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Princípio da legalidade: Não há crime sem lei anterior que o defina (princípio de reserva legal).
Não há pena sem prévia cominação legal (princípio da anterioridade).
Princípio da dignidade humana: o direito penal possui a função de descrever as condutas que
são definidas como crime, além de prescrever penas para quem nelas incorrer. Ocorre que é
necessário também frear o Estado em seu afã de punir, principalmente quando nos deparamos
diante de uma situação que causa comoção social.
Princípio da legalidade: não há crime sem lei que defina o fato como infração penal, e não há
pena sem cominação legal, trata-se de real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das
liberdades individuais.
Princípio da anterioridade: Em regra a lei penal é aplicada apenas à fatos posteriores à vigência
da norma penal.
Princípio da irretroatividade: decorre do princípio da anterioridade, ou seja, a lei penal não
atinge fatos passados
Obs.: Quando a norma for mais benéfica ao agente, é permitida a retroatividade da norma.
Princípio da alteridade: através deste princípio não é possível punir crimes cometidos contra si
mesmo.
Princípio da intervenção mínima: o Direito é a ultima ratio, ou seja, direito penal só deve
intervir quando nenhum outro ramo do Direito puder dar resposta efetiva à sociedade.
Princípio da lesividade: para que haja crime, é necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a
bem jurídico.
Princípio da individualização da pena: cada agente deve responder pela prática dos seus atos
individualmente, mesmo que que todos respondam pela mesma infração.
Contagem de prazo
O art. 10 do CP estabelece a regra de contagem de prazo: “O dia do começo inclui-se no
cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. Portanto,
para os prazos de natureza penal deve ser incluído no cômputo, necessariamente, o dia do
começo.
● Conceito material: é a lesão ou exposição a perigo de bens jurídicos fundamentais para a vida
em sociedade;
● Conceito formal: é a conduta abstrata descrita no tipo.
● Conceito analítico (ou estratificado): enquanto alguns afirmam que crime é fato típico,
antijurídico e culpável (teoria tricotômica ou tripartida), outros entendem que crime é fato
típico e antijurídico, colocando a culpabilidade como pressuposto para a aplicação da pena
(teoria dicotômica ou bipartida).
Sujeito passivo
O sujeito passivo pode ser:
● sujeito passivo constante ou formal: é sempre o Estado por ser o responsável pelo
ordenamento penal e titular do ius puniendi;
● sujeito passivo eventual ou material: é o titular do bem jurídico penalmente protegido.
Objeto do crime
É o bem visado no momento do comportamento humano.
Assim, podemos concluir: há crime sem resultado naturalístico, todavia, não há crime sem
resultado jurídico. Por essa razão que os crimes de bagatela são considerados atípicos penais,
pela ausência de resultado juridicamente relevante.
De acordo com a teoria naturalística (quanto ao resultado naturalístico), os crimes podem ser
materiais, formais ou de mera conduta.
Tipicidade nada mais é que estabelecer a ligação fato-tipo (contido na norma penal
incriminadora), ou seja, é ligar a conduta praticada por alguém ao tipo penal.
Se isso ocorrer, o fato é típico, senão, o fato se revela atípico. Assim, podemos conceituar
tipicidade como o enquadramento da conduta praticada pelo sujeito ativo à definição típica
legal. Esse processo, pelo qual se faz a ligação fato-tipo, denomina-se adequação típica.
Ex.: Se um crime é cometido sob a vigência de uma lei "A" e logo após essa é revogada por uma
lei "B", no caso "B" sendo mais benéfica, por qual o réu iria responder?
Sendo "B" mais benéfica, ela retroage para beneficiar o réu.
Se a "A" fosse mais benéfica, no Direito Penal, o réu continuaria respondendo por ela. O réu
responde pela lei vigente à época do crime, até que exista lei mais benéfica, pela qual passará
a responder.
a) Abolitio criminis: Ocorre quando a lei posterior descriminaliza conduta antes considerada
crime. Ou seja, uma conduta que anteriormente era considera crime deixa de ser crime em
razão da vigência de nova lei. É causa extintiva de punibilidade.
b) Novatio legis incriminadora: Ao contrário da hipótese anterior, uma conduta que
anteriormente seria considerada lícita passa a ser tipificada como crime.
c) Novatio legis in mellius: Ocorre quando uma nova lei mantém a tipificação ilícita da conduta,
mas traz um tratamento mais benéfico para o agente da conduta. Mesmo havendo sentença
condenatória transitada em julgado a norma mais favorável retroage em benefício do réu.
d) Novatio legis in pejus: Ocorre quando uma nova lei passa a tratar de forma mais gravosa a
conduta delitiva. Nesse caso, aplicar-se-á o princípio da irretroatividade da lei mais severa,
valendo a previsão da regra anterior mais benéfica ao agente.
Obs.: A lei que mesmo revogada é aplicada é chamada ultra-ativa.
Tempo do crime
São três as teorias sobre o momento do crime no tempo:
● atividade;
● resultado;
● mista ou ubiquidade.
O Código Penal adotou a teoria da atividade no art. 4º, qual seja: considera-se praticado o crime
no momento da conduta (ação ou omissão), não importando o momento do resultado.
Extraterritorialidade
Conforme previsão do art. 7º do CP, é possível que alguém cometa um crime fora do território
nacional e responda pela lei brasileira. A esse fenômeno damos o nome de extraterritorialidade.
O iter criminis é o caminho do crime, ou seja, o roteiro que é percorrido até culminar com a
consumação do delito. Divide-se em duas fases, a interna — que é o aspecto psicológico do
crime — e a externa — quando o agente exterioriza sua intenção.
Considera-se o crime consumado quando no ato reúne-se todos os elementos de sua definição.
O crime é tentado quando, iniciada a sua execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Exemplos:
EVENTO MAIOR: determinado agente planeja matar uma vítima com 10 (dez) disparos de arma
de fogo e, após erguer e apontar contra ela a arma carregada (conjunto de atos que
denominaremos “exemplo maior”), acontecem alguns eventos menores, que serão analisados
abaixo.
1) após o evento maior, o agente é surpreendido por um policial militar, que o joga ao chão
antes mesmo de efetuar qualquer disparo;
2) 2) após o evento maior, o agente efetivamente pratica os 10 (dez) disparos, mas nenhum
deles atinge a vítima;
3) após o evento maior, o agente começa a disparar 5 (cinco) vezes e é prontamente impedido
de prosseguir por um policial militar, mas os 5 (cinco) disparos efetivamente atingem a
vítima, que é prontamente socorrida e recupera-se.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS (CFSd PM 2023)
Crime exaurido
Exemplo:
Exemplos:
Roubo com uso de faca de papel, envenenar
com substância que não seja venenosa,
atirar sem balas.
Atirar em um morto, provocar aborto em
quem não está grávida.
O artigo prevê que, no caso de crime
impossível, não se pode punir nem mesmo a
tentativa.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS (CFSd PM 2023)
Fato típico doloso
O art. 18, I, do CP assinala que o crime será doloso “quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo”.
O Código Penal adotou a teoria da vontade para o dolo direto (ocorre o dolo direto quando o agente
prevê e quer o resultado) e a teoria do assentimento ou do consentimento em relação ao dolo
eventual (ocorre o dolo eventual quando o agente prevê e assume o risco do resultado).
Espécies de culpa
Temos duas espécies de culpa: inconsciente (culpa sem previsão ou propriamente dita) e consciente
(também chamada culpa com previsão):
● culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado que era previsível;
● culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas não o quer nem assume o risco de produzi-lo,
acreditando, levianamente, que irá evitá-lo ou que o resultado não ocorrerá.
Exemplo: 'A', com a intenção de matar 'B', convence 'C' a acelerar seu carro em uma curva, pois sabe
que naquele instante 'B' por ali passará de bicicleta. O motorista atinge velocidade excessiva e
atropela o ciclista, matando-o. 'A' responde por homicídio doloso (CP, art. 121), e 'C' por homicídio
culposo na direção de veículo automotor;
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código:
(Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Dos Crimes contra a Honra
Dos Crimes contra a Liberdade Individual
Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de
lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a
execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Dos Crimes contra a Liberdade Individual
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Perseguição
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe
a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou,
de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Dos Crimes contra a Liberdade Individual
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do
art. 121 deste Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 3º Somente se procede mediante representação.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica
e autodeterminação: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não
constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE
DO DOMICÍLIO
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o
emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
...
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas
dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou
outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali
praticado ou na iminência de o ser.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE
DO DOMICÍLIO
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº
13.654, de 2018)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de
25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº
8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072,
de 25.7.1990)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,
facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos;
(Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia
móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um
terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador,
síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou
profissão.
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
...
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia
como própria;
...
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo
ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
RECEPTAÇÃO
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela
Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor
e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime
de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
...
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista
ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
Receptação de animal
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a
finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda
que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título,
em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto
neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Título XI – Dos Crimes contra a Administração
Pública (Dos Crimes Praticados por Funcionário
Público contra a Administração em Geral; Dos
Crimes Praticados por Particular contra a
Administração em Geral)
Ilícito Penal E Administrativo
Sob o ponto de vista jurídico, não se deve confundir o poder disciplinar da
administração com o poder punitivo do Estado, realizado por meio da justiça
penal.
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna da
administração e, por isso mesmo, só abrange as infrações relacionadas com o
serviço;
a punição criminal é aplicada com finalidade social, visando à repressão de
infrações penais, o que é realizado fora da administração ativa.
É possível um fato praticado pelo funcionário configurar, ao mesmo tempo,
um ilícito administrativo e um ilícito penal, porque a esfera penal, para atuar,
depende de exigências mais específicas.
Crimes Funcionais
O primeiro Capítulo refere‑se aos delitos praticados por funcionário público
contra a Administração em geral. Tais crimes são próprios, só podem ser
praticados por funcionário público*. São, por isso, chamados de “crimes
funcionais”. Os crimes funcionais podem ser divididos em próprios e impróprios:
• Crime funcional próprio: é aquele em que a ausência de qualidade de
funcionário torna atípica a conduta. Exs.: prevaricação, peculato culposo.
• Crime funcional impróprio: é aquele em que, ausente a qualidade de
funcionário, a conduta será punida como delito de outra natureza. Exs.:
peculato‑apropriação, peculato‑furto.
Concurso De Pessoas/Agentes
• 1. Informações Gerais
• Pune‑se aquele que “exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função, ou antes de assumi‑la, mas em razão dela,
vantagem indevida”. O bem jurídico protegido, primariamente, é a probidade
da administração e, secundariamente, há proteção patrimonial. Em razão
desta proteção patrimonial, diz‑se que a concussão é uma extorsão praticada
por funcionário público, com abuso de autoridade.
• Consubstancia‑se no verbo exigir, isto é, ordenar, reivindicar, impor como
obrigação o pagamento de uma vantagem que não é devida. Como já vimos,
trata‑se de uma extorsão, só que praticada não mediante o emprego de
violência ou grave ameaça, mas valendo‑se o agente do cargo que ocupa
(metus publicae potestatis).
• Consumação E Tentativa
• O crime é formal. Consuma‑se com a omissão, o retardamento ou a
realização do ato de ofício, independentemente da efetiva satisfação do
interesse ou sentimento. A tentativa é admissível na conduta comissiva, mas
não nas omissivas.
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (art. 320 do CP)
• Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência , de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
• Atenção para esse ponto... Normalmente é aqui que o examinador procura te confundir,
trocando essa palavra (Indulgência) por outras que não tem o mesmo sentido normativo.
• Sujeito ativo é o superior hierárquico do funcionário infrator. Ausente tal relação hierárquica, não
haverá crime. O dispositivo não instituiu a delação obrigatória no serviço público. O art. 320 só é
aplicável quando o funcionário tinha o dever de punir o subordinado ou de levar o fato ao
conhecimento de quem de direito.
• São duas as condutas típicas: 1) deixar o funcionário de responsabilizar o subordinado que
cometeu infração no exercício do cargo; 2) não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente, quando lhe faltar competência para punir o funcionário.
• A infração mencionada no dispositivo pode ser de natureza administrativa ou penal.
• Não há crime se a omissão do superior refere‑se à falta disciplinar ou infração penal que não
guarde relação com o exercício do cargo, ainda que estas possam ser sancionadas
administrativamente. Exs.: embriaguez habitual, agressão contra o cônjuge etc.
• ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (art. 321 do CP)
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
• Sujeitos Do Crime
• Sujeito ativo é o funcionário público. Admite‑se a coautoria e a participação.
Sujeito passivo é o Estado.
• Tipo objetivo
• A conduta típica consiste em patrocinar interesse privado perante a
Administração, valendo‑se da qualidade de funcionário.
Patrocinar é defender, favorecer. O patrocínio pode ocorrer perante o próprio órgão em
que o sujeito desempenha as suas funções, ou em outra esfera da Administração.
Interesse privado é qualquer vantagem a ser obtida pelo particular, legítima ou ilegítima.
Se a vantagem for ilegítima, o crime será qualificado, na forma do art. 321, parágrafo
único.
O crime é punido a título de dolo, vontade de patrocinar interesse privado perante a
Administração.
Consumação E Tentativa
O crime é formal. Consuma‑se com a prática de algum ato indicativo do patrocínio de
interesse alheio, independentemente da efetiva obtenção do interesse visado.
A tentativa é admissível.
VIOLAÇÃO DE SIGILO PROFISSIONAL (art. 325 do CP)
• Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais
grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou
banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
• Sujeito ativo é o funcionário público. Não responde pelo crime o particular a
quem é feita a divulgação do segredo, salvo se tiver atuado como partícipe do
crime, induzindo ou instigando o funcionário.
• Como o dever de sigilo permanece mesmo após o encerramento da função,
também pode responder pelo crime o funcionário aposentado ou em
disponibilidade, já que não desvinculado totalmente de seus deveres para
com a Administração. Entretanto, de acordo com a posição majoritária na
doutrina, não pode figurar como sujeito ativo o funcionário exonerado ou
demitido, por haver cessado seu vínculo jurídico com o Estado .
1. Informações Gerais
Dispõe o art. 331: “Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela: pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa”. A objetividade
jurídica deste delito é o prestígio da administração pública. Não se trata de
crime contra a honra do funcionário, mas sim contra a administração pública.
Consubstancia‑se no verbo desacatar, que consiste na prática de qualquer ato ou
emprego de palavras que causem vexame, humilhação. Assim, pode ser
praticado mediante violência (lesão ou vias de fato), gestos etc. (cuspir no rosto,
puxar o cabelo, atirar papéis, jogar urina). É, contudo, imprescindível que a
ofensa se dê na presença do funcionário público, razão pela qual não há desacato
se a ofensa é feita por meio de carta, telefone, petição subscrita por advogado
etc. (nesses casos pode haver crime contra a honra).
• Trata‑se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Vejamos duas situações especiais quanto ao sujeito passivo:
• a) Funcionário público – segundo o entendimento majoritário (inclusive do STJ),
pode ele ser sujeito ativo do crime de desacato ainda que no exercício da
função.
• b) Advogado – o art. 133 da CF lhe garante imunidade funcional quanto aos
crimes contra a honra. Pelo fato de o desacato não ser crime contra a honra,
mas sim contra a administração pública, o advogado pode ser sujeito ativo. Por
isso, o STF suspendeu a expressão “desacato” do art. 7o do EAOAB, que
estendia a imunidade funcional do advogado ao crime ora estudado. Sujeito
passivo é o Estado, titular do bem jurídico tutelado. É também sujeito passivo o
funcionário público desacatado.
DO INQUÉRITO POLICIAL
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer
juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo,
a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova,
acompanharão os autos do inquérito.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
uma ou outra.
TCO – TERMO CIRCUNSTANCIADO
DE OCORRÊNCIA
O TCO é um procedimento que deve ser lavrado pela autoridade policial fazendo
constar a narrativa de uma infração penal de menor potencial ofensivo. A previsão
do TCO encontra-se no art. 69 da Lei nº 9.099/95, segundo o qual “a autoridade
policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários”.
Lembre-se que infração de menor potencial ofensivo são as contravenções penais
e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/95.
Ademais, o autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não
se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Assim, percebe-se que o TCO não possui a complexidade do inquérito policial,
figurando como um simples registro dos fatos narrados pelos envolvidos e
testemunhas de uma ocorrência, não havendo indiciamento no TCO e inexistindo
o rigor do inquérito policial. Após, os autos são encaminhados ao juiz do juizado
especial criminal competente para os procedimentos de praxe.
Das prisões e dos Flagrantes
Mandado
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em
virtude de condenação criminal transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
...
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência
ou de tentativa de fuga do preso.
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender
quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir
ser ele autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não
cessar a permanência.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por
ele indicada.
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em
48 (quarenta e oito) horas.
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e
nos definidos como crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou
infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts
. 327 e 328 deste Código;
II - em caso de prisão civil ou militar;
...
.
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes
limites:
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena
privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa
de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a
natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as
circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das
custas do processo, até final julgamento.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a
autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução
criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como
quebrada.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de
residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais
de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado
Legislação Penal Especial
Porte de drogas para
consumo pessoal
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou
colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz
de causar dependência física ou psíquica.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
máximo de 5 (cinco) meses.
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários,
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou
privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo
ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos
incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente,
estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
Traficância
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece,
tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de
drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração,
guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis
de conduta criminal preexistente.
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento,
para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de
um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação,
produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a
2.000 (dois mil) dias-multa.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente
ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200
(mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos)
a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público,
sem a presença de seu patrono.
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de
sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório
em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao
preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
...
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade
do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas
condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a
imóvel ou suas dependências;
...
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma
horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de
flagrante delito ou de desastre.
LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição,
de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior
de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde
que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de
18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de
fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou
outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob
sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a
arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Disparo de arma de fogo
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
(Vide Adin 3.112-1)
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma
de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo
ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de
fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição
ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,
munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma
de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido
em residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta
Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.