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LEGISLAÇÃO

PENAL ESPECIAL
Ficha Catalográfica

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Legislação Penal Especial

São Paulo
2018
FICHA TÉCNICA

Prof. José Fernando Pinto da Costa


Presidência da Mantenedora

Prof. José Fernando Pinto da Costa


Reitoria

Sthefano Bruno Pinto da Costa


CEO

Profa. Ms. Patrícia Paiva Goncalves Bispo


Diretoria de EaD

Ana Cristina Francisca de Jesus


Coordenadora de Projetos EaD

Felipe Galesi Raimo


Coordenador AVA

Priscila Corrêa Dias


Analista de Conteúdo EaD

Rogério Batista Furtado


Web Designer

Alexandre Salim
Autoria
1. AULA 1 – CRIMES HEDIONDOS - TERRORISMO - TORTURA ..................................................... 8
1.1. Crimes hediondos (Lei 8.072/90) ......................................................................................... 8
1.2. Terrorismo (Lei 13.260/16) ...................................................................................................8
1.3. Tortura (Lei 9.455/97) ............................................................................................................ 9
2. AULA 2 – LEI DE DROGAS ........................................................................................................... 10
2.1. C1. Lei de Drogas ................................................................................................................. 10
2.2. Posse de droga para consumo pessoal (art. 28) ............................................................. 10
2.3. Tráfico de drogas (art. 33, caput e § 1º) ........................................................................... 10
2.4. Cessão gratuita para consumo (art. 33, § 3º) .................................................................. 11
2.5. Tráfico privilegiado (art. 33, § 4º) ...................................................................................... 11
2.6. Associação para o tráfico (art. 35) .................................................................................... 11
2.7. Crime culposo (art. 38) ........................................................................................................ 12
2.8. Fase policial .......................................................................................................................... 12
2.9. Fase judicial .......................................................................................................................... 12
3. AULA 3 – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - ABUSO DE AUTORIDADE - RACISMO.................... 14
3.1. Organização Criminosa ....................................................................................................... 14
3.2. Abuso de Autoridade ........................................................................................................... 15
3.3. Racismo ................................................................................................................................ 16
4. AULA 4 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO - LAVAGEM DE DINHEIRO ............................... 18
4.1. Estatuto do Desarmamento ................................................................................................ 18
4.1.1. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12) .................................. 18
4.1.2. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14) ......................................... 18
4.1.3. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16) ............................ 19
4.1.4. Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18) ....................................................... 19
4.2. Lavagem de Dinheiro ........................................................................................................... 19
4.2.1. Crime de lavagem (art. 1º, caput) .............................................................................. 20
4.2.2. Crimes equiparados (art. 1º, §§ 1º e 2º) .................................................................. 20
4.2.3. Colaboração premiada (art. 1º, § 5º) ........................................................................ 20
4.2.4. Independência do crime de lavagem (art. 2º, II) ...................................................... 21
4.2.5. Competência ................................................................................................................ 21
4.2.6. Instrução da denúncia e autonomia da lavagem (art. 2º, § 1º) ............................. 21
4.2.7. Efeitos da condenação, além daqueles previstos no Código Penal (art. 7º) ....... 21
5. AULA 5 – CRIMES DE TRÂNSITO - CRIMES AMBIENTAIS ...................................................... 23
5.1. Crimes de Trânsito............................................................................................................... 23
5.1.1. Homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302) ............................ 23
5.1.2. Lesão culposa na direção de veículo automotor (art. 303) .................................... 23
5.1.3. Omissão de socorro (art. 304) ................................................................................... 24
5.1.4. Embriaguez ao volante (art. 306)............................................................................... 25
5.1.5. Participação em competição não autorizada (art. 308) ......................................... 25
5.1.6. Direção de veículo sem permissão ou habilitação (art. 309) ................................. 26
5.1.7. Entrega de veículo a pessoa não habilitada (art. 310) ............................................ 26
5.1.8. Trafegar em velocidade incompatível próximo a certos lugares (art. 311) ......... 26
5.1.9. Penas alternativas em caso de condenação (art. 312-A) ....................................... 27
5.2. Crimes Ambientais .............................................................................................................. 27
5.2.1. Crimes contra a fauna (arts. 29 a 37) ....................................................................... 28
5.2.2. Crimes contra a flora (arts. 38 a 53) ......................................................................... 29
5.2.3. Crimes de poluição (arts. 54 a 61) ............................................................................ 30
5.2.4. Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (arts. 62 a 65) .... 30
5.2.5. Crimes contra a Administração Ambiental (arts. 66 a 69-A) ................................. 31
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1. AULA 1 – CRIMES HEDIONDOS - TERRORISMO - TORTURA

1.1. Crimes hediondos (Lei 8.072/90)

• Critério legal.
• Os crimes devem, como regra, estar previstos no Código Penal. Há duas exceções:
genocídio (Lei 2.889/56) e posse/porte de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da
Lei 10.826/03).
• Classificação: a) crimes hediondos contra a pessoa; b) crimes hediondos contra
o patrimônio; c) crimes hediondos contra a dignidade sexual; d) crimes hediondos
contra a saúde pública; e) crime hediondo contra a incolumidade pública.
• Crimes equiparados a hediondos: a) tortura; b) tráfico de drogas; c) terrorismo.
• Consequências gravosas (art. 2º): os crimes hediondos e equiparados são
insuscetíveis de anistia, graça, indulto e fiança.
• A determinação de que o regime inicial seja o fechado (§ 1º do art. 2º) foi
considerada inconstitucional pelo STF.
• Requisito objetivo para a progressão de regime (§ 2º do art. 2º): 2/5 para o
primário; 3/5 para o reincidente.
• Súmula 471 do STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados
cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art.
112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime
prisional”.
• Prazo para a prisão temporária (§ 4º do art. 2º): 30 dias, prorrogável por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade.

1.2. Terrorismo (Lei 13.260/16)

• Conceito de terrorismo: art. 2º, caput.


• Definição de atos de terrorismo: art. 2º, § 1º.
• Punição de atos preparatórios: art. 5º.
• Aplicação dos institutos da desistência voluntária e arrependimento eficaz: art. 10.
• Competência da Justiça Federal: art. 11.
• Crime equiparado a hediondo: art. 17.

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1.3. Tortura (Lei 9.455/97)

• Crime de “tortura-constrangimento”: art. 1º, I. Trata-se de delito comum (pode ser


praticado por qualquer pessoa).
• Crime de “tortura-castigo”: art. 1º, II.
• Tortura de pessoa presa ou submetida a medida de segurança: art. 1º, § 1º.
• Omissão perante a tortura: art. 1º, § 2º.
• Forma qualificada: art. 1º, § 3º.
• Forma majorada: art. 1º, § 4º.
• Efeito da condenação: art. 1º, § 5º. A perda do cargo, no caso de condenação de
funcionário público, é efeito automático da condenação segundo o STJ.
• O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia (art. 1º, § 6º).
• Extraterritorialidade: art. 2º.

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2. AULA 2 – LEI DE DROGAS

2.1. C1. Lei de Drogas

• Lei 11.343/06.
• Revogou o Lei 6.368/76.
• Norma penal em branco: as drogas de uso proibido no Brasil estão na Portaria
SVS/MS 344/98.

2.2. Posse de droga para consumo pessoal (art. 28)

• A 1ª Turma do STF (RE 430105 QO, j. 13/02/2007) disse que é crime.


• Prescrição (art. 30): 2 anos.
• Competência (art. 48, § 1º): Juizado Especial Criminal.
• Prisão em flagrante (art. 48, § 2º): inadmissível.
• Princípio da insignificância: prevalece que não incide. Nesse sentido: STJ, AgInt
no HC 372555, DJe 22/08/2017.

2.3. Tráfico de drogas (art. 33, caput e § 1º)

• Tipo misto alternativo.


• A conduta “remeter” consuma-se com o envio, sendo desnecessário que a droga
chegue ao destinatário.
• A conduta “adquirir” consuma-se com a avença, sendo desnecessária a entrega
(para o STJ, HC 170950, não é necessário nem mesmo o pagamento do preço
ajustado.
• O art. 33, § 1º trata de formas equiparadas à do “caput”, em que o objeto material
do crime não é a droga, mas a matéria-prima, insumo ou produto químico (inciso
I) ou mesmo plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de
drogas (inciso II).
• Súmula 587 do STJ: “Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei
n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre

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estados da Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção
de realizar o tráfico interestadual”.

2.4. Cessão gratuita para consumo (art. 33, § 3º)

• Trata-se de infração de menor potencial ofensivo.


• A consumação ocorre com o oferecimento, independente do uso (crime formal).
• Haverá tráfico (art. 33, caput) se (a) a droga for oferecida a desconhecido; (b) o
oferecimento for habitual; ou (c) o oferecimento visar a enriquecimento.

2.5. Tráfico privilegiado (art. 33, § 4º)

• Não é delito equiparado a hediondo (STF, Pleno, HC 118.533, j. 23/06/2016 +


cancelamento da Súmula 512 do STJ).
• Requisitos cumulativos: a) agente primário; b) agente portador de bons
antecedentes; c) agente que não se dedica a atividades criminosas; d) agente que
não integra organização criminosa.
• Súmula 501 do STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde
que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável
ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a
combinação de leis”.

2.6. Associação para o tráfico (art. 35)

• Pressupõe estabilidade e permanência da associação.


• A mera reunião ocasional não caracteriza o crime, mas um concurso eventual de
pessoas.
• Afasta o § 4º (tráfico privilegiado), pois evidencia a dedicação do agente à
atividade criminosa.

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2.7. Crime culposo (art. 38)

• Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o


paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar.
• Crime próprio.

2.8. Fase policial

• Flagrante (art. 50): ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária


fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do
auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte
e quatro) horas. § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação
da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
pessoa idônea. § 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1o deste
artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
• Prazo para conclusão do inquérito policial (art. 51): o inquérito policial será
concluído no prazo de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando
solto. Esses prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público,
mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
• Infiltração de agentes policiais e ação controlada: art. 53.

2.9. Fase judicial

• Denúncia + testemunhas (art. 54, III): o Ministério Público tem o prazo de 10 dias
para oferecer denúncia, independentemente de o denunciado estar preso ou solto.
Neste caso poderá arrolar até 5 testemunhas.
• Defesa prévia ou resposta preliminar + testemunhas (art. 55): oferecida a
denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia,
por escrito, no prazo de 10 dias. Na resposta, consistente em defesa preliminar e
exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar todas as razões de

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defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende
produzir e, até o número de 5, arrolar testemunhas.
• Audiência de instrução e julgamento (art. 57): na audiência de instrução e
julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será
dada a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e ao
defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para
cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. Parágrafo único. Após
proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para
ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender
pertinente e relevante.
• Sentença (art. 58): encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato,
ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.

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3. AULA 3 – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - ABUSO DE AUTORIDADE -

RACISMO

3.1. Organização Criminosa

• Lei 12.850/13.
• Conceito de organização criminosa (art. 1º, § 1º): considera-se organização
criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada
e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática
de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou
que sejam de caráter transnacional.
• Crime de integrar organização criminosa (art. 2º): pune-se a conduta de promover,
constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
organização criminosa.
• Requisitos da colaboração Premiada (art. 4º, caput): o juiz poderá, a requerimento
das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena
privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo
criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes
resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização
criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura
hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de
infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a
recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais
praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a
sua integridade física preservada.
• Partes na colaboração premiada (art. 4º, § 6º): o juiz não participará das
negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor,
com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério
Público e o investigado ou acusado e seu defensor.

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• Inadmissibilidade de sentença condenatória somente com base na delação (art.
4º, § 16): nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas
nas declarações de agente colaborador.
• Direitos do colaborador (art. 5º): I - usufruir das medidas de proteção previstas na
legislação específica; II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações
pessoais preservados; III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais
coautores e partícipes; IV - participar das audiências sem contato visual com os
outros acusados; V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação,
nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; VI -
cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou
condenados.
• Ação controlada (art. 8º): consiste em retardar a intervenção policial ou
administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a
medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e
obtenção de informações.
• Infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação (art. 10): representada
pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação
técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial,
será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que
estabelecerá seus limites.
• Excessos praticados (art. 13): o agente que não guardar, em sua atuação, a devida
proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos
praticados. Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de
crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta
diversa.

3.2. Abuso de Autoridade

• Lei 4.898/65
• Ação pública incondicionada: os crimes de abuso de autoridade são processados
mediante ação penal pública incondicionada (art. 1º da Lei 5.249/67).

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• Crimes do art. 3º: os bens jurídicos tutelados coincidem com direitos e garantias
fundamentais elencados no art. 5º da CF. Ademais, esses delitos não aceitam a
tentativa, pois são crimes de atentado ou empreendimento.
• Crimes do art. 4º: são praticados por ação (ex.: ordenar medida privativa de
liberdade individual sem as formalidade legais) ou omissão (ex.: deixar de
comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão de qualquer pessoa). A
tentativa somente será possível na forma comissiva (ação).
• Sanções penais (art. 6º, § 3º): as penas previstas em lei são multa, detenção por
10 dias a 6 meses e perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
outra função pública por prazo até três anos.
• Rito (arts. 13 e segs.): a Lei 4.898/65 prevê procedimento especial, como, por
exemplo, prazo para denúncia em 48 horas. No entanto, como a pena máxima não
ultrapassa dois anos, se está diante de infração penal de menor potencial
ofensivo, razão pela qual deve ser adotado o procedimento sumaríssimo da Lei
9.099/95. Somente na hipótese de os autos serem encaminhados ao juízo comum
é que será adotado o rito especial previsto na Lei 4.898/65.

3.3. Racismo

• Lei 7.716/89: pune crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça,


cor, etnia, religião ou procedência nacional (art. 1º).
• Crime de recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial (art. 5º): pune-
se a conduta de recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-
se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. O sujeito passivo é o cliente
ou comprador discriminado.
• Crime de impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel (art. 7º): pune-se a
conduta de impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão,
estalagem ou qualquer estabelecimento similar. O crime é próprio, pois o sujeito
ativo será o proprietário ou responsável pelo hotel, pensão, estalagem ou
estabelecimento similar.
• Crime de impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurante (art. 8º): pune-
se a conduta de impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares,
confeitarias ou locais semelhantes abertos ao público. O tipo fala em “locais

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semelhantes”, razão pela qual o crime poderá ocorrer em cafeterias ou padarias,
por exemplo.
• Crime de impedir o acesso ou recusar atendimento em salão de cabeleireiro (art.
10): pune-se a conduta de impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com
as mesmas finalidades. O crime é próprio, pois somente pode ser praticado pelo
proprietário ou responsável pelo atendimento nos locais referidos no tipo.
• Crime de impedir o acesso às entradas sociais de edifícios (art. 11): pune-se a
conduta de impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou
residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos. A vítima é a pessoa
que sofre o ato discriminatório.
• Crime de praticar racismo (art. 20): a Lei 7.716/89 prevê como delito praticar,
induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. O crime do art. 20 dirige-se a toda uma categoria de
pessoas, ou seja, a vítima é a coletividade.
• Crime de divulgação do nazismo (art. 20, § 1º): pune-se a conduta de fabricar,
comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos
ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação
do nazismo. Além do dolo genérico, também há necessidade do especial fim de
agir do sujeito ativo (dolo específico de querer divulgar o nazismo).
• Efeitos da condenação (arts. 16 e 18): constitui efeito da condenação a perda do
cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento
do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses. Os efeitos não
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

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4. AULA 4 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO - LAVAGEM DE

DINHEIRO

4.1. Estatuto do Desarmamento

• Lei 10.826/03.
• Os crimes relacionados a armas de fogo são de perigo abstrato.
• Arma de fogo desmuniciada ou desmontada: não descaracteriza o crime.

4.1.1. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12)

• Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de
sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde
que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa.
• A posse ocorre intramuros, ou seja, dentro da sua própria casa, dependências
desta (ex.: garagem) ou no seu local de trabalho quando for o titular ou
responsável legal do estabelecimento ou empresa.
• As armas de uso permitido estão no art. 17 do Decreto 3.665/00.
• Súmula 513 do STJ: “A 'abolitio criminis' temporária prevista na Lei n. 10.826/2003
aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado,
praticado somente até 23/10/2005”.

4.1.2. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14)

• Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar.
• O porte ocorre extramuros, ou seja, na via pública ou dentro de uma casa de
terceira pessoa.

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• Trata-se de tipo misto alternativo (a prática de dois ou mais verbos, no mesmo
contexto fático, caracteriza um só delito).
• As armas de uso permitido estão no art. 17 do Decreto 3.665/00.
• Apreensão de duas ou mais armas na mesma ocasião: haverá um só crime (isso
será levado em conta pelo juiz na fixação da pena.
• O parágrafo único, que proíbe a fiança, foi considerado inconstitucional pelo STF.

4.1.3. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16)

• Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,


ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito,
sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
• Abrange tanto a posse (intramuros) quanto o porte (extramuros).
• As armas de uso restrito estão no art. 16 do Decreto 3.665/00.
• Posse ou porte de arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal
de identificação raspado, suprimido ou adulterado: caracteriza o crime do art. 16,
parágrafo único, IV, da Lei 10.826/03.

4.1.4. Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18)

• Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer


título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade
competente.
• Competência da Justiça Federal.

4.2. Lavagem de Dinheiro

• Lei 9.613/98, alterada pela Lei 12.683/12.


• Antes da alteração, a Lei de Lavagem trazia uma lista de crimes antecedentes
(como o tráfico de drogas e o terrorismo). Com a alteração de 2012, não há mais
rol taxativo de crimes antecedentes, podendo haver a “lavagem” de bens, direitos

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e valores de qualquer infração penal (crime ou contravenção). Ex.: atualmente
pode ser “lavado” dinheiro oriundo do jogo do bicho, que é contravenção penal.

4.2.1. Crime de lavagem (art. 1º, caput)

• Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação


ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente,
de infração penal.
• A lavagem de dinheiro é a atividade de desvincular o dinheiro da sua origem ilícita.
O agente busca dar uma aparência de licitude ao proveito do crime.

4.2.2. Crimes equiparados (art. 1º, §§ 1º e 2º)

• - Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens,


direitos ou valores provenientes de infração penal (§ 1º): I - os converte em ativos
lícitos; II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem
em depósito, movimenta ou transfere; III - importa ou exporta bens com valores
não correspondentes aos verdadeiros. Também responde por lavagem quem (§
2º): I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores
provenientes de infração penal; II - participa de grupo, associação ou escritório
tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à
prática de crimes previstos nesta Lei.

4.2.3. Colaboração premiada (art. 1º, § 5º)

• A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto
ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer
tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam
à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

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4.2.4. Independência do crime de lavagem (art. 2º, II)

• O processo e o julgamento dos delitos de lavagem de dinheiro independem do


processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados
em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a
decisão sobre a unidade de processo e julgamento.

4.2.5. Competência

• Em regra, a competência para processar e julgar os crimes de lavagem é da


Justiça Estadual.
• A competência somente será da Justiça Federal em dois casos (art. 2º, III): a)
quando os delitos de lavagem forem praticados contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses
da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; b) quando a
infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.

4.2.6. Instrução da denúncia e autonomia da lavagem (art. 2º, § 1º)

• A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal


antecedente, sendo puníveis os fatos previstos na Lei 9.613/98, ainda que
desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração
penal antecedente.

4.2.7. Efeitos da condenação, além daqueles previstos no Código Penal (art.

7º)

• A perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de competência da Justiça


Estadual -, de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou
indiretamente, à prática dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles

21
utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé; e
• A interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de
diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas
jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade
aplicada.

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5. AULA 5 – CRIMES DE TRÂNSITO - CRIMES AMBIENTAIS

5.1. Crimes de Trânsito

• Lei 9.503/97 (CTB).


• Suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor: a) pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras
penalidades (art. 292); b) a decretação é feita pelo juiz (art. 294); c) da decisão
cabe recurso em sentido estrito (art. 294, parágrafo único); d) duração de dois
meses a cinco anos (art. 293).
• Agravantes (art. 298): a) aplicáveis aos crimes dolosos ou culposos de trânsito; b)
não incidem quando constituírem elementar, qualificadora ou majorante do crime
em espécie. Ex.: a agravante do inciso III (não possuir carteira de habilitação) não
se aplica ao delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB).
• Prisão em flagrante e fiança (art. 301): ao condutor de veículo, nos casos de
acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

5.1.1. Homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302)

• Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor.


• Caso o agente, de forma culposa, mate alguém na direção de veículo que não seja
automotor (ex.: bicicleta ou carroça), incidirá o Código Penal (art. 121, § 3º).
• A Lei 13.546, de 19/12/2017, com vacatio legis de 120 dias, incluiu um § 3º ao art.
302 do CTB: “Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou
de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: Penas -
reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”.

5.1.2. Lesão culposa na direção de veículo automotor (art. 303)

• Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.

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• Caso o agente, de forma culposa, lesione alguém na direção de veículo que não
seja automotor (ex.: bicicleta ou carroça), incidirá o Código Penal (art. 129, § 6º).
• A Lei 13.546, de 19/12/2017, com vacatio legis de 120 dias, incluiu um § 2º ao art.
303 do CTB: “A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima”.
• Art. 291, §§ 1º e 2º, do CTB: aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal
culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de
1995, exceto se o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública,
de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração
de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a
via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). § 2º Nas hipóteses previstas no
§ 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da
infração penal.
• A Lei 13.546, de 19/12/2017, com vacatio legis de 120 dias, incluiu um § 4º ao art.
291 do CTB: “O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59
do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial
atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime”.

5.1.3. Omissão de socorro (art. 304)

• Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro


à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar
auxílio da autoridade pública.
• Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte
instantânea ou com ferimentos leves (parágrafo único).
• Se o condutor se envolve no acidente com culpa, responderá por homicídio
culposo ou por lesão culposa, conforme o caso, com a majorante da omissão de
socorro (inciso III do § 1º do art. 302 do CTB).

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5.1.4. Embriaguez ao volante (art. 306)

• Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da


influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência.
• Trata-se de crime de perigo abstrato (presumido).
• A embriaguez será constatada por: (i) concentração igual ou superior a 6
decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de
álcool por litro de ar alveolar, ou (ii) sinais que indiquem, na forma disciplinada
pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora (ex.: teste de alcoolemia ou
toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de
prova em direito admitidos).

5.1.5. Participação em competição não autorizada (art. 308)

• Crime de “racha” ou “pega”.


• Trata-se de delito de perigo concreto (deve gerar situação de risco à incolumidade
pública ou privada).
• Se resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem
que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
privativa de liberdade é de reclusão, de 3 a 6 anos, sem prejuízo das outras penas
previstas no artigo.
• Se resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de
reclusão de 5 a 10 anos, sem prejuízo das outras penas previstas no artigo.
• A Lei 13.546, de 19/12/2017, com vacatio legis de 120 dias, deu a seguinte
redação ao crime do art. 308 do CTB: “Participar, na direção de veículo automotor,
em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de
exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não
autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada”.

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5.1.6. Direção de veículo sem permissão ou habilitação (art. 309)

• Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano.
• Trata-se de crime de perigo concreto (deve gerar perigo de dano).
• Se o agente não gerar perigo de dano (ex.: o condutor está dirigindo de forma
normal e é parado na barreira de fiscalização, sendo constatado que não é
habilitado) não haverá crime, mas apenas infração administrativa.
• Súmula 720 do STF: “O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama
decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções
Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres”.

5.1.7. Entrega de veículo a pessoa não habilitada (art. 310)

• Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não


habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda,
a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja
em condições de conduzi-lo com segurança.
• Trata-se de crime de perigo abstrato (presumido).
• Súmula 575 do STJ: “Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a
direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre
em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo”.

5.1.8. Trafegar em velocidade incompatível próximo a certos lugares (art.

311)

• Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de


escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros,
logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de
pessoas, gerando perigo de dano.
• Trata-se de crime de perigo concreto.

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5.1.9. Penas alternativas em caso de condenação (art. 312-A)

• Para os crimes previstos no CTB, nas situações em que o juiz aplicar a


substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta
deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma
das seguintes atividades: I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate
dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no
atendimento a vítimas de trânsito; II - trabalho em unidades de pronto-socorro de
hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e
politraumatizados; III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na
recuperação de acidentados de trânsito; IV - outras atividades relacionadas ao
resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.

5.2. Crimes Ambientais

• Lei 9.605/98.
• Punição da pessoa jurídica: de acordo com o art. 225, § 3º, da Constituição
Federal, as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Assim, de acordo com o art. 3º da Lei 9.605/98, as pessoas jurídicas serão
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto na
referida lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou
benefício da sua entidade.
• Teoria da dupla imputação: ocorre quando, para a punição da pessoa jurídica por
um crime ambiental, se condiciona também a punição da pessoa física
responsável pela conduta delituosa. O STF afastou a necessidade de dupla
imputação: “O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a
responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea
persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A
norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação” (STF, RE 548181,
j. 06/08/2013).

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• Penas restritivas de direitos (art. 8º): I - prestação de serviços à comunidade; II -
interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV
- prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar.
• Atenuantes (art. 14): I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II -
arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou
limitação significativa da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia
pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os
agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.
• Penas aplicáveis às pessoas jurídicas (art. 21): I - multa; II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
• Ação penal (art. 26): nas infrações penais previstas na Lei 9.605/98, a ação penal
é pública incondicionada.
• Transação penal (art. 27): nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo
(pena máxima não superior a 2 anos), a transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95)
somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do
dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.
• Suspensão condicional do processo (art. 28): as disposições do art. 89 da Lei
9.099/95 aplicam-se aos crimes ambientais com algumas modificações, ficando
a declaração de extinção da punibilidade condicionada a um laudo de constatação
de reparação do dano ambiental.
• Princípio da insignificância: predomina nas Cortes Superiores ser possível a
aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais.

5.2.1. Crimes contra a fauna (arts. 29 a 37)

• A Súmula 91 do STJ (“Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes


praticados contra a fauna”) foi cancelada.
• Delito de caça proibida (art. 29): matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo
com a obtida.
• Delito de pesca proibida (art. 34): pescar em período no qual a pesca seja proibida
ou em lugares interditados por órgão competente.

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• Definição de “pesca” (art. 36): para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo
ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes
dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou
não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de
extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
• Maus-tratos a animais (art. 32): praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar
animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena -
detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem
realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos
ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada
de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
• Causas especiais de exclusão da ilicitude (art. 37): não é crime o abate de animal,
quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou
de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória
ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente; III – (vetado); IV - por ser nocivo o animal, desde que
assim caracterizado pelo órgão competente.

5.2.2. Crimes contra a flora (arts. 38 a 53)

• Pune-se a conduta de destruir ou danificar floresta considerada de preservação


permanente (art. 38), inclusive na forma culposa.
• É crime causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação (art. 40), que
são as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.
• Pune-se a conduta de soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas
e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
assentamento humano (art. 42).
• É crime comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas
de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente (art. 51).
• Aumento de pena de 1/6 a 1/3 (art. 53): I - se do fato resulta a diminuição de águas
naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático; II - se o crime é
cometido: a) no período de queda das sementes; b) no período de formação de
vegetações; c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a

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ameaça ocorra somente no local da infração; d) em época de seca ou inundação;
e) durante a noite, em domingo ou feriado.

5.2.3. Crimes de poluição (arts. 54 a 61)

• Pune-se a conduta de causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que


resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora (art. 54), inclusive na
forma culposa.
• Quando o delito é doloso, as penas são aumentadas: I - de um sexto a um terço,
se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral; II - de um terço
até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem; III - até o
dobro, se resultar a morte de outrem (art. 58).
• As majorantes previstas no item anterior somente serão aplicadas se do fato não
resultar crime mais grave.

5.2.4. Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (arts. 62 a

65)

• Pune-se a conduta de pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou


monumento urbano (art. 65).
• Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o
patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do
bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente
e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos
governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio
histórico e artístico nacional (art. 65, § 2º).

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5.2.5. Crimes contra a Administração Ambiental (arts. 66 a 69-A)

• Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade,


sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de
autorização ou de licenciamento ambiental constitui crime com pena reclusiva de
1 a 3 anos e multa (art. 66).
• É previsto como delito o comportamento de conceder o funcionário público
licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para
as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do
Poder Público (art. 67).
• Pune-se a conduta de obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público
no trato de questões ambientais (art. 69).
• É crime elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer
outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou
parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão (art. 69-A).

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