PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER-DEVER DE PUNIR ESTATAL
Supremacia da Constituição (lei maior) e dos direitos fundamentais:
A constituição nos traz diversos princípios que são aplicados a DP, explícitos e dedutíveis. Princípio = são os comandos fundamentais pelo fato de decorrerem da lei fundamental (a Constituição) Princípio da dignidade da pessoa humana = é muito importante. Princípio e fundamento da constituição da nossa república. Ex: Proibição da pena de morte ou cruéis. Racismo ser inafiançável. Nenhuma pena pode passar da pessoa (se alguém é condenado o efeito da condenação não deve atingir terceiros). Não usar algemas se não houver necessidade pois isso fere a dignidade humana. Importante destacar também que ele irradia efeitos sobre os demais princípios. Princípio da legalidade = muito importante também. Art. 1 do Código Penal: Não há crime sem lei anterior que o defina. Princípio da proporcionalidade = muito importante e que procura trazer consigo a ideia do Estado não aplicar uma intervenção de maneira desproporcional. Compreende 3 outros sub princípios (adequação e idoneidade = uma intervenção estatal não pode ser proporcional se não for idônea, adequada) (necessidade = a intervenção precisa ser necessária para ser proporcional, ver se o Estado não possui outros meios de lidar com aquela situação) (proporcionalidade em sentido estrito = depois de verificar os dois passos acima precisamos verificar a medida em que o Estado deve intervir daquela forma, não posso atribuir uma pena desmedida, pena maior do que o necessário) Princípio da ofensividade = exclusiva proteção de bens jurídicos. Um fato para ser crime precisa ser ofensivo. 3 níveis de ofensividade: dano-violação (nesses casos há uma lesão efetiva sobre o bem jurídico, matar alguém é efetivo no bem jurídico na vida porque acabou com ela), concreto por em perigo (só o perigo para vida ou saúde de outro, tornando-o vulnerável já é considerado crime), cuidado de perigo (ex: crime de moeda falsa. Não lesa a fé pública diretamente porque é só uma parte que será lesada, não toda sociedade, mas não precisa pegar toda a sociedade para ser crime, só de colocar uma já é crime). Princípio da intervenção mínima = muito importante (OAB especialmente). Abarca duas questões: subsidiariedade e fragmentariedade. A primeira seria que o DP apenas deve atuar de forma subsidiária quando outros meios menos coercitivos forem suficientes (quando o civil e privado for insuficiente devemos trazer o DP- só um contratinho o privado é suficiente, mas se alguém é morto o privado é insuficiente e precisamos do DP). A segunda é um bolo em que eu tiro uma fatia (um fragmento) o DP é um fragmento também do ordenamento jurídico que atua de forma muito minoritária pois os outros direitos ocupam grande parte do resto do direito. Princípio da adequação social = foi idealizado pelo Weltsen. Não podemos considerar como crime aquilo que a sociedade considera como crime. Lesões corporais como no futebol não são considerados crimes ou até mesmo o médico que abre o abdômen de alguém (é lesão, mas o médico está ali para curar então é normalizado e não é crime). Afasta a tipicidade (fato se amolda a uma previsão típica penal) material da conduta. Princípio da insignificância = afasta a tipicidade material. O DP não deve se ater a bagatelas. Não podemos trabalhar com uma ideia de DP que se preocupe com questões menores como alguém que rouba uma bala (a pessoa não deverá corresponder por um crime de furto). Ex: descaminho (entrar com mercadoria estrangeira sem pagar os devidos tributos: uma compra menor que 20k não classifica crime e cai nesse princípio) Não é aplicável a alguns crimes (não aceitam esse princípio): contrabando porque é mercadoria já proibida (não é como descaminho que é mercadoria legal) e crime de moeda falsa porque o que se leva em conta é a falsidade da nota e não seu valor. Princípio da igualdade = a regra da igualdade não consiste se não em quinhoar desigualmente aos desiguais na medida que se desiguala. As pessoas em situação idêntica devem ser tratadas politicamente da mesma forma que pessoas em posições diferentes devem ser tratadas de modo diverso. Princípio da Culpabilidade = utilizado com vários sentidos. O mais básico dele: significa que a pena criminal somente deve ser aplicada ao agente que tenha praticado injusto penal de forma reprovável, ou seja, será aplicada a pena a alguém que realizou um fato reconhecido como crime. Constitui fundamento e limite da pena porque pra que haja uma pena tem que haver culpabilidade e como ela pode ser graduada também terá um limite, mais ou menos intensa. Princípio da responsabilidade subjetiva = responsabilidade subjetiva exige sim que o fato para que seja punido ele deve ser cometido com dolo ou com culpa ao passo que a objetiva não exige o dolo na sua prática, basta o resultado lesivo para que o agente possa ser punido. O direito moderno exige a responsabilidade subjetiva. Princípio do Direito Penal do Fato = significa que o destinatário da lei penal deve responder pelo fato praticado e não por aquilo que ele é, sua condição ou coisa que o vale e sim pelo fato que ele cometeu, não por uma posição que ele tem. DP deve se ater ao fato e não ao autor. Princípio da Pessoalidade, personalizada ou intranscendência da pena = exemplo: gladiador general recebe a pena de morte, mas consegue escapar e quando chega em casa a mulher e filho estão mortos. Nesse caso a pena de morte transcendeu e alcançou a família como todo, mas isso não é condizente com o estado democrático de direito. DP garante a pessoalidade, a pena só deve alcançar o culpado do fato criminoso. Princípio da Individualização da pena = a lei regulará a individualização da pena. Há três momentos: o primeiro (legislativo aonde o legislador estabelece os parâmetros legais para fins de aplicação da pena, mínima, máxima e regime), o segundo (judicial aonde o magistério calcula a pena com o método trifásico, base, provisória e definitiva), e terceiro (executório em que o juiz vai individualizar pra cada um dos agentes o cumprimento da pena e como isso vai se dar) Princípio do ne bis in idem = significa que não se admite uma dupla punição pelo mesmo fato. O mesmo agente não pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Princípio do Devido Processo-Legal = ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Ainda que o a gente pratique um fato punível ele jamais cumprirá uma pena sem o devido processo legal. Por mais que haja um flagrante do crime terá que haver um processo criminal para que haja uma condenação. Princípio da Não-Culpabilidade ou presunção de inocência = o Estado deve observar duas regras específicas em relação ao acusado: o acusado em nenhum momento pode sofrer restrições pessoais fundadas exclusivamente na possibilidade de condenação (não posso trata-lo sob o âmbito de uma condenação, mas sim trata-lo como inocente) e a segunda regra é a questão do ônus da prova (que cabe à acusação) não posso presumir coisas se ele ficar em silêncio por exemplo, a quem incube o ônus da prova é a acusação.