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Lei 13.260/2016
Lei de Terrorismo
Edição 2023.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
CS – TERRORISMO 2023.1 1
Olá!
O Caderno Legislação Penal Especial – Terrorismo possui como base as aulas do professor
Renato Brasileiro, do Curso G7 Jurídico.
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a)
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar),
ano 2019 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2020, ambos da Editora
Juspodivm.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante! As bancas costumam repetir certos temas.
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CONCEITO
EXEMPLOS
• Art. 5º, XLII: a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei;
• Art. 5º, XLIII: a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura (Lei 9.455/97), o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (Lei
11.343/06), o terrorismo e os definidos como crimes hediondos (Lei 8072/90), por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
• Art. 5º, XLIX: constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
• Art. 173, § 5º: a lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa
jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis
com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra
a economia popular;
• Art. 226, § 8º: o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações;
• Art. 227, § 4º: a lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da
criança e do adolescente.
2. CONTEXTO FÁTICO
Apenas em 2016 foi editada a Lei Antiterrorismo, sendo um legado dos jogos olímpicos
ocorridos na Cidade do Rio de Janeiro, uma vez que foi imposta ao Brasil pela comunidade
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3. LEI 13.260/2016
4. TERRORISMO
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Entre o advento da Constituição Federal de 1988 e a Lei 13.260/2016, que entrou em vigor
em 18 de março de 2016, há divergência em relação à previsão do delito de terrorismo na legislação
brasileira.
• 2ª corrente (majoritária): para o doutrinador Alberto Silva Franco, não havia previsão
legal. Sustentava-se que considerar o terrorismo como crime, nos termos do art. 20 da
Lei 7.170/83, era uma clara violação ao princípio da legalidade, por se referir
genericamente a atos de terrorismo, sem definir seu significado.
No mesmo sentido, o STF segue a 2ª corrente (PPE 730), afirmando que o delito de
terrorismo não estaria previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
Contudo, com a vigência da Lei 13.260/2016, o terrorismo passou a ser previsto pelo
ordenamento jurídico brasileiro.
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Destaca-se que a maioria dos atos descritos já são considerados crimes pelo CP, mas serão
considerados crime de terrorismo quando cometidos por razões de xenofobia, discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror
social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade
pública.
• O terrorismo é um crime unissubjetivo, uma vez que pode ser cometido individualmente,
sem prejuízo de ser praticado em concurso de pessoas;
• O parágrafo primeiro não traz crimes de terrorismo, mas sim atos que levam a prática do
delito (rol taxativo). Representam, portanto, condutas-meio para que o crime seja
executado.
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Na doutrina estrangeira, o crime de terrorismo possui, pelo menos, 3 bens jurídicos diversos,
bem como 3 correntes, sendo elas:
• 1ª corrente: mesmo bem jurídico tutelado pelo ato de terrorismo, haveria uma dupla
punição. Por exemplo, explodir uma bomba que mata dez pessoas, haveria dez
homicídios e o terrorismo. Confunde crime de terrorismo com atos de terrorismo, por isso
deve ser descartada.
Segundo Renato Brasileiro, essa deve ser a corrente adotada em provas de concurso, uma
vez que no Projeto de Novo Código Penal está inserido no Capítulo de Crimes contra a Paz Pública.
SUJEITOS DO CRIME
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige
qualidade especial do agente.
Nesse sentido, terrorismo é quando, com uma ou mais condutas, provoca-se um sentimento
coletivo de pânico. Assim, é necessária uma qualidade organizacional como elementar do crime de
terrorismo? Há divergência, conforme correntes abaixo:
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TIPO OBJETIVO
O parágrafo primeiro do art. 2º, em um rol taxativo, traz a descrição dos atos de terrorismo,
ou seja, os meios de execução para a prática do terrorismo.
TIPO SUBJETIVO
Em regra, os crimes trazem apenas o dolo (consciência e vontade) como elemento subjetivo.
Contudo, há determinados delitos que exigem, além do dolo, um especial fim de agir, a exemplo do
crime de terrorismo que estamos analisando.
TIPO
ESPECIAL
ESPECIAL FIM SUBJETIVO
DOLO MOTIVO DE
DE AGIR DO
AGIR
TERRORISMO
4.6.1. Dolo
Nos termos do caput do art. 2º da Lei 13.260/2016, o especial motivo de agir se dá em vitude
das seguintes razões:
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A expressão xenofobia é formada por dois termos: xenos (estrangeiros) + phóbos (medo),
significando, portanto, aversão ao estrangeiro.
2) Discriminação
a) Positiva: está presente nas ações afirmativas (mecanismos para corrigir determinados
desvios). Ex.: cotas raciais.
3) Preconceito
Para caracterização da discriminação e preconceito deve haver ligação com a raça, com a
cor, com a etnia ou com a religião.
4) Raça
A doutrina moderna critica o conceito de raça, pois não é possível estabelecer diferenças
entre seres humanos, uma vez que todos são iguais.
5) Cor
É a tonalidade da pele.
6) Etnia
7) Religião
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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O crime de terrorismo estará consumado quando restar consumado um dos atos terroristas,
presente o especial fim de agir e o especial modo de agir.
A tentativa é possível em algumas hipóteses, desde que o agente inicie a execução do ato
terrorista, mas não consiga concluir a conduta típica. Em tal hipótese, deve ser aplicada a regra do
art. 14, parágrafo único, do Código Penal, que prevê redução da pena de 1/3 até 2/3.
7) Crime de resultado cortado: será caracterizado mesmo que não cause terror social.
O crime de terrorismo está previsto no caput do art. 2º e não se confunde com os atos de
terrorismo previsto no § 1º do art. 2º da Lei 13.260/2016.
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As manifestações sociais não podem ser consideradas como terrorismo, nos termos do art.
2º, § 2º da Lei Antiterrorismo, in verbis:
O disposto acima deve ser aplicado aos demais crimes previstos na Lei 13.260/2016, em
uma interpretação extensiva.
Para o doutrinador Victor Eduardo Rios Gonçalves, o não enquadramento como crime de
terrorismo em razão desse dispositivo somente será possível quando restar plenamente
comprovado no caso concreto que o intuito dos envolvidos na manifestação ou no movimento era
exclusivamente o de contestar, criticar, apoiar ou defender direitos, garantias, liberdades etc.
De outro lado, se ficar provado que apenas usaram o movimento como “fachada” para, em
verdade, de algum modo provocar terror social ou generalizado – tal como mencionado no caput –
estará tipificado o delito.
5. ORGANIZAÇÃO TERRORISTA
PREVISÃO LEGAL
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Para que seja considerada uma organização terrorista, é necessário que os envolvidos
tenham se associado com a intenção de cometer atos terroristas de forma reiterada. Trata-se de
crime formal que se consuma no momento da associação. Caso seus integrantes venham
efetivamente a cometer algum dos crimes de terrorismo descritos no art. 2º da Lei responderão
pelas duas infrações penais em concurso material.
6. PREPARAÇÃO DE TERRORISMO
PREVISÃO LEGAL
Pode-se verificar que no art. 5º da Lei Antiterrorismo, o legislador estabeleceu que quem
realiza atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito incorre
na pena do delito consumado, diminuída de 1/4 até 1/2. Tal redução de pena é menor do que aquela
prevista no Código Penal para o crime tentado, embora, nesta última hipótese (tentativa), o agente
já tenha percorrido parte maior do iter criminis.
ITER CRIMINIS
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O STJ (HC 537.118) entende que a tipificação da conduta descrita no art. 5º da Lei
Antiterrorismo (atos preparatórios de terrorismo) exige a motivação por razões de xenofobia,
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, expostas no art. 2º do mesmo diploma
legal.
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Além disso, destaca-se que o treinamento para terrorismo deve ser compreendido como o
fato de dar instruções para o fabrico ou para utilização de explosivos, armas de fogo ou de outras
armas ou substâncias nocivas ou perigosas ou para outros métodos e técnicas específicas,
considerando a prática de uma infração terrorista ou que contribua para sua pratica, sabendo que
os conhecimentos específicos fornecidos visam a realização de tal objetivo.
PREVISÃO
Além disso, assemelha-se ao crime de financiamento para o tráfico de drogas (art. 33 da Lei
de Drogas).
1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo terrorista
que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime político. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f1398d2c9b3610251169157332225c49>. Acesso em: 05/12/2022.
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CLASSIFICAÇÃO
1) Crime comum;
2) Crime formal;
3) Crime unissubjetivo;
4) Crime instantâneo.
A Lei 13.260/2016, por outro lado, prevê em seu art. 10 que mesmo antes de iniciada a
execução do crime de terrorismo, serão aplicados os institutos da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz (ponte de ouro):
No Código Penal tais institutos são aplicados apenas aos casos em que já houver iniciado a
execução do crime, diferentemente da Lei de Terrorismo, que incide já na preparação.
Frise-se, ainda, que quem integra organização terrorista e vem efetivamente a cometer ato
terrorista responde pelos dois crimes em concurso material.
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Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos
nesta Lei são praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia
Federal a investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça
Federal o seu processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art.
109 da Constituição Federal.
À luz do art. 11, o juiz natural seria um Juiz Federal, tendo em vista que o dispositivo legal
acima preleciona que o crime atenta contra o interesse da União.
Segundo Renato Brasileiro, não há nenhum óbice à investigação pela polícia federal, a qual,
de acordo com a Constituição Federal, poderá investigar crimes dotados de repercussão
interestadual ou internacional.
Art. 144, § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento
de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
segundo se dispuser em lei.
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Foi também inserida regra no art. 1º, III, “p”, da Lei 7.960/86, permitindo a prisão temporária
para os envolvidos em crime de terrorismo quando tal providência for imprescindível para as
investigações durante o inquérito policial.
Saliente-se que esta forma de prisão cautelar só é permitida nos delitos expressamente
elencados na mencionada Lei, razão pela qual o legislador resolveu inserir expressamente o delito
de terrorismo no rol.
Vê-se, entretanto, que o art. 2º, § 4º, da Lei dos Crimes Hediondos já continha regra tornando
possível a decretação da prisão temporária para o crime de terrorismo. Em tal hipótese, inclusive,
a prisão temporária pode ser decretada por até trinta dias, prorrogáveis por igual período em caso
de extrema e comprovada necessidade.
A prisão preventiva, por sua vez, será possível sempre que presentes os requisitos legais,
nos termos dos arts. 312 e seguintes do Código de Processo Penal.
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