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Nota Prévia
Foram elaborados pelo aluno Guilherme Tarrinha, tendo por base as aulas e documentos
disponibilizados pela docente Francisca Silva.
Salienta-se que estes apontamentos são apenas complementos de estudo, não sendo
dispensada, por isso, a leitura das obras obrigatórias e a presença nas aulas.
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Índice
Responsabilidade civil.......................................................................................................5
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Aula de 20/10
O Direito Penal é um ramo de Direito Público, de acordo com o critério dos interesses,
segundo o qual o Direito Privado prossegue interesses privados e o Direito Público
prossegue interesses públicos; este critério foi, entretanto, corrigido, estando agora
formulado com base na predominância dos interesses, ou seja, o Direito Privado
prossegue, predominantemente, interesses privados, enquanto o Direito Público
prossegue interesses predominantemente públicos.
No entanto, este critério provou-se insuficiente, tendo surgido o critério da qualidade dos
sujeitos, segundo o qual o Direito Privado tutela relações entre particulares e o Direito
Público tutela relações entre entes públicos.
Ainda assim, também este último critério tem provado não ser suficiente, o que fez surgir
o critério da posição relativa dos sujeitos, que postula que o Direito Público regula
relações entre dois sujeitos, em que um deles está numa posição de supremacia em relação
ao outro, em virtude de estar revestido de ius imperii, ao passo que o Direito Privado
regula relações entre sujeitos em situação de paridade.
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Ação/Omissão
Tipicidade
Ilicitude
Culpa (o agente que age sem culpa não pratica um crime – inimputável)
Punibilidade
1. Penas principais
1.1. Pena de prisão
1.2. Pena de multa (não se confunde com a coima, que é uma sanção
contraordenacional e aplicada por uma entidade administrativa, ao passo que
a multa é uma sanção criminal, decorrente da prática de um crime e aplicada
por um tribunal)
2. Penas acessórias
Encontram-se previstas nos artigos 65º e seguintes do Código Penal e aplicam-se
em conjunto com uma pena principal, não podendo ser aplicadas isoladamente
(geralmente, aplicam-se em relação a crimes cometidos com automóveis –
proibição de condução de veículos com motor → artigo 69º)
3. Penas de substituição
Visam substituir uma pena principal (exemplo da pena suspensa, que substitui a
pena principal de prisão)
Ambas as expressões são corretas, porém incompletas, dado que a designação “Direito
Penal” coloca a tónica nas penas, excluindo a existência das medidas de segurança, e a
designação “Direito Criminal” centra-se nos crimes, excluindo, igualmente, os ilícitos
típicos e, consequentemente, as medidas de segurança.
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1. Parte Geral – prevê os pressupostos de aplicação da lei penal, os elementos
constitutivos do crime e as sanções criminais em geral
2. Parte Especial – prevê os específicos crimes (homicídio, violação, roubo, etc) e
as sanções concretas que se aplicam a cada crime
Para Figueiredo Dias, o bem jurídico pode ser definido como “a expressão de um
interesse, da pessoa ou da comunidade, na manutenção ou integridade de um certo estado,
objeto ou bem socialmente relevante e juridicamente reconhecido como valioso”.
O bem jurídico pode ser um objeto, material ou imaterial (honra), uma relação entre
pessoas (uma estrutura familiar), uma relação entre uma pessoa e um objeto (propriedade)
ou, ainda, um sistema de relações (sistema monetário).
O Direito Penal não tutela todos os bens jurídicos, apenas os essenciais. Para definir os
bens jurídicos essenciais, temos que utilizar a Constituição da República Portuguesa
(CRP) como referente, que nos fornecerá o quadro axiológico essencial, pelo que
qualquer bem jurídico essencial será uma concretização dos valores constitucionais.
Atividade prática (relacionar crimes com os bens jurídicos que aqueles afetam)
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6. Furto simples (art. 203º) → propriedade
7. Condução por excesso de embriaguez (art. 292º) → segurança rodoviária
Nota: o crime de furto basta-se pela subtração de coisa ou animal alheio, enquanto o roubo
pressupõe a violência ou a ameaça violenta
Deste modo, o Direito Penal oferece uma tutela subsidiária ou de “ultima ratio”.
Responsabilidade civil
Responsabilidade civil por factos ilícitos (um dos seus elementos constitutivos é a culpa)
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Exemplo: o sujeito A está a conduzir, cumprindo todas as regras do Código da Estrada,
mas é surpreendido por um troço de estrada com óleo derramado, que o faz perder
controlo do automóvel e atropelar uma pessoa; neste caso, não há crime, dado que A não
agiu com culpa, mas sim um caso de responsabilidade civil, que resultará num dever de
indemnizar – responsabilidade civil objetiva.
A definição de crime tem sofrido alterações, de acordo com as modelações sociais, sendo
esta a base de explicação para os fenómenos de neocriminalização (quando uma conduta
que não era considerada crime passa a sê-lo) e de descriminalização (quando uma conduta
considerada crime deixa de o ser).
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Teorias dos fins das reações criminais/penas
O problema das penas foi sendo resolvido com apelo a duas teorias:
Inconvenientes da teoria:
Se o fundamento para a aplicação de uma sanção é a censura/culpa, o
pensamento retributivo não oferece uma solução quanto aos inimputáveis
Este pensamento não oferece solução para os criminosos especialmente
perigosos, dado que, se eles têm tendência para praticar crimes, são menos
livres na sua área de atuação, pelo que devia ser aplicada uma pena mais
branda, o que colidiria com exigências de prevenção
A circunstância deste pensamento colidir com o Estado de Direito
democrátivo pluralista e laico dos nossos dias, em que o Estado não pode
sancionar o vício e o pecado e não pode agir por vingança
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Qualquer teoria preventiva vai ver a pena como um instrumento para prevenir
crimes.
2.1. Prevenção geral – a pena é um instrumento de prevenção do crime em relação
à generalidade da comunidade
2.1.1. Prevenção geral positiva/de integração – a pena será um instrumento
de reabilitação da confiança da comunidade na vigência e validade das
normas do ordenamento jurídico-penal; a confiança da sociedade é
abalada com o crime e a sanção permite reabilitar essa confiança
2.1.2. Prevenção geral negativa/de intimidação geral – a pena será um
instrumento em que, através do sofrimento que é infligido ao
concreto delinquente, afastará os membros da comunidade da prática
de crimes; ao ser aplicada uma pena ao concreto criminoso,
desencorajar-se-á as outras pessoas da prática de crimes
Críticas:
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2.2.2.1. Incapacitação – procura-se que a pena seja um instrumento de
segregação do agente, isto é, de separação do mesmo em relação a
todas as realidades onde ele possa reincidir
2.2.2.2. Intimidação individual – a pena será um instrumento que
atemorizará o concreto delinquente a um ponto tal que ele se
sentirá desencorajado a praticar crimes no futuro
Críticas:
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