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Direito Penal:

• Definição e designação
É o conjunto de normas jurídicas que ligam a certos comportamentos humanos,
nomeadamente os crimes, consequências jurídicas especificas. A mais importante
destas consequências é a pena que só pode ser aplicada ao agente que tenha atuado
com culpa
Ao lado da pena, o direito penal prevê consequências jurídicas de outro tipo,
nomeadamente as medidas de segurança; as quais não supõem a culpa do agente,
mas antes a sua perigosidade. As medidas de segurança ligam-se a comportamentos
levados a cabo sem culpa, ou em todo o caso independente da consideração dela.

• Função do direito penal


o Proteção subsidiaria de bens jurídicos
o Manutenção de um interesse de comunidade
o Criar condições de segurança em sociedade e assegurar condições para o livre
desenvolvimento da personalidade ética do homem
o Eleger os bens jurídicos fundamentais, tutelá-los através da criação de normas
incriminadoras que definem as condutas qualificadas como crime e
estabelecem as respetivas as consequências jurídico-penais

• Requisitos para uma conduta ser considerada criminosa


Requisitos:
-A conduta tem de ser pratica por ação ou omissão, dependendo da
formação da norma
- Conduta típica, prevista na lei
- Conduta ilícita, contraria à lei
- Conduta culposa, quer dolosa quer negligente à qual será aplicada
uma consequência jurídica penal (conduta punível)

O pressuposto de uma sanção é sempre culpa do agente, a culpa subdivide-se em:


Dolosa: todos os factos previstos na lei e que foram praticados com dolo são
sempre punitivo, isto é, suscetíveis de lhes aplicar pena
Negligente: os factos previstos na lei penal como crimes praticados com
negligencia; só serão puníveis se a punibilidade da negligencia tiver expressamente
prevista na lei

• Direito penal objetivo e direito penal subjetivo


O direito penal objetivo (regras) corresponde ao conjunto de normas jurídicas,
presentes no código penal e legislação avulsa, que liga determinados comportamentos
humanos (crimes) a determinadas consequências jurídicas, que se chamam penas
O direito penal subjetivo é o direito de punir do Estado resultante da sua soberana
competência para considerar como crimes certos comportamentos humanos e ligar-
lhes sanções especificas
• Ciências do direito penal:
o Política criminal: disciplina que define estratégias políticas de luta contra o
crime e que discute e critica a oportunidade ou conveniência de medidas ou
soluções propostas ou existentes no direito vigente
o Dogmática penal: cabe ao jurista encontrar a solução mais justa para o caso
concreto
o Criminologia: é uma ciência casual, explicativa que estuda as leis e fatores do
crime, procura determinar as causas do crime. Serve para nos dar um feedback
da realidade criminal e comunica à política criminal, ou seja, ao legislador
penal que vai atualizando a dogmática penal
• Direito penal substantivo, direito penal executivo e direito processual penal
O direito penal substantivo visa a definição dos pressupostos do crime e das suas
concretas formas de aparecimento; e a determinação tanto em geral, como em
espécie das consequências ou efeitos que à verificação de tais pressupostos se ligam
(penas e medidas de segurança), bem como das formas de conexão entre aqueles
pressupostos e estas consequências
O direito penal executivo pertence a regulamentação jurídica da efetiva execução da
pena e/ou medida de segurança decretadas na condenação proferida no processo
penal
Ao direito processual penal cabe a regulamentação jurídica dos modos de realização
prática do poder punitivo estadual, nomeadamente através da investigação e da
valoração judicial do crime indicado ou acusado

• Divisão do Código penal


O código penal encontra-se dividido em duas partes:
- Parte geral: encontra-se as normas aplicáveis a todo e qualquer crime e as regras
gerais para a aplicação do direito penal (art 1.º a art 130.º)
- Parte especial: estão previstos os tipos legais de crimes e os comportamentos (art
131.º a 389.º)
• Princípios do direito penal
o Princípio da unidade da ordem jurídica
O direito penal não se encontra no mesmo patamar que os outros, pois só este
é que tem a possibilidade de privar o direito à liberdade
Este princípio quer dizer que tudo o que é ilícito para o direito penal é
necessariamente ilícito para os restantes ramos de direito, mas nem tudo o
que é ilícito para os outros ramos de direito tem de ser proibido para o direito
penal
o Princípio da fragmentaridade penal- 1º grau e 2º grau
Significa que nem todas as lesões a bens jurídicos protegidos deve ser
tuteladas e punidas pelo direito penal
A fragmentaridade de 1º grau refere-se à forma consumada do delito, ou seja,
quando o bem jurídico precisa ser protegido na sua integridade
A fragmentaridade de 2º rau trata-se das bagatelas nas ofensas dos bens
jurídicos em que não faz sentido que o direito penal intervenha
• Finalidade das penas
Os fins das penas podem ser de dois tipos: finalidades retributivas (a pena é aplicada
para o passado) e finalidades preventivas (a pena olha para o presente e tenta evitar
que o agente volte a cometer o facto ilícito)
As finalidades preventivas dividem-se em:
Finalidades preventivas gerias: são voltadas para a comunidade, a pena é
enviar uma mensagem à comunidade
Finalidade preventiva geral negativa: intimida toda a sociedade, tende a
mostrar que há mais desvantagens do que vantagens na prática do crime
Finalidade preventiva geral positiva: tenta mostrar à sociedade que só o ato
ilícito continua a valer

Finalidades preventivas especiais: a mensagem é dirigida ao agente e tem em


vista a ressocialização do agente que cometeu o facto
Estas tem ainda um vertente negativa e positiva:

Finalidade preventiva especial negativa: tenta afastar o individuo da


sociedade
Finalidade preventiva especial positiva: tenta mostrar ao individuo que há um
caminho sem ser o do crime

• Fins das penas art 40.º


O princípio da culpa divide-se no princípio da bilateralidade da culpa que esta
associado às teorias absolutas, e no princípio da unilateralidade da culpa
 Princípio da bilateralidade da culpa: a culpa tem quatro funções
relativamente à pena (pressuposto, medida, limite e fundamento). A culpa é
pressuposto da pena o que quer dizer que na é possível uma pena sem culpa.
A culpa é medida da pena, ou seja, a pena tem de ser exatamente igual à
culpa. A culpa é limite da pena, isto quer dizer que não é possível mais oena
que culpa, mas é possível mais culpa que pena. A culpa é fundamento da
pena, ou seja, sempre que existir culpa terá de existir pena, isto é, não existe
pena sem culpa e também não existe culpa sem pena
 Princípio da unilateralidade da culpa: vem dizer que não é possível haver
pena sem culpa, nem é possível mais pena que culpa. No entanto é possível
existir mais culpa que oena, ou seja, a culpa não é medida da pena (art 74.º e
art 40.º nº2). A culpa não é fundamento da pena
Existem duas teorias relativamente aos fins das penas
Teoria Absoluta/ retribuição:
A finalidade desta doutrina é retribuir o mal causado, vingar, castigar
Esta teoria começou pelo princípio “olho por olho, dente por dente”. Traz i
princípio da proporcionalidade.
A grande critica que se pode dirigir é a de que olham para o passado
Teoria Relativa/ prevenção:
Esta teoria olha para o futuro e a culpa assume dois papeis (pressuposto e
limite). O Estado pune para que o crime não se volte a repetir.
Prevenção geral negativa/ intimidação: temos de intimidar as pessoas que
praticam crimes. Critica: isto é absoluta instrumentalização do arguido
Prevenção geral positiva/ integração: aquilo que nós queremos é mostrar à
comunidade que apesar de terem violado esta norma, esta norma permanece no
ordenamento, ou seja, permanece para reafirmar o valor da pena
Prevenção especial negativa/ segregação: é uma prevenção associada à ideia
de “fruta podre”. O agente é um mal e antes que prejudique a comunidade, este é
posto de parte. O agente é posto na prisão. O afastamento do agente não significa que
tenhamos preocupação com o mesmo
Prevenção especial positiva/ ressocialização: é mais divulgada, mas em
Portugal não é a mais importante. E, teoria, aplicamos uma pena para dar todas as
ferramentas
Critica: leva à instrumentalização do agente e pode ser injusta a aplicação da
pena
• A pena como instrumento de prevenção geral e prevenção especial
o Prevenção geral: destina-se a atuar sobre a generalidade dos membros da
comunidade, afastando-os da prática de crimes através da ameaça penal
estatuída pela lei,
▪ Negativa: a pena é concebida como forma de intimidação das outras
pessoas através do sofrimento que com ela se inflige ao delinquente e
cujo reveio as conduzira a não cometerem factos puníveis . trata-se da
intimidação da comunidade que viu o agente a praticar o facto, para
que esta se abstenha de o praticar também
▪ Positiva: a pena é concebida como forma de que o Estado se serve
para manter e reforçar a confiança da comunidade na validade e na
força de vigência das suas normas de tutela de bens jurídicos e no
ordenamento jurídico. Trata se da integração da norma jurídica
violada no ordenamento jurídico
o Prevenção especial: tem em comum a ideia de que a pena é um instrumento
de atuação preventiva sobre a pessoa do delinquente com o fim de evitar que,
nom futuro, ele cometa novos crimes
▪ Negativa: trata-se de alcançar com efeito de pura defesa social,
através da separação ou segregação do delinquente, assim
procurando atingir-se a neutralização da sua perigosidade social
▪ Positiva: visa criar condições necessárias para que o delinquente
possa, no futuro, continuar a viver a sua vida sem cometer crimes.
Traduz-se na prevenção da reincidência
• Sanções como consequências jurídico criminais
Podem ser: pena de prisão, pena de multa e medidas de segurança
Está tipificado no art 41.º e seguintes
Para que uma pena seja aplicada, é necessária a culpa do agente. A culpa pode ser
dolosa (vontade do agente) ou por negligencia (deriva da violação do dever de
cuidado, mas o agente não tinha vontade de cometer o crime). Todavia, só na
existência de culpa dolosa é que se aplicam as penas, a não ser que a lei se expresse de
forma contraria quanto aos crimes negligentes (art 13.º)
Para ser considerado crime é necessário verificar os seguintes elementos:
Ação humana
Ilicitude – o facto tem de constituir um ilícito penal típico, pois caso
não se encontre tipificado na lei, chamamos de conduta atípica e não
constitui crime
Culpa - tem de se provar que o agente é culpado
Punibilidade

A culpa é um pressuposto para a aplicação de uma pena, se a culpa não for provada, não há
pena. No entanto, o agente pode ser culpado e não haver pena (art 74.º)

A medida de pena determina-se de acordo com o art 71.º


Principais: podem ser aplicadas por elas próprias automaticamente
Acessórias: só se aplicam caso for aplicada uma sanção principal e estiver
compreendidos certos pressuposto (art 65.º CP)

• Medidas de segurança
A finalidade da medida de segurança é fazer com que cesse o estado de perigosidade,
quando este acabar, acaba também a medida de segurança
O tempo de internamento pode ser revisto de 2 em 2 anos, o que significa que a pena
aumenta se o perigo não cessar

- O agente é inimputável, ou seja, quando é menor de 16 anos ou então quando é maior de 16


anos, mas tem anomalia psíquica

- A inimputabilidade tem de ser a causa determinante da prática do facto ilícito típico

- Perigosidade do agente, que advém da gravidade do facto praticado, natureza da


perturbação, fundado receio do cometimento de futuros factos da mesma espécie/ natureza

Estes pressupostos estão previstos no art 91.º nº1

Como se relacionam as penas com as medidas de segurança?

Existem duas teorias: teoria monista e teoria dualista

Na teoria monista tem de existir um agente e este tem de praticar um facto, e a


punição tem de ser uma pena (prisão) ou uma medida de segurança (internamento)

Na teoria dualista é necessário existir um agente que pratique um facto e esta é


punido com uma pena e uma medida de segurança

O sistema português adota o monismo prático (art 99.º nº1)

• Pena Relativamente indeterminada


O código penal português segue o sistema tendencionalmente monista (se ao agente e
pelo mesmo facto se aplica uma pena de prisão ou uma medida de segurança) ao
consagrar a pena relativamente indeterminada
Sistema dualista: aplicação cumulativa ao mesmo agente, pelo mesmo facto, de uma
pena e uma medida de segurança

Pressupostos do art 83.º CP


1. Facto atual - crime doloso e pena de prisão + 2 anos
2. Factos anteriores- 2 ou mais crimes, crimes dolosos e cada um com
pena de prisão efetiva superior a 2 anos
3. Personalidade

Cálculo do art 83.º

Mínimo de prisão: 2/3 da pena concreta

Máximo de prisão: pena concreta + 6 anos

Pressupostos do art 84.º

1. Facto atua: crime dolo e pena de prisão efetiva


2. Factos anteriores: 4 ou mais crimes, crimes dolosos e cada um com pena de
prisão efetiva
3. Personalidade

Cálculo do art 84.º

Mínimo de prisão:2/3 da pena concreta

Máximo de prisão: pena concreta + 4 anos

Pressupostos do art 85.º

1. Para agente com menos de 25 anos à prática do facto


2. Prisão no mínimo de 1 ano já cumprida
3. Se art 83.º- cálculo será mínimo de 2/3 da pena concreta e o máximo de pena
concreta + 4 anos OU
4. Se art 8a.º- cálculo será mínimo de 2/3 da pena concreta e o máximo de pena
concreta + 2 anos

Cálculo do art 85.º

• Art 83.º
Mínimo de prisão: 2/3 da pena concreta
Máximo de prisão: pena concreta + 4 anos
• Art 84.º
Mínimo de prisão: 2/3 da pena concreta
Máximo de prisão: pena concreta + 2 anos
• Vicariato na execução
O art 99.º regula esta figura
Pressupostos:
1. Um agente
2. Dois factos
3. Uma pena de prisão
4. Uma medida de segurança
Internamento Prisão Penas a cumprir
3 anos 3 anos Não cumpre prisão
4 anos 7 anos 7:1/2=3.5, logo é libertado se garantidas as exigências da prevenção
geral (art 99.º nº2)
1 ano 3 anos 3:1/2= 1.5, o tribunal a requerimento do condenado pode substituir o
tempo de prisão por 0.5 anos de trabalho a favor da comunidade se
garantir as exigências da prevenção geral (art 99.º nº3). No caso de o
requerimento não ser aceite, o condenado pode ser libertado quando
faltar 2/3 do cumprimento da pena e se garantidas as exigências da
prevenção geral
5 anos 2 anos Não tem nada para cumprir
• Conceito material de crime
o Perspetiva positivista legalista
Tenta dar uma explicação à legitimidade material, mas não consegue, esta diz
que é crime tudo o que lei disser que é crime

o Perspetiva positivista sociológica


Diz que o crime há-se corresponder ao que a sociedade considera
comportamentos danosos para a mesma. O que acontece é que as condutas
podem ser danosas, mas podem não ser condutas criminosas

o Perspetiva moral social


Tudo o que foge aos parâmetros da maioria podem ser incriminados, mas esta
permite que o estado criminalize o que entender

o Perspetiva racional:
Tutela subsidiária ou de “ultima ratio” dos bens jurídicos
Diz que o direito penal existe para proteger bens jurídicos que existem para
que a sociedade viva bem e em harmonia, sendo que o direito tem de os
proteger. Aplica-se quando as outras ordens jurídicas são insuficientes porque
há milhares de ilícitos, mas só há alguns ilícitos penais.
Dignidade penal- trata-se da conduta humana inqualificável/ intolerável para a
sociedade
Danosidade social- o dano causado à vítima, bem como às vítimas indiretas
(todos nós), pois pode tornar a sociedade insegura, por nos fazer sentir nemos
seguros, menos livres. Trata-se do próprio choque que causa nas pessoas
Carência ou necessidade de tutela penal- chega-se à conclusão de que sem a
punição penal aquele bem jurídico não consegue estar suficientemente
protegido
• Ilícito penal e ilícito contraordenacional
o Ilícito penal: aplica-se o direito criminal, o código penal; o crime tem de ser
ilícito, culpado e a sanção é a oena de prisão ou multa; direito penal é a norma
mais forte; não há crime sem lei, o princípio da legalidade é relevante
o Ilícito contraordenacional: não é direito criminal; aplica-se o regime geral das
contraordenações e subsidiariamente o código penal; não há sanções
privativas da liberdade; elementos para ser uma contraordenação são: um
facto ilícito, censurado e “tipo” cuja sanção é a coima; não há
contraordenação sem lei- princípio da legalidade;
• A lei tem de preencher os seguintes requisitos
o Scripta (escrita): só a lei pode determinar os comportamentos puníveis. Lei em
sentido formal: lei da Assembleia da república e decreto-lei do governo
autorizado (art 165.º nº1 c) da CRP)
o Poevia (prévia): a lei tem de ser anterior ao facto punível, ou seja, tem de
existir no momento da prática do facto. O art 3.º do CP diz quando é o
momento da prática do facto. O momento da prática do facto é o momento do
crime. Tem uma exceção: a lei mais favorável ao arguido aplica-se
retroativamente art 2.º do CP e art 29.º nº4 da CRP
o Coerta (determinada): é uma lei que descreve com rigor o comportamento
considerado punível. As leis penais não devem, em princípio, usar conceitos
que sejam vagos. É assegurado pelo princípio da tipicidade } princípio da
determinabilidade
o Stricta (estrita): a lei deve de definir todos os elementos do comportamento
que o legislador quer punir. É proibida a analogia e está previsto no art 1.º nº3
do CP
• Nullum crimes sine lege
É um princípio segundo o qual não há crime sem lei. significa que por mais socialmente
nociva e reprovável que se figure um comportamento, tem o legislador de o
considerar como um crime, descrevendo-o e impondo-lhe como consequência jurídica
uma sanção criminal para que dai em diante seja punida

Lei intermedia

É uma lei que não esta em vigor na prática do facto e não esta em vigor no julgamento.

Temos a Lei 1 (facto), lei 2 , lei 3, lei 4 (julgamento)

Vamos supor que a lei 2 é mais favorável, é uma lei intermedia.

Da lei 2 para a frente são leis posteriores a prática do facto, destas leis só são intermedias a lei
2 e lei 3.

Leis temporárias nª3 – estado fatual e execução

Podem aparecer como leis de temporárias ( sabemos a data inicial e a data de fim) ou leis de
emergência ( sabemos a data início e não sabemos a data final)

Sucessão de leis temporárias temos de ver se:

1. Consoante as alterações das circunstâncias


2. Existe uma mera alteração da conceção do legislador

Tenho de aplicar a lei da prática do facto

Vou escolher das várias leis temporárias, a mais favorável.

• Aplicação da lei penal no tempo

O pressuposto de atuação do p. da irretroatividade é a determinação do momento da


prática do facto (“tempos delieti”) – art 3.º do CP, sendo decisivo para a determinação do
momento a conduta , e não o resultado. Ex. mesmo que a vítima morra 3 meses depois do
agente a ter esfaqueado, considera-se o momento em que o agente pratica o crime. Ex. se
a pessoa fica em coma 2 anos, o agente é condenado por homicídio na forma tentada,
porque o homicídio não foi consumado.
Princípio da irretroatividade da lei penal – A lei penal só pode ser aplicada a factos que
ocorram após a sua entrada em vigor.

A proibição da retroatividade funciona apenas a favor do agente e não contra ele, sendo
que se lhe deve ser aplicada a lei mais favorável.
Assim, segundo o art 2.º nº1 do CP, em regra deve ser aplicada a lei do momento da
prática do facto, embora esta contenha exceções, em que será retroativamente
aplicável a lei mais favorável ao agente (art 29.º nº4 CRP – fundamento legal):
Art 2.º nº2 do CP- Descriminalização:

Uma lei posterior à prática do facto deixa de considerar este como crime,
sendo que, mesmo que já tenha havido condenação (e até se tenha já tiver transitado em
julgado), cessam a execução e os seus efeitos penais

Descriminalizar: eliminar uma incriminação que até à data existia, ou torna


aquele crime num ilícito de mera ordenação. Ou seja, deixa de constituir crime à luz do
direito penal

Art 2.º nº4 do CP- Despenalização:

Quando uma nova lei atenua as consequências jurídicas que ao facto se ligam,
nomeadamente a pena, a medida de segurança ou os efeitos penais do facto, também neste
caso a lei mais favorável deve de ser retroativamente aplicada e devera selo ainda que a
condenação tenha transitado em julgado (art 2.º nº4 do CP)

No art 2.º nº4, 1º parte, encontramos previsto o que se chama de leis


intermedias. Estas são leis que entram em vigor posteriormente à prática do facto, mas já não
vigoravam ao tempo da apreciação judicial deste

Esta solução tem fundamento legal no art 29.º nº4 2º parte da CRP e pelo art 2.º nº4 1º parte
do CP e justifica-se porque com a vigência da lei mais favorável (lei intermedia) o agente
ganhou uma posição jurídica que deve ficar a coberto da proibição de retroatividade da lei
mais grave posterior.

São leis que ainda não estavam em vigor no momento da prática do facto e já não esta em
vigor no momento do julgamento

No art 2.º nº4 2º parte do CP, resulta que haja a reabertura do processo para nova
determinação da pena concreta no quadro da nova moldura penal aplicável, mas somente um
limite à execução da pena concreta aplicada na condenação transitada em julgado, que
coincide com o limite máximo da pena aplicável pela lei nova mais favorável (art 371.º - A do
CPP)

Art 2.º nº3 do CP- Leis temporárias:

Trata-se de uma exceção ao princípio da aplicação da lei mais favorável. Estas


são lei ultrativas, pois são aplicáveis mesmo que em rigor já não se encontrem vigentes

São leis criadas em circunstâncias anómalas ou extraordinárias, cujo período


de vigência é mais curto que as outras

• Aplicação da lei penal no espaço

Passos que se deve seguir para lei penal no espaço:

Artigo 7ª - lugar da prática do fato tem um critério muito amplo:

• Ação total ou parcial (em qualquer forma de comparticipação).


• Omissão
• Resultado
• Resultado esperado
1. A em Portugal e B em Espanha lugar da prática pelo critério da ação
2. Se o A(Portugal) e B ( Espanha) se B disparou para o A, consideramos que foi praticado
a Portugal pelo critério do resultado
3. Se o A (Portugal) disparou, mas não acertou em B ( Espanha),consideramos que foi
praticado em Portugal pelo critério da ação
4. Se o B ( Espanha) disparou, mas não acertou o A (Portugal), Portugal lugar da prática
do crime pelo critério do resultado esperado
Depois de analisar isto chegamos a duas conclusões:

➢ Se foi aplicado em Portugal e aplicamos o artigo 4ª (princípio da territorialidade)


Artigo 4 al a) princípio da territorialidade é a regra. ( o sítio é onde estão as provas do crime,
por outro lado é no sítio que se reclama a prevenção geral)

Artigo 4 al b)- critério do pavilhão

Só não se julga em Portugal sob um tratado em contrário

➢ Se foi aplicado fora Portugal, aplicamos o artigo 5ª e 6ª


Artigo 5ª al e) princípio da nacionalidade

Quando o fato for praticado por um português – princípio da nacionalidade ativa

Quando o português foi o ferido é o princípio da nacionalidade passiva

Al e) ponto 3ª para o artigo 33ª nª3, nª4 e nª6 a CRP

O artigo 33ª nª3- só extradito portugueses por um crime terrorista

Nª4, extradição de outros que não são portugueses, o estado que está a pedir a extradição,
temos de ver a pena aplicada ao agente, se for pena perpetua temos de ver que se não se
aplica esta medida.

O nª6, se for pena de morte não extraditamos

Se for crimes políticos não extraditamos

Princípio da nacionalidade cumulativa ou atípica, artigo 5ª al b), no fundo são portugueses


que estão cá, mas o crime ocorreu no estrangeiro.

Princípio da defesa dos interesses nacionais, tem consagração na alínea a) do artigo 5ª.

Princípio da universalidade, está na alínea c) e d) do artigo 5ª ( ver se o código é de agosto de


2020).

Sublinhar o “ou”

Alínea e) tem os pressupostos mais difíceis

Princípio da administração supletiva da justiça penal, alínea f) do artigo 5ª

Sempre que eu aplico o artigo 5ª mais o artigo 6ª

O artigo 6ª resolve 2 problemas:


➢ No nª1 nos julgamos novamente, mas descontamos o tempo que ela tenha de pena.
Remeter para o artigo 82ª do CP
➢ No nª2,só interessa a 1ª parte deste artigo.

Tem duas exceções que estão no nª3:

✓ Exceto nos casos do princípio da defesa dos interesses nacionais e no princípio da


nacionalidade cumulativa.

• Ramo do direito penal


É um ramo de direito publico, cabendo ao Estado a aplicação da sanção
É uma relação triangular: 1º Estado- exercido pelo poder judicial (Ministério Publico e
Magistrado Judicial); 2º Agente-não podemos julgar uma pessoa incerta; 3º Vítima- em
determinados crimes poderá ser difícil identificar a vítima

• Finalidades do direito penal


A finalidade do direito penal é a proteção subsidiaria dos bens jurídicos essenciais
Trata-se de uma proteção especial, uma vez que o direito penal só intervém quando os
outros ordenamentos jurídicos não são capazes de resolver o problema em questão

• Descriminalização vs. criminalização:


Descriminalização: comportamento sem dignidade para o direito penal (art 2.º nº2 CP)
Criminalização: comportamento relevante para o direito penal criar uma sanção.
Conduta que não era crime e passou a ser
Descriminalização em sentido estrito: reduzir a moldura penal, ou seja, não deixa de
ser crime, mas passa a ser penalizada de uma forma mais gravosa (art 2.º nº4 CP)

• Moldura penal:
É a pena prevista, quer em limites mínimos quer em limites máximos
Todas as sanções para serem justas tem de estar em conformidade com o grau de
perigosidade e condição económica e não podem ser desproporcionais ao ponto de
prejudicar o agente relativamente à culpa, ou seja, não pode ser maior que culpa, mas
pode ser menor que a culpa (art 40.º nº2 e 3 CP)

• A lei penal e a sua aplicação no tempo


Uma eficaz prevenção de um crime só tem êxito se à intervenção estadual forem
levantados limites estritos, perante a possibilidade de uma intervenção estadual,
arbitraria ou excessiva
Esta possibilidade de intervenção estadual arbitraria ou de excesso só ocorre
submetendo intervenção penal a um rigoroso princípio da legalidade que se traduz em
não poder haver crime, nem pena que não resultem de uma lei previa, escrita, estrita e
certa (Nullum crimen, nulla poena legel)
O princípio encontra-se consagrado no art 29.º nº1 da CRP que está materialmente
ligado ao art 1.º nº 1 e 2 do CP. No art 29.º nº2 da CRP foi adotada a conceção
segundo a qual a responsabilidade pelo crime contra o direito internacional não se
encontra sujeito ao princípio da legalidade previsto no art 29 nº1, valido apenas para
lei estadual
• Momento da prática do facto
O art 3.º do CP consagra o momento da prática do facto.
A determinação da prática do facto é a conduta, não o resultado. A regulamentação
vale para todos os comparticipantes no facto criminoso como atuantes ou apenas
cúmplices (art 26.º e 27.º do CP). Há, no entanto, crimes que a conduta se prolonga no
tempo, de forma que uma parte possa ocorrer no domínio da lei antiga e outra no da
lei nova

• Princípio da aplicação da lei mais favorável


Está previsto no art 2.º nº4 do CP e no art 29.º nº4 2ª parte da CRP
A descriminalização corresponde a uma situação em que a lei posterior à prática do
facto deixa de considerar o facto como crime
O art 2.º nº2 diz que cessa a execução e os efeitos derivados do facto, ainda que
transitado em julgado

• Hipótese de atenuação da consequência jurídica


A lei mais favorável deve de ser aplicada retroativamente, no entanto, com ressalvas
dos caos julgados (previstos no art 2.º nº4 do CP e art 29.º nº4 da CRP). Nestes casos o
princípio não atua perante incerteza, transitado em julgado, pois seria inconstitucional
segundo o art 29.º nº4 da CRP.

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