ser crime contra a honra,
mas sim contra a administração pública, o advogado pode ser sujeito ativo. Por
isso, o STF suspendeu a expressão “desacato” do art. 7o do EAOAB, que
estendia a imunidade funcional do advogado ao crime ora estudado. Sujeito
passivo é o Estado, titular do bem jurídico tutelado. É também sujeito passivo o
funcionário público desacatado.

O ofensor deve ter conhecimento da qualidade de funcionário


público. Por isso o dolo do desacato pode ser excluído caso o
ofensor não saiba que está ofendendo funcionário público, ou caso
ele não saiba que o funcionário público esteja presente.
• TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (art. 332 do CP)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela


Lei nº 9.127, de 1995)

Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou


insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada
pela Lei nº 9.127, de 1995)
O crime é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo
funcionário público. Da mesma forma que na concussão, aquele que entrega a
vantagem solicitada não responde pelo crime, por falta de previsão legal. Sujeito
passivo é o Estado e, secundariamente, a vítima da fraude.
• Não é necessário que o sujeito identifique o funcionário junto a quem
supostamente atuará, e nem que este realmente exista.
• A vantagem prevista no tipo pode ser de qualquer natureza, patrimonial ou não.
• Quando o sujeito solicita ou recebe vantagem a pretexto de influir em juiz,
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da Justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha, o crime será de Exploração de Prestígio – art. 357 do
Código Penal.
Na conduta de obter, o crime é
material. Consuma‑se com o
recebimento da vantagem ou
promessa de vantagem. Nas
condutas de solicitar, exigir ou
cobrar, o crime é formal.
Processo Penal
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sua prisão ou por seu interrogatório policial; Isto implica avisar o
preso quem o prendeu e quem o interrogou e é feito através da
nota de culpa.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.
84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
Persecução Penal
TÍTULO II

DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas


autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a
apuração das infrações penais e da sua autoria. Excluídas as Militares
e as de Interesse da
Parágrafo único. A competência definida neste União
artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a
mesma função.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de
28.3.1994)

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer
juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma


deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo,
a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
contrarie a moralidade ou a ordem pública.

Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX


deste Livro.

Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.

§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova,
acompanharão os autos do inquérito.

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
uma ou outra.
TCO – TERMO CIRCUNSTANCIADO
DE OCORRÊNCIA
O TCO é um procedimento que deve ser lavrado pela autoridade policial fazendo
constar a narrativa de uma infração penal de menor potencial ofensivo. A previsão
do TCO encontra-se no art. 69 da Lei nº 9.099/95, segundo o qual “a autoridade
policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários”.
Lembre-se que infração de menor potencial ofensivo são as contravenções penais
e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/95.
Ademais, o autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não
se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Assim, percebe-se que o TCO não possui a complexidade do inquérito policial,
figurando como um simples registro dos fatos narrados pelos envolvidos e
testemunhas de uma ocorrência, não havendo indiciamento no TCO e inexistindo
o rigor do inquérito policial. Após, os autos são encaminhados ao juiz do juizado
especial criminal competente para os procedimentos de praxe.
Das prisões e dos Flagrantes
Mandado

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em
virtude de condenação criminal transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)

...

§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as


restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência
ou de tentativa de fuga do preso.
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender
quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir
ser ele autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não
cessar a permanência.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por
ele indicada.
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em
48 (quarenta e oito) horas.
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e
nos definidos como crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou
infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts
. 327 e 328 deste Código;
II - em caso de prisão civil ou militar;
...
.
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes
limites:
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena
privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa
de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a
natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as
circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das
custas do processo, até final julgamento.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a
autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução
criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como
quebrada.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de
residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais
de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado
Legislação Penal Especial
Porte de drogas para
consumo pessoal
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou
colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz
de causar dependência física ou psíquica.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
máximo de 5 (cinco) meses.
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários,
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou
privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo
ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos
incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente,
estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
Traficância
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece,
tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de
drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração,
guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis
de conduta criminal preexistente.
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento,
para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de
um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação,
produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a
2.000 (dois mil) dias-multa.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente
ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200
(mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos)
a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso


de autoridade, cometidos por agente
público, servidor ou não, que, no
exercício de suas funções ou a pretexto de
exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei
constituem crime de abuso de autoridade
quando praticadas pelo agente com a
finalidade específica de prejudicar outrem
ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou,
ainda, por mero capricho ou satisfação
pessoal.
§ 2º A divergência na interpretação de lei
ou na avaliação de fatos e provas não
configura abuso de autoridade.
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público,
servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território,
compreendendo, mas não se limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou
redução de sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO).
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
(Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena
cominada à violência.
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:


(Promulgação partes vetadas)

I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou

II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público,
sem a presença de seu patrono.
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de
sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório
em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao
preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
...
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade
do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas
condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a
imóvel ou suas dependências;
...
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma
horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de
flagrante delito ou de desastre.
LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição,
de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior
de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde
que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de
18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de
fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou
outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob
sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a
arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Disparo de arma de fogo
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
(Vide Adin 3.112-1)
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma
de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo
ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de
fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição
ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,
munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Comércio ilegal de arma de fogo

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)

§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma
de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido
em residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Tráfico internacional de arma de fogo

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta
Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.

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